O ano de 2021, ainda conturbado pela crise gerada pela covid-19 e seus reflexos, trouxe desafiadores cenários para o país nos mais diferentes âmbitos de atuação. Em contrapartida, acarretou uma aceleração dos serviços, da tecnologia e do crescimento no setor de transporte de cargas e logística.
Apenas no primeiro quadrimestre de 2021, o segmento no Brasil teve um aumento de 38% em comparação ao mesmo período de 2020, de acordo com o Índice de Movimentação de Cargas do Brasil divulgado pela AT&M.
No entanto, apesar dos números oportunos para a expansão da logística, as empresas transportadoras precisaram se adaptar rapidamente com o fluxo dos mercados nacional e internacional para continuar oferecendo o mesmo padrão de qualidade aos clientes, mesmo tendo interferência dos aumentos do frete e do combustível, por exemplo.
De acordo com o diretor comercial do Grupo Rodonery Transportes e coordenador do Instituto COMJOVEM de Desenvolvimento Mercadológico da NTC&Logística, Luiz Gustavo Nery, o empecilho do combustível foi um dos mais marcantes deste ano, dado que o preço da gasolina nas refinarias acumula alta de 74% e o preço do diesel subiu mais de 65%.
O frete marítimo foi outra questão pertinente ao longo desse período, também afetando o setor. Por meio da escassez de contêineres em nível global, o valor do frete foi disparado a preços nunca vistos anteriormente.
Para se ter uma ideia, enviar um contêiner de 40 pés da China custava, em média, US$ 1.500 antes da chegada da pandemia. Atualmente, devido a essa grande procura, o custo pode chegar a US$ 10.500, uma vez que a rota para o Brasil se tornou o valor mais caro com origem no país chinês.
Contudo, o executivo se mantém confiante para este ano: “O setor de transporte está otimista para o ano de 2022 tendo em vista o caminho rumo à recuperação econômica pós-pandemia. No entanto, o alto custo dos insumos ainda preocupa, tais como pneus, veículos, seguros, aluguéis, o próprio diesel e a instabilidade no cenário político na iminência das eleições para a presidência. O que podemos esperar, certamente, é um ano cheio de desafios, mas com pensamentos positivos em crescimento para a progressão do transporte”.
Soluções da logística perante os desafios da pandemia
Os anos 2020 e 2021 foram desafiadores para as empresas. À medida que o isolamento e o fechamento das fronteiras se fazia necessário, as companhias tiveram que encontrar soluções para problemas de abastecimento.
Além disso, com o boom das compras online, o mercado precisou se reinventar e passar por uma grande transformação. Para isso, novos mercados passaram a se tornar parceiros em potencial e ações táticas foram fundamentais para sanar os gargalos, como as dark stores.
As lojas de shoppings ou de rua passaram a assumir a posição de CD, isto é, polos de concentração e redirecionamento das mercadorias mais próximas do consumidor final.
Outra grande evolução foi o delivery, onde as pessoas passaram a comprar alimentos pelos aplicativos, muito em função da facilidade e escassez de tempo causada pelo home office. Devido a esses fatores, foi possível ver um grande avanço dos serviços de entrega doméstica tais como Uber, Loggi e Mercado Livre.
“Acredito que uma grande inovação que veio para ficar foram os Marketplaces, visto que muitos pequenos empreendedores não têm recursos para investir em lojas eletrônicas, e assim conseguem vender os seus produtos com a chancela de uma grande companhia como Magazine Luiza ou Lojas Americanas, por exemplo. O que mudou a forma de consumo após a pandemia foi a questão da comodidade, agora os consumidores perceberam que podem ter os mesmos serviços, a mesma qualidade, porém, no aconchego do seu lar, e isso é uma tendência que, na minha opinião, só irá crescer nos próximos anos”, opina Luiz Gustavo Nery.
Perspectivas para 2022
Todas as experiências citadas acima criam ainda mais oportunidades para lidar com o mercado e para buscar novas estratégias. Além disso, aumentam a responsabilidade que a empresa transportadora tem de manter um bom desempenho e de causar um impacto assertivo no país, tanto econômica quanto socialmente.
Sendo assim, Luiz Gustavo Nery acredita que seja fundamental apostar na capacitação e na preparação dos jovens executivos que estão trabalhando a fundo no setor de transporte de cargas e que são o futuro para a expansão da área.
“Depois dos dois últimos anos intensos, certamente estamos mais preparados para começar 2022. Acredito que a palavra do momento, para nós, é ‘reinvenção’. Tivemos que nos reinventar na pandemia, e isso nos tornou mais ágeis nas decisões, aprendendo a lidar com a incerteza desse mundo volátil. Continuaremos nos reinventando cada vez mais para nos adaptarmos ao mercado e, em 2022, estaremos mais preparados e cheios de aprendizado para colocar em prática”, complementa o diretor comercial.
De fato, há muitas adversidades a serem analisadas cautelosamente no próximo ano, afinal, não há como prever situações críticas para se preparar com antecedência.
No entanto, certamente, os empresários do setor estão otimistas para ingressar em um novo período com mais espaço para colocar em prática todos os aprendizados, apostando em um futuro ainda mais promissor.