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Dificuldade de Abastecimento dos Grandes Centros – O Caso da Cidade de São Paulo

Falar sobre a dificuldade de abastecimento de uma cidade como São Paulo, não é tarefa das mais complicadas. Os problemas são diários, estampam as mídias diariamente e engordam as estatísticas de trânsito e congestionamentos.

As vias são disputadas por pedestres, ciclistas, motociclistas, veículos coletivos de passageiros, veículos de transporte de cargas entre outros. Todos com necessidades específicas, e que devem obedecer a regras e determinações legais cada vez mais complexas.

Em uma tentativa desesperada de gerir essa imensa massa de usuários, o poder público opta por atitudes pontuais, focadas muitas vezes em um único nicho de usuários e que acaba por prejudicar ou muitas vezes impedir o uso e interesse do coletivo.

A implantação dos corredores de ônibus e das ciclovias, muitas vezes numa mesma via, impede o acesso ao desembarque de passageiros ou ainda o processo de descarga em determinados locais, uma vez que é infração grave de trânsito estacionar ou parar sobre ciclo-faixa ou corredor de ônibus. Vemos claramente nas ações do poder público um foco político com cunho eleitoreiro principalmente no que tange a implantação de ciclovias, que se multiplicam desenfreadamente sem estudo de impacto no trânsito e em muitos bairros como vemos, elas se repetem em ruas paralelas sem demanda latente, e a consequência disso é vista nas empresas, no trânsito e no comércio, que vê seu movimento cair e as empresas de transporte que se veem com esforço maior para realizar as mesmas entregas, tornando o tempo de entrega e os custos inerentes cada vez maiores.

O fato é que apesar de ser considerado o grande vilão do trânsito, os veículos de carga precisam circular para abastecer a cidade. A farinha de trigo precisa chegar à padaria, para você ter o seu pãozinho fresquinho no café da manhã. O corte nobre de carne precisa chegar ao seu restaurante favorito para você degustar do seu grelhado. O vinho importado, precisa estar na adega da cantina italiana que você pretende levar sua esposa comemorar o aniversário de casamento. O remédio que tanto alivia sua dor de cabeça precisa chegar à farmácia mais próxima da sua residência. O mercado precisa ser abastecido diariamente.

Privilegiar o transporte público de massa deve ser a prioridade das ações públicas, mas para isso acontecer não devem ser restringidos os acessos de veículos de carga, que abastecem os grandes centros como São Paulo. Acreditamos que a solução
está em viabilizar através de ações focadas e com base em estudos de impacto. Privilegiando transporte de massa com qualidade (metrô, ônibus) e o abastecimento urbano com menores restrições de acesso, não esquecendo ainda das operações noturnas de abastecimento de grandes redes com segurança e incentivo político. Outro ponto importante para o abastecimento dos grandes centros é a criação de pequenos terminas de carga nas regiões de maior concentração do comércio, com isso o abastecimento se torna local, com menor deslocamento e menores veículos para atendimento, gerando praticidade, comodidade e melhora na vazão do fluxo de carga.

Não poderíamos deixar de fora a aprovação do VUC metropolitano, com 7,20m de comprimento, ante aos 6,30m anteriores, que foi uma decisão assertiva embandeirada pelo SETCESP em parceria com a prefeitura de São Paulo. Esta medida gera um aumento de 22% de carga útil nos veículos, ou seja, para fazer a mesma quantidade de entregas antes eram necessários cinco VUCs, hoje somente quatro, o trânsito e as empresas de transporte agradecem.

Para isso, precisamos propor soluções urgentes e realizáveis, promovendo uma logística de abastecimento que colabore com o fluxo de trânsito e promova o abastecimento adequado da cidade.

Todos os meios de transporte são importantes para a cidade e vitais para empresas e pessoas. O que precisamos é que todos se integrem e que haja prioridades claras nos meios de transporte e que as prioridades sejam sempre pelo bem maior, que é o cidadão, comércio/indústria e por consequência, a cidade que é o maior beneficiário econômico/financeiro deste emaranhado funcionando ordenadamente.

Responsável: Barbara Calderani e Evandro Ferrari

Vamos Falar Sobre Ética

Falar sobre ética é relativamente fácil, podemos citar vários exemplos de atitudes e comportamentos considerados éticos no nosso dia a dia, como não pegar coisas que não nos pertencem, perceber um erro na conta do restaurante e avisar o garçom para cobrar o correto, tratar as pessoas como iguais, com humildade e respeito, não mentir, enfim. Mas o que é ética? Qual a definição de ética? O que é ser ou não ser ético?

A ética é a matéria de um dos campos da filosofia. Aristóteles tem um livro escrito para seu filho chamado “Ética a Nicômaco”, onde busca responder a duas perguntas consideradas por ele fundamentais: Como quero viver minha vida? Como vou me relacionar com os outros?

Os gregos tinham a mesma palavra para ética e moral, a palavra ethos. Quando tinha o objetivo de representar princípios, num sentido mais individual, para cada pessoa, significava ética. Quando tratava de regras sociais, normas, costumes coletivos, estavam falando de moral. Ética portanto, é quando você olha pra dentro de si e se pergunta: “devo fazer isso ou não?”. São os princípios, é algo pessoal, provenientes da educação, dos pais, da família, da igreja que frequenta, dos grupos com os quais se convive. Estamos tratando de um conjunto de valores e princípios que usamos para guiar nossa conduta.

O ser humano tem capacidade mental de raciocinar, faz julgamentos morais, e se utiliza de valores adquiridos em sua formação ao longo da vida para isso. Quem julga e decide, tem ética. Não existem aéticos, a não ser os mentalmente incapazes e os animais, por exemplo. Os antiéticos, são aqueles que vão contra a ética coletiva, do grupo. 

Além disso, a ética pode ser boa ou má. A boa ética prega o altruísmo, a sinceridade, a boa fé, enquanto a má ética aparece nos interesseiros, em quem age de má fé, quando se tem interesses ou objetivos ocultos em suas ações. Immanuel Kant falava da “regra de ouro” ou seja, não faça ao outro o que você não gostaria que fizessem a você; não trate as pessoas como objetos; não use o outro.
Mas é possível uma boa ética no ambiente corporativo?

Para Karl Marx não. Segundo ele, se o objetivo do sistema é a “mais valia”, o lucro, você só teria esse objetivo alcançado tirando “mais valia” de outrem, no exemplo dele, do trabalhador. O marxismo colocava o burguês e o proletário em lados opostos. Para o famoso autor, o capitalismo tem uma ética ruim.

Não acredito nisso, mas não posso deixar de reconhecer a necessidade de uma nova ética no mundo globalizado. Durkheim dizia que desde o século XIX o mundo vive uma anomia, uma falta de ética, de valores. Para ele as pessoas estão cada vez mais sem rumo, perdendo a capacidade de discernir o certo do errado.

A meu ver a lógica do resultado, da meta e do sucesso acaba se impondo de tal forma que os procedimentos e a maneira de atingir um objetivo é que acabam sucateados.

Um exemplo do professor Clóvis de Barros Filho é quando visitamos empresas, onde geralmente nos deparamos com o banner de valores. E em alguns podemos ler: HONESTIDADE, CRIATIVIDADE, TRANSPARÊNCIA; em seguida o invariável: FOCO NO  RESULTADO. Toda vez que o foco está em alguma coisa, todas as outras perdem o foco. Assim, fica descaracterizada a ideia de pluralidade. O que ele quer dizer com isso? Se houver um conflito entre honestidade e resultado, então, a resposta está no banner: o foco é resultado. Se houver conflito com qualquer outro valor, o foco está no resultado. E isso significa fazer o que for preciso para obter resultado, mesmo que implique em mentir, enganar, ludibriar e assim por diante. A definição das metas e dos resultados é um gesto corporativo que deixa bem claro o que importa. O foco é o resultado. Mas será que qualquer outro princípio é válido, desde que não comprometa o princípio maior, que é o resultado?

Kant sugere algo especial. Ele diz que tudo o que não se puder contar como fez, não se deve fazer. Afinal, se há razões para se envergonhar e não poder contar, essas são as mesmas razões para não fazer.

Mario Sergio Cortella exemplifica com um trocadilho na área de filosofia, “quando nosso foco está no resultado, não temos ilusão de ótica, mas sim de ética”.

Enquanto estivermos apoiados nessa lógica, parece-me absolutamente compreensível que as pessoas “colem”, mintam, subornem, que comprem gabaritos de concursos, que paguem propinas, porque fomos doutrinados para isso. Compreensível, não aceitável. Daí a necessidade de mudança, de compartilharmos inteligência e bons valores a serviço do aperfeiçoamento da convivência social, corporativa e familiar.

O que nos caracteriza é a possibilidade de escolher nossa conduta. E a ética implica necessariamente conduzir a si mesmo. Seja qual for o sistema ou organização onde estamos inseridos, sempre haverá a possibilidade de dizer: “Este jogo eu não jogo”.

Responsável: Thiago Budni

Ajuste Tarifário: Chegou o Momento do Ajuste Necessário para Sobreviver

O transporte de cargas é o maior modal de transporte que existe no Brasil e sem duvidas o mais prejudicado pela crise que se instala no país, costumo dizer que o transporte é o primeiro que entra na crise e o primeiro que sai, não há nada que se produza ou que se compre ou que se venda que não precise ser transportado, portanto na vontade dos empresários, produtores, industriais, entre outros em retomar a economia devemos ter nossa operação ajustada e com tarifas dignas.

As empresas de um modo geral fizeram ajustes operacionais para se adequarem as poucas demandas do mercado e com isso não houve repasse dos altos custos da inflação nas tarifas,

Foram cortados postos de trabalho, filiais, frota, venda de ativos, etc., e foram feitos empréstimos gerando endividamento maior do que a capacidade de pagamento.

Diante deste cenário as empresas ficaram sob a condição de uma verdadeira UTI que pode ser desligada a qualquer momento que a família desejar,

Felizmente a grande maioria de nossas empresas são familiares e carregam o coração nas operações e por isso desejam tanto que haja uma reação neste corpo na UTI e não medem esforços para tal

De 3 a 5 de Agosto de 2016 foi uma data muito importante para o setor onde a NTC & Logística maior associação de transportadores rodoviários de cargas do Brasil, apresentou na reunião do Conet e Intersindical que participaram todas as federações e inúmeros sindicatos um estudo técnico da defasagem de frete no país e este estudo foi amplamente debatido e aprovado por unanimidade sua divulgação ao mercado.

Por tudo isso penso que o repasse principal nas tarifas de transporte deve ser acompanhado do índice de defasagem de preços e será necessário contemplar lucro para sobrevivência do negócio, portanto agora é a hora ou fazemos nossos ajustes tarifários ou corremos um sério risco de não sobreviver a retomada da economia.

Tenham muito cuidado com os BIDs que são a arma dos embarcadores para a sobrevivência do negócio deles em detrimento ao nosso com cláusulas incumpriveis e as vazes abusivas temos uma única arma contra os BIDs, a recusa!

Responsável: Marcelo Rodrigues

Seguros de Transporte: Distorções que Precisam ser Eliminadas

Na década de 60, a “Associação Nacional das Empresas de Transportes Rodoviários de Carga” – como era denominada à época a NTC & Logística – lutou muito para que o setor de transporte tivesse um seguro que cobrisse os principais riscos inerentes às suas operação, que eram, então, os decorrentes de colisão, tombamento, capotagem, incêndio etc. Esta solução veio através do Decreto-Lei nº 73, de 21 de novembro de 1966, que, no âmbito de uma ampla regulamentação do mercado segurador, entre inúmeras outras inovações, criou o RCTR-C, seguro de contratação obrigatória pelo transportador.

Ao longo do tempo, o transportador de cargas passou a ser forçado por grandes embarcadores a aceitar seguros estipulados pelos mesmos, com regras muitas vezes sem a mínima condição de serem cumpridas.

Mais recentemente, a Lei 11.442, de 05/01/07, trouxe a possibilidade de o embarcador fazer o seguro por conta dele, porém isentando totalmente o transportador de qualquer responsabilidade por danos que venham a ocorrer na viagem contratada. É bem verdade que, a mesma lei, no parágrafo único do seu art. 13, diz que “as condições do seguro de transporte rodoviário de cargas obedecerão à legislação em vigor”, o que significa que ela não pretendeu revogar o Decreto-Lei nº 73/66, na parte em que criou o seguro obrigatório do transportador (RCTR-C).

Para esclarecer o tema, a Superintendência de Seguros Privados – Susep emitiu um comunicado ao mercado segurador (Carta-Circular nº 02/2015/SUSEP/DIRAT/CGPRO), que informa, em última análise:

• Que a dispensa de direito de regresso (DDR) não pode isentar a contratação do seguro RCTC-C por parte do transportador rodoviário de carga.

• Que o embarcador não pode contratar o RCTR-C em seu nome, substituindo o transportador. Ele pode ser estipulante do seguro, contratando-o no lugar daquele. Entretanto, o segurado será sempre o transportador.

• Que a apólice estipulada deve ser individual, para um único transportador e, caso este já tenha outro seguro de RCTR-C, isso deve ser mencionado explicitamente no ato da estipulação.

• Que o seguro de transporte nacional (TN), eventualmente contratado pelo embarcador,não substitui o RCTR-C do transportador, já que, neste, o segurado será sempre uma empresa de transporte rodoviário de cargas devidamente habilitada e com registro perante a ANTT (no RNTRC). “São seguros distintos, sendo o RCTR-C obrigatório em qualquer circunstância”, afirma textualmente a SUSEP.

• Que “a proposta do seguro de RCTC-C, no caso de apólice estipulada pelo embarcador, em nome da empresa de transporte rodoviário de carga, deve necessariamente ser assinada pelo segurado transportador, ou pelo representante legal deste, ou ainda pelo corretor do segurado”, acrescentando ainda que, nesta hipótese, não pode haver tratamento diferenciado quanto às averbações.

Conclui-se, assim, que a carta de DDR não pode ter como objeto os riscos cobertos pelo RCTR-C. Portanto, deve referir-se principalmente aos que dizem respeito a desvios de carga, cobertos pelo RCF-DC. Mas, este seguro facultativo, pelas próprias normas da Susep, está atrelado ao seguro obrigatório, já que somente o transportador que tiver o RCTR-C pode contratar o RCF-DC. Bastaria, a meu ver, que a Susep reconhecesse isso – ou, melhor ainda, que uma nova legislação reunisse ambos os seguros num só, obrigatório – para que a DDR perdesse o sentido e desaparecesse.

A parte mais importante na elaboração de uma apólice de seguros é, sem dúvida, a proposta de seguros, preparada a partir do questionário que o corretor faz junto ao transportador para que, com esses dados, possa apresentar à Cia. Seguradora um perfil do risco, em face das particularidades de cada empresa transportadora, o que é fundamental para o estabelecimento das condições de segurança. Além disso, é claro, as taxas variarão em função da experiência de cada empresa (sinistralidade) e do seu volume de averbações.

Alguns transportadores hoje têm suas apólices de RCTR-C estipuladas pelo embarcador e com as averbações feitas por este, o que parece configurar uma violação às instruções veiculadas pela Susep. De todo modo, não há dúvida de que a melhor forma de averbação é aquela feita pelo transportador, que é o detentor da apólice mesmo quando ela é estipulada pelo embarcador, sabendo-se, ainda, da necessidade de o pagamento desta despesa ser feito também pelo CNPJ do transportador, haja vista a escrituração contábil da mesma e a comprovação de seu efetivo pagamento.

O mercado segurador deveria ter uma percepção melhor do seu ganho quando a averbação é feita pelo transportador, que está no controle direto das operações e, portanto, em contato com os diversos tipos de cargas, de veículos, de estiva, de embalagens, de rodovias, entre outras variáveis. Aliás, é exatamente por isso que o RCTR-C – e todo e qualquer seguro relativo às operações de transporte – não pode e não deve ser contratado por ninguém mais que não seja o próprio transportador, que é quem conhece o seu próprio risco e tem a expertise do negócio. Uma apólice mal contratada pode levar à negativa de cobertura securitária a determinado sinistro, ameaçando até mesmo a estabilidade econômico-financeira da empresa de transporte. Além do mais, quando se tem várias apólices, com políticas diferenciadas de gerenciamento de riscos, há um forte comprometimento da produtividade das operações e um agravamento sensível dos custos com pessoal, equipamentos, tecnologia etc.

Portanto, todo o nosso esforço deve ser no sentido de que o mercado absorva e pratique o que diz a lei e os regulamentos existentes sobre o assunto, isto é, que somente transportador regularmente habilitado e registrado no RNTRC, através do seu CNPJ raiz, pode contratar o RCTR-C. E que somente uma apólice deste seguro pode ser emitida por CNPJ.

Além disso, a NTC & Logística, sempre com o apoio da seção de cargas da CNT, deve continuar lutando para que a Susep não permita distorções quanto a estes princípios e, principalmente, que se obtenha – seja pela via do órgão regulador, seja mesmo através de uma nova legislação –, a extinção definitiva das malfadadas cartas de DDR, que foram concebidas para que a seguradora não pudesse cobrar do transportador o ressarcimento por indenizações pagas ao seu cliente embarcador, mas que acabaram por se transformar numa armadilha perigosíssima, que ameaça a sobrevivência de muitas empresas de transporte, por força das distorções que foram sendo introduzidas no dia a dia do mercado.

Difícil de entender? Pois é, tudo isso poderá ficar muito mais claro, dando nitidez aos riscos e custos envolvidos, quando o transportador rodoviário de cargas voltar a ter sob o seu comando a apólice de seguros que ele mesmo contratar e, por consequência, a de gerenciamento de riscos,livremente negociada entre ele e a sua seguradora. Ele não precisa ser tutelado por ninguém no cumprimento do seu compromisso mais elementar, que é o de garantir a segurança e a incolumidade das cargas que lhe são confiadas para transporte.

Responsável: Marcelo Rodrigues

Gestão Financeira em Empresas de Transporte Rodoviário de Cargas

RESUMO GESTÃO FINANCEIRA EM EMPRESAS DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS

Este artigo tem como objetivo reproduzir um estudo realizado pelos autores para finalização do curso de pós graduação em gestão de negócios pela Fundação Dom Cabral sobre as melhores práticas e ferramentas financeiras existentes a fim de encontrar a melhor maneira de auxiliar gestores do setor de transporte de cargas na gestão de suas empresas.Para a realização deste trabalho, além da revisão bibliográfica sobre transporte rodoviário de cargas, contabilidade gerencial, controladoria, gestão e ferramentas de controle financeiro, foram visitadas três empresas do setor de transporte rodoviário de cargas com faturamento de R$ 300.000,00 a 1.000.000,00. Após estudo bibliográfico, a ferramenta “fluxo de caixa” foi escolhida para ser analisada nas empresas visitadas e através desta análise foi possível detectar os falhas na gestão dessas empresas e o surgimento de uma proposta que auxilie os gestores na gestão financeira das mesmas. Atualmente nas empresas do setor a gestão financeira é um dos itens críticos, muitas vezes por falta de planejamento. Através do planejamento definem-se os objetivos a serem alcançados e as ações para torná-los reais. As boas práticas contábeis são importantíssimas na geração de informações para as atividades do dia-a-dia, sendo também de extrema importância para identificar previamente as necessidades da empresa, antevendo os resultados financeiros das mesmas além de prover informações posteriores à execução dos serviços prestados.

Palavras Chave: Gestão Financeira,Fluxo de Caixa, Planejamento, Controle Contábil


ABSTRACT FINANCIAL MANAGEMENT IN BUSINESS ROAD CARGO TRANSPORT

This article aims to reproduce a study conducted by the authors for completion of graduate course in business management from Fundação Dom Cabral on best practices and existing financial tools in order to find the best way to assist managers of the road transport sector loads in managing their empresas.Para this work, in addition to literature review on road transport charges, management accounting, controlling, financial management and control tools were visited three companies in the trucking industry loads R billing $ 300,000.00 to 1,000,000.00. After bibliographical study, the
“cash flow” tool was chosen to be analyzed in the visited companies and through this analysis it was possible to detect failures in the management of these companies and the emergence of a proposal to assist managers in financial management thereof. Currently the companies in the sector financial management is one of the critical items, often for lack of planning. Through planning are defined the objectives to be achieved and actions to make them real. Good accounting practices are very important in generating information for day-to-day and is also extremely important to identify in advance the company's needs, anticipating the financial results of these in addition to providing further information to perform the services.

Keywords : Financial Management, Cash Flow Planning , Accounting Control


1- INTRODUÇÃO

Este estudo aborda práticas de contabilidade gerencial importantes para a geração de informações relevantes a um empresário do setor de transporte rodoviário de cargas.

A maioria das empresas de transportes inicia suas atividades informalmente, através de um vendedor de fretes que resolveu abrir sua própria transportadora ou um motorista que compra seu primeiro caminhão e após alguns anos consegue comprar um segundo ou terceiro caminhão. Estas são histórias recorrentes no setor quanto ao surgimento das empresas.

Existem poucas barreiras para entrada neste segmento e por este motivo o crescimento da competição no mercado exige das empresas maior controle na gestão dos recursos financeiros, tornando de grande importância a adoção de um sistema de gestão financeira que auxilie no planejamento e utilização dos recursos financeiros.

A gestão financeira desempenha um papel importante nas tomadas de decisões da empresa sendo relevante no planejamento das necessidades, na inventariação dos recursos disponíveis, na obtenção de financiamentos de forma mais vantajosa, na aplicação criteriosa dos recursos financeiros e, principalmente, na análise econômica e financeira da mesma.

Nesta pesquisa foi realizado um estudo bibliográfico sobre o setor de transporte rodoviário de cargas e suas características, bem como o estudo da ferramenta de gestão financeira “fluxo de caixa”.

Segundo Marion (2003) o fluxo de caixa é um instrumento pelo qual o administrador financeiro planeja e administra as entradas e saídas de dinheiro do caixa da empresa, esta ferramenta proporciona ao gestor uma visão nítida e diária da saúde de sua empresa.

Através da análise de fluxos de caixas (reais) utilizados por empresas do setor de transporte rodoviário de carga realizou-se um estudo sobre qual a melhor forma de estruturar esta ferramenta e de fazer com que o gestor a utilize e beneficie-se das informações obtidas.

O setor de transporte tem como característica um elemento importante em todo o processo de movimentação de carga no território brasileiro, onde mais da metade da carga transportada no país é realizada através de rodovias. Em pesquisa da Confederação Nacional de Transportes (CNT), 61% de toda a carga transportada no Brasil em 2009 usou o modal rodoviário, enquanto 21% passaram por ferrovias, outros 14% pelas hidrovias e terminais portuários fluviais e marítimos e apenas 0,4% por via aérea.

De acordo com o ultimo Registro Nacional de transportes Rodoviários de Cargas – RNTRC emitido pela ANTT, em 2014 o Brasil possuía o total de 1.017.627 empresas registradas para atuar no setor rodoviário, onde 848.772 são Transportadores Autônomos de Cargas – TAC, 168.450 Empresas de Transporte Rodoviário de Cargas – ETC e 405 Cooperativas de Transporte Rodoviário de Cargas – CTC. A Frota em 2014 totalizou 2.239.158 veículos.

Tomando como referência a mesma fonte, embora o cenário possa parecer promissor para as empresas do setor, as mesmas nos últimos anos vêm encontrando dificuldades em relação à rentabilidade e boa produtividade. A triste realidade demonstra que as empresas padecem do mau crítico e baixa lucratividade, pequena produtividade e alto endividamento, e na sua maioria operam com prejuízo no período.


2 BENCHMARKING REALIZADO: REALIDADES ORGANIZACIONAIS
Foram visitadas três empresas do setor de transporte rodoviário de cargas com faturamento de R$ 300.000,00 a 1.000.000,00 atuantes do interior de São Paulo.

Nas visitas observou-se toda a operação da empresa explicada pelo dono, além de uma breve descrição do mesmo sobre o seu dia a dia.

Ao questionarmos a utilização da ferramenta “Fluxo de Caixa”, em todas as empresas fomos encaminhados para o setor financeiro, pois o gestor não estava familiarizado com a ferramenta.

Em todas as empresas foram obtidas as cópias de seus fluxos de caixa bem como uma explanação do funcionário de como este é lançado e utilizado. Analisando o fluxo de caixa das três empresas envolvidas, e as informações obtidas pelo estudo bibliográfico, percebe-se que as todas as empresas utilizam o fluxo de caixa direto, em que as contas de entrada e saída de recursos são bem detalhadas e assim pode-se enxergar o dia a dia da movimentação da empresa.

Todas as empresas visitadas mantêm o seu fluxo de caixa atualizado e organizado.

Observando a rotina dos gestores e através de breves relatos dos mesmos, foi detectada a falta de gestão das informações financeiras da empresa, o gestor não inclui em sua rotina diária um tempo para analise dos números e resultados da empresa, segundo o gestor o único momento em que ele utiliza as informações do setor financeiro é para autorizar ou não os pagamentos do dia ou a utilização de algum recurso para uma urgência.

Os relatórios solicitados rotineiramente pelos gestores aos funcionários do setor financeiro são: Relatório de faturamento, Relatório de pagamentos do dia.


3 SOLUÇÃO PROPOSTA
O estudo bibliográfico realizado neste trabalho permite uma revisão geral nos conceitos de contabilidade gerencial, controladoria e ferramentas de gestão, dando enfoque ao fluxo de caixa.

Através da revisão destes conceitos e do contato com a realidade organizacional das empresas visitadas foi possível perceber que as empresas visitadas organizam suas informações financeiras de forma adequada e que os relatórios emitidos são alimentados diariamente pelos funcionários das empresas.

O que chama a atenção é o fato de que em todas as empresas visitadas, as informações do fluxo de caixa são adequadamente lançadas, porém são pouco utilizadas gerencialmente.

Os gestores das empresas possuem informações devidamente organizadas e de fácil acesso, porém estão bastante envolvidos com a operação de suas empresas e não disponibilizam um tempo maior para estudar seus recursos financeiros e planejar suas ações financeiras.

No caso das empresas estudadas especificamente a solução proposta é a de que os gestores passem por um treinamento “in loco” sobre como utilizar as informações geradas pelos seus relatórios, sobre como analisar os números antes, durante e depois das operações realizadas, entender o que significam e entender de que forma essas informações podem influenciar tanto positiva como negativamente nos resultados de sua empresa.


4 CONCLUSÃO
As empresas de transporte rodoviário de cargas abordadas neste estudo possuem todas as ferramentas necessárias para que haja uma gestão financeira eficaz, possuem softwares completos, que integram todas as áreas da empresa, possuem funcionários em todos os setores alimentando o sistema, gerando informações, porém falta aos gestores das empresas o entendimento da importância dessas informações geradas, o entendimento do que os números significam e de que maneira as análises financeiras podem ajudar a aumentar a produtividade e a fazer com que a empresa evolua.


5 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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Responsável: Carlos Eduardo Bueno, Vivian Maciel Bertaiolli, Sérgio José Ferreira, Vanessa dos Santos Ferreira e Joelma Lúcia dos Santos Souza