Após mais uma noite de violência e insegurança na Capital mato-grossense, quando 10 criminosos planejavam fazer um arrastão em duas empresas de transporte de cargas na região do Distrito Industriário, em Cuiabá (MT), na noite do último dia 10, diretores do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Mato Grosso (Sindmat) juntamente com 20 empresários do setor se reuniram com o delegado geral da Polícia Judiciária Civil, Mário Dermeval Aravechia de Resende, para mais uma vez discutir com a segurança pública ações de enfrentamento ao roubo de cargas e transportadoras no Estado.
O presidente do Sindmat, Eleus Vieira de Amorim, explicou ao delegado que desde 2017 as invasões a transportadoras e roubos de carga têm aumentado em todo o país e que a situação hoje é crítica em Mato Grosso.
“Antes de mais nada, nós parabenizamos o trabalho da Polícia Civil, e o empenho dos policiais, mas o motivo dessa reunião agora, nesse exato momento, é a preocupação que nós temos com segmento do transporte RODOVIáRIO de cargas. A situação tem tomado proporções preocupantes”, disse o presidente.
Além de cargas, e objetos de valores, outra modalidade praticada pelos criminosos e é furto de peças de caminhões. Algumas chegam a custar cerca de R$ 12 mil.
Eleus ainda ressaltou que outro fator preocupante é a atuação da Secretaria Estadual de Fazenda (Sefaz) que não fecha os estabelecimentos ou caçam a inscrição estadual dos empresários que são flagrados pelos crimes de receptação.
“Falo para o fiscal, falo para o secretário de Fazenda que é a missão da Sefaz é apoiar a Polícia Civil. A Sefaz é omissa e não caça a inscrição das empresas que são flagradas cometendo receptação. A lei 10.258, proposta ainda na época do governo Silval Barbosa e depois aprovada e sancionada pelo governador Pedro Taques em janeiro 2015, deixa bem claro a cassação da inscrição do estabelecimento receptador, porém não se cumpre”, observou.
“Aí o senhor pergunta quantas empresas que foram flagradas com produtos de carga roubada, ou o estabelecimento revendendo esses produtos, tiveram cassada a inscrição? Até hoje não vi nenhuma!”.
O delegado Mário Dermeval se mostrou também preocupado com a situação, e se dispôs a deixar duas unidades da Polícia Civil, no apoio ao combate dos roubos e furtos no setor.
“Hoje a gente esbarra na falta de efetivo, que é um problema antigo. Isso tem nos atrapalhado bastante. Até acho que o principal para vocês seria uma delegacia especializada para combater os crimes que afligem o setor, mas como é impossível montar essa estrutura agora, vamos trabalhar em conjunto com o sindicato e também com Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de Veículos Automotores (Derfva) e a Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO)”, garantiu o delegado geral.
Mário Dermeval ainda antecipou que irá criar uma sessão especial dentro de uma unidade, um setor só para isso e deixa a diretoria à disposição do segmento de transporte rodoviário de cargas. “Está tudo muito recente, estamos ainda fazendo algumas transições, mas essa reunião já é importante para já termos um norte futuro e trabalharemos em conjunto com vocês”, se comprometeu o diretor.
Após a reunião, o presidente do Sindmat, Eleus Amorim, se mostrou esperançoso com o encontro com o delegado e aguarda providência por parte do estado.
“Estamos com a esperança de que este novo governo traga mudanças, que possa tomar providências de combater o receptador de carga roubada, porque essa é a maior praga que nós estamos enfrentando hoje, que é aquele que compra produto roubado, mas acreditamos no trabalho da polícia e que as coisas possam melhorar”, finalizou.
Com o aumento de roubos e furtos no setor, tem diminuído a arrecadação no estado, e levado prejuízo aos empresários, que afirmaram que atualmente, apenas três empresas de seguros ainda aceitam trabalhar com as empresas de Mato Grosso, pois com o aumento de crimes no setor, muitas empresas não topam segurar as empresas do estado.
Entre os produtos que tem uma maior procura pelos criminosos, estão combustíveis, eletroeletrônicos e defensivos agrícolas, que são materiais de fácil revenda e que os receptadores adquirem com maior facilidade e acaba revendendo ao cidadão de bem.
Crime de encomenda
Os ataques a transportadoras de cargas em Mato Grosso têm se tornado corriqueiros, o que é motivo de preocupação permanente do Sindmat e de constantes reuniões com autoridades da Segurança Pública do Estado.
O último caso ocorreu na noite do dia 10 de janeiro passado, quando seis homens foram presos após uma troca de tiros com policiais da Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam) em uma transportadora localizada no Bairro Distrito Industrial, em Cuiabá.
Segundo a Polícia Militar, pelo menos 10 pessoas tentaram assaltar a empresa Transete, na Rua O.
A equipe da Rotam recebeu uma informação de que um carro Logan ocupado por suspeitos foi abordado por policiais militares nas proximidades da transportadora.
Diante das informações, os policiais se deslocaram até o loca. Ao chegarem, os militares se depararam com os bandidos fugindo em um veículo.
Os suspeitos chegaram a apontar armas para a Rotam, que atirou contra os assaltantes. No entanto, o carro continuou em fuga.
Pouco depois, os seis assaltantes pararam o automóvel e foram presos imediatamente. Com a troca de tiros, três dos criminosos foram baleados e encaminhados para o Pronto Socorro de Cuiabá.
Com os suspeitos, foram apreendidas duas armas calibre 38 e um fuzil falso. Os ladrões teriam como objetivo levar um caminhão carregado com agrotóxicos e vacinas de animais.
A PM acredita que o roubo foi encomendado e a carga já tinha comprador. O caso está sendo investigado pela Polícia Judiciária Civil.