Pesquisa mostra queda nos casos, mas números ainda são muito altos.
O estado do Rio teve uma média de 12 roubos de carga por dia entre janeiro e maio desse ano. O número é um pouco menor do que no mesmo período do ano passado, mas ainda assim está em um patamar muito alto. É o que mostra uma pesquisa feita pela Firjan, a que o Bom Dia Rio teve acesso.
Imagens mostram criminosos agindo à luz do dia, saqueando um caminhão roubado. As cenas que já viraram rotina no Rio de Janeiro.
“Se você perguntar pra qualquer motorista, todo mundo foge do Rio de Janeiro devido a essas coisas assim. Tudo aqui é suspeito: passa um carro com insulfim no para-brisa você já fica de segunda, passa dois manos em cima da moto você já fica de segunda. E não são as pessoas, não é o lugar, é o perigo. Quem gosta de correr perigo?”, diz o caminhoneiro Vítor Menério Gresélie.
O alto número de roubos de cargas é uma realidade na Região Metropolitana.
Vítor veio de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, com 17 toneladas de carne — uma das cargas mais visadas pelos bandidos.
“Eu corro risco, eu sofro no psicológico e tal. Mas o carioca é que paga a conta. Aqui a gente tem gastos que a gente não tem em outro estado. Eu tô aqui há 3 dias, são R$ 60 o dia dentro do estacionamento, só que eu não vou pagar isso aí, assim como a escolta, eu não posso descer da serra pra cá sem escolta. O carioca vai pagar o dia que ele for comprar, o produto que eu trago na gôndola”.
Custo alto e medo são companhias dos caminhoneiros.
Um estudo da Firjan mostra que houve uma pequena redução nesse tipo de crime, no estado do Rio, mas o patamar ainda está bem alto.
De janeiro a maio, deste ano, foram 1.896 ocorrências — uma média de 12 roubos por dia.
As perdas diretas, considerando o valor médio das cargas roubadas, chegam a R$ 153 milhões.
No ano, passado, nesse mesmo período, a média era de 14 roubos por dia.
“Você tem um roubo de carga a cada duas horas, é um número muito expressivo. A gente tem que atacar esse problema com a seriedade que ele demanda. E o custo do transporte de cargas no Rio de janeiro é muito alto em grande parte em função dos números elevados do roubo de cargas que a gente observa no estado”, diz o gerente-geral de competitividade da Firjan, Luís Augusto Azevedo.
O estudo da Firjan mostra que o crime é concentrado na Região Metropolitana — 98% dos casos.
As áreas que concentram mais da metade das ocorrências são cortadas pelas:
BR-040 — a Rodovia Washington Luís;
BR-101 — a Niterói-Manilha;
Avenida Brasil;
Via Dutra — a BR-116;
e BR-493 — Arco Metropolitano.
O Arco Metropolitano teve 11 pontos mapeados que apresentaram aumento de roubo de carga de 20% na comparação com o ano passado.
Só em Duque de Caxias, onde há o entroncamento com a BR-040, o aumento no número de ocorrências chega a 66%. É a área de maior concentração de roubo de carga no estado. O local fica perto de uma delegacia da Polícia Rodoviária Federal.
A rodovia foi criada para ser um corredor de cargas, aliviando o trânsito nas vias expressas do Rio.
“E a Firjan está, então, buscando parceiros e públicos e privados pra gente possibilitar que a Polícia Rodoviária comece a atuar imediatamente com infraestrutura necessária, que a iluminação seja recuperada. Enfim, que a gente possa usar o Arco Metropolitano com mais tranquilidade e menos risco”, explica Luís.
O trabalho integrado entre as polícias é apontado como um caminho para frear a criminalidade.
Segundo dados da Firjan, houve queda significativa no número de roubo de cargas na Dutra, na altura da Pavuna, e na Avenida Brasil, na altura de Ricardo de Albuquerque e Bangu.
“Todas eles chegando próximos e às vezes ultrapassando 40% de redução ao mesmo período do ano passado. É o resultado de uma conjunção de fatores. Uma articulação entre a Polícia Federal Rodoviária, Polícia Militar, Polícia Civil, específica pra combater esse tipo de crime, isso funciona sempre bem”, fala o gerente-geral da Firjan.
Quem transporta toneladas de mercadorias espera por viagens mais seguras.
“O roubo de cargas no Rio é absurdamente maior do que em qualquer outro estado do Brasil. Diminuiu, mas ainda está muito alto, diminuiu 2 a menos por dia. Talvez eu e o fulano, a gente não vá perder, mas outros 12 aqui que vão ficar sim”, diz Vítor.
O que dizem os citados
A Polícia Militar disse que de janeiro a maio houve queda de 11% nos roubos de carga no estado do Rio. E que isso se deve a uma estratégia, como PMs atuando em pontos mapeados e em horários específicos.
Já a Polícia Civil destacou que os roubos de carga diminuíram 60% na comparação entre junho desse ano e junho do ano passado. Disse também que chefes do tráfico em comunidades para onde essas cargas são levadas foram presos e que a PM e Polícia Rodoviária Federal fazem rondas diárias.