O índice PMI caiu a 47 no mês, abaixo da marca de 50 que separa crescimento de contração
A contração do setor industrial brasileiro se intensificou em março e registrou o ritmo de queda mais forte em três meses devido à redução na entrada de novas encomendas, de acordo com a pesquisa de Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgada nesta segunda-feira.
O PMI da indústria do Brasil, de acordo com levantamento da S&P Global, caiu em março a 47,0, de 49,2 em fevereiro, abaixo da marca de 50 que separa crescimento de contração pelo quinto mês seguido.
“A contração da indústria do Brasil se aprofundou em março, uma vez o segmento de bens de consumo se somou à retração dos setores de bens intermediários e de bens de capital”, disse Pollyanna de Lima, diretora associada de economia da S&P Global Market Intelligence.
Segundo a pesquisa, os entrevistados indicaram que as incertezas econômicas e políticas restringiram os gastos dos clientes no mês passado, o que junto com o ambiente fraco da demanda em geral levou a mais uma contração na entrada de novas encomendas.
Os produtores responderam reduzindo a compra de insumos e os volumes de produção, este pelo quinto mês seguido.
As novas encomendas de exportação também diminuíram em março, acumulando 13 meses de recuo, com os participantes da pesquisa citando condições econômicas desafiadoras globalmente.
Em março, os preços de insumos continuaram a subir, embora a taxa tenha sido uma das mais fracas desde que os dados começaram a ser coletados em fevereiro de 2006. Altas nos preços de componentes eletrônicos, tecidos e alimentos foram parcialmente compensados por reduções nos custos de commodities, frete, metal e plástico.
Os preços de venda, por sua vez, registraram o aumento mais forte desde setembro, conforme o aumento dos gastos operacionais foram repassados aos clientes.
Diante desse cenário, os produtores cortaram empregos em março, citando medidas de cortes de custos. O emprego caiu no ritmo mais forte do ano.
Mas a confiança se fortaleceu no mês passado, com as empresas esperando melhora na demanda e no poder de compra das famílias. Planos de expansão, inovação e investimentos também foram citados.
“Embora as empresas estejam prevendo tempos melhores à frente, elas não estavam preparadas para investir na capacidade de seus negócios até que uma demanda da recuperação se materialize”, completou De Lima.
NOS EUA, SETOR MANUFATUREIRO ATINGE PATAMAR MAIS FRACO EM QUASE 3 ANOS
A atividade manufatureira dos Estados Unidos caiu para o nível mais baixo em quase três anos em março, conforme novos pedidos continuaram a contrair, e o desempenho pode piorar ainda mais em meio ao aperto nas condições de crédito.
O Instituto de Gestão do Fornecimento (ISM, na sigla em inglês) disse nesta segunda-feira (03) que seu PMI de manufatura caiu para 46,3 no mês passado, a leitura mais baixa desde maio de 2020, contra 47,7 em fevereiro.
Economistas consultados pela Reuters previam que o índice cairia para 47,5.
Foi o quinto mês consecutivo em que o PMI ficou abaixo da marca de 50. Mas os chamados dados concretos sugerem que a manufatura, que responde por 11,3% da economia, continua crescendo moderadamente.
A manufatura expandiu a uma taxa anualizada de 4,5% no quarto trimestre, informou o governo americano na semana passada. Relatórios do mês passado também mostraram leves ganhos nas encomendas de bens de capital, excluindo aeronaves, em fevereiro, assim como na produção manufatureira.
O aumento dos custos dos empréstimos, à medida que o Fed (Federal Reserve) luta contra a inflação alta, esfriou a demanda por bens, que normalmente são comprados a crédito. A demanda pode ficar sob pressão após a recente falência de dois bancos regionais, que estressaram o setor financeiro.
Os bancos apertaram os requisitos para oferecer empréstimos, o que pode dificultar o acesso de pequenas empresas e famílias ao crédito.
De acordo com uma análise do Goldman Sachs, a manufatura pode ser duramente atingida por um declínio no crédito bancário, já que as empresas dependem de empréstimos para capital de giro ou para financiar gastos de capital. Mas o banco observou que a manufatura dependente do crédito bancário também “tende a ter firmas maiores que, tudo mais constante, terão mais facilidade em encontrar fontes alternativas de capital”. No mês passado, o Fed elevou sua taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, mas indicou que está prestes a interromper aumentos nos custos de empréstimos por causa da turbulência nos mercados financeiros. O banco central dos EUA aumentou sua taxa básica de juros em 4,75 pontos percentuais desde março passado, de nível próximo de zero para a faixa atual de 4,75% a 5%.