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Inteligência Artificial no Transporte Rodoviário de Cargas

Inteligência Artificial é um campo da ciência da computação que se dedica a criar sistemas e máquinas capazes de realizar tarefas que exigem inteligência humana. Essas tarefas incluem aprendizado, raciocínio, resolução de problemas, percepção, compreensão da linguagem natural e interação social. Conhecida como IA, pode ser desenvolvida para imitar a inteligência humana de diversas maneiras, usando algoritmos e modelos matemáticos complexos.
A tecnologia pode ser aplicada em diversas áreas, inclusive no transporte de cargas, sendo possível automatizar o controle manual de diversas maneiras, com aplicabilidade nas seguintes operações: otimização de rotas e logística, manutenção preventiva, rastreamento e monitoramento de cargas, gestão da frota, integração com dispositivos móveis, automação de processos operacionais, entre outras.
Há inúmeros softwares disponíveis para auxiliar o setor de transportes, aliados com a IA. Os mais conhecidos são os sistemas de rotograma falado, telemetria, i roll (roda livre), Gobrax (gestão de frota), sistemas de inteligência para armazém, e-commerce, roteirização, controle de roubo de carga, jornada de motorista e banco de horas, integrados com os rastreadores, sensores de aproximação e limites de faixas laterais (pacote de segurança).
A aplicação da IA dentro do TRC é cada vez mais utilizada por empresas, para melhorar o controle de seus dados e reduzir possíveis perdas. Uma das formas mais comuns de utilizar esses recursos é a instalação de câmeras com sensores de fadiga nos veículos, com capacidade de identificação de sinais de cansaço do motorista, manuseio de celular durante a direção e qualquer outra ação que tira do motorista o foco na direção, tudo com o auxílio dessa promissora inovação.
Esses sistemas funcionam 24 horas por dia e em tempo real. Podemos informar para IA quais informações desejamos ter, por exemplo, assim que configurado para o sistema que necessitamos que emitam um aviso sonoro dentro do veículo toda vez que identificado uma situação de sono ou cansaço, o aviso sonoro faz com que o motorista retome a atenção, evitando em casos ainda mais sérios que o mesmo cochile ao volante, impedindo um talvez futuro acidente.
Além disso, abre uma enorme janela para a empresa gerenciar e controlar os motoristas, entender se o seu colaborador está pilotando o veículo de acordo com as regras da respectiva empresa, dando chance para a empresa identificar possíveis fatores de riscos. Sabemos que acidentes são causados na maioria das vezes por uma falha humana, geram um risco de vida dos motoristas e de terceiros e mesmo que causem apenas danos materiais, produzem inúmeros prejuízos e incômodos. Poder utilizar um mecanismo através da Inteligência Artificial é um grande avanço para o setor de transportes rodoviários.
As informações geradas pelos sensores de fadiga chegam para os gerenciadores das frotas de veículos em tempo real, possibilitando que possa ser solicitado ao motorista que pare em local seguro e descanse.
A Inteligência Artificial juntamente com a utilização de sensores e análise preditiva pode prever falhas em veículos e equipamentos, concedendo uma manutenção preventiva e minimizando o tempo ocioso do veículo, diminuindo gastos desnecessários.
A Inteligência Artificial trabalha de forma rápida e muito eficiente, tendo um poder de analise grande, gerando um aumento significativo de produtividade pois possui uma capacidade alta de ler e interpretar os dados e solucionar os respectivos problemas encontrados. Dessa forma, a IA dentro do transporte rodoviário de carga permite que a empresa padronize e opere a sua linha de produção minimizando erros e gerando estabilidade nos processos.
Embora seja muito promissora a utilização de Inteligência Artificial dentro do TRC, podemos nos deparar com diversos desafios para a implantação. Cada sistema demanda de um custo, seja para obter ele ou até mesmo mensalidades para sua utilização, sabemos que a tarifa do frete vem a grande período defasado por inúmeros fatores que envolvem a operação. Além disso, os sistemas ainda são prematuros, trazendo ainda muitas falhas na operação. O aceite pelos motoristas também vem de em passos lentos, é necessário orientá-los de forma minuciosa que essas tecnologias estão vindo para auxiliar e não para prejudica-los.
Estamos cientes que a implantação da Inteligência Artificial dentro do setor do transporte rodoviário de carga estará cada vez mais presente no dia-dia das empresas, é momento de cada empresa avaliar como utilizar dessas ferramentas dentro da sua realidade.

Por: Taisa Piacentini Cagnin – COMJOVEM Videira

Fontes Renováveis no Futuro do TRC – Tua Empresa Vai Ficar de Fora?

A humanidade vive em constante evolução e em perfeita harmonia com o planeta terra. Será mesmo? Não é preciso refletir muito sobre o assunto para concluir que trata-se de uma afirmação, no mínimo, errônea e grosseira. Ao mesmo tempo em que traçamos um caminho longo na evolução humana, também não há dúvidas de que levamos a escassez de muitas fontes de energia necessárias para o aprimoramento da tecnologia e sobrevivência da espécie, as chamadas fontes não renováveis de energia. Com isso, colocamos em risco o equilíbrio homem x natureza.
Como uma tendência quase que inevitável, caminhamos agora rumo a busca por alternativas renováveis, as chamadas fontes de energia limpa. Surgem então alternativas que demonstram ser promissoras e econômicas ao mesmo tempo.
Diversos setores da economia passaram a voltar seu olhar para negócios rentáveis não apenas do ponto de vista monetário, mas também do posto de vista sustentável. O que rege as novas sinergias no mundo dos negócios a nível corporativo hoje estão alinhados com as boas práticas de ESG, do inglês environmental, social and governance. O mundo exige agora que corporações voltem o seu olhar para isso.
E diante deste contexto, como será que o transporte de carga – TRC vem se desenvolvendo para acompanhar essa tendência e contribuir com esse processo? Como um setor propulsor e estritamente alinhado com as produções de riqueza mundial, obrigatoriamente não pode ficar de fora, até mesmo porque, não se apegar a isso pode ser fator crucial para a redução significativa desse modal de transporte de riquezas produzidas. Ou alguém arrisca em duvidar que outras formas de transporte que não rodoviário e que usam com maior frequência de fontes de energias renováveis possam abocanhar uma fatia cada vez mais do transporte de cargas.
Atendo a isso e já precavidos, observa-se uma onda tecnológica que, embora ainda pequena e tímida, traz para o TRC opções interessantes para a economia e a sustentabilidade. Fornecedores apresentam ao mercado veículos movidos por energias limpas e com a emissão cada vez menor de CO2 na atmosfera. Outras opções de implementos e equipamentos também trazem na essência o uso de fontes inesgotáveis de energia. Caminhões movidos a gás natural deixam de ser protótipos e passam a rodar pelas estradas, caminhões elétricos passam a ser uma alternativa existente. As baterias passam a armazenar energia provindas da luz solar e a extensão do veículo passa a receber placas fotovoltaicas para que isso seja possível.
Já algumas mudanças de maior abrangência e com apoio e impulsionamento das políticas governamentais a níveis mundiais vieram para obrigar o TRC a se adequar, mesmo que muitas vezes em cenários não propícios a isso. Como o caso do biodiesel, combustível biodegradável que atualmente é adicionado ao combustível derivado do petróleo.
Não que esta opção não seja possível ou viável, mas é preciso que antes o processo de produção dessa energia seja melhor aprimorado e que os insumos que geram essa biomassa sejam melhor selecionados, assim como, é preciso que as tecnologias embarcadas nos motores dos veículos a diesel tenham maior capacidade de queima desse combustível com uma menor degradação das suas peças.
Já no TRC a nível nacional, com uma forte tendência ao conglomerado e ao surgimento de “mega-transportadoras” com maior capacidade de gerir a logística e com maior poder
econômico para o aprimoramento e a aquisição de caminhões movidos por energia sustentável, vem a dificuldade em colocar rodar a frota em um país de dimensões continentais, com uma malha precária e sem estrutura condizente com as tecnologias oferecidas, como, por exemplo, caminhões movidos a energia elétrica e a gás.
Por fim, embora ainda existam muitos desafios para o uso de fontes renováveis de energia no transporte, não há como não se adaptar a essa nova realidade que independentemente de estar pronta ou não, vai colocar os adeptos a esta tendência em outro patamar do transporte rodoviário de cargas.

Por: Cide Teixeira – COMJOVEM Videira

Quem Será o Motorista da Rodada?

Atualmente um fator extremamente necessário para o transporte e que vem se intensificando negativamente é mão de obra operacional, mais precisamente, qualificação e busca por vagas de motoristas profissionais.

Nos últimos anos, estatísticas em todo o país apontam e reafirmam este aspecto que veem se intensificando com a escassez de motoristas, trazendo consigo ameaças em cadeia para toda a população pós período pandêmico. Sem o funcionamento rodoviário em suas devidas e respectivas necessidades, à medida que as economias se recuperam e a demanda por serviços de transporte se intensifica, com poucos motoristas qualificados a serviço, ocasiona no enfraquecimento do funcionamento do transporte rodoviário.

Os principais obstáculos apontados para a dificuldade de contratar motoristas é a severidade e as dificuldades que são exigidas pela profissão nas rodovias brasileiras. Fatores que intensificam a vasão destes profissionais:

  • Descriminação e desvalorização por parte da sociedade quanto ao profissional motorista, causando a impressão de função desprezível e irrelevante;
  • Insegurança nas rodovias causada pelo grande número de roubos que também demonstram alavancado crescimento e preocupação, bem como acidentes provocados com imprudências cometidas por terceiros da via;
  • Clientes mal estruturados, muitas vezes proibindo a abertura de caixa de comida para refeições, banheiros em situações depredáveis e sem local para realizar sua higienização pessoal e de suas roupas;
  • Tratamento desigual nos embarcadores e guaritas, muitas vezes até mesmo sem contato visual com o pessoal, apenas realizando a entrega de documentos sem diálogo e orientações quanto a documentação e carga;
  • Exigências como de câmeras de fadiga o que em muitos casos é visto como invasão de privacidade e decorrendo em solicitação de rescisão de contrato devido causar stress devido aos alertas gerados; 
  • Implementação da lei 13.103/2015 aonde limitou a jornada de trabalho dos motoristas em 12 horas diárias, sendo destas, 8 horas normais + 4 horas extras, com paradas para descanso e pernoite mínima de 8 horas, fato este que antes desta lei vigorava a Lei número 12.619/2012 e anterior a esta vigorava o inciso I do artigo 62, da CLT, que dispensava o trabalho externo do controle de jornada, fatos que, motoristas de anos de estrada sentiram-se pressionados com estas imposições;
  • Longos períodos longe de seus familiares, esposas e filhos;
  • Infraestrutura deplorável em alguns pontos das rodovias apresentando pistas irregulares, fissuras, desníveis e buracos;
  • Falta de sinalizações e ausência de acostamentos em rodovias com via de mão de única;

Segundo a FETRANCESC, estatísticas divulgadas pelo Instituto Paulista do Transporte de Carga (IPTC) em parceria com o Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e São Paulo e Região (Setcesp), com a publicação em 28/05/2021, a quantidade de motoristas categoria C caiu drasticamente entre 2015 e 2020, aonde a  redução foi de 5,9% ao ano no número de motoristas com CNH C desde 2015, com queda mais acentuada em 2017 e 2018, quando caiu 8,9%, implicando em um número superior a 1 milhão de motoristas.

Anos atrás era perceptível o orgulho pela profissão, aonde pais passavam o legado do transporte para seus filhos, passando de geração em geração o amor e respeito por esta renomada e importante profissão, fato este que está se perdendo. No entanto, conforme a NTC (Associação Nacional do Transporte & Logística), o interesse pela profissão de motorista de caminhão vem despencando no Brasil. Atualmente, 60% dos profissionais do setor têm mais de 50 anos, sendo que cada vez mais verifica-se a dificuldade em criar um plano de carreira com a nova geração e tornando cada vez mais próximo a escassez de motoristas profissionais qualificados para essa tão importante operação.

Identificamos então a importância que este profissional tem na sociedade, responsável pelo abastecimento do país, mas para que este impacto seja sanado o quanto antes possível a fim de evitar uma crise em cadeia, precisamos tomar algumas tratativas e ações como meio de intervenção, tais como:

  • Redução do valor para habilitação, pois altos valores impossibilitam que interessados, mas com condições de vida inferiores, desistam da opção de seguir carreira pelo grande investimento que terá de fazer;
  • Redução da idade para realizar a habilitação categoria ‘'E'' e assim antecipar o estimulo para seguir profissão, sendo que a necessidade de possuir 21 anos completos faz com os jovens busquem outras profissões antes de ter a chance e contato como de motorista. Para este caso, faz-se necessário que haja um acompanhamento com apadrinhamento de motoristas a anos de estrada com estes jovens desde os 17 anos para aprenderem com o tempo os macetes, locais de risco, manutenção básica do veículo, como conduzi-lo de forma segura e de direção defensiva para que então com 18 anos completos possa realizar a sua habilitação e seguir carreira;
  • Maior investimento e apoio das empresas quanto a qualificação dos motoristas já existentes e de novos profissionais, com cursos disponibilizados pelo próprio SEST SENAT de Direção Defensiva e Motorista Aprendiz e também pelo curso criado pela FABET com o Programa Caminhão Escola Avançado (cursos disponibilizados em Santa Catarina e São Paulo);
  • Aumento do salário mensal dos motoristas de acordo com o aumento de frete, proporcionando melhor visualização para a carreira e reconhecimento da população em geral, atraindo e aumentando a procura por estas vagas;
  • Inclusão e oportunidade para jovens e mulheres, mostrando os pontos positivos e negativos, alertando o motivo de toda tecnologia nova justamente a fim de garantir saúde e segurança do próprio motorista, mostrando que com a evolução e que com qualificação e empenho há uma ótima oportunidade para crescimento financeiro e de reconhecimento nesta profissão;

Faz-se necessário também, que as empresas relembrem e enfatizem com seus motoristas toda a evolução que a lei do motorista 13.103/2015 e a tecnologia agregaram para a segurança no transporte, aonde protege o motorista de jornadas exaustivas; veículos equipados com cama, cozinha, ar-condicionado, câmbio automático e tecnologias embarcadas como o rastreamento dos veículos; câmeras de fadiga auxiliando a proteger o motorista que dirige defensivamente e quando envolvido em sinistro possui como aliada em sua defesa; cursos como de direção defensiva que os orientam quando a velocidade como por exemplo, um item extremamente importante e interligado com motivos de tombamentos, sendo que sempre que controlado evita drasticamente as estatísticas, evitando o tombamento e outros sinistros.

As soluções existem, mas a imposição e ação do governo para facilitar o acesso a profissão, melhorar as condições rodoviárias e capacitar a força de trabalho é extremamente importante, além disso, também é de suma importância a conscientização da sociedade quanto a profissão de motoristas e o quanto evoluiu nos últimos anos, ser motorista é doar-se a uma nação e junto a ela crescer e se desenvolver.

Referências Bibliográficas

NEUTO GONÇALVES DOS REIS. Diretor-Técnico Administrativo da Ntc&Logística (comp.). ESCASSEZ DE MOTORISTAS PODE ELEVAR CUSTOS DO TRC. ..

Disponível em:

https://www.portalntc.org.br/wp-content/uploads/escassez-de-motoristas-pode-elevar-custos-do-trc.pdf  Acesso em: 30 set. 2021. 

 NOVA pesquisa IRU mostra escassez de motoristas aumentar em 2021. Disponível em: https://setcesp.org.br/noticias/nova-pesquisa-iru-mostra-escassez-de-motoristas-aumentar-em-2021/ . Acesso em: 30 set. 2021.

FELTRIN, Aline. Por que os jovens não querem ser motorista de caminhão?: fatores como salário baixo, falta de qualidade de vida e ficar muito tempo longe da família afastam a nova geração dessa profissão. Fatores como salário baixo, falta de qualidade de vida e ficar muito tempo longe da família afastam a nova geração dessa profissão. 2021. Disponível em: https://estradao.estadao.com.br/caminhoes/por-que-os-jovens-nao-querem-ser-motorista-de-caminhao/ . Acesso em: 30 set. 2021.

FALTA DE MOTORISTAS QUALIFICADOS PREOCUPA MERCADO RODOVIÁRIO DE TRANSPORTE DE CARGAS. 2021. Disponível em: https://www.coopervalelog.com.br/noticias/falta-de-motoristas-qualificados-preocupa-mercado-rodoviario-de-transporte-de-cargas/ Acesso em: 30 set. 2021.

A FALTA de motoristas e reflexões. 2021. Disponível em: https://www.fetrancesc.com.br/blog-post/a-falta-de-motoristas-e-reflexoes. Acesso em: 30 set. 2021.

Por: COMJOVEM Videira