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Capacitação de motoristas diminui acidentes e reduz impactos ambientais

por | jun 11, 2024 | Notícias

Fonte: ABTLP
Divulgação/Canva
Chapéu: Relatório ABTLP

Novos dados revelam que houve uma queda de 14,82% nas ocorrências envolvendo o transporte de produtos perigosos em 2023

A Associação Brasileira de Transporte e Logística de Produtos Perigosos (ABTLP) divulgou em junho o Relatório de Ocorrências no Transporte de Produtos Perigosos referente ao ano de 2023, trabalho conjunto da entidade com a Comissão de Análise de Produtos Perigosos do Estado de São Paulo. Com dados inéditos, o estudo mostra uma diminuição nos acidentes e incidentes no setor, no Estado de São Paulo. De acordo com o levantamento, houve um total de 862 ocorrências no ano passado, cerca de 71,8 ocorrências por mês. Este é o menor número registrado até o momento comparando com os anos anteriores, quando foram registrados 1.012 em 2022, 1.095 em 2021 e 939 em 2020.

Conforme dados do Comando do Policiamento Rodoviário do Estado de São Paulo, em 2023, os sinistros com veículos de carga em rodovias paulistas atingiram um total de 4.905, ou seja, o número dos acidentes com veículos transportando produtos perigosos é inferior a 10% do número de acidentes com veículos que transportam cargas em geral.

As consequências de um único tombamento com vazamento de produto perigoso podem trazer sérios danos à população, ao meio ambiente e às empresas. A redução dessas ocorrências tem um impacto significativo, pois minimiza o risco de derramamentos de substâncias químicas nocivas, evitando a contaminação do solo, água e ar. Isso, por sua vez, protege a biodiversidade e a saúde humana, além de preservar os ecossistemas naturais.

“Os esforços da ABTLP, por meio de treinamentos rigorosos, simulados e todo trabalho técnico legal, visam justamente essa redução, promovendo uma cultura de segurança e responsabilidade entre os transportadores. Essas ações estão em total alinhamento às práticas sustentáveis, pois buscam não apenas a eficiência operacional, mas também a minimização dos impactos ambientais negativos. Ao investir em tecnologias mais seguras e na capacitação contínua dos motoristas, a associação contribui para um futuro mais sustentável no setor de transporte rodoviário de cargas”, afirma o presidente da ABTLP, José Maria Gomes.

Os desafios que a entidade possui são contínuos, incluindo a adaptação às regulamentações, a implementação de novas tecnologias, a capacitação de profissionais, a gestão de riscos, a redução do impacto ambiental e o engajamento comunitário.

“Para superar esses desafios, nós planejamos manter um diálogo constante com as autoridades, investir em tecnologias emergentes e aprimorar programas de treinamento com metodologias avançadas. Além disso, nossos próximos simulados serão focados em cenários extremos, abrangendo todos os envolvidos e considerando regiões com exigências regulamentares emergenciais específicas para nossa categoria”, completa Gomes.

A implementação de programas de capacitação reflete principalmente em dois aspectos importantes que são a redução no número de acidentes e a natureza dos incidentes. Além disso, com treinamentos eficazes, observa-se não apenas a redução nos acidentes graves, mas também o aumento na capacidade de resposta rápida e eficiente aos incidentes menores. Isso significa que os motoristas e operadores estão mais preparados para evitar acidentes graves e lidar de forma mais eficaz com situações de risco, minimizando assim os impactos negativos e melhorando a segurança geral no transporte rodoviário de produtos perigosos.

Quando questionada sobre como a entidade mede o sucesso de seus programas de treinamento e simulação em termos de impacto ambiental e segurança no transporte de produtos perigosos, a ABTLP usa como referencial importante o Relatório de Ocorrências com Produtos Perigosos no Estado de São Paulo, que é divulgado anualmente desde o ano de 2020.

“Essa redução contínua reflete os esforços da associação e de diversas entidades na implementação de medidas preventivas e educativas, contribuindo para um transporte rodoviário de cargas perigosas mais seguro e eficiente”, ressalta o presidente.

Muitas entidades de classe e empresas do setor já estão buscando adotar práticas sustentáveis que contribuam para um futuro mais promissor. O Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região (SETCESP), associado da ABTLP, realizou em junho a Jornada da Sustentabilidade, evento que trouxe dois dias de imersão em conhecimento, networking e práticas transformadoras, com especialistas renomados para debater os principais temas da agenda ESG e Segurança Viária, apresentando as melhores soluções para adequar sua empresa às novas realidades do mercado.

“Já tratamos dessas questões há pelo menos 15 anos, incentivando as empresas a adotarem ações e estratégias voltadas para o ESG, com o objetivo de ter assuntos de qualidade, com diversos players do mercado, iniciativas privadas e públicas, e conteúdos complementares. Servimos como um catalisador e como um fomentador para promover as empresas a ajudarem a seguir essa jornada”, enfatiza a presidente executiva do SETCESP, Ana Jarrouge.

Treinamentos e simulados

A ABTLP realizou importantes iniciativas de treinamento e apoio a simulados durante seus 25 anos de atuação, com o objetivo de aprimorar a segurança no transporte rodoviário de produtos perigosos. Entre elas, destaca-se o curso de Formação de Condutores de Combinações de Veículos de Carga (CVC), desenvolvido pela própria associação e oferecido gratuitamente pelo SEST SENAT, que visa capacitar motoristas para a condução segura dessas composições.

“No início de junho promovemos um simulado de acidente envolvendo transporte de produtos perigosos no Paraná, que preparou os profissionais para responder de forma eficaz a situações de emergência. Essa iniciativa contribuiu significativamente para a redução das ocorrências registradas, aumentando a qualificação dos motoristas e melhorando a resposta em situações críticas”, relembra Gomes.

Órgãos públicos como a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), Bombeiros, ARTERIS, Polícia Rodoviária Federal (PRF), Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Defesa Civil e AMBIPAR, bem como os associados Ambipar, Budel Transportes, TIC Transportes e Ritmo Logística participaram desta ação.

“As equipes que fazem essas intervenções precisam ser constantemente testadas e auto avaliadas, pois é um cenário bastante diferenciado,  envolvendo muitos riscos específicos e que demanda uma certa familiaridade, não só ao lidar com o produto perigoso em si, mas também no uso de equipamentos de proteção pessoal como roupas, botas, luvas, equipamentos de proteção respiratória, material de contenção, de recolhimento, de transferência de produtos e outros”, é o que reforça o gerente do setor de atendimento a emergências da CETESB, Mauro Teixeira.

O setor tem pleno conhecimento das suas responsabilidades em circunstâncias acidentais. A prática, além de trazer efetivamente conhecimento, também promove a integração entre todas as equipes, seja em âmbito local e regional, considerado de extrema importância para a sincronia em uma futura atuação.

“O simulado contribui e congrega para isso, lembrando que ninguém atende um cenário desse sozinho. Essa é a importância de você ter uma ação integrada e a provocação do exercício para contribuir com o alinhamento e a boa prática de trabalho”, diz Teixeira.

Para a PRF, o simulado realizado pela ABTLP é importante, pois é uma realidade no trabalho do policial rodoviário, que é um profissional que sempre está presente em uma ocorrência de acidente rodoviário com produtos perigosos, tendo em vista que a instituição ainda não fornece este treinamento.

“Com certeza ter um sistema logístico embasado em um modal de transporte com segurança é fundamental para o futuro do setor. Um segmento só consegue prosperar e ter um futuro quando tem segurança, qualidade e dinamismo entre todos os órgãos competentes”, conclui Paulo Demarchi, instrutor de fiscalização ambiental e consultor técnico do grupo de enfrentamento aos crimes ambientais da PRF.

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