Nesta semana deve acontecer mais uma rodada de negociação entre o governo federal e os caminhoneiros a respeito da nova tabela de fretes aprovada na última semana pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
O ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, deve se reunir com representantes de caminhoneiros e outras entidades afetadas pela nova tabela, em meio a críticas de que a metodologia atual reduz os valores a serem pagos aos motoristas. A data exata ainda não foi definida, segundo informa o ministério por meio de sua assessoria, uma vez que o ministro estava fora de Brasília na sexta-feira, em uma inauguração de obras em Minas Gerais.
Aprovada após quatro rodadas de audiências públicas realizadas neste ano, a nova tabela de fretes foi elaborada pela Esalq-Log, da Universidade de São Paulo (USP), e a próxima revisão oficial está prevista apenas para o início do ano 2020.
“A CNTA já recebeu reclamações das bases afirmando que os valores estão muito aquém da realidade do mercado”, informou em comunicado a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos, que alega representar mais de 140 sindicatos e nove federações de motoristas do País, que envolvem um universo de 900 mil caminhoneiros autônomos.
“A CNTA está avaliando tecnicamente a resolução (da tabela) com o objetivo de averiguar se os valores constantes na planilha estão adequados com o custo real da operação de fretes”, informou a entidade, que pediu ao Ministério de Infraestrutura “os números que fundamentam os parâmetros de cálculo”.
Questionado por jornalistas sobre ameaças de greve dos motoristas declaradas em redes sociais por algumas lideranças de caminhoneiros, o presidente Jair Bolsonaro afirmou a jornalistas que o governo “está fazendo o possível para atender os caminhoneiros”.
“Acredito que os caminhoneiros não farão paralisação, isso atrapalha em muito a economia, reconhecemos a dificuldade, estamos prontos para continuar conversando, mas estamos num país livre e democrático onde impera o livre mercado, a lei da oferta e da procura”, disse Bolsonaro.
Em abril, o presidente da CNTA, Diumar Bueno, classificou de “afago” que não resolve os problemas da categoria um pacote de medidas do governo para caminhoneiros que incluiu crédito do BNDES para manutenção de veículos e aumento de fiscalizações da ANTT para o cumprimento da tabela de fretes anterior pelos contratantes de transporte de carga no País.
“Mentiras”
Em um café da manhã com jornalistas, na última sexta-feira, o presidente Jair Bolsonaro acusou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que faz o levantamento de dados sobre desmatamento no País, de ter divulgado números “mentirosos” e chegou a insinuar que o presidente do instituto pode estar “a serviço de alguma ONG”.
“A questão do Inpe, eu tenho a convicção que os dados são mentirosos, e nós vamos chamar aqui o presidente do Inpe para conversar sobre isso, e ponto final nessa questão”, afirmou o presidente durante café da manhã com jornalistas estrangeiros. “Mandei ver quem está à frente do Inpe. Até parece que está a serviço de alguma ONG, o que é muito comum”, disse, referindo-se ao presidente do instituto, Ricardo Galvão.
Dados divulgados pelo Inpe esta semana mostraram que o desmatamento na Amazônia disparou na primeira metade de julho e superou toda a taxa registrada no mesmo mês no ano passado. Os dados preliminares dos satélites mostram o desmatamento de mais de mil quilômetros quadrados de floresta, 68% a mais do que o mês de julho de 2018.
Questionado seguidamente pelos repórteres sobre questões ambientais, Bolsonaro demonstrou irritação com o tema. Além de negar os dados de desmatamento, chegou a dizer que existe uma “psicose ambiental” no Brasil e, ao responder um jornalista europeu, disparou: “A Amazônia é nossa, não é de vocês”.
Em um encontro em que os jornalistas eram, em sua maioria, estrangeiros radicados no Brasil, o presidente falou que a maior parte da imprensa “lá de fora” tem uma visão distorcida dele. “Eu entendo o envenenamento que fazem lá fora. Não queremos mudar o que pensam lá fora, mas dar a verdade dos fatos.”
Durante o encontro, Bolsonaro chegou a falar também que dizer que se passa fome no Brasil era uma grande mentira. Mas depois Bolsonaro voltou atrás e afirmou que uma “pequena parte” da população passa fome. “