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Projeto prevê redução na carga tributária para empresas que transformam materiais reciclados em novos produtos

Projeto prevê redução na carga tributária para empresas que transformam materiais reciclados em novos produtos

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PL 3.592/2019 propõe desconto nos impostos para pessoa jurídica que adquirir sucatas e demais resíduos como insumos para produção

Usar sucatas e resíduos sólidos na produção poderá garantir às empresas brasileiras uma redução nos valores do pagamento de tributos. A mudança está em discussão no Senado e é prevista no PL 3.592/2019. O projeto concede crédito presumido da Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP), da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

Segundo o relator da proposta, senador Jayme Campos (DEM-MT), a iniciativa pode trazer benefícios econômicos, ambientais e sociais. O parlamentar afirma que a proposta pode gerar renda para os trabalhadores e fortalecer a indústria de reciclagem.

“É uma forma de estimular a adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo, inclusive abrindo as portas ao sistema de logística reversa”, explica Campos.

Atualmente, o Brasil é o quarto maior produtor de lixo plástico do mundo. O dado, tirado de um relatório do Fundo Mundial para a Natureza (WWF, em sua sigla em inglês), revela ainda que recicla apenas 1% de todo esse lixo produzido – a média mundial é 9%. Isso quer dizer que dos 11 milhões de toneladas de lixo plástico produzido no ano, os brasileiros reciclam apenas 145 mil toneladas.

Outro estudo, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em 2017, mostra que apenas 13% dos resíduos sólidos vão para reciclagem. De acordo com a pesquisa, de 30% a 40% do montante descartado por dia poderiam ser reaproveitados e reciclados.

Benefícios na reciclagem

Com a aprovação do projeto, a fábrica de Adilson Valera Ruiz poderia ser diretamente beneficiada. A empresa mato-grossense Plastibras atua há 16 anos no setor de reciclagem e trabalha com embalagens plásticas de defensivos agrícolas de três estados – Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia – e transforma o material em dutos para serem usados em obras de infraestrutura, como passagem de cabos elétricos, drenagem em área rural e em campos de futebol.

Além disso, os produtos da empresa sediada em Cuiabá também são encontrados em setores de energia elétrica, telecomunicações e edificações comerciais e residenciais. Adilson garante que o processo é 100% sustentável em todas as etapas. O trabalho dele e das mais de 100 pessoas que trabalham diretamente na empresa é pioneiro e referência no mundo inteiro quando o assunto é logística reversa.

“A fábrica também não tem esgoto, a gente faz o reuso da água”, orgulha-se Adilson. Geólogo de formação, ele diz que “cansou de ver” embalagens plásticas tendo destino inadequado. “Antigamente, elas eram queimadas ou eram enterradas em valas, porque não tinham utilidade ou destino adequado”, lamenta. “Reciclagem é uma tecnologia que deu certo e hoje grandes obras estão usando produtos com essas características”, ressalta.  

O empresário lembra que a matéria-prima do setor de reciclagem, de um modo geral, é o lixo que a sociedade descarta. Mas aí é que começa o problema de Adilson, visto por ele como uma barreira para que mais empresas como a dele cresçam no setor. “Pegamos os rejeitos das indústrias e da sociedade em geral. Esse material, que já era considerado um lixo, é tratado e vira um novo produto, que já havia sito tributado em seu primeiro uso. Depois de ter virado lixo, a empresa coleta, faz um tratamento e o novo produto é tributado novamente. Essa é uma grande briga do setor de reciclagem no Brasil todo”, explica.

Com o PL, a ideia é que esse problema seja solucionado. Adilson já comemora caso seja aprovado pela Casa. Para ele, isso gerará mais condições para o setor ser mais competitivo. “Isso tudo depende dos impostos, a nossa carga tributária é muito grande. Isso seria uma forma de alavancar mais empregos, trazer tecnologia para o setor. Vejo isso com muito bons olhos.”

Reciclagem no MT

Segundo dados do Sindicato das Indústrias de Reciclagem de Resíduos Industriais, Domésticos e de Pneus (Sindirecicle), o estado mato-grossense arrecada cerca de 50 mil toneladas por mês de sucatas e outros materiais recicláveis, como papelão, plástico, pneus e garrafas pet. Atualmente, o Mato Grosso conta com quase 200 empresas de reciclagem – dessas, cerca de 40 trabalham com todo o processo de transformação do material, tornando-o um novo produto – entre elas, a de Adilson.

Tramitação

O PL 3592/2019, de autoria do senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS), concede crédito presumido da Contribuição para o PIS/PASEP, da COFINS e do IPI às pessoas jurídicas que adquirirem sucatas, desperdícios, resíduos ou aparas de plástico, de papel ou cartão, de vidro, de ferro ou aço, de cobre, de níquel, de alumínio, de chumbo, de zinco e de estanho e retalhos de tecidos para fabricação de novos produtos.

Atualmente, o projeto se encontra em discussão na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

CCJ da Câmara dos Deputados pode votar mais uma proposta de reforma tributária ainda neste ano

CCJ da Câmara dos Deputados pode votar mais uma proposta de reforma tributária ainda neste ano

Reforma.jpgDe autoria do deputado Luis Miranda (DEM-DF), PEC 128/2019 está pronta para entrar na pauta da comissão. Esta é a segunda proposta analisada na Casa que prevê mudanças no sistema tributário brasileiro

A comissão de Constituição Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados deve votar, ainda neste ano, parecer do deputado Marcelo Ramos (PL-AM) sobre a Proposta de Emenda à Constituição PEC 128/2019, de reforma tributária.

A proposta de autoria do deputado Luis Miranda (DEM-DF) pretende diminuir a participação dos impostos sobre o consumo e aumentar a tributação sobre os lucros e ganhos. Caso aprovada na CCJ, deve ser encaminhada para análise em comissão especial.

Uma das principais mudanças previstas na PEC é a criação do Imposto Sobre Bens e Serviços (IBS). Esse tributo incidiria sobre a arrecadação federal, em substituição ao Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF); estadual, em substituição ao Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS); e sobre a arrecadação municipal, em substituição ao Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS).

“Esse é um momento reformista. O país está empolgado com as reformas. Se não liberarmos o peso e a incidência dos tributos sobre o consumo, continuará sendo regressivo. Só mudou a metodologia de tributar. É algo a se pensar”, afirma o parlamentar Luis Miranda (DEM/DF).

Em relação à tributação sobre lucros e dividendos, o texto da PEC 128/2019 recria a arrecadação de imposto sobre a movimentação financeira (IMF), semelhante à extinta Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).

O relatório de Marcelo Ramos foi entregue no colegiado no começo de outubro e é a favor da admissibilidade, ou seja, foi considerado constitucional. O parecer foi lido na CJJ, mas teve pedido de vistas, do deputado Gilson Marques (NOVO-SC), acatado pela mesa da comissão. 

Para o especialista em Direito Tributário, Eduardo Salusse, o sistema de arrecadação de impostos no país é “arcaico” e precisa ser modernizado, o quanto antes. “O custo para pagar tributos onera demasiadamente todos os empreendedores”, explica. Outro ponto, na avaliação de Salusse, não “menos importante” diz respeito à simplificação das normas tributárias. “É um sistema complexo de normas que são alteradas de uma forma bastante habitual, o que gera complexidade para quem deseja ser empresário”, completa Salusse.

Reforma tributária na Câmara

A PEC 128/2019 é a segunda proposta de reforma tributária analisada na Câmara dos Deputados, em 2019. A primeira foi a PEC 45/2019, debatida em agosto. O texto desta pretende acabar com cinco tributos: IPI, PIS e Cofins, de arrecadação federal; ICMS, dos estados; e ISS, de cobrança municipal. Em substituição, seriam criados o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e o Imposto Seletivo (IS), com incidência sobre produtos considerados de alta periculosidade, como bebidas alcoólicas e cigarros. A arrecadação e a partilha seriam únicas para União, estados, municípios e Distrito Federal.

A previsão era que o relatório, do deputado Agnaldo Ribeiro (PP-PB), fosse entregue para votação no colegiado em outubro, mas isso ainda não ocorreu.

O texto é de autoria do deputado Baleia Rossi (MDB-SP), baseado em estudos do economista Bernard Appy, do Centro de Cidadania Fiscal (CCiF). 

No Senado

Outro texto de reforma tributária (PEC 110/2019) tramita na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, do Senado Federal. A PEC é baseada no texto elaborado pelo ex-deputado federal, Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), durante o governo Michel Temer.

A medida também simplifica o modelo de arrecadação com a extinção de 10 tributos cobrados atualmente. Em substituição, a PEC cria o Imposto Sobre Bens e Serviços, o IBS, e o Imposto Seletivo, com incidência sobre produtos considerados perigosos à saúde da população, como bebidas alcóolicas e cigarros.

A proposta acaba com o IPI, IOF, CSLL, PIS, Pasep, Cofins e Cide Combustíveis, de arrecadação federal. Extingue ainda o ICMS, de competência dos estados, e o ISS, de âmbito municipal, além do Salário-Educação, repartido entre o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), estados e municípios.

As regras de arrecadação e partilha dos novos impostos, segundo a proposta do Senado, seriam únicas para União, estados, municípios e o Distrito Federal. Os valores arrecadados seriam distribuídos imediatamente, de forma eletrônica e direta, aos entes da federação.

O relator da matéria no colegiado, senador Roberto Rocha (PSDB-MA), já apresentou parecer e complementação de voto, com análise de emendas apresentadas. Atualmente, o texto aguarda para ser votado pelos senadores da CCJ, antes de seguir para pleito no plenário.

Mutirão com investimento de R$ 100 milhões vai recuperar rodovias

Mutirão com investimento de R$ 100 milhões vai recuperar rodovias

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Governador Carlos Massa Ratinho Junior determinou o repasse dos recursos para recuperação de diversas rodovias do Paraná. Regiões Norte e Noroeste terão prioridade por apresentarem o maior número de estradas em más condições.Governador Carlos Massa Ratinho Junior determinou o repasse dos recursos para recuperação de diversas rodovias do Paraná. Regiões Norte e Noroeste terão prioridade por apresentarem o maior número de estradas em más condições.
O Governo do Paraná vai destinar R$ 100 milhões para a recuperação de diversas rodovias em todo o Estado. A maior parte do investimento será destinada às regiões Norte e Noroeste, dentro do mutirão que será implantado ainda neste ano pela Secretaria de Estado da Infraestrutura e Logística. O repasse de recursos foi determinado pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior e anunciado nesta terça-feira (10), durante reunião do secretariado, no Palácio Iguaçu.
Os recursos virão do governo federal como parte do que cabe ao Paraná no leilão de petróleo do pré-sal, realizado em novembro. “As rodovias do Paraná necessitam de investimento, por isso a determinação. Pegamos o Estado com estradas sucateadas, então demora certo tempo para colocar tudo em ordem. Mas estamos atentos”, afirmou o governador.
Ratinho Junior ressaltou que já foram investidos desde o início do ano e até o momento R$ 500 milhões na recuperação da malha viária estadual. A prioridade, disse ele, é garantir mais conforto e segurança para o usuário. “A infraestrutura tem sido uma das nossas grandes prioridades”, enfatizou.
Secretário da Infraestrutura e Logística, Sandro Alex explicou que a opção pelo Norte e Noroeste se deve ao fato de a região concentrar o maior número de estradas danificadas, segundo levantamento do Departamento de Estrada e Rodagem do Paraná (DER-PR). “São rodovias que ficaram abandonadas por algum tempo, com os investimentos sendo priorizados para as áreas urbanas”, disse.
BALANÇO – Na reunião, Sandro Alex fez uma apresentação das realizações da Secretaria da Infraestrutura e Logística em 2019. Além da melhoria da malha viária do Estado, ele ressaltou ações importantes que saíram do papel neste ano, com destaque para o programa de aviação regional Voe Paraná e o início do novo processo de concessões de rodovias, em parceria com o governo federal.
O secretário também citou a retomada de obras estruturantes com a efetivação dos acordos de leniência entre o Ministério Público e as permissionárias que administram atualmente as praças de pedágio no Paraná. Os acordos permitirão mais de R$ 500 milhões em investimento. “O grande objetivo, um dos pilares do governo, é fortalecer a infraestrutura. Avançamos, mas ainda há muito o que fazer”, afirmou Sandro Alex.
NOVO PEDÁGIO – O secretário lembrou que a partir de 2021 o Paraná terá uma nova formatação de pedágio, com as concessões de rodovias saltando de 2,5 mil quilômetros para 4,1 mil quilômetros, com a criação de um Anel de Integração remodelado.
Ele explicou que o objetivo é garantir uma modelagem moderna de concessão. “O que estamos propondo no lote de concessões do Paraná, que é o maior do Brasil, é uma modelagem com menores tarifas, que garanta valor justo para os usuários e investimentos importantes”, destacou.
A proposta é utilizar uma modelagem híbrida, que prevê a menor tarifa com a maior outorga, para evitar que empresas aventureiras se ancorem no preço da tarifa e não consigam cumprir o que está previsto na licitação. Também está previsto um modelo em que o usuário que utiliza mais as rodovias pague tarifas menores, o chamado Desconto ao Usuário Frequente (DUF).
TRECHOS – O novo programa de concessões rodoviárias passará a funcionar seguindo a lógica dos pedágios federais que já funcionam no Estado, unindo corredores em formato de mosaico. Entre as ligações, destaque para o elo Guaíra-União da Vitória e o reforço na ligação com São Paulo pelo Norte Pioneiro.
Outros pontos importantes da lista de concessões são as modernizações da PR-323, entre Maringá e Guaíra, uma demanda antiga do setor produtivo do Estado; e da PR-280, que corta o Sudoeste e é uma ligação muito usada no transporte entre o Brasil e a Argentina.
Os contratos com as atuais concessionárias foram assinados em 1997 e se encerram em 2021. O polígono geométrico interliga Curitiba, Ponta Grossa, Guarapuava, Cascavel, Foz do Iguaçu, Campo Mourão, Maringá, Paranavaí, Londrina e Paranaguá.
VOE PARANÁ – O Voe Paraná reconectou 12 cidades do Interior a Curitiba. É o maior programa de aviação regional da Gol no País. Serão 70 voos semanais neste primeiro momento, com possibilidade de aumentar o fluxo em função da demanda e do ingresso de Apucarana e Guarapuava na lista.
São atendidos atualmente os seguintes municípios: Arapongas, Paranavaí, Guaíra, Paranaguá, Campo Mourão, Cianorte, Telêmaco Borba, Cornélio Procópio, União da Vitória e Francisco Beltrão.
PRESENÇAS – Participaram da reunião do secretariado o líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado estadual Hussein Bakri; e os vice-líderes Tiago Amaral e Soldado Adriano José.

Proposta permite que empresas excluídas do Refis de 2000 voltem ao programa de quitação de dívidas tributárias

Proposta permite que empresas excluídas do Refis de 2000 voltem ao programa de quitação de dívidas tributárias

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Para Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP), PL 5.317/2019 “busca garantir o direito das empresas que pagam regularmente os parcelamentos”. Proposta está na Comissão de Finanças e Tributação (CFT)Para Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP), PL 5.317/2019 “busca garantir o direito das empresas que pagam regularmente os parcelamentos”. Proposta está na Comissão de Finanças e Tributação (CFT)

Em discussão na Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara, o PL 5.317/2019 pode beneficiar empresas excluídas do programa de refinanciamento de dívidas tributárias realizado em 2000. O relator no colegiado, deputado Celso Maldaner (MDB-SC), apresentou na última quinta-feira (5) parecer favorável à aprovação da proposta. O texto já passou pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços (CDEICS).
Naquele ano, o valor das prestações do Refis foi calculado com base no faturamento bruto das firmas e não previa limite máximo de parcelas. Com o passar do tempo, a incidência dos juros sobre o montante total da dívida das empresas fez o débito crescer, inclusive em contratos de renegociação pagos em dia, ou seja, quando o empresário estava adimplente.  
Isso porque a Receita Federal entendeu que o valor pago nas parcelas estipuladas pelo programa, à época, era insuficiente para quitar a dívida tributária total da empresa. Por conta desse entendimento, decidiu excluir os contratos do Refis de 2000.
Como consequência, as companhias entraram para lista de devedores e só poderão sair quando quitarem todos os débitos tributários em parcela única, paga à vista. Para que essas empresas não sejam prejudicadas, o PL 5.317/2019 inclui novamente essas empresas no programa de refinanciamento de dívidas tributárias federais. “O objetivo do projeto é restabelecer a segurança jurídica para as empresas que aderiram ao Refis de 2000, regularizando os débitos perante a União. Isso garante regularidade fiscal para o exercício de suas atividades”, defendeu o deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP), que relatou o texto na CDEICS.
O parlamentar lembra ainda que a nova legislação corrige um erro histórico, que prejudicou empresários no Brasil. “A proposta busca garantir o direito de centenas de empresas que pagam regularmente os parcelamentos mensais da dívida e são excluídas porque financiam menos do que o Fisco acha suficiente para reduzir os débitos”, ressaltou.
O texto, em trâmite há quatro anos no Congresso (PL 2281/2015), possibilitará que as empresas participantes do Refis de 2000, cujo valor da parcela seja inferior a um cento e oitenta avos (1/180) do montante total da dívida, possam voltar para o programa. “A norma prevê o parcelamento do total devido pelas empresas excluídas em, no máximo, 15 anos porque os Refis futuros, até por conta dessa má experiência nesse primeiro Refis de 2000, já têm prazo máximo”, explicou a especialista em Direito Tributário da Utumi Advogados, Camila Tapias. “Tem empresas até hoje que estão pagando no Refis de 2000, com prazo de parcelamento das dívidas indefinido”, completou.
Inadimplência  
Dados do Serasa Experian mostram que o índice de endividamento das empresas brasileiras permaneceu estável nos sete primeiros meses de 2019. Em janeiro, cerca de 5,6 milhões de firmas tinham algum tipo de conta atrasada, como financiamentos, empréstimos ou tributos. No mês de julho, esse número avançou para 5,8 milhões. Desse total, as micro e pequenas empresas (MPE) correspondem por quase 95% (5,5 milhões) da inadimplência. O valor médio devido por cada empresa é próximo de R$ 17 mil.
Até julho, o estado de São Paulo liderava o ranking de MPEs inadimplentes no país, com 1,8 milhão, seguido por Rio de Janeiro e Minas Gerais. Por conta desse cenário, Camila Tapias avalia que a proposta em discussão na Câmara assegura segurança jurídica ao empresariado.
“Esse projeto de lei protege a empresa. Se excluída do Refis, ela é obrigada a pagar todo esse valor à vista. A empresa, em verdade, vai continuar a ter o seu dinheiro em caixa e, assim, sem dúvida nenhuma, vai proteger também os empregados”, apontou.   

MP 899/2019

Em outubro, o presidente Jair Bolsonaro assinou uma medida provisória (MP 899/2019) para regularizar dívidas com o Fisco Federal. O Refis pretende beneficiar cerca de dois milhões de inadimplentes que devem, de acordo com o governo federal, cerca de R$ 1,4 trilhão. Os descontos podem variar entre 50% e 70% sobre o total da dívida, inclusive para micro e pequenas empresas.
O saldo devedor poderá ser dividido em 84 meses e até em 100 parcelas, no caso das MPEs. Além disso, a medida prevê tempo de carência para o início do pagamento do refinanciamento dos débitos tributários junto à União.
Para continuar em vigor, no entanto, a MP precisa ser apreciada em comissão mista do Congresso Nacional e votada nos plenários da Câmara e do Senado. O prazo de tramitação no Congresso é de 60 dias contados a partir da data de publicação da MP. Como foi publicada em 17 de outubro no Diário Oficial da União, a matéria caduca no dia 17 de dezembro. O tempo de vigência pode ser prorrogado por mais 60 dias, mas para isso é necessário que o Congresso instale a comissão mista, o que não ocorreu até o fechamento desta matéria.

Caminhoneiro é a 5ª profissão mais ameaçada pela automação

Caminhoneiro é a 5ª profissão mais ameaçada pela automação

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A automação pode acabar com 27 milhões de postos de trabalho em todo o país nas próximas duas décadas, e a profissão de caminhoneiro está entre as ameaçadas

 A profissão de caminhoneiro é uma das mais ameaçadas pela evolução da automação. Esse é um dos resultados do levantamento feito pelo laboratório do Futuro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).  O estudo foi publicado no domingo (8) pelo jornal O Globo.

De acordo com o estudo, 27 milhões de trabalhadores podem ter suas tarefas assumidas por robôs ou sistemas de inteligência artificial até 2040. Cerca de 60% dos profissionais ameaçados têm carteira assinada, segundo o levantamento.

O estudo da UFRJ ainda revela que a profissão de motorista de caminhão tem 79% de chances de ser substituída pela automação. Se isso acontecesse hoje, 877 mil caminhoneiros ficariam desempregados no Brasil.

A automação também vai impactar em até 96% profissões como assistente administrativo e auxiliar de escritório, por exemplo.

Caminhões a serviço da automação

Algumas fabricantes caminhões e de tecnologias dos Estados Unidos e da Europa começaram a fazer testes práticos com veículos autônomos. No futuro, os caminhões poderão rodar sozinhos, sem necessidade de motorista.

A Daimler, por exemplo, já iniciou testes com caminhões autônomos da Mercedes-Benz em vias públicas. A empresa anunciou que planeja lançar a tecnologia no mercado em cerca de dez anos. Para isso, criou recentemente um grupo focado em estudos sobre caminhões sem motorista.

O Grupo Volvo criou uma área de negócios para o fortalecimento de soluções de transporte autônomo. Chamada Volvo Autonomous Solutions, a estratégia é acelerar o desenvolvimento e comercialização desse tipo de veículo.

A nova área da Volvo vai oferecer soluções em setores como mineração, portos e transporte entre centros de logística. A ideia é complementar os atuais produtos e serviços que marca já tem nessas áreas.

Em operação

O Grupo Volvo já demonstrou uma série de tecnologias diferentes em transporte autônomo. No projeto Electric Site, a manipulação de material em uma mina a céu aberto foi automatizada e eletrificada. O resultado foi um ambiente de trabalho mais seguro e a redução de quase 40% no custo de operação.

Na mina de Brønnøy Kalk, na Noruega, caminhões Volvo FH autônomos estão transportando calcário em um percurso de cinco quilômetros. Outra iniciativa pioneira é um veículo autônomo, conectado e elétrico – o VERA. Ele faz o transporte de bens de um centro de logística para um terminal portuário em Gotemburgo, na Suécia.

No Brasil automação é nível dois

 No Brasil, sete caminhões Volvo VM autônomos operam na colheita de cana de açúcar, reduzindo perdas por pisoteio de mudas graças a precisão de direção.No entanto, por esses caminhões estarem no nível dois de automação, ainda é necessária a intervenção do motorista para colocar o caminhão no modo autônomo

A Grunner, empresa de tecnologia para o agronegócio, desenvolveu o primeiro caminhão autônomo do Brasil em 2010 para uso no canavieiro. E agora, em parceria com a Mercedes-Benz, desenvolveu no ano passado o Axor 3131 autônomo para recolhimento de cana.

A proposta é também reduzir o pisoteio de mudas por meio de sistema de georreferenciamento. A tecnologia mantém velocidade a constante e distância entre as rodas mais larga para andar apenas nas valetas que intercalam a plantação.

Para se ter uma ideia, com a tecnologia, o produtor que antes colhia 70 toneladas de cana por hectare, hoje colhe 120 toneladas.

Para um futuro próximo

A Mercedes-Benz e a Grunner já estão desenvolvendo caminhões com nível quatro de automação, em que o motorista controla o veículo à distância, por controle remoto. Nesse nível é possível atender demandas de mineração e de áreas de risco no transporte.

Para Paulo Cardamone, presidente da Bright Consulting, o caminhão autônomo está distante de se tornar realidade nas estradas brasileiras. “Eles serão realidade em ambientes controlados, como já existe no agronegócio, porém, ainda haverá a necessidade de motoristas”.

Na visão do executivo, para que os caminhões autônomos se tornem reais no nível máximo de autonomia serão necessários muito desenvolvimento de tecnologias, softwares e de inteligência artificial.

“Terá de ser feita uma regulamentação ética para que esses caminhões autônomos possam trafegar nas estradas. Algo que ainda não existe em nenhum lugar do mundo”, explica.

Cardamone completa ainda que existem cerca de dois milhões de caminhoneiros no Brasil. Isso significa que para que 79% desse montante perca seus empregos seriam necessários uma média de 1,5 milhão de caminhões autônomos no Brasil. “E a indústria brasileira não terá escala para isso nos próximos anos. Os caminhoneiros podem ficar sossegados”

Níveis de automação

No nível um, o caminhão mantém a velocidade e a distância que o motorista determinar do veículo à frente. Monitora mudança involuntária de faixa, identifica cansaço do condutor e freia automaticamente em caso de risco de acidente.

Volvo FH, Mercedes-Benz Actros e Scania R e S têm essas tecnologias. No novo Actros, que será lançado em 2020 elas serão de série.

No nível dois, o motorista  pode retirar as mãos do volante por períodos curtos. O automóvel desvia de obstáculos, impede ultrapassagem se outro veículo estiver se aproximando e estaciona sozinho.

Volvo VM e Axor 3131 possuem essa tecnologia para trafegar em ambientes controlados nos canaviais.

No nível três o condutor pode largar o volante e ler ou falar ao telefone. O sistema o monitora só para saber se está apto a reassumir o controle caso seja necessário e manda sinais se entender que há risco de acidente caso o motorista durma.

No nível quatro, o motorista é dispensável na maior parte do tempo. Ele só será acionado caso o carro não saiba lidar com alguma situação, como decidir se prossegue ou não em meio a uma nevasca, por exemplo. O veículo é capaz de agir em emergências, pois o motorista pode não estar pronto para assumir o volante.

O caminhão Future Truck 2025, da Mercedes-Benz que é ainda um conceito tem essa tecnologia.

O nível cinco é o máximo da automação porque não há necessidade de motorista. O caminhão não tem volante, pedais nem alavanca de câmbio. A condução é 100% automatizada e segue comandos.