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Analistas mantêm projeções para economia após eleições

por | nov 6, 2018 | Outros

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A pouco menos de dois meses para o final do ano, começa a se confirmar uma expansão em torno de 1,3% da economia brasileira, com inflação por volta de 4,40%, taxa básica de juros (Selic) em 6,50% ao ano e câmbio a R$ 3,70.

As projeções foram divulgadas ontem no Boletim Focus do Banco Central (BC). O relatório manteve as previsões de PIB (2,5%), inflação (4,22%), Selic (8,00%) e câmbio (R$ 3,80) para 2019.

Contudo, a velocidade do andamento das reformas fiscais e os possíveis choques do cenário externo ainda podem modificar os números para o ano que vem, especialmente do PIB e do câmbio, avaliam especialistas. A economista da Bloomberg, Adriana Dupita, comenta que a queda da confiança empresarial e a elevação das taxas de juros praticadas pelo mercado (taxa de juro real) – por conta da turbulência do mercado financeiro entre maio e outubro – limitou as expectativas de crescimento para 2019.

 

As incertezas políticas e a greve dos caminhoneiros colaboraram para este cenário. “Mesmo a projeção de crescimento de 2,5% para 2019 estava difícil de se materializar diante do ambiente turbulento”, pontua Dupita.

 

“Agora, com essa mudança na condição de mercado e, muito possivelmente, com a variável de confiança apresentando melhora nos próximos meses, essa expansão de 2,5% pode se materializar, abrindo espaço até para um crescimento de 3%”, acrescenta a economista.

 

Segundo Dupita, além da confiança, uma expansão do PIB brasileiro em torno de 2,5% dependerá, ainda, da melhora do ambiente de negócios e das reformas fiscais.

 

Sobre este último ponto, a economista da 4E Consultoria, Giulia Coelho, ainda tem dúvidas. “Nós estamos esperando que, em 2019, alguma proposta de reforma na área fiscal seja aprovada. Porém, ainda não sabemos exatamente o quê. Ainda não está claro qual será a capacidade deste novo governo de passar as reformas”, comenta Giulia Coelho. Para a 4E, o PIB deve ter alta de 1,4% este ano e avançar 2% em 2019, um pouco menor do que a mediana das expectativas do Boletim Focus (2,5%).

 

Frustração

 

O economista Bruno Lavieri, que também é da 4E, é mais enfático, e diz que deve haver frustração com relação às reformas. “O ajuste fiscal pode não ocorrer na velocidade que o mercado está esperando”, diz. Por esses motivos, ele prevê que a taxa de câmbio pode ir a R$ 4,20 em 2019, e a R$ 4,30 em 2020. Para este ano, a projeção é de R$ 3,90.

 

Dupita reforça que o primeiro ano de mandato é sempre um período de maior capital político de um presidente. “Portanto, se não houver avanços significativos no primeiro ano, o mercado pode começar a ficar ansioso e, com isso, pressionar câmbio e juros praticados pelo mercado”, afirma.

 

Além disso, a economista da Bloomberg lembra que a guerra comercial no ambiente externo também é um risco. “Uma das poucas coisas que os economistas concordam é que qualquer evento que reduza o ritmo das trocas entre os países é ruim, pois isso diminui a capacidade de crescimento da economia global”, destaca.

 

A GO Associados, por sua vez, avalia que a economia brasileira pode ter expansão de 3,3% no ano que vem. “O futuro superministro da Economia, Paulo Guedes, deu sinais de que o governo eleito está alinhado com o ajuste fiscal e com a redução de gastos e que a prioridade é a reforma da Previdência”, afirma a consultoria, em relatório. “Além isso, o governo eleito pretende intensificar o programa de privatizações e concessões, como uma das formas de financiar os investimentos em infraestrutura. As primeiras informações são de que os investimentos em obras podem chegar em R$ 180 bilhões em 2019 e R$ 250 bilhões em 2022, no final do mandato presidencial”, complementa a GO.

 

Preços

 

Mesmo com os riscos internos e externos, a elevada capacidade ociosa da indústria e do mercado de trabalho devem garantir uma inflação controlada em 2019. A projeção da 4E é de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) feche 2018 com alta de 4,2% e, 2019, com elevação de 4,1%. Com isso, a expectativa é que a Selic se mantenha em 6,5% este ano e suba a 8% no próximo ano. “Os serviços, que reagem mais à monetária, ainda se encontram em patamares confortáveis”, diz Giulia.