Falar sobre a dificuldade de abastecimento de uma cidade como São Paulo, não é tarefa das mais complicadas. Os problemas são diários, estampam as mídias diariamente e engordam as estatísticas de trânsito e congestionamentos.
As vias são disputadas por pedestres, ciclistas, motociclistas, veículos coletivos de passageiros, veículos de transporte de cargas entre outros. Todos com necessidades específicas, e que devem obedecer a regras e determinações legais cada vez mais complexas.
Em uma tentativa desesperada de gerir essa imensa massa de usuários, o poder público opta por atitudes pontuais, focadas muitas vezes em um único nicho de usuários e que acaba por prejudicar ou muitas vezes impedir o uso e interesse do coletivo.
A implantação dos corredores de ônibus e das ciclovias, muitas vezes numa mesma via, impede o acesso ao desembarque de passageiros ou ainda o processo de descarga em determinados locais, uma vez que é infração grave de trânsito estacionar ou parar sobre ciclo-faixa ou corredor de ônibus. Vemos claramente nas ações do poder público um foco político com cunho eleitoreiro principalmente no que tange a implantação de ciclovias, que se multiplicam desenfreadamente sem estudo de impacto no trânsito e em muitos bairros como vemos, elas se repetem em ruas paralelas sem demanda latente, e a consequência disso é vista nas empresas, no trânsito e no comércio, que vê seu movimento cair e as empresas de transporte que se veem com esforço maior para realizar as mesmas entregas, tornando o tempo de entrega e os custos inerentes cada vez maiores.
O fato é que apesar de ser considerado o grande vilão do trânsito, os veículos de carga precisam circular para abastecer a cidade. A farinha de trigo precisa chegar à padaria, para você ter o seu pãozinho fresquinho no café da manhã. O corte nobre de carne precisa chegar ao seu restaurante favorito para você degustar do seu grelhado. O vinho importado, precisa estar na adega da cantina italiana que você pretende levar sua esposa comemorar o aniversário de casamento. O remédio que tanto alivia sua dor de cabeça precisa chegar à farmácia mais próxima da sua residência. O mercado precisa ser abastecido diariamente.
Privilegiar o transporte público de massa deve ser a prioridade das ações públicas, mas para isso acontecer não devem ser restringidos os acessos de veículos de carga, que abastecem os grandes centros como São Paulo. Acreditamos que a solução
está em viabilizar através de ações focadas e com base em estudos de impacto. Privilegiando transporte de massa com qualidade (metrô, ônibus) e o abastecimento urbano com menores restrições de acesso, não esquecendo ainda das operações noturnas de abastecimento de grandes redes com segurança e incentivo político. Outro ponto importante para o abastecimento dos grandes centros é a criação de pequenos terminas de carga nas regiões de maior concentração do comércio, com isso o abastecimento se torna local, com menor deslocamento e menores veículos para atendimento, gerando praticidade, comodidade e melhora na vazão do fluxo de carga.
Não poderíamos deixar de fora a aprovação do VUC metropolitano, com 7,20m de comprimento, ante aos 6,30m anteriores, que foi uma decisão assertiva embandeirada pelo SETCESP em parceria com a prefeitura de São Paulo. Esta medida gera um aumento de 22% de carga útil nos veículos, ou seja, para fazer a mesma quantidade de entregas antes eram necessários cinco VUCs, hoje somente quatro, o trânsito e as empresas de transporte agradecem.
Para isso, precisamos propor soluções urgentes e realizáveis, promovendo uma logística de abastecimento que colabore com o fluxo de trânsito e promova o abastecimento adequado da cidade.
Todos os meios de transporte são importantes para a cidade e vitais para empresas e pessoas. O que precisamos é que todos se integrem e que haja prioridades claras nos meios de transporte e que as prioridades sejam sempre pelo bem maior, que é o cidadão, comércio/indústria e por consequência, a cidade que é o maior beneficiário econômico/financeiro deste emaranhado funcionando ordenadamente.
Responsável: Barbara Calderani e Evandro Ferrari