O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (16), após encontro com o presidente da Argentina, Maurício Macri, que pretende aperfeiçoar o Mercosul e fortalecer a relação com o país vizinho.
Bolsonaro recebeu visita do presidente da Argentina, no Palácio do Planalto, em Brasília. Este é o primeiro encontro entre os dois chefes de Estado desde que Bolsonaro assumiu a Presidência da República, há três semanas.
Logo depois das eleições de outubro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a relação com o Mercosul não seria prioridade para o governo Bolsonaro e prometeu fazer comércio com todo o mundo. Segundo ele, o Brasil ficou “prisioneiro de alianças ideológicas”.
Bolsonaro falou que quer aperfeiçoar o bloco. “Concordamos quanto à importância de, com Paraguai e Uruguai, aperfeiçoar o bloco e propor nova agenda de trabalho, sempre com sentido de urgência”, disse.
“No plano interno, o Mercosul precisa valorizar sua tradição original: abertura comercial, redução de barreiras e eliminação de burocracias”, disse Bolsonaro em discurso após conversa com Macri.
Sobre a relação com a Argentina, Bolsonaro disse que o Brasil “preza muito pela relação de amizade e cooperação” que mantém com o governo e com o povo argentino. “Essa é uma relação que queremos e trabalharemos para fortalecer sempre mais”, disse.
Tarifa comumApós a fala dos presidentes, o Palácio do Planalto divulgou uma declaração conjunta. No caso do Mercosul, o texto reforçou que os presidentes trabalharão para que o bloco reveja a “tarifa externa comum”, melhore o acesso a mercados e avance na facilitação do comércio e da convergência regulatória.
Na agenda bilateral, Bolsonaro e Macri acordaram a necessidade do trabalho “objetivo” para “cumprir metas concretas, no curto prazo” em diferentes áreas.
O chancelar argentino Jorge Faurie informou que uma das áreas na qual os países poderão trabalhar juntos é a da energia nuclear. Ele disse que os países tem “capacidade de cooperação” e “formação” para desenvolveram energia nuclear com “fins pacíficos”.
Durante a visita de Macri, Brasil e Argentina assinaram a revisão de um tratado de extradição entre os países.
Ainda segundo a nota, Bolsonaro aceitou o convite de Macri para visitar a Argentina. Não há data definida para a viagem.
VenezuelaBolsonaro também falou sobre a crise na Venezuela. Na semana passada, o presidente Nicolás Maduro tomou posse para um novo período de seis anos à frente do país.
No entanto, o mandato não é reconhecido por vários países da comunidade internacional, entre eles, os do Grupo de Lima, do qual o Brasil faz parte. O entendimento é de que a eleição de maio do ano passado, que elegeu Maduro, foram fraudulentas.
“Nossa cooperação na questão da Venezuela é o exemplo mais claro do momento. As conversas de hoje com o presidente Macri só fazem reforçar minha convicção de que o relacionamento entre Brasil e Argentina seguirá avançando no rumo certo: o rumo da democracia, da liberdade e segurança e do desenvolvimento”, disse Bolsonaro.
Maurício Macri, que também discursou após encontro com Bolsonaro, disse que os governos brasileiro e argentino não aceitam a votação que reelegeu Nicolás Maduro na Venezuela, o que ele classificou de “escárnio com a democracia”.
Ele disse que a comunidade internacional já percebeu que o líder venezuelano é um “ditador que quer se perpetuar no poder com eleições fictícias”.
ItamaratyApós a manhã de reuniões no Palácio do Planalto, Bolsonaro ofereceu um almoço ao argentino no Palácio Itamaraty, sede do Ministérios das Relações Exteriores.
No tradicional brinde proposto pelo presidente anfitrião, Bolsonaro disse que sob a liderança de Macri a Argentina caminha para modernizar o Estado.
Bolsonaro não citou a reforma da Previdência, mas afirmou que o Brasil levará adiante reformas econômicas.
“Também no Brasil estamos decididos a levar adiante reformas econômicas de envergadura que solte as amarras do nosso crescimento e gere emprego e renda para os brasileiros”, disse Bolsonaro.
O presidente disse ainda estar confiante na modernização do Mercosul “tanto no seu aperfeiçoamento interno, quanto na sua expansão das relações com o mundo”.