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Como a pandemia influenciou o transporte rodoviário de cargas

O ano de 2020 era dado como promissor, até que o inimaginável se tornou realidade: uma pandemia! O mundo todo se viu num cenário de muita incerteza e insegurança e em meio este caos lá se foi o ano.
Muitos mortos, mas felizmente, mais ainda recuperados da COVID-19. Enfrentamos o caos na expectativa de qual será o novo normal, transitando entre a imprudência e a histeria, regados a muito álcool em gel tentamos seguir a vida diante do inimigo invisível.
É inegável que lições valiosas foram aprendidas. Sejam elas pessoais ou enquanto sociedade, onde passamos a perceber o que realmente importa. E na gestão de empresas não poderia ser diferente. Onde mais uma vez, o setor de Transporte de Cargas (TRC) se mostra imprescindível.
Os caminhões não pararam. Os motoristas não pararam. As transportadoras não pararam. No auge do isolamento social, enquanto tudo deveria estar fechado, o transporte de cargas figurou entre os serviços essenciais. Mas como manter uma empresa operando, mediante a tantas incertezas?
A resposta não é tão simples e variou entre os diferentes ramos do TRC. Como por exemplo automobilístico, e-commerce, alimentício, fármacos, produtos químicos, entre outros. Inclusive atender a diferentes nichos do mercado foi uma grande vantagem. Quem transporta para um único segmento, pode ter visto o faturamento zerar ao invés de apenas reduzir, reforçando a importância de se diversificar os negócios. Alguns setores pararam abruptamente, enquanto demanda e consequentemente o transporte de produtos de limpeza, teve um aumento expressivo, por exemplo.
Num primeiro momento as políticas públicas foram essenciais. Graças as Medidas Provisórias e programas de financiamento via BNDES, pode-se planejar o início da crise, no que tange o maior custo de quem presta serviços, a folha de pagamento. A ação rápida do governo em flexibilizar as férias, possibilitar redução ou suspensão dos contratos de trabalho permitiu que as empresas adaptassem seus recursos e pessoal a nova reduzida demanda. No entanto, as linhas de crédito não foram tão acessíveis, deixando muitas empresas a margem da possibilidade de financiar os salários via BNDES.
O que restou para as empresas foi reduzir e renegociar os custos fixos, bem como reestruturar as operações. Pelo menos, todos estavam no mesmo barco e de um modo geral flexíveis, pois não havia como não ceder em algo, sob pena de todos perderem. E mais uma vez o empresário sentiu na pele a importância de um bom caixa. A vantagem do TRC nessa crise foi que os custos variáveis compõem significativa parcela das saídas do caixa. Então, foi possível reduzir os custos operacionais com o aumento de prazos de entrega, espaçamento das transferências e menos veículos trafegando. Afinal, felizmente nesse caso, quanto mais um caminhão roda, mais custos ele gera.
Claro que o brasileiro se adaptou a tudo isso. Inimaginável também eram as reuniões virtuais, home office e tantas outras mudanças que agora já fazem parte da nossa rotina. A crise é sempre uma excelente oportunidade para se rever processos. E o setor percebeu que precisa investir em tecnologia, melhorar seu fluxo de informações e estruturar suas empresas. Não só por lucratividade e competitividade, mas também para a sustentabilidade do próprio negócio.
Apesar dessas influências diretas que a pandemia causou nas operações de transporte, é preciso também olhar o macro e contemplarmos como finalmente a sociedade compreende a real importância do TRC. Porque em um passado não muito distante, assistíamos quase que passivamente, nossos caminhões serem os vilões dos congestionamentos ou os principais causadores de acidentes. Pagamos o preço pela falta de infraestrutura e o gap de intermodalidade com os rodízios, as restrições de horários para circulação e a imposição do exame toxicológico.
Se a greve dos caminhoneiros autônomos em 2018 fez a sociedade temer o desabastecimento e começar a perceber a necessidade dos caminhões trafegando. A pandemia trouxe gratidão e admiração para o setor. Principalmente quando viralizaram os relatos dos motoristas sobre as dificuldades em continuar trabalhando, com os postos de parada fechados. Vídeos como do caminhoneiro Ilizeu Kosooski, que emocionado pede suporte e apoio para quem estava mantendo o Brasil em pé, em suas palavras.
Seja quantas forem as influências da pandemia no TRC, tantas serão as lições e mudanças que ela vai deixar. Resta agora, aguardar o novo normal chegar. Torcendo pra que haja sabedoria o suficiente para que ele seja melhor do que antes.

Por: Mariana Kamiguchi Varajão

A união e a força que provocadas pela pandemia

O que se parecia tão distante, surreal e improvável, transformou-se em medo, incerteza e realidade de forma repentina. Quando um vírus para com o mundo todo, afetando-o de forma drástica.
As prospecções para o ano de 2020 eram muito positivas para o setor de transporte de cargas. No entanto, a covid-19 desfigurou esse cenário, tornando-o de medos e incertezas. Se adequar e se adaptar se tornaram tarefas de grande sacrifício.
No meio em que estamos ingressos, muito se fala das dificuldades em se manter no mercado e das adaptações necessárias. Um setor repleto de especificações e complexidades, em meio a pandemia redobraram as exigências. Medidas precisaram ser adotadas para manter a fluidez mais próximo ao normal possível.
Manter as atividades mínimas necessárias possibilitando continuar o fluxo das operações, garantindo segurança, bem-estar e até mesmo, a vida dos profissionais que na rua estavam para manter abastecidos mercados, farmácias, hospitais, e consequentemente garantindo que não faltassem itens básicos para toda população.
Para estes profissionais que percorrem as estradas e estão de frente com os riscos impostos pela pandemia, todo uma cultura foi descontruída e uma nova foi criada. O “se adaptar” foi de grande impacto para uma classe de tamanha união e representatividade. O medo e insegurança que eles sentiam, foram repassados para a empresa, que os transformavam em apoio e estímulo para que estes seguissem firmes.
Os agradecimentos diários que a empresa recebia e recebe destes profissionais pelo suporte proporcionado neste momento de incertezas, são a maior força que se pode obter.
As atividades vão se reestabelecendo aos poucos, porém, todos os ajustes feitos para se adaptar à nova realidade se mantem. E mais uma vez, o setor de transporte e toda a sua classe mostra a força e potencial que possui.

Por: Jerssica Marisa Gral

Como a pandemia influenciou o transporte rodoviário de cargas

Finalizamos o ano de 2019 com esperança e otimismo de um 2020 repleto de surpresas e realizações, porém, a realidade foi outra. Enquanto os dois primeiros meses do ano davam a indicação de um ano realmente promissor, fomos surpreendidos no mês de março, com a chegada do COVID-19 de forma brusca ao Brasil. Vivenciamos acontecimentos tão inesperados, que nem os mais especialistas e estudiosos poderiam prever. Além do COVID-19, com alto índice de contágio, de forma rápida, fácil, fatal, houve fechamentos do comercio, restaurantes, shoppings, algumas indústrias e escolas, restrição de acesso, de circulação, uso de máscara e álcool gel obrigatórios; gafanhotos gigantes; ciclone!!!!!

A partir da segunda semana de março, iniciaram as notícias mais impactantes para o nosso setor, de transporte de cargas. Uma onda de incertezas nos abalava, e nossas decisões de conduta mudavam a cada instante, pois o quadro da pandemia nacional e mundial evoluía repentinamente. Tudo que sabíamos agora, daqui alguns minutos já estava desatualizado. Auxílios Emergenciais, Saques de FGTS foram permitidos para que as famílias pudessem sobreviver durante pandemia, momento que muitos foram desempregados. Medidas provisórias foram criadas pelo governo para apoiar as empresas nesse momento econômico tão incerto, mas nem elas eram precisas.

Grupos de trabalho e estudo foram criados para analisar qual a melhor forma de conduzir o transporte com segurança, já que é um segmento que a execução não pode ser a distância. Muita divulgação e procedimentos com relação ao distanciamento, às medidas de isolamento, de hábito do uso do álcool em gel, do uso da máscara, afinal de contas, não é um simples uso, e trata-se da saúde dos colaboradores e seus familiares.

A forma de trabalho foi completamente adaptada à nova realidade. Trabalho em home office, reuniões online, lives, palestras online, treinamentos online, e-commerce, o mundo se aproximou através de uma tela.

Se antes tínhamos uma ou duas reuniões em um dia, hoje temos quatro. Nosso tempo se multiplicou. Os deslocamentos só apenas quando necessários, e isso está fazendo a gestão do transporte cada vez mais pensar, reinventar, inovar, pois aproveitamos mais o tempo que temos para produzir, gerar e gerir a informação.

Não são apenas essas as colheitas. A queda de faturamento foi abrupta e destruidora para muitos, e chegou a 45,2%, segundo Associação Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas e Logística – NTC&Logística. Em junho ainda estava em 36,8% de queda. Em julho

chegamos a 22,9% (disponível em https://estradao.estadao.com.br/caminhoes/transporte-rodoviario-recuperacao/). Empresas que focaram no e-commerce realizaram novas contratações e investimentos em frota, esperando um crescimento de 13%. O PIB retraiu em 8% seu crescimento, sendo a maior queda registrada em 120 anos, de acordo com Fetcemg.

Esse é apenas um resumo dos acontecimentos desse ano e dos impactos dele no nosso setor. E o que nos espera em 2021? Não sabemos, pois já estamos tendo falta de produto no mercado, falta de matéria prima, consequentemente atraso nas produções, nas entregas, e com isso corremos o risco de inflação elevada, devido a escassez de oferta. Sem falar na disponibilidade de veículos destinados ao transporte no mercado. Há listas longas de esperas para aquisição de novos veículos, e os usados, cada dia mais caros.

Precisamos ser otimistas para o próximo ano, e acreditar não somente no melhor possível para a categoria, mas principalmente no que poderemos nos superar e pôr em prática tudo o que aprendemos com a dificuldade que passamos, e muito mais que ainda podemos realizar. A gestão diária será cada vez mais necessária para o sucesso dos negócios.

Referencias:

http://fetcemg.org.br/posts/transporte-rodoviario-de-cargas-segue-em-movimento#:~:text=A%20demanda%20por%20transporte%20rodovi%C3%A1rio,alcan%C3%A7ado%20em%20meados%20de%20abril.

https://www.portalntc.org.br/noticias/6452-demanda-por-transporte-rodoviario-de-cargas-no-brasil-tem-melhor-nivel-desde-marco-segundo-decope.html

As diferentes fases dos impactos da pandemia no transporte de cargas

No começo era o caos. Ao final de março de 2020 todos os empresários e funcionários das empresas do setor de transporte temiam pelo pior. As previsões de demanda em função de uma possível quarentena estendida ou da necessidade de um lockdown mais severo apontavam para impactos negativos, mesmo em segmentos do transporte que carregam produtos essenciais para a vida das pessoas. Esta talvez tenha sido a primeira fase dos impactos da pandemia no setor de transporte. Em pouco tempo percebeu-se que era possível analisar em detalhes, com calma e otimismo os impactos da pandemia no setor. Neste momento começou a ser possível vislumbrar estratégias para lidar com o vírus e a pandemia. Internamente, foi momento de pensar na segurança dos colaboradores e em garantir a continuidade do trabalho com saúde e produtividade. Externamente foi possível começar a perceber oportunidades e estruturar-se para aproveitá-las. Foi importante nesse momento o arrojo e o preparo prévio de prospecção de clientes e qualificação de fornecedores para atender a demanda e maximizar os resultados. Houve um terceiro momento em que a sociedade e a economia em geral sentiram efeitos da pandemia. O principal impacto fez com que as transportadoras tivessem de pensar nos custos e ponderar investimentos visando expandir e aproveitar o momento para absorver um pouco mais de valor. Chegamos, por fim, ao cenário atual. Passadas três fases distintas de momentos estratégicos completamente diferentes é chegada a hora de pensar em 2021. Não se sabe exatamente até quando vai a pandemia. Não se sabe se novas restrições de circulação de pessoas e mercadorias serão impostas. Porém, o que aprendemos com a pandemia é que as coisas podem mudar rapidamente de figura. Se agora o setor “surfa a onda”, pode ser que em breve tenhamos um cenário não tão favorável. Sem sombra de dúvidas chegarão satisfeitas com os resultados, ao final de 2021, as transportadoras que tiverem agilidade no diagnóstico estratégico e rapidez na adaptação interna ao momento. Mais do que nunca, não serão os mais fortes nem os mais inteligentes que sobreviverão, mas sim aqueles que se adaptarem melhor ao ambiente em mudança. Charles Darwin mais uma vez tinha razão.

Por: Patricia Costella

As Transformações e Influências da Pandemia no Transporte de Cargas

O ficar em casa se tornou uma estratégia de sobrevivência para conter o avanço da epidemia da Covid-19. Ao mesmo tempo, pela mesma questão, alimentos, medicamentos e itens essenciais não puderam deixar de ser entregues. Toda esta situação ensinou muitas coisas e valorizou (ainda mais) a importância da atividade do Transporte de Cargas.
Quando 2020 chegou, a expectativa era de crescimento para o segmento, estimulados pela certeza do quanto os modais são essenciais ao desenvolvimento do País.
Talvez a grande surpresa tenha sido não haver um País imune ao contágio e aos riscos que o vírus trouxe, mesmo diante do avanço tecnológico que alcançamos até aqui. Mesmo as grandes potências mundiais sofreram impactos. Não teve fronteiras suficientemente fortes para um perigo invisível e que colocou e continua colocando em risco o principal valor: a vida.
No mercado do Transporte Rodoviário de Cargas foi necessário encarar uma queda de até 40%, conforme pesquisa divulgada pela NTC&Logística. Isso foi consequência do fechamento de cidades inteiras, efeitos colaterais resultantes de freada brusca. Porém, toda a crise se torna uma possibilidade à inovação e de empreender mudanças. Ou seja, é na crise em que as pessoas e os negócios se reinventam.
Prova disso é o e-commerce, que expandiu e atraiu até quem tinha resistência a compras pela internet. De acordo com o Compre&Confie, o e-commerce brasileiro faturou R$ 9,4 bilhões em abril, um aumento de 81% em relação ao mesmo período de 2019. Além disso, houve aumento médio de 400% no número de lojas que implantaram comércio eletrônico, de acordo com informações da ABComm. Até o início da segunda quinzena de março, a média era de 10 mil aberturas por mês. O número saltou para 50 mil mensais logo após os decretos de isolamento social.
Esses ajustes no mercado renovaram a movimentação no Transporte Rodoviário de Cargas, afinal, após as pessoas escolherem os itens desejados, na segurança de suas casas, via smartphone, tablet ou computador, as mercadorias precisam ser levadas até seus endereços.
Tudo isso destaca a grandeza e o comprometimento dos motoristas e de todos os demais trabalhadores do setor, que permaneceram em atividade, transportando alimentos, medicamentos e os mais diversos itens. Por mais avançada que seja a tecnologia embarcada, a presença destas pessoas, com a
responsabilidade em todas as áreas do processo, é primordial. Acima de tudo, eles são especiais, porque deixaram suas famílias em casa e enfrentaram o risco em prol de uma só causa: manter o abastecimento.
A pandemia da Covid-19 também obrigou as adaptações para reuniões on-line, eventos, diversas atividades de trabalho home-office e até as aulas encontraram no espaço virtual uma nova forma de acontecer. Mas a entrega dos produtos continua a ser feita da mesma forma, mostrando o quanto todos os modais de transporte são relevantes, em especial, o rodoviário de cargas, que chega na etapa final, onde é aguardado.
Em outras palavras, a pandemia reforça a relevância do Transporte Rodoviário de Cargas e que o maior patrimônio das empresas são as pessoas. Dentro das moradias, também ganhamos a oportunidade de olhar mais nos olhos, rever e melhorar as relações e de nos conscientizarmos da importância de dar uma trégua a nós mesmos.
Nós que, diariamente, fazemos chegar algo aguardado para alguém, precisamos também lembrar onde nós mesmos queremos chegar e que essa viagem precisa ser apreciada, rumo a um destino de qualidade.

Referencias;
https://diariodocomercio.com.br/economia/demanda-pelo-modal-rodoviario-tem-queda-de-40-no-brasil-com-a-pandemia/
https://www.istoedinheiro.com.br/pandemia-do-coronavirus-faz-e-commerce-explodir-no-brasil/
https://www.ecommercebrasil.com.br/noticias/e-commerce-cresce-abril-fatura-compreconfie-coronavirus/

Por: Geovani Serafim

Teletrabalho e transporte: É possível?

A pandemia trouxe a necessidade de isolamento social e com isto a instituição de novas formas de trabalho, de relacionamento, mudança nas estruturas e cultura organizacional. Mais que mudar o local de trabalho, a grande questão foi como chegar aos resultados esperados em um momento totalmente imprevisível.
Vivemos um momento nunca imaginado. A ideia de mundo globalizado, sem fronteiras, atingiu seu ápice, infelizmente, de uma maneira negativa. Nem mesmo as organizações de ponta tinham no seu planejamento um plano de contingência para uma pandemia global. Foi uma corrida para atender o agora, sem saber onde e quando chegaríamos ao ponto final.
Já estávamos vivendo no “Mundo VUCA” (volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade), as organizações sendo exigidas a entregar o melhor em menos tempo, e a pandemia nos apresentou que tudo pode ser atualizado e exponenciado, nos obrigando a viver em uma nova versão de mundo.
Esta corrida atrás do desconhecido foi movida pelo stress que apresenta dois lados: O stress que paralisa e o stress que movimenta. Como animais ativamos o nosso modo sobrevivência e direcionamos toda a nossa força no agir e atacar o inimigo.
Este instinto foi vivenciado, sentimos na pele e em toda a economia, com destaque para a cadeia logística. O transporte, na categoria de necessidade básica, assumiu um status poucas vezes alcançado. E em um dilema: Como adaptar uma área que “roda”, enquanto o mundo diz pare?
O desafio foi como atender a necessidade de suprir o país e ainda assim proteger nosso bem maior: as pessoas, os nossos colaboradores. Como os motoristas e toda a equipe operacional trabalhariam seguros, mesmo estando na contramão das orientações gerais?
Nesta turbulência a parceria do corpo diretivo, jurídico e recursos humanos foi essencial para o sucesso de cada uma das batalhas e sobrevivência da organização. Além de toda a incerteza, assim como o abalo sofrido pela economia, necessário se fez aprender a lidar com as constantes modificações na legislação trabalhista emergencial, traduzidas nas denominadas MPs (medidas provisórias). Nem mesmo os mais altos poderes saíram ilesos. As decisões precisavam ser rápidas e sempre atentas as novas diretrizes.
Enquanto não sabíamos as consequências da pandemia, a atitude foi diminuir o risco e agir. E uma das primeiras ações foi decidir as funções e profissionais que poderiam trabalhar à distância. O home office, teletrabalho ou trabalho remoto, modalidades nunca cogitadas em uma transportadora, tornaram-se necessárias para que a atividade econômica não fosse interrompida.
O trabalho remoto já estava previsto na CLT, art. 6o, e ganhou ênfase na reforma trabalhista, nos termos dos arts. 75-A a 75-E, mas ainda não era bem visto por empregados e empregadores, e, portanto, pouco praticado.
O artigo 75-C da CLT, desde 2017, determina que a prestação de serviços, na modalidade de teletrabalho, deve constar expressamente do contrato individual de trabalho ou termo aditivo de contrato de trabalho, especificando as atividades que serão desenvolvidas pelo empregado e o modus operandi, sendo necessária a

anuência do empregado, ou seja, não se trata de mera liberalidade do empregador.
A CLT ainda prevê que o retorno ao trabalho presencial é decisão do empregador, com prazo de 15 dias para transição. Já a Medida Provisória 927 desburocratizou o teletrabalho e permitiu que a empresa decidisse o momento propício a ser aplicado, não sendo necessário um aditivo contratual naquele momento, bastando a empresa comunicar por escrito ou por meio eletrônico ao empregado com 48 horas de antecedência. Lembrando que o teletrabalho da pandemia é transitório e excepcional, sendo a CLT a regra prevalente.
Fato é que a lei trabalhista autoriza esta modalidade, exigindo, na prática, apenas formalização, adaptações e políticas internas nas empresas, inclusive quanto a saúde e segurança do trabalhador.
Ou seja, já não é apenas uma tendência e sim uma realidade, que traz a necessidade de se pensar na infraestrutura e nas ferramentas de trabalho, sejam um computador, internet, telefone, bem como trabalhar a comunicação e cultura organizacional.
Observe-se que a Lei trabalhista nada fala sobre custos decorrentes dessa modalidade de trabalho, como internet, telefone e infraestrutura em geral, o que precisa ser pactuado entre as partes desde o início do teletrabalho.
Evidentemente que o teletrabalho traz alguns benefícios, reduz o tempo em trânsito, reduz despesas de deslocamento casa trabalho e vice-versa, pode aumentar o bem-estar físico e emocional, mas exige organização e foco, para que sejam obtidos resultados satisfatórios.
Vale observar que, de acordo com a Lei trabalhista, o empregado em teletrabalho permanente ficará dispensado de controle de jornada, de acordo com o artigo 62, III, da CLT, afastando a necessidade de pagamento de horas extras. Entretanto, nada impede que empregado e empregador pactuem a forma de controle que poderá ser por tarefa ou por horário, o que deve estar definido com clareza no contrato de trabalho.
Para finalizar, note-se que persiste a discussão sobre a diferença entre teletrabalho e home office, que pode ser sanada com uma comunicação clara e precisa.
O teletrabalho é realizado sem controle de jornada, fora das dependências do empregador, de forma habitual, não se constituindo trabalho externo, com anotação expressa no contrato de trabalho, inclusive sobre especificações da modalidade adotada.
Enquanto o home office é executado na residência do trabalhador, de forma eventual, não possui disposição expressa na CLT, deve ser instituído em norma interna do empregador e não exige formalização no contrato de trabalho. Nestes casos, o exercício de suas funções poderá ser realizado de casa em determinados dias da semana ou períodos, de modo que poderá inclusive prestar o serviço parte em sua residência, parte na sede da empresa, permanecendo o trabalhador com o direito de receber horas extras e adicional noturno, quando aplicáveis.
Sempre recomenda-se consultar a CCT da categoria, bem como seu advogado para os pormenores da relação contratual, o qual adaptará a Lei a sua realidade e ramo de atuação.
Muito mais que uma mudança nas formas de trabalho, está ocorrendo uma mudança de mindset. Que o mundo não será mais o mesmo é fato, mas cabe a nós enfrentarmos este desafio potencializando as competências em prol da satisfação de todos. Unindo o atendimento as normas recomendadas, qualidade do trabalho e nas pessoas, teremos como resultado o fortalecimento e crescimento das organizações.

Por: Deborah Christiane Cardoso Corrêa e Valéria Melnik