Um alerta acende nas rodovias que cortam o Brasil de Norte a Sul, de Leste a Oeste. O número de acidentes em nossas estradas continua em uma escala de ascendência, tanto em ocorrências envolvendo veículos pesados quanto os leves. É necessário parar para discutir esse cenário e buscar soluções conjuntas entre os diferentes entes envolvidos na segurança de nossas estradas.
Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal, em 2023, em todo o Brasil, o número de acidentes envolvendo veículos pesados com vítimas fatais alcançou a casa das 17,5 mil ocorrências, as quais causaram 2.500 mortes. Trazendo um recorte do Paraná, onde a circulação por rodovias é intensa, o cenário não é diferente e segue a mesma tendência nacional, tanto em rodovias estaduais quanto nas federais.
“A partir do momento em que todos que interagem com estradas estiverem na mesma página e com o mesmo objetivo, com certeza os números de acidentes devem retrair e muitas vidas serão salvas”.
Quando se analisa a segurança numa estrada como a BR-277, em um dos principais trechos rodoviários dentro de nosso Estad,o entre Curitiba e o Porto de Paranaguá, tem-se um retrato atual da situação. De fevereiro a agosto deste ano, foram registrados 613 acidentes, causando a morte de 16 pessoas. Mas números viram somente estatísticas se ações concretas não forem realizadas em conjunto.
Precisamos tratar do assunto de forma firme, lembrando que não são apenas dados, mas sim vidas, de famílias, de trabalhadores que carregam nossas riquezas para cima e para baixo diuturnamente. É urgente dar um basta, tratando o tema com responsabilidade e ações concretas.
E há inúmeras formas de começar a agir. Quando se fala em infraestrutura, por exemplo, na questão da BR-277 entre Curitiba e Paranaguá, é hora de o governo estadual buscar parcerias para se discutir uma nova rodovia que ligue ao maior porto graneleiro da América Latina. A atual estrada está estrangulada com movimento altíssimo, o que coloca em risco a segurança. E a previsão é que haja um crescimento gigante nas exportações para os próximos anos, aliado a um crescimento no turismo e na circulação de pessoas nos municípios litorâneos. Logo, esse tema precisa entrar na pauta de nossos representantes, tanto do Executivo quanto do Legislativo – estadual e federal. Infraestrutura moderna também salva vidas.
Rodovias em bom estado de conservação e infraestrutura também necessitam de maior fiscalização. As Polícias Rodoviárias precisam de apoio, para terem maiores efetivos e assim possam oferecer mais fiscalização e ações junto às estradas. A percepção de que as autoridades estão na ativa faz com que os condutores também se atenham às leis de trânsito, respeitando os limites de velocidade e se concentrando na sua conduta ao volante.
A infraestrutura também precisa ser cuidada. Por isso, é papel das concessionárias que administram os trechos de rodovias fazer manutenção de ponta, tanto de atendimento às ocorrências quanto na realização de obras. A sociedade financia esse trabalho por meio da tarifa de pedágio. Logo, essa entrega também precisa ser satisfatória, o que também resulta em proteção à vida.
Outros setores da sociedade, como montadoras e empresas que atuam no setor de transportes, podem aderir à causa, participando de campanhas, sendo parceiras em ações de conscientização dos motoristas. É uma contribuição primordial neste contexto. Empresários do setor de transporte, bem como federações e sindicatos, também têm seu papel em promover essa conscientização.
Por meio do SEST SENAT, existe um amplo programa de aperfeiçoamento profissional disponível para todos que atuam no setor transportador. O destaque vai para o Simulador de Direção, um dispositivo ultramoderno que ajuda no treinamento de motoristas, colocando o mesmo em situações quase que reais vividas em estradas.
Inúmeros outros programas de formação de novos motoristas ou de aperfeiçoamento profissional são disponibilizados gratuitamente pelo SEST SENAT. Porém, ainda é preciso maior adesão das empresas a essas iniciativas, assegurando que seus colaboradores estejam preparados para enfrentar com mais segurança condições adversas durante a direção nas estradas.
Como Federação, o papel também é o de se agregar a essa pauta. Nós, do Sistema Fetranspar, participamos de um grupo multidisciplinar para discutir o assunto. Nele, temos a presença das Polícias Rodoviárias, concessionárias de rodovias, empresários e lideranças internas, que buscam soluções para essa problemática. O papel agregador das federações é primordial para puxar esse tema. A partir do momento em que todos os que interagem com estradas estiverem na mesma página e com o mesmo objetivo, com certeza os números de acidentes devem retrair e muitas vidas serão salvas em nossas estradas Brasil afora. Porém, não podemos esperar, e ações precisam começar já e em todos os estados de nossa federação.
*Sérgio Malucelli é presidente do Sistema Fetranspar e Coordenador do G7 Paraná.