O Indicador de Clima Econômico (ICE) brasileiro, calculado pelo instituto alemão Ifo e pela Fundação Getulio Vargas (FGV), passou para -45,9 pontos em julho, vindo de -11,4 pontos em abril. O indicador varia de -100 a +100, com zero sendo o ponto de inflexão.Considerando o Indicador de Expectativas (IE), um dos componentes do ICE, o Brasil segue com perspectivas positivas, contudo menos favoráveis, ao recuar de 47,8 pontos para 12,0 pontos.
Já o Indicador da Situação Atual (ISA), o outro componente do ICE, também aponta para um menor grau de satisfação dos agentes econômicos: -88,0 pontos, contra -56,5 em abril, significando que um percentual elevado e ainda maior dos especialistas considera a situação desfavorável. “A proximidade de uma eleição presidencial ainda indefinida e a revisão para baixo nas projeções do crescimento do PIB influenciam a piora nas expectativas”, diz o documento.Entre os países dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o Brasil registrou o pior ICE, nível muito próximo ao da África do Sul, e apenas a Índia registrou avaliação favorável, embora seu ICE tenha caído 28,5 pontos, diz a FGV.
O ICE da América Latina permanece na chamada zona desfavorável, onde está desde abril. A trajetória de piora foi confirmada pela última sondagem, que mostrou o recuo do ICE de -5,2 pontos para -21,1 pontos entre abril e julho, diz a FGV. A satisfação com a situação atual (ISA) se manteve em queda e o índice de expectativas (IE), que vinha positivo desde julho de 2016, caiu para 24,7 pontos em abril e atingiu zero ponto em julho, ao igualar a participação de avaliações positivas e negativas.
No mundo, o ICE, embora ainda seja positivo caiu de 16,5 pontos para 2,9 pontos. Os dois indicadores que compõem o ICE recuaram, mas, enquanto a avaliação da situação atual permaneceu positiva, o IE ficou negativo, sendo o mais baixo desde outubro de 2011. A piora nos indicadores englobou quase todas as regiões/países.Considerando as principais economias, a Rússia foi o único a melhorar o ICE, mas permanece na zona desfavorável.
Já nos Estados Unidos, o ICE recuou, mas ainda se mantém em uma zona favorável, diz o documento. Na China, a piora do ICE foi mais intensa que nos Estados Unidos, passando de uma zona favorável para desfavorável. O possível acirramento da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China é um dos principais fatores que explicam o pessimismo em relação ao cenário futuro do clima econômico mundial, segundo a FGV.
“O ICE do mundo e das principais economias registram um momento de expectativas desfavoráveis. Do ponto de vista global, o receio do escalonamento de uma guerra comercial está na agenda. Na América Latina, o cenário internacional influencia. No entanto, são as condições econômicas domésticas e, em especial num ano de eleições presidenciais em vários países da região, que explicam os resultados de cada país”, diz o relatório.