A perspectiva de conclusão proximamente do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE) coloca países concorrentes em estado de alerta e interessados em acelerar as negociações comerciais com o Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.A expectativa na Europa é que Mercosul e UE consigam anunciar o pré-acordo no começo de março, depois de quase 20 anos de negociações.
O exemplo mais claro vem da Associação Europeia de Livre Comércio (conhecida pela sigla inglesa Efta), formada pela Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein, países pequenos, mas com poder aquisitivo entre os maiores do mundo.
O governo suíço, com influência na Efta, considera prioritário concluir um acordo de livre comércio com o Mercosul para que o Efta não fique em desvantagem em relação à UE.O ministro suíço da Economia, Johann Schneider-Ammam, vê risco de a indústria de máquinas e outros setores industriais do país perderem competitividade no bloco do Cone Sul, quando for fechado o acordo com a Europa comunitária.
Enquanto produtos industriais da Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein continuarão a pagar tarifa de 7% a 35%, exportações dos 27 países da UE terão taxação menor ou ficarão isentas no médio prazo.O acordo Mercosul-UE poderá levar tambem o Canadá e outros parceiros, incluindo os EUA, a dar novo ritmo às discussões com o bloco do Cone Sul, ao sentirem o peso da preferência que será dada aos 27 países comunitários.
A competitividade agrícola do Mercosul, como sempre, causa temores nos parceiros. Suíços e noruegueses são os que globalmente mais protegem seu setor agrícola, com fortes taxas na fronteira.Sem surpresa, a pressão de agricultores nos países da Efta também é forte contra o acordo com o Mercosul.
Os produtores na Suíça não querem mais nem ouvir falar no seu ministro da Economia. Reclamam que um acordo com o Brasil e Argentina será a “‘morte da agricultura local”.A Federação dos Agricultores Suíços reclama que a renda do agricultor limita-se hoje a 45 mil francos (R$ 156 mil) anuais, em média, e muitos abandonam o setor.
Acusa o governo de não respeitar um voto popular pela garantia de segurança alimentar no país. Segundo a federação, a Suíça importa 40% dos alimentos que consome, uma das maiores dependências em relação ao estrangeiro.