Em tempos de crise, uma das estratégias mais adotadas pelos transportadores para a redução de custos é a redução do quadro de funcionários. Até acredito que ela funcione em empresas em que há um quadro de funcionários grande, e que muitas vezes não seja necessário manter. Entretanto, via de regra, não é o que acontece.
Numa tentativa desesperada de reduzir custos, funcionários que desempenham papéis estratégicos dentro das empresas são dispensados. Com isso, dispensa-se também o conhecimento que essas pessoas têm com relação à operação e o bom relacionamento que essas pessoas mantinham com clientes e funcionários que fazem parte da operação. Essas perdas, infelizmente, jamais poderão ser contabilizadas na ponta do lápis.
O empresário também se esquece de que, para reduzir o quadro, também terá que mexer no bolso. Funcionários com bastante tempo de casa geralmente apresentam salários elevados, por terem adquirido prêmios por tempo de serviço, e também por causa dos dissídios que foram aplicados sobre o salário do funcionário desde que ele ingressou na empresa. Com isso, o custo dessas rescisões de contratos de trabalho fica bem salgado.
Além da questão financeira, esse tipo de prática envolve o fator tempo, e aloca uma série de pessoas para cumprir o que o empregador deseja. O setor financeiro é envolvido para saber se a empresa tem condições financeira de mandar os funcionários embora, o rh da empresa ficará incumbido de preparar toda a documentação necessária para realizar essas dispensas, e os funcionários que se encarregam das áreas administrativas e operacionais para saber quem irá assumir as atribuições dos profissionais que foram dispensados. É evidente que cada empresa adota um tipo de postura nesse momento, mas nem sempre essa preparação acontece.
Muitas vezes, o empresário quer que os funcionários sejam dispensados e pronto, não importando as consequências; a impressão que eu tenho é que, quando essa decisão é tomada, geralmente não se pensa em nada, a não ser reduzir os custos com a folha de pagamento ao final do mês.
Uma outra consequência desse tipo de dispensa é a instabilidade no clima organizacional. Os funcionários que não foram dispensados começam a se sentir ameaçados e com medo de serem os próximos da lista. Com isso, diminui a produtividade deles no trabalho, e sem contar que muitos diante do risco já começam a disparar os seus currículos antes que o pior aconteça.
Eu acredito verdadeiramente que a crise não vem da noite para o dia. Se da noite para o dia uma empresa desmorona, é porque as estratégias que ela adotava anteriormente, tanto na área operacional como na área comercial, já continham falhas graves, que se tivessem sido corrigidas em tempo, não culminariam numa atitude extrema de dispensa coletiva de funcionários.
Por isso, sempre me questiono e questiono os colegas transportadores com quem tenho contato: será que realmente é preciso chegar a esse ponto? Será que precisamos deixar as situações se agravarem para tomar uma atitude? Não seria muito melhor trabalhar de uma maneira mais enxuta, mais estruturada, mais madura, do que viver nessa montanha russa, cheia de altos e baixos, esperando que as condições econômicas determinem a ascensão ou a queda de sua empresa?
É necessário agir preventivamente, porque ao agir de forma corretiva, nem sempre há tempo para se voltar atrás e correr atrás daquilo que se entenda ser prejuízo. A prevenção reflete nos resultados da empresa, na sua funcionalidade e também na sua competitividade.
Podemos dizer que um planejamento do setor de recursos humanos em relação ao quadro de funcionários pode não trazer uma economia financeira imediata, mas sim uma verdadeira estrutura para os recursos humanos de uma empresa. Um ambiente equilibrado para o trabalho, sem o temor de dispensas devido a qualquer tipo de crise, torna uma equipe mais produtiva, melhora o ambiente de trabalho e traz benefícios diretos ao empresário, com funcionários motivados e seguros de sua importância na corporação. Um bom planejamento fomenta as boas relações trabalhistas e resulta em benefícios para todos, empregador e funcionários, sendo que a garantia de empresas mais sólidas sempre traz avanços à economia e aos negócios.
Responsável: Melina Montenegro Schio