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O Motorista do Futuro

por | out 1, 2021 | Núcleo Belo Horizonte

Fonte: COMJOVEM Belo Horizonte
Chapéu: Artigos

Recentemente a notícia de que a falta de motoristas profissionais no Reino Unido vem causando vários problemas de desabastecimento no país trouxe à tona um problema crônico que atinge também o Estados Unidos, o Brasil e vários outros países da Europa e do mundo.
No Reino Unido, especificamente o Brexit somado à crise causada pela pandemia de Covid-19 contribuíram significativamente para esse cenário.
A escassez de caminhoneiros está causando problemas para transportadoras e muitos outros empreendimentos comerciais. Isso ocorre porque a cada ano o número de motoristas que se aposentam é bem maior do que o número de novos motoristas que ingressam no mercado.
De acordo com relatório técnico do IPTC (Instituto Paulista de Transporte de Cargas) em parceria com o Setecesp (Sindicato das Empresas de Transporte de SP) e através de dados do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) foi registrada uma queda significativa no número de profissionais habilitados para direção de caminhões na categoria C e complementares. Até 2015 o Brasil registrava um crescimento médio 1,4% ao ano no número de motoristas de caminhões, chegando a um total de 5.605.511 profissionais habilitados na categoria C e complementares. Contudo, entre 2015 e 2020 esse número começou a recuar em média 5,9% a cada ano, chegando a um total 4.541.998 profissionais.
O relatório também apresentou uma mudança no perfil de idade dos motoristas que em 2010 se concentravam na faixa entre 41 e 50 anos de idade e em 2020 passou a concentrar na faixa entre 51 e 60 anos de idade.
Não são apenas as condições de trabalho que estão por trás dessa tendência. Os cenários de ameaças resultantes do progresso tecnológico na direção autônoma apresentam um problema muito maior: esses são cenários em que caminhões elétricos navegam de forma autônoma, o que significa que os motoristas de caminhão de hoje podem se tornar excedentes para as necessidades. Vale a pena mudar de perspectiva aqui, pois a ameaça percebida abriga inúmeras oportunidades de desenvolvimento profissional, que simplesmente tem que acompanhar o tempo.

Segundo o site tkographix.com, perguntar se o caminhoneiro do futuro dirigirá um caminhão soa redundante. No entanto, é um questionamento válido. Quanto mais perto os carros e caminhões sem motorista se tornam uma realidade, mais confiável se torna a pergunta. A realidade é que, em um futuro não muito distante, os motoristas de caminhão podem não estar dirigindo caminhões. Se os motoristas de caminhão não estiverem dirigindo, o que farão?
Alguns acreditam que a chegada de caminhões autônomos deixará inúmeros profissionais sem emprego, inundando o mercado de vagas e causando turbulência econômica generalizada.
A chegada de caminhões autônomos não significa que todos os veículos estarão sem motorista. Isso significa que os veículos podem se dirigir sozinhos. Isso não elimina os motoristas de caminhão. Isso pode diminuir o número de motoristas necessários e, certamente, mudará as habilidades exigidas de um caminhoneiro.
Os carros e caminhões autônomos não serão introduzidos do dia para a noite. Eles passarão pelos diferentes estágios de implementação, desde a direção assistida ou parcialmente automatizada, que já é bastante comum hoje, até a direção altamente ou totalmente automatizada, até a direção totalmente autônoma.
A introdução de uma rede 5G contribuirá em termos de infraestrutura, inicialmente para a condução automatizada de caminhões em rodovias e, eventualmente, para uma condução totalmente autônoma. No entanto, também há uma ampla gama de atividades que continuarão a exigir um motorista de caminhão, ou, mais especificamente, gerente de caminhão. Um aspecto das funções do “gerente de caminhão” será, então, operar o
computador de bordo, bem como assumir a responsabilidade pelo monitoramento e segurança, semelhante ao que faz hoje um piloto de aeronave. Apesar de uma condução autônoma, outro aspecto passa pela necessidade física desse profissional acompanhar em todas as instâncias o carregamento, acondicionamento da carga e manutenção do veículo. E, em caso de dúvida, o gerente de caminhão também atuará como motorista nas ruas estreitas dos grandes centros.

A variedade e a natureza inovadora das tarefas realizadas pelo gerente de caminhão exigirão cada vez mais habilidades diferentes. Além de compreender os sistemas de acionamento elétrico, o gerente de caminhão também precisará de conhecimentos básicos de tecnologia da informação. Softwares modernos aumentarão o envolvimento desse profissional nos processos de informação, comunicação e organizacionais ao longo de toda a cadeia de valor logístico, especialmente se os processos de carga e descarga nas rampas também forem totalmente automatizados.
O único fato certo é que a mudança está chegando. Carros autônomos, comunicações V2V (veículo a veículo) e realidade aumentada estão chegando ao setor de transporte .
A questão é como isso mudará a indústria de caminhões e a posição do motorista de caminhão e se os transportadores brasileiros estão preparados para essa mudança.


Por: Ana Paula de Souza – COMJOVEM Belo Horizonte