Flat Preloader Icon

Redução de Emissões de CO² e Uso de Energias Renováveis ​​no Transporte Rodoviário de Cargas

por | set 29, 2023 | Artigos, Núcleo Campinas

Fonte: COMJOVEM Campinas
Chapéu: Artigos

O transporte de cargas desempenha um papel fundamental na economia global, movimentando produtos e matérias-primas que abastecem indústrias e consumidores em todo o mundo. No entanto, esse setor enfrenta desafios significativos no mercado brasileiro, caracterizados por altos custos, restrições operacionais e impactos ambientais¹. Nos últimos anos, à medida que crescem as preocupações com o aquecimento global, os estudos sobre energias renováveis ​​ganham destaque. Isso ocorre em parte devido ao setor de transporte, que é responsável por quase 25% das emissões de CO², contribuindo assim para as mudanças climáticas. A pressão governamental para implementar políticas públicas que visam a redução de emissões está acelerando a transição para uma matriz energética mais sustentável em nível global.

Este artigo técnico tem como objetivo mostrar as possibilidades apresentadas pelos estudos mais recentes para a redução das emissões de CO² e o uso de energias renováveis ​​no Transporte Rodoviário de Cargas (TRC). Além disso, explorará os principais desafios associados a essas estratégias inovadoras, bem como podem os resultados que surgirão ao longo do tempo.

Energias Renováveis

As fontes de energias renováveis ​​são derivadas de recursos inesgotáveis ​​e estão sempre disponíveis para utilização. Sua renovação pode ocorrer naturalmente ou com a ajuda de ferramentas criadas pelo ser humano, incluindo fontes como o vento, a luz solar, o poder geotérmico, a água e o hidrogênio.

Atualmente, estudos relacionados à mobilidade urbana e ao transporte identificaram estratégias capazes de promover mudanças significativas no mercado, reduzindo de forma expressiva os impactos ambientais pelos quais o setor de transporte é responsável.

  1. Caminhões Elétricos: Estes veículos são movidos por energia elétrica fornecidos por baterias de lítio de alta capacidade, garantindo uma excelente autonomia no dia a dia e permitindo a circulação sem a necessidade de recarga constante.
  2. Biogás: O biogás é um biocombustível obtido a partir da combustão de materiais orgânicos, sejam de origem vegetal ou animal. Ele gera uma mistura de gases, sendo predominantemente composto de metano. Além de suas propriedades energéticas, o biogás é interessante devido à sua relação com a matéria orgânica, possibilitando o reaproveitamento de resíduos orgânicos. Esse combustível pode ser utilizado em caminhões híbridos e veículos adaptados a Gás Natural Veicular (GNV).
  3. Biodiesel: O biodiesel é produzido a partir de óleos vegetais e gorduras animais, podendo também ser obtido por meio da extração de glicerina de óleos vegetais, como os derivados de amendoim, mamona, soja e girassol. O biodiesel tem ganhado destaque como uma alternativa de biocombustível menos prejudicial ao meio ambiente. Pode ser utilizado puro ou misturado com diesel convencional para abastecer veículos a diesel.
  4. Bioetanol: O bioetanol é um dos biocombustíveis mais conhecidos e é obtido principalmente a partir de vegetais, com a cana-de-açúcar sendo uma das principais fontes no Brasil. Comparado à gasolina, o bioetanol pode reduzir as emissões de gases de efeito estufa em até 60%. Atualmente, as montadoras já oferecem veículos movidos pelo E85, uma mistura com 85% de etanol e 15% de gasolina. Além disso, o bioetanol também foi testado como fonte de energia para abastecer baterias de carros elétricos.
  5. Hidrogênio: Uma das soluções mais promissoras é o uso de células de combustível a hidrogênio em trânsito. O grande benefício da tecnologia é que, do escapamento dos veículos, é liberada apenas água pura, tornando-a extremamente limpa em termos de emissões.
  6. GNV (Gás Natural Veicular) e GNL (Gás Natural Liquefeito): Esses modelos a gás funcionam de maneira semelhante aos veículos tradicionais com motores a diesel. A principal diferença é o sistema de injeção que utiliza o ciclo Otto. O GNV apresenta uma redução de 15% nas emissões em comparação com o diesel, mas quando o caminhão é abastecido com biometano, essa redução pode chegar a até 90%. O GNL, por sua vez, possui particularidades devido à sua forma líquida e é armazenado a temperaturas muito baixas, chegando a -150 graus Celsius. Isso requer tecnologia avançada para o armazenamento. Houve inclusive um registro de autonomia realizado por um caminhão a GNL, chegando a 1.728 km em uma viagem de Londres até Madri, transportando 30 toneladas de carga.

Conclusão

A busca por soluções sustentáveis ​​no transporte rodoviário de cargas é de extrema importância para mitigar os impactos ambientais e reduzir as emissões de CO². Os estudos e tecnologias relacionados às energias renováveis ​​oferecem uma ampla gama de opções viáveis ​​para alcançar esse objetivo.

No entanto, é essencial considerar que cada uma dessas alternativas possui desafios específicos que precisam ser superados. A transição para uma matriz energética mais sustentável exigirá investimentos em pesquisa, infraestrutura e políticas públicas que incentivem a adoção dessas tecnologias.

Uma implementação bem-sucedida de energias renováveis ​​no transporte rodoviário de cargas pode resultar em benefícios ambientais substanciais, redução de custos operacionais a longo prazo e maior resiliência do setor diante de futuras regulamentações ambientais. No entanto, é importante estar ciente dos possíveis impactos negativos, como a demanda por recursos naturais para a produção de biocombustíveis e as complexidades do armazenamento de gases liquefeitos.

Por: Daniel Lopes – COMJOVEM Campinas