Da mata fechada ao maior corredor de escoamento da produção do agronegócio de Mato Grosso, a BR-163 chega aos 42 anos de contribuição diária ao estado. A inauguração ocorreu em 20 de outubro de 1976. Atualmente, passam pela rodovia 70 mil veículos por dia, sendo 70% deles de carga. O vai e vem das carretas e caminhões movimentam muito mais que a rodovia, faz girar a economia do país.
Diretor executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz lembra que Mato Grosso é o maior produtor de soja, milho, algodão e de gado do Brasil. Apontada como espinha dorsal do escoamento da produção agropecuária de Mato Grosso, é pela BR-163 que passa toda essa riqueza.
“A agropecuária tem carregado a economia do país e a BR-163 é de extrema importância para o setor. O transporte da produção ocorre nos dois sentidos da rodovia. Para o norte este ano foram transportados 9 milhões de toneladas e no sentido sul/sudeste, devemos fechar o ano com o transporte de mais 25 milhões”, aponta Vaz.
Com o lema “Integrar para não Entregar”, a construção da BR-163 fez parte do Plano de Integração Nacional do governo Geisel, que tinha como objetivo interligar a região norte do Brasil com as demais, por via terrestre, dada a pressão internacional pela ocupação da Amazônia. Assim, em 1970, foram criados o 8º e o 9º Batalhão de Engenharia de Construção (BEC) e instalados em Santarém (PA) e Cuiabá (MT), respectivamente, com a missão de implantar a rodovia entre as duas cidades.
Às vésperas das comemorações do 42º aniversário da rodovia, a expedição Pioneiros da BR-163 foi criada por 22 civis e militares responsáveis por sua construção, com objetivo de percorrer o trecho entre Cuiabá (MT) e Novo Progresso (PA). A maioria deles não tinha voltado para ver o resultado do trabalho e muitos se emocionaram ao ver de perto a potência da BR.
No estado, o Marco Zero da BR-163 é a Comunidade São Cristóvão, em Lucas do Rio Verde, conhecida no passado como Piuvá. Neste local o tenente-coronel do Exército, Luiz Alberto Braga chegou aos 27 anos com a missão de coordenar a obra sentido ao Pará. “Ver o que se tornou a BR-163 me enche de orgulho e alegria. Podemos dizer que não vivemos em vão, nós fizemos a estrada”.
O capitão Antônio Carlos de Carvalho, 72 anos, trabalhou na abertura da rodovia entre 1970 e 1973 e conta que já naquela época tinha certeza da importância da BR-163 para o país. “Me coloquei como voluntário para trabalhar na obra. Eu já esperava todo esse desenvolvimento. Conforme íamos abrindo a estrada, as pessoas vinham ocupando e formando as comunidades”.
E foi nesse contexto de ocupação que importantes cidades mato-grossenses foram se consolidando às margens da rodovia a exemplo de Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sorriso e Sinop.
Os pioneiros recordam que diante do isolamento, muitas dificuldades precisaram ser superadas, como malária, falta de equipamentos, atoleiros, poeira, comunicação ineficiente, afastamento da família e desabastecimento. Dependendo do local em que ocorria a obra, as equipes recebiam alimentos por meio de arremessos aéreos.
Após passar por Lucas do Rio Verde, os pioneiros seguiram até a região da Serra do Cachimbo. No percurso, fizeram paradas às margens dos rios Verde e Teles Pires, local em que tiveram destacamentos montados durante a construção da BR-163. Visitaram ainda o local do encontro entre o 8° e 9° BEC, em Novo Progresso (PA), onde há uma placa em homenagem aos falecidos dos dois batalhões.
Ainda como parte do roteiro, retornaram à cachoeira do Curuá, ponto de inauguração da BR-163, em 20 de outubro de 1976, pelo então presidente da República, Ernesto Geisel. A última parada foi na sede da Rota do Oeste, em Cuiabá, que há quatro anos é responsável pela rodovia. A visita à empresa marca o momento de modernização pelo qual a rodovia passa.
Presente – Relatório divulgado esta semana pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) aponta que as rodovias concedidas em Mato Grosso apresentaram a melhor avaliação dos últimos cinco anos. Segundo a 22ª edição da Pesquisa CNT de Rodovias, a qualidade dos trechos rodoviários concessionados aumentou mais de 20 pontos percentuais em 2018, em comparação ao ano passado. Somadas as avaliações ‘ótimo’ e ‘bom’, o índice este ano foi de 65,5%. No ano passado, a taxa era de 41,7%. A melhor avaliação havia sido em 2016, com 58,1%. O levantamento considera como indicadores as condições do pavimento, sinalização e geometria da via.
O diretor-presidente da Rota do Oeste, Diogo Santiago, destaca que a Concessionária vem executando continuamente pacotes de recuperação do pavimento ao longo da BR-163, além das atividades de manutenção nos pontos mais críticos. Atualmente, as equipes concentram os serviços com obras na região norte da rodovia, entre Diamantino a Sinop.
Para que se consolide como uma das rodovias mais importantes do Brasil em volume de carga e desenvolvimento para o estado, Edeon Vaz destaca que é preciso retomar as obras de duplicação da BR-163, tanto nos pontos que ainda faltam no sul, quanto na região norte.
Com o mesmo entendimento do setor agropecuário, o diretor-presidente da Rota do Oeste reforça o compromisso da Concessionária com a BR-163 e frisa que a empresa concentra todos os esforços para que a retomada das obras de duplicação ocorra de forma mais célere possível. “O futuro da BR-163 em Mato Grosso não é diferente das demais rodovias do Brasil, especialmente das concedidas na 3ª Etapa do Programa Investimento em Logística. A solução definitiva para que as duplicações voltem a ser realidade no país depende de decisões do Governo Federal”, finaliza Diogo Santiago.
BR-163: 42 anos de história e desenvolvimento para Mato Grosso
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