A Iveco anunciou novo ciclo de investimentos de R$ 1 bilhão até 2025 nas operações da América Latina na quinta-feira, 10. O aporte contempla, dentre outras coisas, o desenvolvimento de caminhão movido a gás natural que será produzido na fábrica de Sete Lagoas, MG, do fim deste ano ao início do ano que vem.
Do total dos recursos, distribuídos pelas fábricas do Brasil e Argentina, 60% será dedicado ao desenvolvimento de produtos e atualização da linha para o Euro 6, 15% para aprimorar processos industriais, 13% para ampliar a rede de revendedoras e serviços e 12% para elevar a nacionalização de componentes.
De acordo com o presidente da Iveco para a América Latina, Márcio Querichelli, não é possível destrinchar quanto do aporte será destinado ao Brasil porque, segundo ele, há bastante coisa em comum entre as duas plantas. “Por exemplo, há muito investimento feito no País que serve também para a Argentina. Base importante é a transformação do veículo Euro 5 em Euro 6 e o do Proconve L7 para o Proconve L8. Isso se aplica de maneira imediata para o mercado nacional, por uma questão de legislação de emissões, mas também se estende ao outro país no momento em que o governo argentino decidir atualizar para Euro 6.”
Querichelli afirmou que o aporte tem sua captação nos recursos que a empresa possui na América Latina. “Nós somos autossustentáveis do ponto de vista financeiro para esses investimentos. Nós pagamos a conta.”
Parte do montante será investida junto com fornecedores da Iveco para construir ferramental de componentes que, até então, estavam sendo fabricados fora do País. O índice de nacionalização da montadora, que gira em torno de 60% a 65%, neste ano deverá subir para 65% a 70%. Perguntado sobre o porcentual que deveria ser atingido até 2025, Querichelli não fez estimativa. Mas disse que a empresa está nacionalizando “tudo aquilo que faz sentido do ponto de vista financeiro” e quando encontra parceiro no Brasil e na América Latina que consiga manter nível de qualidade para manter a performance do veículo.
“Isso inclui a parte de acabamento da cabina, toda a parte interna e demais componentes do chassis. Em 2012, quando a indústria lançou a mudança do Euro 3 para Euro 5, o dólar estava R$ 1,80, então era relativamente barato importar peças da Europa. Mas quando o câmbio começa a bater a casa dos R$ 5,30, R$ 5,50, R$ 5,90, isso fica extremamente caro e inviável.”
Bernardo Brandão, diretor de marketing para a América Latina, complementou que partes relacionadas ao Euro 6, como o sistema de pós-tratamento, são os grandes agregadores de custo quando há mudança na legislação de emissões. “Além das partes plásticas, acabamentos e partes eletrônicas, também estamos trabalhando para que o máximo possível da tecnologia do Euro 6 seja local, o que contribui não só para o fortalecimento da indústria nacional mas também para os clientes terem menor custo de manutenção.”
Quanto às concessionárias, hoje existem 158 unidades na América Latina e, neste primeiro trimestre, estão previstas as inaugurações de quatro lojas no Brasil nos Estados de Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Goiás.
Ricardo Barion, diretor das operações comerciais de caminhões, apontou que a expectativa é que a montadora cresça entre 5% e 10% em 2022, resultado puxado pelo bom desempenho da construção civil, do agronegócio e do comércio eletrônico, que seguem em alta. “Considerando apenas as betoneiras, temos 100% da produção vendida até julho deste ano.”
Do fim de 2020 ao ano passado foram contratados 1 mil profissionais em Sete Lagoas, onde atuam 2,5 mil funcionários. Ao todo, na Iveco América Latina, pós-spin off e incluindo FPT, há 3,5 mil empregados.
O ciclo anterior de investimentos, de 2016 a 2020, contabilizou R$ 650 milhões.