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Petrobras vai sair dos segmentos de transporte e distribuição de gás, diz Castello Branco

A Petrobras deverá sair dos segmentos de transporte e distribuição de gás no Brasil, disse nesta quinta-feira (27) o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, após participar de evento na B3 que marcou a venda de ações da petroleira pela Caixa.

Os comentários foram feitos depois de o governo anunciar nesta semana um plano para acabar com monopólios no setor de gás, amplamente dominado pela estatal.

Questionado sobre o assunto, Castello Branco disse que não cabe à Petrobras “fazer políticas públicas”, mas ele indicou que a companhia está afinada com o plano governamental, que se encaixa com o plano de desinvestimentos de ativos da petroleira.

“Vamos abrir espaço, vendendo empresas, saindo do transporte, já começamos a andar com isso, vendendo a NTS (Nova Transportadora do Sudeste) e a TAG (Transportadora Associada de Gás)”, destacou o CEO, em referência a desinvestimentos bilionários na área de gasodutos.

“Vamos aprofundar a venda de gasodutos, vamos sair da distribuição de gás e outras medidas que estão sendo discutidas com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica)”, acrescentou ao ser questionado por jornalistas.

Ele comentou que a empresa está muito próxima de um acordo com o Cade, mas não quis dar detalhes sobre o assunto por questões de sigilo.
“A Petrobras vai desenvolver todos os esforços para que tenhamos um mercado competitivo e vibrante, estamos em conversas com o Cade, e posteriormente saberão os resultados”, comentou.

BR, REFINARIAS

 

O executivo também comentou sobre itens previstos no plano de desinvestimentos, com o qual a companhia espera levantar recursos para pagar dívidas e focar na sua atividade principal, a exploração e produção de petróleo e gás.

Ele disse que a venda de uma fatia adicional da empresa de distribuição de combustíveis da Petrobras, a BR Distribuidora, deverá ocorrer no prazo mais curto possível.

“Não temos nada ainda definido, mas ela (operação) acontecerá, sem dúvida. Esperamos voltar à B3 no mais curto espaço de tempo possível”, declarou, referindo-se à venda da fatia na BR, na qual a empresa detém atualmente uma participação de 71,25%, após ter feito no final de 2017 uma oferta inicial de ações da subsidiária que levantou cerca de R$ 5 bilhões.

Dentro de um plano da empresa de vender oito refinarias, ou 50% de sua capacidade de refino, Castello Branco afirmou que a Petrobras pretende vender pelo menos uma refinaria ainda neste ano.

Com relação à operação para a venda da Liquigás, distribuidora de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) da Petrobras, o executivo lembrou que a companhia já recebeu ofertas não vinculantes e destacou que já selecionou as melhores.

“Esperamos receber as propostas vinculantes no início de agosto”, completou, ressaltando que a companhia tomou precauções para limitar a participação de empresas que já tenham marcas relevantes na distribuição de gás em botijão.

Essa é a segunda tentativa da Petrobras de vender a Liquigás. Em 2016, a companhia chegou a um acordo para vender a unidade à Ultrapar Participações por R$ 2,8 bilhões, mas o negócio foi bloqueado pelo Cade.

“Queremos abrir mão do poder de monopólio, mas não transferir o monopólio estatal para o monopólio privado.”
Sobre a operação da venda de ações pela Caixa, ele destacou que foi a maior oferta secundária desde 2010, movimentando mais de R$ 7 bilhões.
“Resultados bons do ponto de vista de precificação e contribuição para o desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro… Aumenta a liquidez das ações ordinárias da Petrobras, o que é bom para o comportamento das ações.”

Entidades enviam ofício à ANTT relacionado ao Transporte Internacional

No último dia 20, estiveram reunidos em Foz do Iguaçu/PR, a convite da ANTT, os representantes das seguintes instituições: Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística – NTC&Logística, Associação Brasileira de Transportadores Internacionais – ABTI, Associação Brasileira de logística e Transporte de Cargas – ABTC, Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná – FETRANSPAR, Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Foz do Iguaçu e Região – SINDIFOZ, Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas & Logística do Estado de Mato Grosso do Sul – SETLOGMS e  Organização das Cooperativas do Brasil – OCB. 

Por consenso, deliberou-se por encaminhar à ANTT os pleitos abaixo relacionados:

a) Multas aplicadas com o fundamento de não possuir/não portar os seguros de danos a terceiros não transportados (art.13, do ATIT e item 4, letra b, art. 2º. Decreto 5462/05).

b) RNTRC – anotação no CRLV dos Detrans sobre a locação – Resolução 5840/19 e 4799/15.

Para ver a defesa dos itens no ofício, clique aqui.

Governo quer rodovias com pedágio de tarifas dinâmicas

O governo federal planeja repassar à iniciativa privada pouco mais de 16 mil quilômetros de 25 trechos de rodovias até 2022. Essa conta inclui a concessão de trechos que sempre foram operados pela União e novos leilões para estradas já exploradas pelo setor privado — como a Via Dutra , que liga o Rio de Janeiro a São Paulo. Dessa forma, para as próximas concessões, o governo prepara mudanças no modelo de cobrança de pedágio e nas regras dos certames.

Uma das possibilidades em estudo é estabelecer preços diferentes de pedágio, de acordo com a condição da rodovia. Assim, um trecho simples teria cobrança menor do que a de um trajeto duplicado, por exemplo. À medida que a estrada for duplicada, segundo os requisitos da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a concessionária poderia elevar o valor cobrado. Isso ocorreria independentemente do aniversário do contrato e de um eventual reajuste autorizado.

De antemão, técnicos do governo acreditam que essas medidas são importantes para fazer com que o usuário sinta que está pagando por um investimento feito na rodovia em que trafega. Além disso, serviria de incentivo para que as obras das concessionárias andem mais rápido.

Menor tarifa e maior outorga

Especialistas consideram as mudanças bem-vindas, mas alertam que é preciso pensar em um modelo que amplie os investimentos.

— Há um caminho grande para modernizar a relação entre governo, concessionárias e regulador. O populismo tarifário levou a uma má utilização da infraestrutura no país — afirma Cláudio Frischtak, da consultoria Inter.B.

Ao todo, o governo planeja leiloar 25 trechos de rodovias federais na maior parte dos estados. Os investimentos previstos nas estradas somam R$ 139 bilhões. Atualmente, cerca de dez mil quilômetros de BRs já são operados pelo setor privado.

O próximo leilão, marcado para setembro, é o da BR-364/365, entre Jataí (GO) e Uberlândia (MG). Ainda este ano, deve ser licitada a BR-101, em Santa Catarina. Portanto, a partir desses dois leilões, o governo quer implementar mudanças na cobrança de pedágio e nos critérios do certame.

Mudanças nos leilões

O leilão de rodovias passará a ter como regra para a definição do vencedor uma combinação de menor tarifa de pedágio com o pagamento de maior outorga (valor que é pago à União pelo uso do bem público). O modelo será definido a cada caso. Mas a ideia é que, na maior parte dos trechos, haja combinação entre o piso para a tarifa e a outorga como critério de desempate.

Portanto, o desafio na tarifa seria limitado. Atualmente, vence o leilão quem oferecer a menor tarifa, a partir de um valor estabelecido no edital. No entanto, o governo acredita que esse modelo levou a deságios muito elevados e inexequíveis, com as empresas contando com ajustes nos contratos.
O pagamento de outorga atrelado ao piso de tarifas, avaliam técnicos do governo, poderá dar sustentabilidade financeira aos contratos, além de atrair empresas que assegurem a execução do projeto.

— Estudamos limitar o desconto até um determinado percentual. A partir dele, vem a outorga. O cara tem de pagar a outorga na saída. Isso é bom porque ele coloca dinheiro na mesa para a largada, e garantimos a sustentabilidade financeira dos contratos. Uma coisa que não deveria ser necessária, mas o Estado tem que intervir na modelagem para evitar comportamento oportunista por parte do concessionário — explica o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas.

O plano é que a maior parte da outorga seja paga na assinatura do contrato, e o restante, dividido ao longo dos anos da concessão. É um modelo semelhante àquele adotado nos últimos leilões de aeroportos. Para isso, o governo também estuda criar um mecanismo de proteção cambial, pelo qual a outorga seja inversamente proporcional à variação do câmbio. A falta de proteção contra oscilações da moeda é uma das reclamações de investidores estrangeiros.

Cenário anterior

Para o ministro da Infraestrutura, havia oportunismo por parte de empresas na definição das tarifas oferecidas em leilões. Por isso, a necessidade de criar mecanismos de proteção para os projetos.

— Havia um comportamento oportunista, acreditando que ia haver uma indulgência do Estado. O Estado, em algum momento, ia salvar o investidor. Era o que acontecia antigamente no Brasil. Estamos mostrando que não tem salvamento — diz Freitas.

Ao mesmo tempo, ele afirma ainda que o maior desafio para o leilão das rodovias é a quantidade de quilômetros. Já que os projetos demandam tempo para serem estruturados e envolvem várias etapas, como consultas públicas e análises do Tribunal de Contas da União (TCU).

Artigo: Compliance no setor de transportes: do risco à solução

Os riscos do setor de transportes exigem a criação e manutenção de programas de compliance para ontem. No entanto, muitas empresas tendem a amargar danos imprevistos, multas impagáveis e ações criminais antes mesmo de compreenderem o que é compliance, um conceito (e uma cultura!) que ainda tem sido encarado como uma moda burocrática passageira, vinculada à nova Lei Anticorrupção. Entretanto, a prevenção a atos de corrupção é apenas um dos vetores de uma cultura corporativa de integridade: ela envolve o compromisso com a segurança de colaboradores e de terceiros e isso tende a se tornar, mais cedo ou mais tarde, fator decisivo para a sobrevivência do negócio.

Só o conhecimento das regras que regulam o setor não basta para eliminar os riscos que alcançam não apenas colaboradores, mas o patrimônio, a reputação e a liberdade dos sócios e gestores. Trata-se da construção de uma cultura corporativa que enxergue riscos criminais com antecedência e que implemente políticas para evitar esses riscos.  Dentre outras coisas, isso significa incorporar a observância das regras inerentes ao negócio e organizar-se de modo permanente para evitar comportamentos lesivos. Quando esse compromisso é formalmente assumido e se torna uma efetiva na empresa, não apenas os riscos são minimizados, mas também a ocorrência de condutas inadequadas passa a ser observada como exceção às regras de conduta que amarram o comprometimento da empresa como um todo. 

Essa irreversível tendência em aumentar a responsabilidade pela prevenção é, enfim, também reflexo de um Estado inchado e que não tem como sustentar práticas de fiscalização a todo momento. Assim, a transferência de responsabilidade pela fiscalização permanente das regras passa recair cada dia mais sobre os ombros das empresas. Claro, a fatura pode não chegar enquanto o poder público fiscaliza mal, mas explodem no colo das companhias quando se percebe que sua gestão de riscos foi falha quando o desastre acontece. 

O futuro do setor passa pela gestão de riscos já conhecidos, mas que devem ser vistos como compromissos permanentes e que começam no topo. Ações simples, integradas ao dia-a-dia, incorporadas aos objetivos da empresa, além de evitarem danos graves, servem de escudo à imagem do negócio e contribui para reduzir danos à empresa e a terceiros, ajudando também com a construção de práticas que tornem o transporte de cargas um agente de difusão de políticas de segurança do trânsito.

 

Por Fabrício Campos, advogado criminalista, sócio do OCG Advogados

Receita teme falta de recursos para implantação do Portal Único de Importação

O quarto e último painel desta terça-feira (25) do Porto & Mar – Seminário A Tribuna para o Desenvolvimento do Porto de Santos, realizado no Hotel Sheraton Santos, abordou o acordo de facilitação do comércio e os impactos nos portos.

 

Participaram da discussão Alexandre Zambrano, auditor fiscal da Receita Federal e gerente do Programa Portal Único de Comércio Exterior; Casemiro Tércio Carvalho, presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp); Nivio Peres dos Santos, presidente da Federação Nacional dos Despachantes Aduaneiros (Feaduaneiros); Angelino Caputo e Oliveira, diretor-executivo da Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (ABTRA); e Vladimir Guilhamat, diretor titular adjunto do Derex – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

 
A fala de Alexandre Zambrano, auditor fiscal da Receita e gerente do Portal Único de Comércio Exterior, chamou a atenção. Segundo ele, o órgão não tem recursos para chegar ao fim do ano. Com isso, ele teme que o programa acabe sendo suspenso. O projeto visa desburocratizar e agilizar os trâmites de exportação e importação. 

“A administração pública sofreu um grande contingenciamento. Temos tido reuniões com a Casa Civil, e o Portal Único tem sido amplamente defendido. Gostaríamos de entregar mais rápido, mas não temos orçamento nem para terminar o ano”, disse o auditor fiscal. 

Segundo Zambrano, o portal referente à exportação já está implantado. No entanto, a parte de importação ainda trabalha com escopo reduzido. A expectativa era que essa parte entrasse em franca expansão a partir do início de 2020. 

“Os objetivos são trazer agilidade ao fluxo de carga, redução de custo, mais eficiência, integração e o nível mínimo de intervenção. Com isso, aumentar a competitividade das empresas e a concorrência no ambiente de negócios”, avaliou o representante da Receita Federal. 

Vladimir Guilhamat, diretor titular adjunto do Derex –  Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), exaltou a criação do Portal Único de Comércio Exterior. 

“O Portal Único é um grande exemplo de programa de comércio internacional. Resistiu a três governos e segue sendo prioridade. Temos que incentivar o governo com programas que não condizem com políticas partidárias, mas com o comércio”, disse Guilhamat. 

Geração de empregos 

De acordo com Nivio Peres dos Santos, presidente da Federação Nacional dos Despachantes Aduaneiros (Feaduaneiros), o Brasil precisa crescer no setor de exportação para ampliar a geração de empregos. “Somos a nona economia mundial do comercio exterior. No entanto, na exportação, estamos em 25º lugar. Pelos estudos, somente 1% de toda exportação mundial é feita pelo Brasil. Só que cada 1% aumentado pode gerar 4 milhões de empregos”, avaliou o presidente da Feaduaneiros. 

Santos também criticou a morosidade de órgãos anuentes, como a Anvisa. Ele classificou essa demora como um dos gargalos para a melhora do comércio exterior. “Costumo dizer que a Receita anda de Ferrari, e órgãos anuentes de Fusca. Isso também por questões de orçamento. Esses órgãos têm a necessidade de acompanhar a evolução que a Receita Federal apresenta”. 

Um dos caminhos apontados por Nivio é um portal único para integrar os 22 órgãos anuentes. 

Distanciamento do setor portuário 

Angelino Caputo e Oliveira, diretor-executivo da Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (ABTRA), criticou a ausência do setor portuário nas discussões envolvendo o Despacho sobre as Águas, que implementa boas práticas internacionais dentro dos países membros da Organização Mundial do Comércio. 

“Houve a reunião do Comitê Nacional de Facilitação de Comércio [Confac]. O setor portuário foi convidado a participar. Foram e colocaram embaixo do braço problemas como a dragagem do Porto, o acesso. Lá, foi dito que isso era problema de infraestrutura. Eles entenderam que o que se discutiria, então, era coisa para importador, e foram embora”, relatou Angelino. 

Segundo o diretor-executivo da ABTRA, a OMC estima que, se esse acordo estiver funcionado a pleno vapor em todos os países membros, o fluxo do comércio vai aumentar em US$ 1 trilhão. 

“Que o Brasil receba 1% desse valor, são US$ 10 bilhões. Cerca de 30% desse valor passam pelo Porto de Santos, algo em torno de US$ 3 bilhões a mais por ano de valor agregado”, calculou Caputo.