Foto: Divulgação/Volkswagen
Para a indústria, os juros altos são responsáveis pela demanda interna insuficiente e redução das intenções de investimento do setor
As indústrias apontam as taxas de juros elevadas como o principal motivo para a falta de crescimento da produção industrial no primeiro trimestre de 2023. Isso é o que indica a Sondagem Industrial, levantamento produzido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgado nesta quinta-feira (20/4).
O monitoramento mensal consultou mais de 1.600 empresários de pequeno, médio e grande portes de todo Brasil. Os empresários citaram outros entraves como a elevada carga tributária e a demanda interna insuficiente.
Economistas da CNI destacam que as queixas sobre os juros altos praticados no país têm ganhando cada vez mais relevância e, no período do levantamento, alcançou o maior índice de citações entre todos os obstáculos que impedem que as indústrias cresçam. A questão alcançou o maior patamar de menções de toda a série histórica (28,8%).
Desde 2022, em todos os trimestres, os juros altos têm figurado entre os motivos que mais afetam o setor industrial e tiveram um percentual de citação acima de 20% consecutivamente.
“Essa percepção por parte dos empresários afeta outras questões diretamente ligadas aos juros, agravando a percepção de demanda interna insuficiente, aumentando a dificuldade de obter crédito e influenciando os investimentos”, afirma o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo.
Piora nas finanças
A Sondagem Industrial revela que os empresários industriais reclamam da deterioração de suas condições financeiras. Houve queda da margem de lucro, que recuou de 47,3 pontos para 44,8 pontos, e piora da saúde financeira das indústrias, que caiu de 51,8 pontos para 49,7 pontos.
O índice que mensura a facilidade de acesso ao crédito apresentou queda expressiva de 4,7 pontos no trimestre, passando de 42,7 pontos para 38,0 pontos. O indicador ficou não só abaixo da linha divisória de 50 pontos, como também abaixo da média da série histórica, de 39,8 pontos.
Estoque indesejado
Quanto às condições dos níveis de estoque das indústrias, a sondagem da CNI indica ter havido pouca mudança de fevereiro para março. O índice de evolução do volume de estoques foi de 50,5 pontos em março. Já o índice do nível de estoque efetivo em relação ao planejado aumentou 0,7 ponto, registrando 51,9 pontos em março. Desde julho de 2022, esse índice vem ficando acima dos 50 pontos, revelando que os empresários estão com dificuldades para ajustar seus estoques. Valores acima de 50 pontos indicam que o nível de estoques está acima do planejado pelos empresários.