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Brasil perde posição para o Vietnã em ranking dos maiores exportadores

O Brasil caiu da 26ª posição para o 27º lugar entre os maiores exportadores do mundo, em 2018, segundo relatório divulgado ontem pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Entretanto, houve aumento de 10% nas vendas em comparação a 2017.

No ano passado, as exportações chegaram a US$ 239,5 bilhões, com aumento de 9,6%. As importações cresceram 19,7% ao totalizarem US$ 181,2 bilhões. O saldo da balança comercial em 2018 ficou em US$ 58,3 bilhões. O 26º lugar foi assumido pelo Vietnã. O primeiro lugar no ranking é da China, seguida por Estados Unidos e Alemanha. O último lugar é da Indonésia, em 30º lugar.

 

Segundo dados preliminares da OMC, o comércio mundial cresceu 3%, em 2018, abaixo do previsto em setembro pela organização (3,9%). O resultado menor que o esperado é explicado pela piora do comércio mundial no quarto trimestre.

 

Para 2019, a previsão é crescimento de 2,6% no comércio mundial, em linha com a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, de 2,6%. Em 2020, o comércio mundial deve atingir crescimento de 3%, com previsão para o PIB em 2,6%. Já o comércio do Brasil com países do G20, as 20 maiores economias do mundo, tende a sofrer uma sobretaxa 120% maior do que a atual, caso a guerra comercial entre Estados Unidos e China e o aumento do protecionismo continuem a reduzir a abrangência da Organização Mundial do Comércio (OMC). A análise é da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O estudo mostra que entre 1995, ano de criação da OMC, e 2017, as tarifas médias de importação aplicadas pelos países do G-20 caíram de 11% para 5%. Essa simulação aponta que, se os impostos de importação voltarem ao patamar pré-OMC, em meio ao enfraquecimento da instituição, os exportadores brasileiros passariam a pagar US$ 6,3 bilhões a mais em impostos nas vendas para os países do G20.

 

A projeção do impacto anual nas exportações do Brasil, sem uma reforma da OMC, prevê aumento no pagamento de tarifas de US$ 2,4 bilhões para China, US$ 1,1 bilhão para a Índia, mais de US$ 1 bilhão para a União Europeia e US$ 540 milhões para os EUA.

 

Segundo o estudo da CNI, as tarifas começaram a subir. A guerra comercial entre Estados Unidos e China elevou o imposto de importação em até 25% para mais de 3 mil produtos e a União Europeia impôs tarifas de 25% para importações de pelo menos 26 produtos siderúrgicos.

 

A Turquia, em retaliação à norte-americana de proteção do seu aço e de seu alumínio, reajustou a tarifa de bens estratégicos, como carros, que passou a pagar 120%, bebidas alcoólicas (140%) e tabaco (60%). Por regra, o aumento começa de forma pontual e se amplia. “O enfraquecimento da OMC, com um sistema sem regras, impacta muito negativamente no comércio mundial e traz muita incerteza”, diz Fabrízio Panzini, gerente de negociações internacionais da CNI.

“Países como o Brasil tendem a perder mais que outros com o enfraquecimento da OMC, pois temos uma pauta diversificada de exportação, com grande participação do agronegócio”, disse Panzini sobre as preocupações com o cenário global.

Sem OMC, custo das exportações brasileiras aumentaria 120%, diz CNI

O comércio do Brasil com países do G20, as 20 maiores economias do mundo, tende a sofrer uma sobretaxa 120% maior do que a atual, caso a guerra comercial entre Estados Unidos e China e o aumento do protecionismo continuem a reduzir a abrangência da Organização Mundial do Comércio (OMC). A análise é da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O estudo mostra que entre 1995, ano de criação da OMC, e 2017, as tarifas médias de importação aplicadas pelos países do G-20 caíram de 11% para 5%. Essa simulação aponta que, se os impostos de importação voltarem ao patamar pré-OMC, em meio ao enfraquecimento da instituição, os exportadores brasileiros passariam a pagar US$ 6,3 bilhões a mais em impostos nas vendas para os países do G20.

A projeção do impacto potencial anual nas exportações do Brasil, sem uma reforma da OMC, prevê aumento no pagamento de tarifas de US$ 2,4 bilhões para China, US$ 1,1 bilhão para a Índia, mais de US$ 1 bilhão para a União Europeia e US$ 540 milhões para os Estados Unidos.

Tarifas

 

As tarifas, segundo a CNI, começaram a subir. A guerra comercial entre Estados Unidos e China elevou o imposto de importação em até 25% para mais de 3 mil produtos e a União Europeia impôs tarifas de 25% para importações de pelo menos 26 produtos siderúrgicos.

A Turquia, em retaliação à norte-americana de proteção do seu aço e de seu alumínio, reajustou a tarifa de bens estratégicos, como carros, que passou a pagar 120%, bebidas alcoólicas (140%) e tabaco (60%). Por regra, o aumento começa de forma pontual e se amplia.

“O enfraquecimento da OMC, com um sistema sem regras, impacta muito negativamente no comércio mundial e traz muita incerteza”, afirmou Fabrízio Panzini, gerente de negociações internacionais da CNI.

Preocupações

 

O setor privado brasileiro articula uma pressão internacional a favor de uma reforma na OMC, que restaure a legitimidade do sistema multilateral de comércio. Hoje (2), em São Paulo, a CNI e a Câmara de Comércio Internacional (ICC) realizam um evento com a participação de organizações empresarias dos Estados Unidos, México, União Europeia e países do Mercosul, para discutir e apontar um caminho comum aos seus respectivos governos para a reforma da OMC.

A ideia é aprovar um documento final com propostas para aprimorar a governança do sistema multilateral de comércio mundial. Entre as presenças confirmadas está a do chefe de gabinete da OMC, Tim Yeend, além de renomados especialistas em comércio internacional. 

“Países como o Brasil tendem a perder mais que outros com o enfraquecimento da OMC, pois temos uma pauta diversificada de exportação, com grande participação do agronegócio. Somente no sistema de solução de controvérsias da OMC, o Brasil ganhou muitos casos contra subsídios”, afirmou Panzini.

Pazini citou as vitórias do governo brasileiro em controvérsias contra os subsídios dos EUA ao algodão, do Canadá a favor da indústria de aviões e da União Europeia a favor do açúcar. Para o setor privado, é essencial que a OMC se fortaleça, porque é o órgão máximo para garantir a estabilidade e a previsibilidade de regras de comércio. 

“Se, por um lado, a guerra comercial e o aumento do protecionismo ameaçam o sistema multilateral de comércio, por outro isso aumenta a pressão por uma reforma na OMC, cujas negociações ainda estão travadas”, argumentou Panzini. 

Tratamento especial

 

No mês passado, durante visita oficial do presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos, o governo brasileiro anunciou que vai começar a abrir mão do status de país em desenvolvimento na OMC, em troca do apoio norte-americano à entrada do país na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), um grupo internacional que reúne 36 países desenvolvidos.

Os EUA não fazem parte da OMC e são contra a existência de listas com tratamento diferenciado para países com menor desenvolvimento industrial.  Essa lista, da qual o Brasil faz parte, juntamente com algumas outras dezenas de países considerados em desenvolvimento, traz vantagens como mais prazo para cumprimento de acordos, crédito internacional mais barato e outras flexibilidades para assinatura de acordos de livre-comércio com países desenvolvidos. 

Segundo Panzini, o Brasil é capaz de abandonar o status especial na OMC, mas isso deve estar articulado em torno de uma ampla reforma na organização, em que essa perda seja compensada com regras mais favoráveis para o país em temas como subsídios agrícolas adotados por outros países contra os produtos brasileiros.

“O status de tratamento especial tem lá sua importância, é algo que o Brasil pode abrir mão sim, mas isso tem que fazer parte de um pacote negociado com outros ganhos que são do interesse do país, como subsídios na agricultura e na indústria”, afirmou.

Balança comercial registra saldo positivo de US$ 4,9 bilhões em março, informa governo

O Ministério da Economia informou nesta segunda-feira (1º) que a balança comercial registrou superávit de US$ 4,99 bilhões em março deste ano.

Quando as exportações superam as importações, o resultado é de superávit. Quando acontece o contrário, o resultado é de déficit.

De acordo com o governo federal, ao todo, as exportações somaram US$ 18,12 bilhões em março, e as importações, US$ 13,13 bilhões.

O saldo positivo do mês passado representa queda de 22,27% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando o superávit chegou a US$ 6,42 bilhões. Também representa queda na comparação com 2017, ou seja, o pior resultado dos últimos três anos.

Comparação com março de 2018

 

Na comparação com março do ano passado, as exportações tiveram queda de 1%. As importações registraram aumento de 5,1%.

No caso das exportações, houve aumento de 7,9% na venda de produtos básicos. As exportações de manufaturados, contudo, caíram 6,5% e as de semimanufaturados, 0,5%.

Nas importações, o governo federal informou que aumentaram as compras de bens de capital (+13%), bens intermediários (+5,8%) e de bens de consumo (+1,6%), mas caíram as compras de combustíveis e lubrificantes (-0,5%).

Primeiro trimestre

 

No acumulado dos três primeiros meses deste ano, o governo federal informou que o saldo da balança ficou positivo em US$ 10,889 bilhões.

O superávit comercial, com isso, teve queda de 11,1% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando o resultado foi de US$ 12,243 bilhões.

No acumulado deste ano, de acordo com o Ministério da Economia, as exportações somaram US$ 53,026 bilhões, com média diária de US$ 869 milhões (queda de 3% na comparação com o mesmo período do ano passado).

As importações totalizaram US$ 42,138 bilhões, comédia diária de US$ 690 milhões (queda de 0,7% em relação ao mesmo período de 2018).
Mercados compradoresDe acordo com o governo, os principais compradores de produtos brasileiros no primeiro trimestre deste ano foram:

China, Hong Kong e Macau: US$ 14,3 bilhões;

Estados Unidos: US$ 6,7 bilhões;

Argentina: US$ 2,3 bilhões;

Países Baixos: US$ 2 bilhões;

Panamá: US$ 1,4 bilhão.

 

Saldo e projeções

 

No ano passado, a balança comercial registrou superávit de US$ 58,3 bilhões. Com isso, o saldo positivo, assegurado principalmente pela exportação de produtos básicos, ficou 13% abaixo do de 2017.

A expectativa do mercado financeiro para este ano é de nova queda do saldo comercial. Segundo pesquisa realizada pelo Banco Central na semana passada, a previsão para 2019 é de um saldo positivo de US$ 50,25 bilhões nas transações comerciais do país com o exterior.

O Banco Central, por sua vez, prevê um superávit da balança comercial de US$ 40 bilhões para este ano, com exportações em US$ 247 bilhões e importações no valor de US$ 207 bilhões.

O Ministério da Economia estimou nesta segunda-feira, pela primeira vez, o saldo da balança comercial para este ano. A previsão é de que o superávit (exportações menos importações) some US$ 50,1 bilhões, com US$ 245,9 bilhões de exportações e US$ 195,8 bilhões de compras do exterior.

Freada global quebra ritmo de exportação

Após dois anos de crescimento expressivo, que ajudou o Produto Interno Bruto (PIB) a registrar resultado positivo, as exportações brasileiras terão um desempenho modesto em 2019. Entre os fatores que pesam sobre as vendas externas estão a desaceleração da economia global, a crise argentina e, até mesmo, uma eventual pacificação na guerra comercial entre China e Estados Unidos.

Em 2017 e 2018, o País aumentou 17,6% e 10,2%, respectivamente, os embarques. Nesses anos, além de vir de um período de vendas externas fracas, o que favoreceu a base de comparação, o Brasil se beneficiou da desvalorização do real, do crescimento da economia mundial e, no ano passado, da guerra comercial. O embate entre as duas maiores economias do mundo fez com que o Brasil registrasse recorde na venda de soja para a China, que preteriu a produção americana.

Agora, com o cenário se invertendo quase completamente, as estimativas não são animadoras. O Itaú projeta estabilidade nas exportações na comparação com 2018 e o Santander, alta de 3,4%. Ambos consideram o valor dos embarques em dólares, e não o volume. A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), mais pessimista, prevê uma retração de 9% e a consultoria Tendências, que chegou a projetar um incremento de 4,6%, revisou a alta para 1,7%.

“Os números do primeiro bimestre decepcionaram um pouco e o risco de rever a projeção novamente) é para o lado negativo. O quadro é menos benigno do que se esperava”, disse Silvio Campos Neto, economista da Tendências. Em janeiro e fevereiro, a alta das exportações foi de 1,4%, mas os economistas ressaltam que o comércio de plataformas de petróleo no período distorce os dados e dificulta uma análise.

O Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV, também reduziu as projeções. Em janeiro, a estimativa era de US$ 240 bilhões – mesmo valor do ano passado. Agora, prevê entre US$ 5 bilhões e US$ 6 bilhões menos. O economista Livio Ribeiro, do instituto, afirma, porém, que, com a desaceleração global, os preços das commodities cairão, o que poderá resultar em um aumento da demanda e, consequentemente, das exportações brasileiras em volume.

Também do Ibre, a economista Lia Pereira afirma que o maior risco para as vendas internacionais brasileiras está no apaziguamento da guerra entre EUA e China. “A agropecuária e a soja sustentaram as exportações em 2018. Não necessariamente isso vai continuar. A China está oferecendo tirar barreiras dos EUA.”

Lia explica que, com a suspensão da compra de soja dos americanos, os chineses elevaram as importações brasileiras do produto em 35% em 2018, absorvendo 82% das nossas exportações. Nas negociações atuais entre os dois países, explica a economista, Pequim poderá conceder preferência à produção americana, não apenas na soja, mas também no frango. Hoje, o frango americano é proibido na China.

ParceirosEconomista do Santander, Jankiel Santos destaca que, além da China, os principais parceiros comerciais do Brasil estão “sofrendo”, o que deverá resultar em um freio no ritmo de expansão das importações brasileiras. “A atividade nos Estados Unidos está se acomodando, e a Argentina não deve melhorar tão rápido.”

O Itaú projeta que a economia global cresça 3,4% neste ano, ante uma estimativa de 3,8% em 2018. A expansão na China deve passar de 6,6%, no ano passado, para 6,1% em 2019, causando impacto negativo no preço das commodities. O presidente da AEB, José Augusto de Castro, lembra que a queda nas commodities, além de prejudicar o Brasil, afeta toda a América do Sul, que também é produtora desses itens. “Esses países compram 40% das exportações manufaturadas brasileiras. Se eles são prejudicados, importam menos do Brasil, que acaba sendo duplamente atingido (nas commodities e nas manufaturas).”

Castro conta que, desde 2014, as vendas de manufaturados brasileiros estão estagnadas entre 36% e 38% do total das exportações. A dependência das commodities, deixa o País sem controle sobre seu comércio internacional, explica ele. “O panorama depende mais do mundo e menos do Brasil.” No ano passado, por exemplo, uma seca sem precedentes dizimou a produção de soja argentina, deixando o Brasil sem concorrentes no primeiro semestre do ano, época da safra na região, e impulsionando os embarques.

Segundo Castro, se as reformas da Previdência e tributária forem aprovadas, esse cenário de dependência completa do cenário internacional pode começar a mudar a partir de 2020, com um aumento da produtividade e, consequentemente, da comercialização de manufaturados.

Exportações de veículos desabam 36% no bimestre com agravamento da crise na Argentina

O setor automotivo não espera que as exportações de veículos cresçam este ano, principalmente por causa dasituação na Argentina, que passa por uma crise cambial. “Infelizmente, neste ano, as exportações de veículos não serão as melhores notícias”, disse hoje (11) o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Carlos Botelho Megale. 

“O nosso principal problema é o nosso principal parceiro, que é a Argentina, que infelizmente, está em uma situação muito difícil e acreditamos que o mercado argentino será muito baixo este ano. Estamos fazendo um esforço importante para mandarmos veículos para outros países como Colômbia, Chile e Uruguai. Estamos buscando novos mercados fora da América Latina também”, disse Megale.

Segundo ele, as empresas devem se esforçar para substituir o mercado argentino por outros. “Mas isso leva tempo. E o mercado argentino é o segundo maior mercado da América do Sul. Então, quando ele se retrai, nós, que somos os maiores fornecedores, sentimos”, acrescentou.

Em fevereiro, as exportações atingiram a marca de US$ 876 milhões. “Abaixo de US$ 1 bilhão. E US$ 1 bilhão é uma referência boa para a gente. Acima é um número razoável. Mas estamos abaixo. Se somarmos janeiro e fevereiro estamos com R$ 1,6 bilhão. É muito aquém, 36% abaixo do ano passado”, disse Megale.

 

Produção e vendas

Em fevereiro, a produção de veículos no país cresceu 29,9% na comparação a janeiro e 20,5% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Segundo a Anfavea, 257,2 mil veículos foram produzidos no país em fevereiro. 

Já as vendas de veículos (o que engloba veículos leves, caminhões e ônibus e incluindo também os importados) apresentou queda de 0,6% em comparação a janeiro e aumento de 26,6% em comparação a fevereiro do ano passado, com 198.641 veículos produzidos.

“A boa notícia neste mês de fevereiro foi a produção, quando ultrapassamos 257 mil veículos. Para um mês de fevereiro, que é um mês curto, é um bom número. Tivemos um mercado interno bom, com mais de 198 mil unidades comercializadas, o que dá uma média diária de 9,9 mil unidades comercializadas. Então o ano está começando bem”, disse Megale.

Segundo ele, esses números positivos na produção e na venda se devem principalmente ao aquecimento do mercado interno. “O primeiro ponto é a confiança. Há um clima mais otimista, as pessoas estão mais confiantes na manutenção de seus empregos e achando que o país está voltando a crescer. O segundo ponto é o financiamento. O nível de inadimplência está muito baixo no país. Os bancos estão mais animados para oferecer crédito”, falou o presidente da Anfavea.

Programas

Megale também comentou sobre o programa IncentivAuto, do governo paulista, que prevê incentivos fiscais a montadoras que façam novos investimentos no estado. Serão concedidos descontos de até 25% no valor do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para empresas que apresentarem planos de construção ou ampliação de plantas industriais em valores superiores a R$ 1 bilhão. Para se beneficiarem das reduções tributárias, as companhias deverão gerar pelo menos 400 novos postos de trabalho.

Para Megale, o plano é positivo porque ajuda a reduzir a carga tributária e mostra sensibilidade do governo com o setor. Mas, para ele, a proposta não trará benefícios em curto prazo e não contempla a maior preocupação da indústria automobilística, que são os créditos acumulados.

“Acho que toda redução de carga tributária no país é bem-vinda. O Brasil tem uma carga tributária muito elevada para o nosso setor, muito acima de outros países, então, qualquer redução de carga, mesmo que seja de um estado, é positiva. Mas esse é um programa que parece que vai ter efeito mais de médio a longo prazo. A curto prazo ele não tem efeito. E o que temos falado é que hoje, a curto prazo, temos um problema que precisa ser equacionado, que é dos créditos de ICMS retidos pelo governo de São Paulo”, falou o presidente da associação.

Segundo ele, essa questão já está sendo negociada com o governo paulista. “A gente espera que novas medidas venham no sentido de a gente aproveitar esse crédito, talvez até revertendo ele para novos negócios na indústria”, falou.

“O que resolveria [o problema] é a devolução dos créditos, que são de direito das montadoras. Quando, por exemplo, você compra uma peça, você paga o ICMS. Quando você exporta o veículo, a exportação é isenta de ICMS. E isso fica retido no governo. Isso é dinheiro das montadoras. Inclusive, o cálculo do preço do veículo a ser exportado considera isso como recurso nosso. Se isso fica retido no estado e o estado não devolve para as montadoras, isso acaba virando prejuízo. E isso preocupa as empresas”, explicou o presidente da Anfavea. A soma desse recursos retido, disse ele, chega a ser superior a R$ 5 bilhões.

Ford

Sobre o fechamento da fábrica da Ford, Megale disse não poder comentar sobre a decisão da empresa em fechar sua unidade em São Bernardo do Campo. Ele disse apenas que a medida deverá trazer impactos para a região, mas que espera que os funcionários dessa unidade sejam absorvidos por outras montadoras.

“Nos preocupa, naturalmente, o fechamento de fábricas no Brasil porque a gente entende que o mercado vai crescer e que o Brasil tem potencial para ser um dos cinco maiores mercados do mundo. Acho que se a economia trouxer bons resultados, como a gente espera este ano, nosso mercado vai continuar crescendo. Nossa projeção é de crescimento de 11,4%, que poderá até ser superado”, falou Megale.

Rentabilidade das exportações brasileiras tem aumento de 12,3%

A rentabilidade média das exportações brasileiras avançou 12,3% em 2018 na comparação com o ano anterior. O crescimento ocorreu depois de dois anos em que as vendas externas haviam ficado menos rentáveis. Em 2016, o índice de rentabilidade das exportações totais caiu 8,2% e, no ano seguinte, 1,2%, com queda acumulada de 9,3% no biênio. Em 2019, segundo analistas, a alta do ano passado não deve se repetir.

O componente que mais contribuiu para o ganho de rentabilidade em 2018 foi a desvalorização de 14,5% da taxa de câmbio nominal. O fator de rentabilidade, que é a razão entre os índices de preços das exportações e o dos custos de produção, registrou queda de 1,8% no ano passado. Isso aconteceu porque a alta de 7,1% do índice de custos de produção em 2018 superou o crescimento de 5,1% do preço médio das exportações. Os cálculos são da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).

José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), diz que trata-se de uma recuperação de rentabilidade importante, mas dada conjunturalmente, como resultado da desvalorização da moeda nacional. “Não é um ganho de rentabilidade programado, resultante de alguma voltada à exportação”, diz ele. Para 2019, a perspectiva é de que o câmbio não contribua da mesma forma para a rentabilidade do exportador, avalia Castro.

“Neste momento, o que se espera é que a taxa média de câmbio do ano fique próxima ao nível que está atualmente. Ainda há uma perspectiva de leve valorização do real com a aprovação da reforma previdenciária, embora o andamento do conflito entre China e Estados Unidos seja um fator que pode provocar maiores oscilações no câmbio”, diz Castro. No mais recente boletim Focus do Banco Central (BC), divulgado ontem, o consenso dos analistas projeta um dólar cotado a R$ 3,70 ao fim de 2019.

Welber Barral, ex-secretário de comércio exterior e sócio da Barral M Jorge Consultores Associados, diz que para este ano a perspectiva é de queda de rentabilidade, com o valor da exportação total estável em relação a 2018, embora com queda de preços em commodities importantes, como a soja. No ano passado, lembra ele, a campanha eleitoral para presidente da República contribuiu para uma forte desvalorização cambial, o que aumentou a lucratividade para o exportador. “Mas ao fim do ano passado houve uma revalorização do real, com maior equilíbrio, voltando quase ao patamar anterior de preço do dólar.”

Castro explica que a desvalorização do real tem dois efeitos para o exportador. Ao mesmo tempo em que favorece maior rentabilidade nos embarques, também pressiona custos de produção por meio de insumos importados, o que certamente aconteceu no ano passado, avalia ele. O aumento do custo de produção tira rentabilidade e no ano passado isso só foi compensado em produtos e segmentos que tiveram elevação maior de preços.

Considerando a divisão por seções, no ano passado o índice de rentabilidade cresceu tanto para as atividades não industriais como para a indústria não extrativa e para a indústria de transformação, destaca a Funcex. A maior expansão, porém, concentrou-se na indústria extrativa, segundo o boletim.

Para este ano, além do câmbio, o que será determinante para a rentabilidade do exportador, diz Barral, é o cenário internacional, que está “pouco demandante”. “O comércio mundial tem crescido em ritmo menor do que o PIB, ao contrário do que aconteceu em décadas passadas. Por isso, o cenário não é propício para novos mercados”, afirma ele.

A China, maior parceiro comercial do Brasil, salienta Castro, anunciou meta de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) entre 6% e 6,5% para 2019, o que significa desaceleração em relação ao avanço de 6,6% no ano passado. Como a China tem papel importante no comércio internacional, isso indica que a demanda externa provavelmente não vai absorver eventual elevação de custo de produção na produção de produtos destinados à exportação, explica ele.

Na desagregação por atividade, a Funcex mostra que o índice de rentabilidade cresceu em 25 dos 29 setores pesquisados. Entre os setores de maior avanço no índice, estão o de extração de petróleo e gás natural, com alta de 45,3%, de celulose, papel e produtos de papel, com avanço de 24,8%, e de metalurgia, com ganho de 19,2%. A perda de rentabilidade ficou para as atividades de couros, artefatos de couro e calçados (-4,5%), impressão e reprodução de gravações (-11,8%, produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-3,4%) e outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (-11,3%).