Empresas precisam criar cultura de inovação para manter criatividade e engajamento
A atual geração de empreendedores enfrenta o desafio da transição do modelo de negócios, agora, permeado por novas tecnologias e por um mindset pautado pelo senso de urgência, inovação e de pertencimento. A análise é do jornalista Marcos Piangers – especialista em novas tecnologias, criatividade, inovação – que comandou a palestra “Criatividade: Fora da Caixa, Dentro da Caixa”, durante a 21ª Transposul – Feira e Congresso de Transporte em Logística, finalizada nessa sexta-feira (7), em Bento Gonçalves (RS).
Ao instar o público a refletir sobre diversas situações e experiências cotidianas, Piangers mostrou por que as empresas do setor de transporte precisam investir em uma cultura de inovação e criatividade. “A tecnologia é assustadora para quem não está preparado para ela. Muitos preferem ir contra. Lutar para não seguir e adorar a frase ‘no meu tempo as coisas eram muito melhores’. A verdade é que, hoje, as coisas estão muito mais fáceis, mas, assim como todas as mudanças, elas exigem adaptações e tempo até que sejam aceitas e bem implementadas.”
O palestrante declarou que o grande diferencial das empresas inovadoras reside no fato de elas saberem o que serão no futuro. “As empresas do Vale do Silício sabem o que serão daqui a dez ou 20 anos. Eles estudam e baseiam suas mudanças em pesquisas de previsão para muitos anos. O que elas fazem hoje, foi planejado há muito tempo’, disse Piangers, ressaltando também a necessidade de mudança de comportamento dos empresários, que, em muitas ocasiões, acomodam-se achando que está tudo bem e, de repente, são surpreendidos com novas tecnologias e soluções.
“Hoje, no setor de transporte, sabemos que existe a discussão de veículos elétricos e autônomos, do hyperloop para entrega de cargas e pessoas, entre outras novidades. Todas essas ferramentas estão disponíveis para todos e, para todo mundo, é inicial.” Na avaliação dele, quem decide aguardar as soluções darem certo para, então, implantá-las ficará para trás. “Se você acha que só investe naquilo que dá certo, você está com mindset antigo. Hoje, é necessário separar uma parte do lucro para inovação e pesquisas, tempo de análise e implementação. E Não precisa de muito dinheiro e de muito tempo.”
Segundo Marcos, quando se tem uma cultura de inovação (e não somente uma área de inovação), em que todo mundo se sente dono do negócio e está disposto a implementar as soluções tecnológicas ou digitas para fazer o seu negócio abraçar o futuro, esse processo é natural. Nesse sentido, ele cita as dez habilidades essências para o futuro propostas pelo Fórum Econômico Mundial: resolver problemas complexos; pensamento crítico; criatividade; gerenciar pessoas; trabalhar em equipe; inteligência emocional; julgamento e tomada de decisão; foco em serviço; negociação; e flexibilidade cognitiva.
Como manter-se criativo e motivado
“O que nos motiva?”, indaga Marcos Piangers, que aposta em três elementos como resposta: autonomia, que consiste na urgência de guiar nossa própria vida; o domínio, que é o desejo de ficar cada vez melhor; e o propósito, a noção de que estamos fazendo algo maior do que nós mesmos. Ele salienta que é imprescindível ouvir os funcionários a todo instante, já que as ideias e as soluções podem partir de qualquer um, independentemente de estrutura hierárquica.
Por isso, ele arremata: “Se você quer uma equipe engajada, dê autonomia aos seus funcionários”. Para tal, Piangers estruturou seis passos para se manter criativo a partir das iniciais do seu nome. O primeiro é Musa, segundo o qual é necessário encontrar sua inspiração, seu gatilho criativo e seu senso de propósito. O passo seguinte é o Ambiente, no qual o palestrante reforça a importância de criar uma ambiência ideal no seu local de trabalho, respeitando sua personalidade, características e processos. “Hoje em dia, as empresas querem todas as mesas e colaboradores padronizados, e isso inibe a criatividade.”
No passo Resultado, Piangers destaca que sempre é necessário avaliar os resultados, levando em consideração todos os feedbacks e variantes. Para ilustrar seu pensamento, ele se vale de duas célebres frases de Thomas Edison, um dos maiores inventores da história: “Para ter uma boa ideia, primeiro tenha várias ideias” e “Eu não falhei, encontrei 10 mil soluções que não deram certo.”
A Comédia também é um dos passos. Ele considera ideal um ambiente de trabalho descontraído: “Dê mais risadas, tenha mais diversão”. Ele utilizou uma citação de Leo Burnet, fundador da hoje Leo Burnett Worldwide, para reforçar seu ponto. “Ideias criativas florescem melhor num lugar que preserva algum espírito de diversão. Ninguém está nos negócios por diversão, mas isso não significa que o negócio não pode ser divertido.”
Os dois últimos passos são “Organize as ideias” e “Startups”. O primeiro consiste na prática de valorizar todas as ideias. “Uma pequena ideia pode te conferir um grande diferencial de competitividade”. O último passo está ancorado no senso de urgência, em pensar como uma startup: “Erre rápido, melhore rápido, erre melhor; desafie o status quo: oportunidades que os grandes players deixaram passar, mude as regras; flipe hierarchy: contrate os melhores e viva para melhorar suas vidas.”
O palestrante
Além de especialista em novas tecnologias, criatividade, inovação, Marcos Piangers é uma das maiores referências sobre paternidade do país, sendo autor do best seller O papai é pop, com mais de 250 mil livros vendidos e lançados em Portugal, Espanha, Inglaterra e EUA. Já deu aulas e palestras para os maiores eventos e empresas nacionais, além de ser quatro vezes palestrante do TED, a maior conferência de ideias do mundo. Seus vídeos já ultrapassaram a marca de 370 milhões de views no Facebook.