Quem passa em frente a uma pequena loja de Itaquaquecetuba, na região metropolitana de São Paulo, não desconfia que, debaixo do estabelecimento, um túnel liga clandestinamente a casa a um oleoduto da Petrobras, enterrado a poucos metros dali. A vizinhança também não sabe que as duas vans estacionadas na garagem escondem tanques cheios de combustível roubado diretamente do duto. A engenhosidade só foi descoberta quando um erro técnico no desvio provocou um incêndio.
O episódio entrou para as estatísticas como mais um entre os 560 casos de furto ou tentativa de furto nos dutos da Transpetro entre 2016 e 2018.
O mercado ilegal de petróleo e combustíveis movimenta, por ano, US$ 133 bilhões no mundo, segundo estimativas da Universidade de Yale, nos Estados Unidos.
No Brasil, combustíveis furtados dos oleodutos da Petrobras provocaram perdas de R$ 600 milhões para os cofres da estatal nos últimos quatro anos. As investigações indicam que os produtos roubados têm como destino algumas unidades industriais que atuam como uma espécie de refinarias clandestinas.
Tratam-se de empresas legais, com CNPJ, especializadas no reprocessamento de óleos usados para produção de solventes e outros produtos químicos, como graxas e óleos para uso industrial. Segundo uma fonte envolvida nas investigações, foram identificados produtos roubados em ao menos quatro dessas unidades no eixo Rio-São Paulo-Minas. Essas companhias compram com descontos o petróleo, o diesel e a gasolina roubados – produtos considerados mais nobres do que os óleos residuais que elas costumam recolher de navios, postos e indústrias, para reprocessamento.
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