O Ministério da Infraestrutura autorizou nesta quarta-feira (29) a construção de seis novos terminais marítimos de uso privado (TUPs) em quatro estados brasileiros. Entre eles está o Porto Guará, que será construído em Paranaguá, no Litoral do Paraná. O início das obras depende agora da licença ambiental, já solicitada ao Ibama.
O investimento total no Porto Guará é estimado em R$ 5,6 bilhões. A movimentação prevista é de 26,5 milhões de toneladas ao ano. Na primeira fase deverão ser investidos aproximadamente R$ 1,9 bilhão, conforme informa Xênia Arnt, diretora da Companhia Porto Guará. À frente do projeto estão os grupos Novo Oriente Participações e FAR.
O projeto tem como consultor técnico uma autoridade na área portuária, Luiz Henrique Tessuti Dividino, que foi superintendente do Porto de Paranaguá por seis anos, de 2011 a 2017, e tem mais de 30 anos de experiência no setor.
A fase inicial prevê a implantação de terminais graneleiros conectados a cais de atracação do tipo píer, para movimentação de granéis sólidos para exportação – soja, farelos, milho e açúcar, e granéis sólidos para importação – trigo, malte, cevada e fertilizantes. A previsão é de que a primeira fase esteja concluída e inicie as operações entre 2025 e 2026.
“Será um terminal portuário multicargas, ofertando operações de granéis sólidos e líquidos, que ocorrerão em fases, na medida em que o Porto de Paranaguá atinja o limite da sua capacidade operacional”, informa a diretora. “Será um porto complementar ao porto de Paranaguá”, acrescenta.
Todo o complexo foi planejado para ser executado em quatro fases, segundo a diretora. Ela não detalhou as demais etapas. Os projetos do novo porto já vêm sendo trabalhados desde 2015 e preveem o atendimento da logística do agronegócio, principalmente para atender os mercados asiáticos, que já anunciaram a necessidade de importar 30% a mais de grãos até 2030.
“Este volume adicional significa algo como toda a soja exportada em 2020, pelos Portos de Paranaguá e Santos juntos”, exemplifica Arnt. Ela esclarece que para atender este volume não bastam reformas. “Precisamos prover capacidade operacional em grande escala. Se não observarmos esta oportunidade, as cargas podem ser redirecionadas para Santos e Santa Catarina, impondo maiores custos logísticos para os produtores paranaenses”, sinaliza.
Navios de maior porte e mais agilidade
O grande diferencial do Porto Guará será atender navios de maior porte e com operações que trarão maior velocidade no carregamento de navios e maior agilidade na descarga de vagões e caminhões.
Projeto como complexo logístico rodoferroviário integrado a um complexo portuário, o Guará será a menor distância entre o mar e a terra. Ficará a mil metros da ferrovia e a 1.400 metros da rodovia. A área total do terreno, onde será construído o porto, tem 2 milhões de metros quadrados. Desse total, 40% terão que ser preservados. A área operacional ocupará 1,2 milhão de metros quadrados.
Serão disponibilizados mais de 21 km de ferrovias permanentes, formando a maior pera ferroviária (pátio em formato circular que possibilita o transbordo da carga sem a necessidade de manobras e desmembramento do trem) dos portos brasileiros.
O projeto poderá elevar a capacidade dos portos do Paraná para mais de 80 milhões de toneladas ano, permitindo o crescimento contínuo do corredor do agronegócio paranaense, resgatando cargas hoje direcionadas a portos vizinhos.
Os outros terminais que tiveram seus projetos autorizados pelo Ministério da Infraestrutura serão construídos nos portos de Ponta de Pedras (PA), Santos (SP), Santarém (PA) e Manaus (AM). O investimento total previsto é de R$ 10,5 bilhões.