A cabotagem (transporte marítimo de cargas pela costa do país) e a navegação interior têm crescido entre as opções das empresas para a movimentação de cargas, segundo o estudo divulgado terça-feira (2) pela Confederação Nacional do Transporte (CNT). Ambas fazem parte do modal aquaviário, que conta ainda com a navegação de longo curso (para outros continentes).
Apesar desta última continuar como referência do transporte marítimo – com média a 75,6% da representatividade entre 2010 e 2018 -, principalmente por concentrar mercadorias direcionadas para a exportação, a cabotagem tem atraído as atenções das empresas e do Governo Federal.
As operações do serviço cresceram 4,1% em 2018, em comparação a 2017 e atingiram 162,9 milhões de toneladas. Já nos dois primeiros meses deste ano, tiveram desempenho 1,8% superior na comparação com o mesmo período do ano passado e somaram 25,8 milhões de toneladas transportadas.
O presidente da CNT, Vander Costa, comenta que tem ocorrido uma migração natural do transporte RODOVIáRIO de cargas para os outros modais (aquaviário e ferroviário).
“O Brasil tem uma costa muito grande e, apesar de a cabotagem estar crescendo, o potencial de crescimento é ainda bem maior”, afirma.
Segundo o estudo da CNT, o transporte rodoviário cresceu 0,2% em 2018, em comparação a 2017, um índice considerado abaixo do esperado.
Segundo Costa, transporte reflete a economia brasileira. “O crescimento econômico está muito aquém do que o Brasil precisa. E o nosso setor fica na mesma situação. Afinal, transportamos aquilo que é produzido”.
Outro fator que contribui para a queda da demanda pelo modal rodoviário, de acordo com o estudo, são as incertezas geradas com a paralisação dos caminhoneiros em maio do ano passado (devido ao valor do diesel e preço do frete) e, também, o roubo de cargas em algumas regiões contribuem para os resultados negativos.
Tanto o modal ferroviário (cresceu 5,8% em toneladas úteis em 2018), quanto o aquaviário, são tidos como mais seguros. O crescimento do volume transportado pela cabotagem, inclusive, coincidiu com a paralisação dos caminhoneiros.
Modal ferroviário
Apesar do crescimento de 5,8% em 2018, o estudo do CNT aponta que o modal ferroviário vive um momento de incertezas, principalmente devido à queda na produção, influenciada, possivelmente, pela desativação de barragens da Vale, após o rompimento da barragem em Brumadinho (MG).
O minério de ferro corresponde a mais de 70% das cargas ferroviárias. Agora, no primeiro trimestre de 2019, o transporte dessa mercadoria registrou queda de 3% em toneladas úteis.
Incentivo
Na última semana, durante o Porto & Mar – Seminário A Tribuna para o Desenvolvimento do Porto de Santos, realizado pelo Grupo Tribuna, o secretário nacional de Portos e Transportes Aquaviários substituto, Fábio Lavor Teixeira, informou que o Ministério da Infraestrutura lançará, neste mês, um programa de incentivo à cabotagem. “Pretendemos que tenha condições de crescer de forma mais sustentável e constante”, disse.