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Roubo de cargas no Brasil: Cenário começa a mudar

O crime organizado e a “indústria” em torno dos roubos de cargas nas rodovias brasileiras foram responsáveis por mais de 22 mil ataques a motoristas em todo o país no ano passado. A ação de associações criminosas especializadas no roubo e na receptação de cargas provocou prejuízos ao setor de transporte de quase R$ 2 bilhões. Isso é o que indica o levantamento anual da NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística), consolidado a partir do cruzamento de dados da Polícia Civil, da Polícia Militar e da Polícia Rodoviária Federal. O cenário é alarmante para os transportadores e compromete a atividade, mas existe um indicativo de melhora. O documento revela que as ocorrências vinham aumentando até 2017 (quando o número chegou a 25.950 roubos no país), porém, caíram 15% no ano passado. A Agência CNT começa a veicular, a partir desta segunda-feira (22), uma série de matérias sobre esse problema social e como ele vem afetando a atividade transportadora e, por extensão, o desenvolvimento do país. 

A intervenção federal na área de segurança do Rio de Janeiro, estado com mais registros desse tipo de crime, é apontada como principal elemento para a queda. Mas os transportadores também citam a crise econômica – e a consequente baixa da demanda (com menos caminhões nas estradas) – como um dos possíveis vetores desse resultado. De qualquer forma, a atividade transportadora é profundamente afetada por essa prática. Segundo o estudo Conjuntura do Transporte – Desempenho do Setor, recém-lançado pela CNT, o transporte vem sentindo os efeitos desse problema, especialmente na região Sudeste. Em 2019, o fluxo de veículos pesados do primeiro trimestre ficou 8,8% abaixo do período pré-recessão (março de 2014). A situação é mais crônica no Rio de Janeiro, que registrou fluxo 18,8% abaixo do período de pré-recessão.

Para entender a dimensão do problema, é importante lembrar que o Brasil é o país que possui a maior concentração rodoviária de transporte de cargas entre as principais economias do mundo. A malha rodoviária concentra 61% do escoamento da produção. Isso indica que quase tudo o que é produzido aqui viaja pelas rodovias brasileiras para chegar a seu destino. O setor fica, portanto, vulnerável a ações articuladas de organizações. Aliadas a isso, estão a falta de aparato de resposta da segurança pública e as penalidades brandas.

Legislação branda

 

Nesse sentido, o setor de transporte reivindica investimentos maciços na segurança, fiscalização nos pontos de vendas, aproximação formal da polícia com o setor privado e alteração no Código Penal, no que diz respeito ao crime de receptação. Isso porque, atualmente, a pena para quem conscientemente compra, recebe ou transporta mercadorias roubadas vai de um a quatro anos de reclusão. Se a receptação se der com fim comercial ou industrial, o crime é qualificado; e a pena pode chegar a oito anos.

O presidente da Confederação Nacional do Transporte, Vander Costa, e representantes do setor transportador reuniram-se, em maio, em Brasília (DF), com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, para, entre outras questões, tratar de políticas e ações para coibir o roubo de cargas. Segundo o presidente da CNT, o governo está comprometido com essa agenda, e o chefe da pasta prometeu respostas no curto prazo.  “Nosso pleito, junto com o governo, é no sentido de combater efetivamente o roubo de cargas, atingindo quem se beneficia com ele, que é o receptador”, diz Vander Costa.

No início deste ano, o presidente da República, Jair Bolsonaro, sancionou, com vetos, uma lei que modifica o Código de Trânsito Brasileiro para punir o motorista que usar o veículo para os crimes de contrabando, descaminho, furto, roubo e receptação de mercadorias. Pela lei, se o condutor for condenado por alguma dessas práticas em decisão judicial transitada em julgado, terá cassado seu documento de habilitação ou será proibido de obter a habilitação para dirigir veículo automotor pelo prazo de cinco anos. 

O governo, porém, deixou de fora os trechos que puniam as empresas nos crimes que envolvem cargas. Foi vetada a possibilidade de cassação do CNPJ da empresa que transportar, distribuir, armazenar ou comercializar produtos provenientes de furto, contrabando ou descaminho ou produtos falsificados. Também não entrou na lei a pena que seria aplicada a empresas que não afixassem no estabelecimento comercial advertência escrita, de forma legível e ostensiva, de que é crime vender cigarros e bebidas de origem ilícita.

O presidente da CNT lamenta os vetos, mas reforça que o trabalho de articulação junto ao governo continua e espera novidades nesse campo, em especial no âmbito do pacote anticrime que tramita no Congresso Nacional. “Esperamos que agora o governo tome a iniciativa de realmente atacar o roubo de cargas atingindo o objetivo de quem rouba, que é o lucro. Entendemos que é uma punição econômica que vai fazer com que se desestimule o roubo de cargas.”

Acordo com os EUA transformará por completo o comércio exterior do Mercosul, diz analista

A assinatura de um acordo de livre comércio com os Estados Unidos seria um grande passo para o avanço do comércio exterior brasileiro e de todo o Mercosul. No caso específico do Brasil, além de aumentar significativamente o fluxo do comércio exterior brasileiro, poderia gerar um crescimento de US$ 38 milhões no Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Outro resultado importante desse acordo que certamente será considerado uma das prioridades não só do governo brasileiro mas também dos demais países-membros do Merosul será um aumento apreciável na balança comercial com os americanos, que no caso brasileiro está estagnada há mais de dez anos, em torno de US$ 28 bilhões.

Entre outros pontos positivos, um acordo entre o Mercosul e os EUA vai proporcionar aos cidadãos comuns e empresas acesso mais fácil a produtos de alta tecnologia e mercados como comércio eletrônico, cosméticos e educação a distância teriam avanços significativos. No caso do Brasil, é previsto um aumento das exportações de produtos tipicamente brasileiros. Em resumo: a assinatura desse acordo aumentaria o fluxo de comércio de bens e serviços com os Estados Unidos e permitiria ao Brasil ampliar ainda mais a participação dos produtos industrializados nas exportações para o mercado americano.

Estes são alguns dos principais resultados a serem obtidos pelo Brasil e também pela Argentina, Paraguai e Uruguai, caso o Mercosul consiga assinar um acordo de livre comércio com a maior potênia econômica do planeta. Mais detalhes sobre o assunto podem ser conferidos abaixo na entrevista exclusiva da Analista de Comércio Exterior da Thomson Reuters, Ângela Maria dos Santos, ao Comexdobrasil.com:

1) O acordo Mercosul e EUA é viável?

R: Sem sombra de dúvidas. O Brasil, bem como seus parceiros do Mercosul, está vivendo um momento de transformação, trabalhando em avanços e modernizações significativos para o bloco. Do lado brasileiro, a participação no comércio exterior mundial é pouco expressiva, não chegando a 2% em comparação aos seus vizinhos e países desenvolvidos, resultado de uma economia fechada e protecionista. Porém, o acordo entre Mercosul e União Europeia demonstra um divisor de águas para o comércio exterior mundial e principalmente para o Mercosul, que continuará focado em ressignificar essa condição, prosseguindo com a abertura de mercado com novos parceiros e, assim, aumentar as oportunidades de negócios com economias substanciais. Os EUA são atualmente a maior potência econômica e a relação comercial, em especial com o Brasil, não vem de hoje. O Brasil foi em 2018 o 9º maior mercado de exportação de bens dos EUA e o 17º maior fornecedor de importações de bens dos EUA.

2) O que esse acordo pode implicar para o comércio exterior brasileiro? Como mudaria as relações comerciais do Mercosul e do Brasil, principalmente, com os EUA?

R: Primeiramente, é preciso olhar pelo prisma do forte protecionismo também imposto pelos EUA, principalmente aos produtos brasileiros, por conta de anos de divergências comerciais. Nunca houve um acordo comercial entre as partes, o qual sempre foi impedido pelos anteriores governos principalmente o brasileiro, sob o argumento de que um acordo com os EUA enfraqueceria o bloco do Mercosul.

Com isso, tanto os EUA como o Mercosul começaram a retaliar a comercialização de certos produtos como aço, etanol e produtos agrícolas, por meio de aplicações de altas taxas e de barreiras não-tarifárias. Porém, os atuais governos brasileiro e argentino, com visões diferentes dos anteriores, deixam de lado vieses ideológicos e estão buscando firmar acordos que de fato tragam prosperidade econômica para o Mercosul. Por isso, entendemos que um acordo de livre comércio entre Mercosul e EUA seria um grande passo para o avanço do comércio exterior brasileiro, bem como do Mercosul.

A viabilidade desse acordo impulsionaria um já existente fluxo significativo de comércio, não só de produtos, mas de serviços e investimentos entre as partes. Podemos observar pelos números de 2018, nos quais o comércio de bens e serviços dos EUA com o Brasil totalizou US$ 103,9 bilhões. As exportações foram de US$ 66,4 bilhões e as importações de US$ 37,5 bilhões. O superávit comercial de bens e serviços dos EUA com o Brasil foi de US$ 28,9 bilhões.

O Brasil é atualmente o 13º maior parceiro comercial dos EUA de bens, com US$ 70,7 bilhões no total (importação/exportação) de comércio de bens durante 2018. As exportações totalizaram US$ 39,5 bilhões e as importações US$ 31,2 bilhões. O superávit comercial de bens dos EUA com o Brasil foi de US$ 8,3 bilhões em 2018.

Em relação ao setor de serviços entre as partes, as exportações e importações totalizaram US$ 33,2 bilhões em 2018. As exportações de serviços foram de US$ 26,9 bilhões e as importações de serviços totalizaram US$ 6,3 bilhões. O superávit comercial dos serviços dos EUA com o Brasil foi de US$ 20,6 bilhões em 2018.

Após a posse do atual presidente, foi dado início às conversas com o presidente do EUA sobre um possível acordo, mas na época somente entre os dois países, o que tornaria impossível um acordo. Por conta do Mercosul, o Brasil só poderia avançar as negociações em bloco e, para os outros membros, o momento não era propício. Porém, esse cenário mudou com a aproximação da conclusão do acordo entre Mercosul e UE, quando as conversas seguiram lideradas pelos presidentes do Brasil e da Argentina.

A percepção sobre as implicações e possíveis mudanças, claro que para cada acordo há suas particularidades nas negociações, entretanto os temas seriam parecidos com os que foram discutidos com a UE, como agrícola já que os EUA subsidiam a agricultura local, as altas taxas sobre os produtos industriais, aço e alumínio, bem como questões sobre proteção aos direitos de propriedade intelectual, entre outros. Os EUA utilizam-se de argumentos quanto as barreiras não-tarifárias e altas taxas do lado do Brasil, por exemplo em relação ao carvão e produtos semi-acabados. Considerando esses pontos e as partes conseguindo um alinhamento, seria um acordo com vantagens para ambos. Para se ter uma ideia, dados de 2016, revelaram que o PIB do EUA poderia ter um incremento de US$ 24 bilhões e do Brasil de US$ 38 bilhões.

3) O que se pode esperar de um acordo desta natureza? O que ele pode trazer de novidades? Ele pode colaborar para ampliar a pauta de exportação do Brasil e do Mercosul para os EUA?

R: Podemos esperar, no mínimo, um impulso considerável na economia, ajudando tanto o Brasil quanto os outros membros do Mercosul a combater os altos custos de vida, uma vez que levando em conta a eliminação das barreiras protecionistas, haveria uma facilidade no acesso aos produtos americanos e estimularia as exportações de produtos brasileiros. Como foi com a UE, esse não será um acordo simples. Existe muita pressão contrária e pautas complexas para que sejam reais as vantagens para as partes. Desta forma todos os pontos precisam ser bem ajustados.

Como vimos, a forte relação comercial e de cooperação entre as partes já existe. Em 2017, os EUA alcançaram um PIB com o Brasil de US$ 2,1 trilhões (taxas de câmbio de mercado atuais). O PIB real subiu cerca de 1,0% e a população era de 208 milhões, conforme dados do FMI.

Assim, é possível perceber que existe espaço para que seja mais consistente essa relação com um acordo. Não só pela eliminação das barreiras tarifárias e não-tarifárias, mas pela facilitação no acesso aos mercados envolvidos no que tange às áreas de tecnologia, educação, investimentos e, consequentemente, trazer ganhos no desenvolvimento dos cidadãos. Além disso, entendemos que a principal novidade seria o aumento da balança comercial entre as partes que está estagnada no mínimo há 10 anos, em torno de US$ 28 bilhões, apesar de ter tido um aumento considerável por conta da guerra comercial entre EUA e China, quando o Brasil exportou mais para a China.

A perspectiva é de que haja sim um aumento das exportações do Brasil e do Mercosul para os EUA, principalmente no que diz respeito aos produtos com mais chances competitivas como açúcar, algodão, carne bovina in natura, etanol, alumínio, soja etc.

Como dito, entre as novidades que podem surgir além das já citadas em relação ao comércio de bens, será o aprofundamento dos laços entre pessoas por meio de cooperações nas áreas de intercâmbios em educação, energia, saúde, agricultura, ciência e tecnologia, segurança, serviços e inovação.

Desde a visita do atual presidente do Brasil a Washington, em março de 2019, onde foram assinados acordos de cooperação, e com a conclusão do acordo Mercosul e UE, as conversas, principalmente com o Brasil e Argentina e, claro, sendo estendida aos outros membros do Mercosul, serão aceleradas, e um acordo entre Mercosul e EUA está mais perto do que longe de acontecer.

4) Qual a visão da Thomson Reuters sobre o acordo para o Comércio Exterior brasileiro? Quais são os pontos positivos e negativos?

R: A Thomson Reuters é defensora dos acordos internacionais, ainda mais os que proporcionam o desenvolvimento e crescimento das empresas e, consequentemente, da economia. Os acordos internacionais proporcionam abertura de mercado, visibilidade dos nossos produtos, aumentam a pauta de exportações, desenvolvem os setores industriais, estimulam a modernização das empresas, geram empregos etc.

Nosso parecer é igual ao que concluímos para o acordo da UE, ou seja, temos muito mais a ganhar do que a perder. Um acordo entre Mercosul e EUA vai proporcionar aos cidadãos comuns e empresas terem acesso mais fácil à produtos de alta tecnologia e mercados como comércio eletrônico, cosméticos e educação a distância teriam avanços significativos. No caso do Brasil, é previsto um aumento das exportações de produtos tipicamente brasileiros. Esses dados estão demonstrados no material elaborado pelo MRE (Ministério das Relações Exteriores) – Desafios e Oportunidades à Exportação de Produtos Brasileiros aos Estados Unidos https://bit.ly/2xKTCny.

E como já dito anteriormente, com a eliminação das barreiras tarifárias e não tarifárias, levaria a balança comercial a níveis mais altos, saindo do estancamento que vivemos há mais de uma década.

Do ponto de vista da Thomson Reuters, considerando o fato de o conteúdo do possível acordo entre Mercosul e EUA ainda não ter sido divulgado, podemos dizer, de forma macro, sobre alguns pontos preocupantes e não negativos. Por exemplo, como ficaria a relação comercial entre Brasil e China, que com a efetivação desse acordo, poderia causar um distanciamento entre eles? A China, como os EUA, é um importante parceiro do Brasil, tanto na pauta comercial quanto aos investimentos que aqui mantém e que vem aumentando gradativamente.

As exportações brasileiras para a China foram mais que o dobro em 2018 do que para os EUA, quando exportou-se US$ 64,2 bilhões, alta de 35% em relação a 2017, com superávit US$ 29,4 bilhões na balança comercial.

Contudo, a pauta das vendas do Brasil para os chineses é bem menos diversificada do que com os EUA. Porém, o governo brasileiro e os membros do Mercosul buscarão formas que, ao firmar um acordo com os EUA, não prejudique sua relação com a China, considerando a guerra comercial que ambas mantém e a factível pressão que virá por parte dos EUA. O governo brasileiro entende que a China é um parceiro importante e vai se preparar para futuras conversas com os chineses para um possível acordo bilateral.

Outro ponto que ressaltamos como preocupante é o quanto as empresas estão ou não preparadas para usufruírem desse tipo de acordo. Desta forma, aquelas que estejam situadas no Mercosul, em especial as do Brasil, busquem estar preparadas, para além de atender aos avanços dos sistemas do governo também procurem modernizar-se tecnologicamente, com softwares de integração para auxiliar o uso tanto dos acordos internacionais como de regimes especiais, os quais propiciam ganhos operacionais e financeiros significativos tornando seus produtos mais competitivos. Ou seja, não adianta termos um acordo dessa magnitude e não estarmos preparados para utilizá-lo.

5) O que o acordo pode acrescentar para os países do Mercosul?

R: Estamos vivenciando um momento histórico desde a criação do Mercosul, que por muito tempo presenciamos sérias divergências comerciais dentro do bloco o que desestabilizava e tirava toda a credibilidade aos olhos dos outros mercados, principalmente das grandes potências. Agora, vimos o bloco trabalhando arduamente unidos, com um único objetivo, o avanço de suas economias bem como a valorização do que têm de melhor a oferecer aos seus parceiros que negociam com o Mercosul. Então, quando falamos de modernidade, tecnologia avançada e acesso aos melhores produtos, os EUA são os mais citados. Um acordo com essa potência econômica, desde que minuciosamente alinhados os pontos para não haver prejuízos aos mercados locais, só pode agregar. Principalmente no desenvolvimento das nossas empresas e sistemas públicos, uma vez que para nossos produtos entrarem nesse tipo de mercado tão exigente, devem, no mínimo, estar em níveis competitivos aos deles.

6) Qual é a perspectiva do relacionamento comercial entre os dois blocos após o anúncio do acordo e quando o mesmo for colocado em prática?

R: Como foi com a UE, a conclusão desse acordo será um marco para o Brasil e seus parceiros do Mercosul. Deixando de lado afinidades ou desavenças políticas, o objetivo entre as partes é proporcionar crescimento e desenvolvimento para suas economias. Então, a expectativa é que haja além de aumento das exportações dos principais produtos exportados aos EUA, que também o Brasil, bem como os outros membros do Mercosul, aproveitem essa facilitação no acesso ao mercado americano e assim modernizem suas linhas de produção, façam uso dos acordos internacionais, gerem novos empregos, etc. E, do lado do governo, aproveitem o apoio dos EUA para a conservação da biodiversidade na Amazônia e, também, para o Brasil poder ingressar na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A consequência será uma economia muito mais consistente e atrativa, inclusive no dinamismo de novas parcerias com outras economias relevantes.

Fetrancesc lança plataforma de benefícios para Transporte Rodoviário de Cargas de SC

A Fetrancesc lançou nesta segunda-feira, 22 de julho, uma plataforma de negócios para as empresas do Transporte de Cargas de Santa Catarina (TRC/SC). A Fetrancesc Digital marca uma nova maneira de fazer associativismo com a disponibilização de serviços e valores diferenciados para quem é associado aos sindicatos filiados à federação.

Diante de uma gama de parceiros, a Fetrancesc Digital será o diferencial para a queda na arrecadação sindical – é o que fala o presidente da Fetrancesc, Ari Rabaiolli. “Os sindicatos precisam mostrar o seu papel e se reinventarem neste momento em que o imposto sindical não é mais obrigatório. E a Fetrancesc Digital surge justamente para isso”, acrescentou.

São diversas as oportunidades de negócios, individualizadas para cada parceiro, com foco em descontos exclusivos para empresas do TRC. Para ter acesso à plataforma e aos benefícios, o transportador deve ser associado a um dos 13 sindicatos filiados à Fetrancesc.

Com rota bioceânica e três novos portos, cidade de MS deve se transformar em ‘hub logístico’ do país

Com a viabilização do corredor bioceânico ligando o Brasil ao Chile, passando por Paraguai e Argentina, e a entrada em operação de três novos terminais portuários, somado ao que já está em atividade no município, Porto Murtinho, no sudoeste de Mato Grosso do Sul, deve se transformar em um intervalo de três a quatro anos em um “hub logístico”, ou seja, um grande centro de importação e exportação.

A previsão foi feita pelo prefeito do município Derlei João Delevatti (PSDB). Ele aponta que um dos grandes passos nesse sentido será dado com a construção entre a cidade e Carmelo Peralta, no Paraguai, de uma nova ponte ligando o Brasil ao país vizinho.

Neste sábado (20), a Itaipu Binancional vai assinar a licitação para o estudo de viabilidade e o projeto de engenharia da nova ponte. A estrutura terá 680 metros de comprimento. A estimativa da empresa é que a obra custe aproximadamente US$ 75 milhões.

A construção da nova ponte ligando os dois países é dos principais gargalos para viabilizar o corredor rodoviário bioceânico – Rota da Integração Latino-Americana – que vai ligar o Brasil aos portos chilenos no Pacifico, passando pelo Paraguai e Argentina.

Além desta ponte, voltada para dar acesso a região do Chaco, o Pantanal Paraguaio, e de lá para a Argentina, até chegar ao Chile, o prefeito, diz que o governo do país vizinho já assumiu também o compromisso de construir uma outra estrutura, ligando outra região do município a localidade de Vallemy. Essa estrutura, conforme ele, possibilitará o acesso pela cidade sul-mato-grossense a região central do Paraguai, chegando a capital, Assunção.

Além das estruturas rodoviárias, o prefeito aposta nos investimentos que estão sendo feitos no município no modal hidroviário como outra alavanca do desenvolvimento para a cidade. Ele aponta que o terminal já em operação na cidade, que foi construído pelo governo do estado e cedido a iniciativa privada já é a quarta principal via de escoamento da soja do estado, totalizando no primeiro semestre deste ano o escoamento de 226,5 mil toneladas, com receita de US$ 76,059 milhões.

Além deste terminal já em operação, o prefeito comenta que outros três projetos de novos portos no rio Paraguai estão em andamento no município. O em estágio mais avançado é o da empresa sul-mato-grossense Itahum Export, do grupo FV, que tem sede em Dourados.

O grupo, que já tem seis unidades de recebimento, beneficiamento, armazenamento e comercialização de produtos como soja e milho no mercado interno, está construindo em Porto Murtinho seu primeiro terminal portuário. As obras começaram em março deste ano e estão 30% executadas. A previsão é que a primeira fase do empreendimento, destinada ao embarque de grãos sólidos e açúcar esteja operando até abril de 2020.

Segundo um dos proprietários do grupo, Peter Ferter, o investimento nesta primeira fase do empreendimento é de R$ 56 milhões. Em um segundo estágio, será implantada uma estrutura para a importação de fertilizantes, de modo a otimizar a estrutura de transportes, permitindo que caminhões carregados com grãos e açúcar descarreguem sua carga para embarque no porto e retornem levando fertilizantes para os produtores.

Somente com a operação da primeira fase do projeto, o investidor espera um movimento de aproximadamente 200 caminhões por dia no município.
Os outros dois projetos são de empresas estrangeiras, dois grupos argentinos já adquiriram áreas para também implantarem terminais de exportação e importação no município.

Com os três novos terminais e o porto já em operação, o prefeito de Murtinho, estima um fluxo que pode chegar até a 700 caminhões por dia no município. Para preparar a cidade para os impactos que esse “hub logístico” vai causar, ele conta que o governo do estado já tem um projeto pronto para construir um anel rodoviário, de modo a evitar que os caminhões passem por dentro da cidade, com investimento previsto de R$ 39 milhões.

Com a economia ainda voltada principalmente para a pecuária e para o turismo da pesca, o prefeito prevê que o município terá uma diversificação de atividades com a viabilização dos projetos logísticos e aponta que já está buscando apoio do governo federal para se preparar para as novas demandas.

“Pelo menos dois empreendedores nos procuram toda a semana na prefeitura em busca de informações para investirem no município. Vamos ter um grande crescimento e queremos estar preparados para isso”, conclui.

Governo e caminhoneiros se reúnem para falar sobre nova tabela de frete

Nesta semana deve acontecer mais uma rodada de negociação entre o governo federal e os caminhoneiros a respeito da nova tabela de fretes aprovada na última semana pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

O ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, deve se reunir com representantes de caminhoneiros e outras entidades afetadas pela nova tabela, em meio a críticas de que a metodologia atual reduz os valores a serem pagos aos motoristas. A data exata ainda não foi definida, segundo informa o ministério por meio de sua assessoria, uma vez que o ministro estava fora de Brasília na sexta-feira, em uma inauguração de obras em Minas Gerais.

 

Aprovada após quatro rodadas de audiências públicas realizadas neste ano, a nova tabela de fretes foi elaborada pela Esalq-Log, da Universidade de São Paulo (USP), e a próxima revisão oficial está prevista apenas para o início do ano 2020.

 

“A CNTA já recebeu reclamações das bases afirmando que os valores estão muito aquém da realidade do mercado”, informou em comunicado a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos, que alega representar mais de 140 sindicatos e nove federações de motoristas do País, que envolvem um universo de 900 mil caminhoneiros autônomos.

 

“A CNTA está avaliando tecnicamente a resolução (da tabela) com o objetivo de averiguar se os valores constantes na planilha estão adequados com o custo real da operação de fretes”, informou a entidade, que pediu ao Ministério de Infraestrutura “os números que fundamentam os parâmetros de cálculo”.

 

Questionado por jornalistas sobre ameaças de greve dos motoristas declaradas em redes sociais por algumas lideranças de caminhoneiros, o presidente Jair Bolsonaro afirmou a jornalistas que o governo “está fazendo o possível para atender os caminhoneiros”.

 

“Acredito que os caminhoneiros não farão paralisação, isso atrapalha em muito a economia, reconhecemos a dificuldade, estamos prontos para continuar conversando, mas estamos num país livre e democrático onde impera o livre mercado, a lei da oferta e da procura”, disse Bolsonaro.

 

Em abril, o presidente da CNTA, Diumar Bueno, classificou de “afago” que não resolve os problemas da categoria um pacote de medidas do governo para caminhoneiros que incluiu crédito do BNDES para manutenção de veículos e aumento de fiscalizações da ANTT para o cumprimento da tabela de fretes anterior pelos contratantes de transporte de carga no País.

 

“Mentiras”

 

Em um café da manhã com jornalistas, na última sexta-feira, o presidente Jair Bolsonaro acusou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que faz o levantamento de dados sobre desmatamento no País, de ter divulgado números “mentirosos” e chegou a insinuar que o presidente do instituto pode estar “a serviço de alguma ONG”.

 

“A questão do Inpe, eu tenho a convicção que os dados são mentirosos, e nós vamos chamar aqui o presidente do Inpe para conversar sobre isso, e ponto final nessa questão”, afirmou o presidente durante café da manhã com jornalistas estrangeiros. “Mandei ver quem está à frente do Inpe. Até parece que está a serviço de alguma ONG, o que é muito comum”, disse, referindo-se ao presidente do instituto, Ricardo Galvão.

Dados divulgados pelo Inpe esta semana mostraram que o desmatamento na Amazônia disparou na primeira metade de julho e superou toda a taxa registrada no mesmo mês no ano passado. Os dados preliminares dos satélites mostram o desmatamento de mais de mil quilômetros quadrados de floresta, 68% a mais do que o mês de julho de 2018.

 

Questionado seguidamente pelos repórteres sobre questões ambientais, Bolsonaro demonstrou irritação com o tema. Além de negar os dados de desmatamento, chegou a dizer que existe uma “psicose ambiental” no Brasil e, ao responder um jornalista europeu, disparou: “A Amazônia é nossa, não é de vocês”.

 

Em um encontro em que os jornalistas eram, em sua maioria, estrangeiros radicados no Brasil, o presidente falou que a maior parte da imprensa “lá de fora” tem uma visão distorcida dele. “Eu entendo o envenenamento que fazem lá fora. Não queremos mudar o que pensam lá fora, mas dar a verdade dos fatos.”

 

Durante o encontro, Bolsonaro chegou a falar também que dizer que se passa fome no Brasil era uma grande mentira. Mas depois Bolsonaro voltou atrás e afirmou que uma “pequena parte” da população passa fome. “