Pesquisadora do SETCESP e economista do Instituto Paulista do Transporte de Cargas (IPTC) Raquel Serini comenta sobre
Embora o setor de transporte RODOVIáRIO de cargas seja responsável pela movimentação de 65% de todas as commodities produzidas no país, ajude a gerar um grande número de empregos e dinamize a economia, ele é assolado por conhecidos gargalos.
Embora tenha uma participação menor na economia do que antes, sua importância continuada é crucial para a expansão do PIB (PIB).
O primeiro trimestre de 2022 registrou crescimento de 2,1% no setor em relação ao mesmo período de 2021, segundo estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Múltiplas variáveis contribuíram para este sucesso, mas destacam-se o melhor cenário para as cadeias logísticas internacionais e o restabelecimento da normalidade após a diminuição das taxas de infeção por Covid-19. Houve um aumento de 9,4% nos negócios em relação ao primeiro trimestre de 2021.
Mais pessoas foram contratadas pelo setor como resultado de todo o procedimento. Informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados mostram que o transporte rodoviário de cargas só teve saldo positivo de 42.956 postos de atendimento formal funcionando até o final do primeiro semestre de 2022. (CAGED). Este número representa 76 por cento dos ganhos potenciais totais do país com a integração de modos adicionais de transporte tanto de carga como de pessoas.
A rede é boa, mas é importante ressaltar que os resultados deste ano estão sendo avaliados em uma base mais favorável: o mesmo período de 2021 teve resultados mais fortes, e isso em um momento de crise e recessão em que o setor ainda assim continuou operar.
A crescente quantidade de carga desde o início do surto justifica ainda mais isso. Um aumento de 23,1% nos volumes transportados foi registrado entre fevereiro de 2020 e julho de 2018, de acordo com estatísticas apresentadas pelo IBGE em sua mais recente Pesquisa Mensal de Serviços em 14 de julho.
É por esses motivos que as empresas gastam dinheiro renovando suas frotas, atualizando a infraestrutura de seus terminais e comprando ferramentas para melhor monitorar e gerenciar suas operações.
Dificuldades que o setor deve superar
O clima econômico é, obviamente, também difícil. As preocupações com o uso de energia e o aumento dos preços dos combustíveis, em particular, ainda podem ser intensificadas pela incerteza em torno do conflito entre a Rússia e a Ucrânia no resto do mundo. Internamente, a questão energética merece atenção especial devido a um conflito na POLíTICA econômica sobre como lidar com o aumento de despesas, como o óleo diesel, que, se não for tratado, pode dificultar a redução da inflação e gerar novas altas na taxa Selic .
Diante dos múltiplos aumentos, não apenas do diesel, mas dos principais insumos relacionados à cadeia de transporte, o problema do reajuste do frete é um entrave significativo para o dia a dia das empresas. Os preços de veículos, mão de obra e combustível aumentaram 42%, 12,5% e 104%, respectivamente, nos últimos 18 meses, constituindo a maior parte da composição tarifária.
A taxa média de transferência ao longo desse período foi de apenas cerca de 7%, o que significa que 90% dos aumentos de custos básicos não foram repassados aos clientes. No entanto, as negociações com o cliente estão cada vez mais controversas, o que faz com que o frete atrase.
A escassez de motoristas qualificados é outro grande problema. A escassez de pessoas qualificadas nesta área é discutida há anos e está se tornando cada vez mais evidente para as empresas. Esses especialistas são muito procurados devido à necessidade do mercado por sua expertise e ao baixo número de candidatos interessados em ingressar na área. Desde 2015, o número de motoristas habilitados no Brasil com carteira categoria “C” ou similar vem diminuindo.
Para evitar um colapso no futuro, as empresas devem investir em programas de desenvolvimento de carreira para novos motoristas e elaborar estratégias para manter os funcionários atuais.
Previsão para o próximo ano
Prevê-se que as taxas de juro elevadas persistam em toda a economia nacional em 2023; porém, com a reabertura e recomposição do mercado de trabalho, os empregos devem sustentar a circulação do dinheiro, ainda que a massa salarial não esteja nos níveis pré-pandemia. O transporte rodoviário de cargas tem se mostrado robusto e deve se expandir devido ao período de sazonalidade das operações de final de ano, que é impulsionado pelo consumo das famílias. Isso ocorre apesar do fato de que os custos dos insumos ainda permanecem elevados no mercado. Com isso, daqui para frente, os preços de frete devem ser mais consistentes.