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Fornecedores acreditam que Brasil deve focar em veículos a combustão enquanto avança na eletrificação

por | ago 15, 2023 | Notícias, Outros

Fonte: AutoData
Chapéu: Mercado

Foto: Divulgação/AutoData

É sabido que veículos eletrificados terão maior protagonismo no contexto global ao longo da próxima década, motivados pelo tema da descarbonização. Assim como é de conhecimento de todos, também, que a cadeia de suprimentos terá um ritmo um pouco diferente que o das fabricantes, principalmente no Brasil, para se adaptar a este movimento. Em busca de identificar a percepção dos fornecedores neste processo de transição foi realizada pesquisa online conduzida pelo BCG, Boston Consulting Group, pelo Sindipeças e pela Anfavea.

As perguntas sobre o processo de eletrificação na cadeia de suprimentos automotiva no Brasil foram enviadas a toda a base dos associados do Sindipeças ao longo do segundo trimestre de 2023. Ao todo 65 empresas participaram, sendo que 23 delas possuem faturamento acima de R$ 300 milhões e dezoito delas são Tier 1. Quinze executivos foram entrevistados.

Mais da metade das empresas de autopeças fornece motores e transmissão para montadoras de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Ao todo 39 são brasileiras e o restante é de origem internacional. Trinta e quatro delas exportam menos de 20% da produção e dezessete exportam até 60%. Vinte e uma possuem menos de 20% da produção dedicada ao mercado de reposição e catorze até 60%.

Elas trouxeram respostas que mostram que os fornecedores estão atentos ao movimento e se preparando para adaptar seu portfólio de produtos, embora a transição para veículos híbridos seja vista como etapa intermediária. Apesar de já darem os primeiros passos, preocupam-se com questões como capacidade de investimento, previsibilidade de demanda e grau de competitividade da indústria frente ao mercado internacional.

Para 83% dos entrevistados o Brasil deve focar em veículos de combustão, incluindo biocombustíveis, enquanto avança em seu processo de eletrificação, em paralelo. Apenas 5% acreditam que o País deve seguir em linha com a tendência global de eletrificação.

Um terço dos executivos defendeu que o País deve focar sua infraestrutura e capacidade para desenvolver plataforma de produção de veículos híbridos nos próximos cinco a dez anos. Para 28% o Brasil deverá tornar-se centro de exportação de peças e componentes para motores de combustão nesse mesmo período. E 24% acreditam que é preciso começar a desenvolver novas tecnologias, como células de combustível a etanol.

Apenas 7% são a favor de que o País localize a produção de componentes para veículos eletrificados, incluindo os puramente elétricos, durante a próxima década.

Quando questionados a respeito da diversificação de portfólio de produtos para cobrir novas tecnologias de veículos eletrificados, 44% demonstraram-se a favor. Para 25% é importante expandir a oferta de itens que já atendem tecnologias de veículos eletrificados. Para 19% é preciso buscar alternativas de desenvolvimento de produtos em outros segmentos. Apenas 13% creem que devem manter o portfólio atual, ainda que seja focado em veículos a combustão.

Mais da metade dos participantes, 56%, acredita em conversão parcial da planta atual para atender a demanda por eletrificados e em produzir novas tecnologias. Para 20%, no entanto, estes itens serão importados ao longo da próxima década. E 15% acreditam que será necessário estabelecer uma nova planta para atender à eletrificação. Só 8% acreditam que o parque fabril não deva passar por essa transição.

Sobre como a base de fornecimento de peças deverá impactar no processo de eletrificação automotiva no Brasil, 66% avaliaram que sua evolução pode retardar o processo devido aos longos lead-times e investimentos para adaptação da base instalada. Para 30% isto não deve impactar no processo de eletrificação, uma vez que, na opinião destes executivos, a base de fornecedores se adaptará às necessidades da indústria.

Quem fornecerá motores a combustão pelos próximos cinquenta anos?

Considerando que ao longo das próximas cinco décadas veículos movidos a combustão ainda estarão rodando pelo mundo, devido ao tempo que demorará para que sejam substituídos pelos elétricos, fornecedores brasileiros veem oportunidade de abastecer mercado local e exportar, assim alavancando a capacidade de suas fábricas.

Isso porque nem Europa nem Estados Unidos produzirão mais este tipo de motor e os olhos se voltarão para Brasil, Índia e México. Sendo que, de acordo com o estudo, o País possui, dentre os três, a cadeia mais extensa e a tecnologia mais robusta. Ou seja: tem-se a oportunidade potencial.

Um terço dos entrevistados acredita que as receitas provenientes de componentes associados a motores de combustão interna deverão crescer moderadamente, até 10%, nos próximos cinco a dez anos. Outros 15% creem que o faturamento deverá manter-se no patamar atual neste período, enquanto que 12% apostam em queda anual de até 10%.

Para 36% dos participantes a margem de componentes para veículos de combustão interna será mantida. Na avaliação de 14% ela diminuirá e, na de 10%, aumentará.