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O Motorista do Futuro

Recentemente a notícia de que a falta de motoristas profissionais no Reino Unido vem causando vários problemas de desabastecimento no país trouxe à tona um problema crônico que atinge também o Estados Unidos, o Brasil e vários outros países da Europa e do mundo.
No Reino Unido, especificamente o Brexit somado à crise causada pela pandemia de Covid-19 contribuíram significativamente para esse cenário.
A escassez de caminhoneiros está causando problemas para transportadoras e muitos outros empreendimentos comerciais. Isso ocorre porque a cada ano o número de motoristas que se aposentam é bem maior do que o número de novos motoristas que ingressam no mercado.
De acordo com relatório técnico do IPTC (Instituto Paulista de Transporte de Cargas) em parceria com o Setecesp (Sindicato das Empresas de Transporte de SP) e através de dados do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) foi registrada uma queda significativa no número de profissionais habilitados para direção de caminhões na categoria C e complementares. Até 2015 o Brasil registrava um crescimento médio 1,4% ao ano no número de motoristas de caminhões, chegando a um total de 5.605.511 profissionais habilitados na categoria C e complementares. Contudo, entre 2015 e 2020 esse número começou a recuar em média 5,9% a cada ano, chegando a um total 4.541.998 profissionais.
O relatório também apresentou uma mudança no perfil de idade dos motoristas que em 2010 se concentravam na faixa entre 41 e 50 anos de idade e em 2020 passou a concentrar na faixa entre 51 e 60 anos de idade.
Não são apenas as condições de trabalho que estão por trás dessa tendência. Os cenários de ameaças resultantes do progresso tecnológico na direção autônoma apresentam um problema muito maior: esses são cenários em que caminhões elétricos navegam de forma autônoma, o que significa que os motoristas de caminhão de hoje podem se tornar excedentes para as necessidades. Vale a pena mudar de perspectiva aqui, pois a ameaça percebida abriga inúmeras oportunidades de desenvolvimento profissional, que simplesmente tem que acompanhar o tempo.

Segundo o site tkographix.com, perguntar se o caminhoneiro do futuro dirigirá um caminhão soa redundante. No entanto, é um questionamento válido. Quanto mais perto os carros e caminhões sem motorista se tornam uma realidade, mais confiável se torna a pergunta. A realidade é que, em um futuro não muito distante, os motoristas de caminhão podem não estar dirigindo caminhões. Se os motoristas de caminhão não estiverem dirigindo, o que farão?
Alguns acreditam que a chegada de caminhões autônomos deixará inúmeros profissionais sem emprego, inundando o mercado de vagas e causando turbulência econômica generalizada.
A chegada de caminhões autônomos não significa que todos os veículos estarão sem motorista. Isso significa que os veículos podem se dirigir sozinhos. Isso não elimina os motoristas de caminhão. Isso pode diminuir o número de motoristas necessários e, certamente, mudará as habilidades exigidas de um caminhoneiro.
Os carros e caminhões autônomos não serão introduzidos do dia para a noite. Eles passarão pelos diferentes estágios de implementação, desde a direção assistida ou parcialmente automatizada, que já é bastante comum hoje, até a direção altamente ou totalmente automatizada, até a direção totalmente autônoma.
A introdução de uma rede 5G contribuirá em termos de infraestrutura, inicialmente para a condução automatizada de caminhões em rodovias e, eventualmente, para uma condução totalmente autônoma. No entanto, também há uma ampla gama de atividades que continuarão a exigir um motorista de caminhão, ou, mais especificamente, gerente de caminhão. Um aspecto das funções do “gerente de caminhão” será, então, operar o
computador de bordo, bem como assumir a responsabilidade pelo monitoramento e segurança, semelhante ao que faz hoje um piloto de aeronave. Apesar de uma condução autônoma, outro aspecto passa pela necessidade física desse profissional acompanhar em todas as instâncias o carregamento, acondicionamento da carga e manutenção do veículo. E, em caso de dúvida, o gerente de caminhão também atuará como motorista nas ruas estreitas dos grandes centros.

A variedade e a natureza inovadora das tarefas realizadas pelo gerente de caminhão exigirão cada vez mais habilidades diferentes. Além de compreender os sistemas de acionamento elétrico, o gerente de caminhão também precisará de conhecimentos básicos de tecnologia da informação. Softwares modernos aumentarão o envolvimento desse profissional nos processos de informação, comunicação e organizacionais ao longo de toda a cadeia de valor logístico, especialmente se os processos de carga e descarga nas rampas também forem totalmente automatizados.
O único fato certo é que a mudança está chegando. Carros autônomos, comunicações V2V (veículo a veículo) e realidade aumentada estão chegando ao setor de transporte .
A questão é como isso mudará a indústria de caminhões e a posição do motorista de caminhão e se os transportadores brasileiros estão preparados para essa mudança.


Por: Ana Paula de Souza – COMJOVEM Belo Horizonte

Motorista do Futuro

Ao pensar no futuro do transporte de cargas, precisamos associa-lo a inovação e constante evolução da tecnologia aplicada as ferramentas de trabalho na logística, e ao analisar esse cenário TRC versus tecnologia, recaímos no papel do seu principal operador, o motorista.

O setor precisa estar preparado para essa evolução e pensar qual será o modelo de motorista do futuro. Aí surge alguns questionamentos, quais serão as suas habilidades, competências e perfil técnico? Como adapta-lo a uma nova realidade dinâmica, tecnológica e em constante evolução? Ainda teremos essa função? Todos esses questionamentos trazem à tona a real importância da discussão desse tema.

Muito se fala em futuro sem motorista, com a chegada de veículos autônomos que prometem movimentar cargas sem motoristas ao volante, a partir do comando de um sistema interligado a sensores de alta precisão e monitoramento via satélite capazes de ir do ponto A ao ponto B conforme o comando e programação dos usuários. Muitas montadoras, Daimler, Scania, Volvo entre outras, investem milhões nessa tecnologia, com várias unidades em testes e a cada ano que passa utilizam tecnologias de maior precisão com câmeras cada vez mais sensíveis, capazes de identificar a sinalização horizontal da faixa de trânsito, semáforo, distinguir cores e texturas, animais e pessoas na pista. Porém, esses aparelhos não são capazes de dirigir o caminhão, sendo necessário um “cérebro” artificial, um computador que recebe os dados e os processa, operando o veículo em tempo real. Um estudo da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) revela que a profissão de motorista de caminhão tem 79% de chances de ser substituída pela automação. “Se isso acontecesse hoje, mais de 877 mil caminhoneiros ficariam sem empregos no Brasil” revela o estudo. Mas será que toda essa tecnologia eliminará a mão de obra e intervenção humana em todas as operações?

Ao analisar esse cenário e todas essas possibilidades e questionamentos, muitas são as incertezas. Porém, arrisco dizer que vislumbro um motorista do futuro como um analista de dados, um operador de máquina treinado para fazer a gestão da máquina, analisando a operação e intervindo na máquina a qualquer momento e utilizando de sua experiência para qualquer necessidade imediata de intervenção na condução.

Observo que inúmeras empresas no Brasil já passam por um processo de transformação de seu perfil de motorista, treinando e exigindo cada vez desempenho operacional de seus profissionais para operar equipamentos cada vez mais conectados e eficientes. Neste sentido, o profissional que tiver resistência a mudança ou aversão a utilização a tecnologia terá seu cargo comprometido, configurando um problema para as transportadoras do nosso país, que já encontram dificuldade para encontrar mão de obra qualificada em determinadas regiões do país, que poderá ser agravada a cada ano que passa com a necessidade de um profissional cada vez mais técnico e com nível de escolaridade mais alto.

Devemos considerar que a realidade dos caminhões autônomos dependerá das condições de nossas rodovias, infraestrutura e sinalização para que esses novos equipamentos consigam desempenhar o seu trabalho autônomo de forma eficiente e segura e sabemos que ainda temos um longo trabalho pela frente e o país precisa de muitos investimentos para que essa realidade seja consolidada.

Por: Ricardo Filho – COMJOVEM Belém

Como Tratar os Dados? – Data Leak: Caldeirão de Dados

Esse novo tema vem trazendo inúmeros questionamentos para as empresas sobre como tratar tantos dados disponíveis, o que fazer com tantas informações?; seja de fornecedores, clientes ou colaboradores. Este é um assunto atual e muito recorrente, sendo um desafio para as empresas, além de uma prioridade de adaptação.

Com a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) essa necessidade de proteção dos dados tornou-se uma exigência e por consequência uma obrigação das empresas em se adaptarem a uma nova realidade, de proteger dados das pessoas físicas, fornecedores, clientes, dados sensíveis, “dados preciosos” ou seja, pessoais, que dão ao titular dos dados o direito de não divulgar ou compartilhar suas informações, impedindo de que elas possam lhes causar algum dano ou prejuízo, tudo isso baseado também no princípio da dignidade humana.

Desta forma, vejo que a aplicação da proteção de dados é uma realidade e acredito que antes de qualquer coisa devemos estar conscientes sobre essa necessidade em estar promovendo maior transparência, segurança e privacidade. No caso dos consumidores, sempre que alguém fizer um compartilhamento de dados ou uma coleta, ele saberá que foi feito com o apoio da empresa. Nas relações de negócios, isso tornará os processos mais robustos e confiáveis, e repito, mais transparentes, dando a cada empresa a certeza de que estão dentro dos padrões mínimos de qualidade exigidos pelo mercado cada vez mais competitivo, evitando possíveis multas e problemas legais. Isso é bom para todos.

Acredito que essa adaptação é estratégica para o setor de transportes, assim como para os demais setores, além de ser um grande avanço nas relações jurídicas e comerciais em nosso país, garante maior competitividade no negócio promovendo mais transparência no relacionamento com os clientes, fornecedores e sociedade, modernizando os seus processos e deixando as empresas mais preparadas para os futuros negócios.

Por: Ricardo Filho – COMJOVEM Belém

A Exposição Não Intencional de Dados e a Cultura de Proteção Nas Empresas

Você já deve estar ouvindo muito falarem sobre privacidade e tratamento de dados, políticas de privacidade, LGPD, e outros termos voltamos a segurança sobre as informações e privacidade de dados pessoais.

Apesar do tema estar em alta, ele não é novo, já que a primeira lei que versou sobre este tema foi em 1970, na Alemanha. Desde então, ela sofreu várias mudanças e adaptações, uma vez que o avanço tecnológico está diretamente relacionado com o tratamento de dados pessoais, permitindo também a criação de novos modelos de negócios, assim como o aperfeiçoamento de políticas públicas.

A União Europeia foi precursora no tema e expandiu sua discussão, até que em 2012 publicou a GDPR (General Data Protection Regulation), ou o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados, que inspirou o Brasil na promulgação da Lei nº 13.709, seis anos mais tarde. A legislação até hoje ainda gera dúvidas e passou a ser o foco das atenções uma vez que a ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados), órgão fiscalizador e regulamentador criado pelo Governo Federal para garantir o cumprimento da LGPD, poderá notificar e multar as empresas a partir de 1º de agosto de 2021.

A partir da definição de dados sensíveis, surge a seguinte questão: mas e o que acontece quando a informação de dados confidenciais e sensíveis são acessadas por terceiro não autorizado?

Esse tipo de violação, que ultimamente temos visto muito nas mídias, é conhecido como data breach ou data leak, que é a liberação intencional ou não intencional de informações seguras ou privadas e confidenciais para um ambiente não confiável. Outros termos para esse fenômeno incluem divulgação não intencional de informações, vazamento de informações e também vazamento de dados. Esse vazamento ocorre quando dados confidenciais são acidentalmente expostos fisicamente, na Internet ou de qualquer outra forma, incluindo discos rígidos ou laptops perdidos. Isso significa que um criminoso cibernético pode obter acesso não autorizado aos dados confidenciais sem esforço.

É importante ressaltar que existem diferenças entre os termos “violação de dados” e “vazamento de dados”, pois sua distinção está na forma da exposição de dados: uma “violação de dados” ou data breach, ocorre quando um ataque bem-sucedido é capaz de proteger informações confidenciais, já um “vazamento de dados” ou data leak, não requer um ataque cibernético e geralmente decorre de práticas inadequadas de segurança de dados ou ação acidental ou inação de um indivíduo.

A partir do momento que um cibercriminoso identifica um vazamento de dados, os dados divulgados podem ser usados para criar um planejamento para um ataque cibernético bem-sucedido. Portanto, ao identificar e reparar vazamentos de dados antes de serem descobertos, o risco de violações de dados é significativamente reduzido. Além disso, quanto maior a empresa, maior o interesse por informações sigilosas e estratégicas de empresas.

Então o data leak é uma exposição indevida do dado, em ambiente não seguro, intencional ou não, que pode criar vulnerabilidades e até impactos e incidentes com dados. Uma das mais graves consequências é potencializar, ou facilitar, um cyber attack.

A privacidade de dados e a sua efetiva proteção então foi o tema mais abordado pelas empresas que buscam entender a legislação e aplicá-la e seus ambientes laborais. Entretanto, a proteção de dados não se resume ao aspecto legislativo, já que a sociedade precisa da compreensão de uma nova cultura e conscientização.

Por isso, a partir das diretrizes da LGPD, as empresas precisam orientar os seus colaboradores sobre as novas regras que impactam diretamente a função que eles exercem e criar políticas de governança corporativa que visem estabelecer procedimentos que facilitem e viabilizem o cumprimento da legislação.

Dentre essas ações de boas práticas, destaca-se o mapeamento de dados, que além de ser um procedimento exigido pela própria legislação, também é um documento que dará um panorama geral de como a empresa realiza o tratamento de dados, e a análise de riscos, que identifica e minimiza eventuais situações que coloquem a organização e tratá-las de forma eficaz, rápida e adequada.

Referências:

CANDIDO, J. P. S.; ARAÚJO, T. F.; RIBEIRO, W. A. C.; Histórico da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Disponível em: <https://advocatta.org/historico-da-lei-geral-de-protecao-de-dados-lgpd/> Acesso em 24 set. 2021.

COELHO, André M. O que é um vazamento de dados? Disponível em: <https://www.palpitedigital.com/que-e-vazamento-dados/> Acesso em 24 set. 2021.

SERPRO. Quem vai regular a LGPD? Disponível em: <https://www.serpro.gov.br/lgpd/governo/quem-vai-regular-e-fiscalizar-lgpd>. Acesso em 24 set. 2021.

Por: Aline Bublitz Felix – COMJOVEM Joinville

Perfil Atual do Caminhoneiro

Caminhoneiro, profissão que iniciou final no século XX no nosso país com a chegada dos primeiros automóveis e consequentemente caminhões. As estradas eram muito precárias, cheias de buraco e lama, e não havia locais para descanso e nem alimentação. As rodovias começaram a ser pavimentadas apenas em 1940. A profissão ganhou força na época da ditadura militar, onde esses profissionais estavam relacionados ao progresso do país, pois já nessa época o transporte correspondia a 60% do transporte de mercadorias de todo país. Apesar disso havia muita informalidade na profissão, não garantindo a segurança desses profissionais. E infelizmente essa valorização foi apenas temporária.

Atualmente a profissão tem várias leis que regulamentam suas atividades, e a mais recente é a lei 13.103 que trouxe mais segurança ao motorista. A obrigatoriedade do exame toxicológico que para muitos seria uma ameaça, um “custo”, hoje já faz parte do dia a dia das empresas e dos profissionais, beneficiando a todos, inclusive a sociedade com a direção dos caminhões mais consciente e com menos riscos. Hoje o e-social, plataforma que o governo federal criou para lançamento e integração de informações das pessoas registradas em regime CLT, traz a transparência da inter e intrajornada dos motoristas, obrigando as empresas a respeitarem as paradas para descanso e alimentação.

Hoje, conforme pesquisa CNT, existem em torno de 1066 caminhoneiros no Brasil. Esse profissional tem uma média de tempo de atuação na área de 18,8 anos, e tem uma média de 44,8 anos de idade. Nesta mesma pesquisa, os caminhoneiros relatam como aspectos negativos da profissão: perigo e insegurança, desgaste e pouco convívio familiar. 50% acreditam que ganham pouco, 20% criticaram a infraestrutura e 15% a pouca qualificação disponível. Outros aspectos citados, são o aumento do diesel, frete defasado, alto custo de manutenção, o não repasse integral o valor das diárias e a desvalorização. Mas também existem os positivos como conhecer novas cidades ou países; conhecer pessoas; ter horário flexível; com a tecnologia dirigir veículos automáticos, cansando menos do que ficar na direção de veículos manuais. Esses caminhoneiros dirigem em média 8500 quilômetros por mês, durante um tempo médio de 11,5 horas dia, com uma renda média mensal líquida de R$ 4.600,00.

Alterações como feitas no porto de Suape, Recife, é que aumentam a satisfação do caminhoneiro atualmente:

Os pátios oferecem áreas de conveniência e serviços, tais como sala de descanso, banheiros, vestuários, restaurantes, unidades de primeiros socorros, oficina e borracharia, dentre outros, facilitando a rotina do caminhoneiro durante a espera”, ressalta Barros. […] Numa visão geral, foi perguntado aos caminhoneiros o que eles achavam da infraestrutura e instalações ofertadas pelas empresas e a média de satisfação para os três pátios foi de 94,3%.

Além disso, agora com os pátios mais organizados, e calçados, os caminhoneiros podem realizar agendamento, não necessitando mais ficar 12 horas esperando para realizar a operação.

Hoje a classe profissional do caminhoneiro, quer ter mais conforto, segurança, acesso a alimentação e higiene de qualidade, alinhado a uma tecnologia que faz com que se comuniquem com facilidade com suas famílias e tenham agilidade nas operações que realizam, diminuindo o tempo longe de seus entes queridos. Querem o direito de uma tabela mínima de frete, em casos de autônomos, cobrindo seus gastos com manutenção e depreciação do veículo, além de terem condições mínimas para ajudarem com as despesas de casa. E quem não almeja isso né?  Trabalhamos ter um crescimento pessoal e profissional, amando e tendo prazer no que fazemos.

Referências Bibliográficas

BARROS, Luiz Alberto. Pesquisa avalia satisfação de caminhoneiros com pátios de triagem no Porto de Suape. Disponível em <http://www.suape.pe.gov.br/pt/noticias/1539-pesquisa-avalia-satisfacao-de-caminhoneiros-com-patios-de-triagem-no-porto-de-suape>. Acessado em 26/09 as 13:44 hrs.

CARGON, Denis. Histórias dos caminhoneiros no Brasil: você conhece. Disponível em <https://cargon.com.br/historia-dos-caminhoneiros-no-brasil-voce-conhece/> Acessado em 16/08 as 19:13 hrs.

ROUSSEF, Dilma. Lei no 13.103de 02 de março de 2015. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13103.htm> Acessado em 17/08 as 16:41 hrs.

SILVA, Daniela Giopato. Qual perfil do caminhoneiro hoje. Disponível em <https://www.ocarreteiro.com.br/qual-o-perfil-do-caminhoneiro-hoje/> Acessado em 28/07 as 17:34 hrs.

Pesquisa avalia satisfação de caminhoneiros com pátios de triagem no Porto de Suape. http://www.suape.pe.gov.br/pt/noticias/1539-pesquisa-avalia-satisfacao-de-caminhoneiros-com-patios-de-triagem-no-porto-de-suape

Por: Daniela Rabaiolli – COMJOVEM Joinville

Os Vazamentos de Dados na Realidade do Transportador

No mundo orientado a dados que vem se tornando realidade nos últimos anos, os vazamentos de dados, os data leaks, já se tornaram rotina. Considerando o relato do Tecnoblog de que o CPF de mais de 220 milhões de brasileiros vazaram1, entre vivos e falecidos, pode ser dito com segurança que é mais fácil encontrar um brasileiro com dados vazados, do que o contrário. No meio dessa tempestade, todos os setores da economia lutam para se adaptar às diretivas da Lei 13.709/2018, a LGPD, dentre eles o Transporte de Cargas.
A entrada em vigor da nova Lei Geral de Proteção de Dados, a LGPD, trouxe muito mais perguntas do que respostas. Precedentes judiciais sobre a temática ainda são esparsos e não trazem segurança jurídica para o jurisdicionado. Simultaneamente, o cenário fitossanitário trazido pela pandemia de COVID-19 acelerou uma série de mudanças que promoveram a digitalização de serviços, com destaque para o transporte de mercadorias.
Com o aumento exponencial do e-commerce, que registrou em agosto de 2021 uma alta de 22,05% em relação ao ano anterior2, cresceu também a exigência de transporte para atender à demanda. Esse crescimento no comércio eletrônico traz consigo uma onda gigantesca de dados pessoais que passa a circular entre consumidores, comerciantes e transportadores.
Apesar de raramente contratarem o transporte de cargas diretamente, os dados dos consumidores acabam nas mãos do transportador por intermédio de comerciantes e varejistas. Dados de identificação, além de informações como endereço e contato, são entregues ao transportador para tornar possível o processo de entrega da mercadoria, e para otimizá-lo. Essas informações, mesmo não tendo sido obtidas diretamente do titular,
precisam ser tratadas com a mesma cautela, à luz da LGPD.
Além das informações dos consumidores, dois grupos fundamentais de titulares de dados se dão presentes nas operações de transporte: os empregados e os terceirizados.
Os empregados e terceirizados fornecem uma série de informações exigidas pela legislação laboral ou pertinentes à execução do contrato. Em alguns casos, como o de motoristas, podem ainda ser tratados dados altamente sensíveis, como localização em tempo real, por meio de rastreadores, e resultados de exames toxicológicos.

Com todos esses dados em mãos, os quais são indispensáveis à operacionalização do transporte de cargas, resta ao transportador apenas a adequação de seus processos para melhor proteger os titulares das informações armazenadas. Na ocasião do vazamento desses dados – o data leak, se demonstrada a causalidade, o controlador e o operador podem ser severamente punidos.
Para evitar essas punições, o transportador precisa buscar a adequação à LGPD na sua integralidade. Apesar de ainda não estarem completamente definidos os mecanismos de apuração das penalidades aplicáveis aos casos concretos, a lei deixa claro em seus princípios que a boa-fé e a intenção do controlador de proteger os dados dos titulares é um fator que deve ser levado em conta.
Ou seja, pelos princípios jurídicos apresentados na LGPD, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) tem o önus de levar em conta o contexto da conduta do infrator no momento da aplicação da penalidade. Isso significa que, muito embora não seja possível erradicar completamente a possibilidade de que ocorram ataques que resultem em data leaks, a demonstração pela transportadora, por meio de evidências, de que buscou efetivamente cumprir a legislação, e proteger os dados dos titulares, pode ser suficiente para mitigar significativamente as penalidades que possam vir a ser impostas pela Autoridade.
A aplicação plena da LGPD ainda não é uma realidade em nenhum setor da economia, e isso não é diferente no transporte. A regulamentação da norma ainda é parcial, e os precedentes judiciais ainda são escassos e pouco trazem de segurança jurídica.
Ainda assim, seja por pressão do Poder Público ou das forças do mercado globalizado, ela deve ganhar cada vez mais força, fomentada pela economia orientada a dados e pelo avanço incessante da tecnologia. Ao transportador, como a todos os setores, resta se adaptar a esta realidade que já é presente, sob pena de sofrer as consequências pela mão do Estado, ou da sempre presente concorrência.


Referências:
1 VENTURA, Felipe. Tecnoblog. Exclusivo: vazamento que expôs 220 milhões de brasileiros é pior do que se pensava. Disponível em:
https://tecnoblog.net/404838/exclusivo-vazamento-que- expos-220-milhoes-de-brasileirose-pior-do-que-se-pensava/. Acesso em: 26 set. 2021.
2 BARBOSA, Fernando. Revista Pegn. E-commerce cresce e chega a 1,59 milhão de negócios no país. Disponível em: https://revistapegn.globo.com/Economia/noticia/2021/08/e-commerce-cresce- e-chega159-milhao-de-negocios-no-pais.html. Acesso em: 26 set. 2021

Por:

Guilherme Cesca Salvan – COMJOVEM Região Sul de SC