O cerco está se fechando e os governos determinando suas metas e limites de emissões e de eficiência energética em todo o planeta. Foi assim que Carlos Briganti, presidente da consultoria Power Systems Research no Brasil, abriu seu painel durante o Automotive Business Experience, ABX19, realizado segunda-feira, 27, no São Paulo Expo.
Com presença no Brasil desde 2012, a empresa realiza regularmente estudos sobre mercado e tendências tecnológicas para veículos pesados, motores e máquinas agrícolas. Segundo Briganti, as regiões que trazem os maiores drivers de tecnologia no mundo, em relação à eficiência energética e aos meios de redução de emissões, são os Estados Unidos, a Europa e o Japão, que já completaram a fase do Euro 6. Índia e China devem completar este estágio em meados da próxima década.
Dessa forma, pela exigência de legislação, ao combinar eficiência energética com emissão, os fabricantes deverão buscar tendências como motores menores, sistemas de recuperação de energia, como o Kers, além das transmissões automáticas e automatizadas.
O calendário do mundo
As regiões metropolitanas são as primeiras a demandar e a adotar as tecnologias de maior eficiência energética e de redução das emissões de poluentes, principalmente no transporte público de passageiros. Na China, por exemplo, a data para emissão zero é 2022. Na Califórnia, Estados Unidos, e na Europa, o ano é 2030. “Somando as exigências, as áreas metropolitanas serão as que mais trarão essas demandas e, no Brasil, vamos acompanhar essas tendências globais com a criação de alternativas globais. Cada região tem sua matriz energética e nem sempre a matriz global é adaptável em todos os lugares. Ainda estamos atrasados”, disse.
Os desafios do Brasil dentro do programa P8, equivalente ao Euro 6, passam pela adoção do biodiesel, que deverá ter uma participação de até 15% em 2023 (hoje já deveríamos estar com 11%) e o especialista destacou que o Brasil precisa gerar novas tecnologias: “Não basta seguir uma tecnologia de fora, temos de adaptar nossa realidade”, explica Briganti.
Segundo o consultor, o Brasil ainda não tem nenhuma meta definida para a redução das emissões e isso deve ocorrer a partir de 2027 e ser implementado até 2032. “São Paulo lidera o processo definindo para 2028 uma meta de 50% da frota com combustível não fóssil e redução de 90% das emissões de materiais particulados.”
O papel de cada combustível
Diesel: importante para o transporte pesado de longas distâncias, tem restrições nos grandes centros urbanos e cederá espaço para o diesel de cana, considerado tecnicamente excelente, mas ainda não competitivo quanto ao custo;
Gás natural: aumento da disponibilidade e da distribuição como tendência, pode ser uma forte alternativa para o transporte nos grandes centros urbanos;
Etanol: alternativa viável para motores ciclo otto, pode ser adaptado para os motores ciclo diesel. Tem sido alvo de investimentos pesados na produção e é um potencial gerador de H2 para sistemas movidos a células de energia.