Em uma eleição histórica realizada no último mês, a Argentina escolheu Javier Milei como seu novo presidente, com uma margem de 11 pontos percentuais à frente de seu rival, Sergio Massa. Esta mudança de liderança POLíTICA no país suscita importantes questões sobre o impacto que ela poderá ter nas relações comerciais e no transporte RODOVIáRIO internacional entre o Brasil e a Argentina.
Javier Milei, conhecido por suas posturas ultra libertárias, assume o cargo em meio a uma das mais profundas crises econômicas, políticas e sociais que a Argentina já enfrentou em anos recentes. Indicadores preocupantes, como uma taxa de pobreza que atinge 40% da população e uma inflação que ultrapassa 140% ao ano, lançam incertezas sobre o cenário econômico e político futuro do país. A pandemia da COVID-19 também exacerbou essas dificuldades.
Além disso, a retórica de Milei durante a campanha eleitoral tem levantado dúvidas sobre como ele abordará as relações com outros países, especialmente com o Brasil. Milei já expressou sua forte oposição às políticas sociais e econômicas do nosso país, o que poderia criar desafios diplomáticos.
O transporte rodoviário de cargas internacional (TRC) entre o Brasil e a Argentina enfrentou desafios significativos nos últimos anos, incluindo restrições às transferências de fretes internacionais. No entanto, a relação comercial entre os dois países é historicamente sólida e robusta, impulsionada por interesses econômicos mútuos. O segmento desempenha um papel vital nesse comércio, uma vez que a Argentina é um importante mercado para as exportações brasileiras, principalmente de produtos agrícolas e manufaturados, e o Brasil é um fornecedor chave de insumos para a indústria argentina.
Em meio às incertezas políticas e econômicas, é importante notar que as relações comerciais muitas vezes transcendem as diferenças ideológicas dos líderes políticos. O comércio entre países é orientado pelas condições econômicas e pelos interesses das empresas e comerciantes, e esses fatores muitas vezes superam as tensões políticas.
No entanto, o futuro do transporte rodoviário de cargas entre o Brasil e a Argentina sob a liderança de Milei ainda é incerto. A expectativa é que haja uma menor intervenção estatal no setor de transporte, o que poderia facilitar o trânsito de mercadorias entre os dois países. No entanto, será necessário acompanhar de perto como as políticas e reformas serão implementadas.
A Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), uma entidade ativa no setor com mais de 60 anos de atuação, no qual sou vice-presidente da área internacional, está se preparando para possíveis mudanças no ambiente de negócios entre os países. Nos últimos anos, ela construiu relações sólidas com outros países, incluindo a Argentina, e está comprometida em promover soluções que beneficiem o setor de transporte rodoviário de cargas internacional.
A pandemia da COVID-19 também trouxe desafios significativos para o segmento internacional, e estamos trabalhando para fortalecer a cooperação com a Argentina e outras entidades do setor de transporte em busca de soluções conjuntas para os desafios enfrentados.
Em última análise, uma cooperação mais estreita entre os governos para o TRC poderia trazer benefícios importantes, incluindo a redução de custos e a melhoria da segurança. Isso poderia facilitar ainda mais o trânsito de mercadorias entre os dois países, aumentando a eficiência do transporte e beneficiando tanto exportadores quanto importadores.
Embora o futuro das relações entre Brasil e Argentina sob a liderança de Javier Milei permaneça incerto, a expectativa é que o comércio continue desempenhando um papel fundamental na parceria entre os dois países, contribuindo para o crescimento econômico e a prosperidade de ambas as nações. A NTC&Logística continuará acompanhando de perto estes desenvolvimentos e trabalhando para promover uma relação comercial sólida e mutuamente benéfica.
*Danilo Guedes, vice-presidente de transporte internacional da NTC&Logística