CNI reuniu usuários de transportes marítimos e ANTAQ para debater dificuldades da indústria para a exportação de cargas industriais, que vêm causando prejuízos aos setores
Cancelamentos de rotas, atrasos nos navios, omissão de escalas e filas excessivas são alguns dos muitos problemas enfrentados pela indústria para escoar cargas nos portos brasileiros. Esses transtornos têm causado enormes prejuízos para o setor produtivo nacional.
Nos últimos meses de 2024 e neste começo de ano, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) tem sido procurada por uma série de entidades representantes de setores industriais, com relatos de problemas nos portos e no transporte marítimo.
Para se ter ideia do tamanho do problema, 71% dos navios de contêineres que transportaram café tiveram atrasos ou mudanças de escalas com impacto nas exportações do produto, em dezembro do ano passado. Isso corresponde a 206 de 290 porta-contêineres, segundo dados do Boletim Detention Zero (DTZ).
O diretor de Relações Institucionais da CNI, Roberto Muniz, ressalta que os portos são o principal elo da cadeia logística da indústria nacional, respondendo por 96% das mercadorias exportadas pelo Brasil em toneladas.
“A movimentação de cargas em contêineres chegou a 13,9 milhões de TEUs em 2024, o dobro da registrada em 2010. Esse tipo de carga exerce um papel relevante para a economia de um país, especialmente por incluir produtos manufaturados e de maior valor agregado. É o caso das exportações de carnes refrigeradas, produtos de madeira e celulose, café e produtos químicos”, destaca Muniz.
De acordo com Ramon Cunha, de forma geral, a situação para exportação de produtos em contêineres piorou muito no país desde o segundo semestre do ano passado.
“A indústria exportadora tem uma previsão de que o navio vai buscar a carga, mas o transportador por algum motivo cancela, informando com tempo insuficiente para o empresário se programar. Outro problema é o atraso e a omissão da escala pelo transportador, passando direto pelo porto onde está a carga, o que, além do prejuízo pelo adiamento no transporte da carga, resulta em cobranças indevidas por tempo adicional de uso do contêiner”, detalha o especialista da CNI.
A CNI apresentou, em reunião neste mês de fevereiro, as principais reclamações e demandas dos embarcadores industriais à Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ). A reunião técnica contou com a participação virtual do superintendente de Regulação da Agência, José Renato Fialho, e mais de 20 representantes de associações, federações das indústrias e empresas.
A busca por qualificação nesse campo é impulsionada pelo crescimento globalizado e por novos modelos de negócios, especialmente com o avanço do e-commerce
O Brasil enfrenta um grande desafio para atender à crescente demanda por profissionais qualificados na área industrial nos próximos anos. Segundo o Mapa do Trabalho Industrial 2025-2027, elaborado pelo Observatório Nacional da Indústria (ONI), o país precisará qualificar 14 milhões de pessoas para ocupações industriais até 2027. Desse total, 2,2 milhões são para formação inicial, visando substituir inativos e preencher novas vagas, enquanto 11,8 milhões exigem treinamento e desenvolvimento de trabalhadores que já atuam no setor e precisam se atualizar.
Entre as áreas mais demandadas, a logística e o transporte se destacam, liderando a necessidade de profissionais em 96,15% dos estados brasileiros. A exceção é Alagoas (AL), onde o setor aparece em segundo lugar. A busca por qualificação nesse campo é impulsionada pelo crescimento globalizado e por novos modelos de negócios, especialmente com o avanço do e-commerce.
Guilherme Salles, professor do curso de Logística EAD da UniCesumar, aponta que o setor logístico tem experimentado uma expansão significativa, com o transporte sendo um dos pilares dessa evolução. “O transporte é fundamental em todas as etapas do processo logístico. Como diz uma frase popular: ‘Movimentou? Então, é logística’”, destaca o especialista.
Além disso, Salles observa que o e-commerce tem gerado um impacto crescente na área. “A demanda por compras e entregas rápidas exige processos logísticos mais integrados. No e-commerce, visualizamos praticamente todos os processos logísticos, que precisam funcionar de forma fluida. Cada etapa depende da anterior para garantir a entrega no prazo e com eficiência”, comenta.
Formação e habilidades
Para ocupar cargos intermediários na logística, é essencial ter graduação superior. Cargos iniciais exigem ao menos que o candidato esteja cursando a graduação. “Na UniCesumar, oferecemos o curso de Tecnólogo em Logística, com duração de dois anos, que prepara os alunos para o mercado de trabalho, abrangendo áreas como transporte, produção, logística internacional e reversa”, destaca Salles.
Entre as habilidades mais valorizadas pelos recrutadores estão: pensamento crítico e analítico; capacidade de adaptação; resolução de problemas complexos; organização e atenção às padronizações dos processos.
A infraestrutura rodoviária do Brasil enfrenta desafios, como pavimentação insuficiente. Concessões e projetos intermodais são chave para avanços até 2025
A infraestrutura rodoviária desempenha um papel essencial na logística e na economia do Brasil, um país que depende fortemente do transporte RODOVIáRIO para a circulação de bens e pessoas. Para 2025, é fundamental analisar as perspectivas para este setor, destacando os principais desafios, avanços esperados e iniciativas em andamento.
Atualmente, a malha rodoviária brasileira é uma das maiores do mundo, com mais de 1,7 milhão de quilômetros de estradas. No entanto, apenas uma pequena fração é pavimentada, o que reflete a necessidade de investimentos significativos em manutenção e expansão. Problemas como buracos, falta de sinalização adequada e infraestrutura insuficiente em regiões remotas continuam a ser desafios críticos.
Nos últimos anos, o governo brasileiro tem apostado em concessões rodoviárias para atrair investimentos privados. Até 2025, espera-se que novos leilões sejam realizados, abrangendo importantes rodovias federais e estaduais.
Essas concessões devem contribuir para a modernização da infraestrutura, com a implementação de pedágios eletrônicos, ampliação de faixas e melhorias na segurança viária, o que trará maior segurança aos usuários e ao transporte de cargas.
Noutro aspecto, é relevante lembrar que a sustentabilidade tem ganhado destaque no planejamento de infraestrutura. Projetos que priorizam o uso de materiais recicláveis e tecnologias mais eficientes na construção de rodovias devem se tornar mais comuns. Além disso, o uso de ferramentas de monitoramento digital e ITS (Sistemas de Transporte Inteligente) pode melhorar a gestão do tráfego e reduzir custos operacionais.
A integração entre o transporte rodoviário e outros modais, como ferrovia, hidrovia e portos, é vista como essencial para aumentar a eficiência logística. Até 2025, espera-se avanços em projetos intermodais, como corredores logísticos que conectem as regiões produtoras de commodities aos principais portos do país.
Muito embora o Sudeste e o Sul concentrem grande parte da infraestrutura de qualidade, regiões como o Norte e o Nordeste devem receber maior atenção até 2025. Projetos como a pavimentação da BR-319, que liga Manaus/AM a Porto Velho/RO, ilustram os esforços para melhorar a conectividade nessas regiões.
Apesar das perspectivas positivas, há desafios significativos no caminho do desenvolvimento do país, senão vejamos:
Burocracia: processos lentos de licenciamento ambiental e concessão atrasam a implementação de projetos;
Falta de recursos: financiamento público é limitado, exigindo maior participação do setor privado;
Manutenção: a falta de manutenção preventiva pode comprometer os avanços realizados.
Enfim, as perspectivas para a infraestrutura rodoviária no Brasil em 2025 são favoráveis, com avanços esperados em termos de investimentos, sustentabilidade e integração modal. Contudo, para que estas melhorias se concretizem, é primordial superar desafios como burocracia e falta de recursos.
A modernização das rodovias brasileiras não é apenas uma necessidade logística, mas também um passo fundamental para o desenvolvimento econômico e social do país, que, há muito, tem defasagem de investimentos no que diz respeito a esse segmento.
A aguardada terceira edição da maior Feira de Transporte e Logística do Paraná (Transpoeste), está com as inscrições abertas. O evento ocorrerá nos dias 20, 21 e 22 de março no Centro de Convenções e Eventos de Cascavel, um espaço amplo com mais de três mil metros quadrados, capaz de acomodar dezenas de estandes e receber até 20 mil visitantes.
Fundada em 2019 pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Carga e Logística do Oeste do Paraná (Sintropar), a Transpoeste estabeleceu marcas expressivas em sua segunda edição, registrando mais de R$150 milhões em negócios e a participação de 21 empresas expositoras.
Agora, dois anos depois, a Transpoeste retorna com a expectativa de ser ainda maior, buscando alcançar até R$200 milhões em negócios e reunir aproximadamente 7000 mil visitantes, além de oferecer amplas oportunidades para o transporte RODOVIáRIO de cargas na região.
Ao longo de três dias, a feira proporcionará acesso a serviços e novidades de destaque nas áreas de caminhões, tecnologia, seguros, pneus, combustíveis e acessórios. O evento reunirá os principais nomes do setor, todos compartilhando o mesmo objetivo de fomentar os melhores negócios e impulsionar o crescimento do segmento na região.
De acordo com o presidente do SINTROPAR, Antônio Ruyz, “Esse é um evento que já marca o calendário do Estado a cada edição. Estamos preparando uma feira ainda maior e com muitas novidades, para que os visitantes, em sua maioria empresários e executivos do transporte do Estado, possam conferir o que há de mais atual em produtos e serviços dos nossos expositores. Com certeza já é um sucesso a terceira edição e contamos com a participação de todos”.
A Transpoeste é promovida pelo Sintropar em parceria com a prefeitura do município de Cascavel e conta com o apoio institucional das principais entidades regionais e nacionais do setor de transporte. As inscrições estão abertas e podem ser realizadas pelo site oficial da feira: www.transpoeste.com.br
O presidente do Sistema Transporte, Vander Costa, acompanhou o anúncio das ações que visam garantir o escoamento da produção de grãos
O governo federal apresentou, nesta terça-feira (6), uma série de ações para garantir o transporte e a exportação da safra 2023-2024 de grãos. A anúncio foi feito, em conjunto, pelos ministros Renan Filho (Transportes), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos) e Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária). Os ministros falaram a uma plateia formada por representantes de entidades setoriais, técnicos do Executivo, parlamentares e jornalistas. O presidente do Sistema Transporte, Vander Costa, foi um dos convidados.
Em linhas gerais, o plano para o escoamento da safra direciona R$ 4,7 bilhões de recursos públicos para obras estruturantes nos principais corredores logísticos do país, com ênfase na recuperação da malha rodoviária, sobretudo das BRs que se conectam a portos. Desse modo, serão destinados R$ 2,66 bilhões para o Arco Norte, com obras nos estados de RO, PA, MA, PI, BA e TO; e R$ 2,05 bilhões para o Arco Sul Sudeste, com melhorias em trechos de MG, GO, PR, SC e RS.
Em sua participação, o ministro Fávaro destacou a importância da infraestrutura logística para a formação de preços do agronegócio. “Um transporte mais eficiente, com modais integrados, com portos dando fluidez, isso se reverte em renda, em capacidade de ganhar mercados cada vez mais exigentes e mais competitivos”, afirmou.
O plano foi detalhado por Renan Filho, que o contextualizou como um prosseguimento dos esforços iniciados no ano anterior, que contribuíram para a movimentação de soja e milho no período. “Esses investimentos representam a melhoria da malha de forma geral e a conclusão e intensificação de obras estruturantes nos corredores do agro. De 2023 para cá, já tivemos como resultado crescentes exportação e importação, o que significa muito mais atividade econômica”, resumiu.
“Esses indicadores colocam o Brasil na rota do maior volume de investimento da América do Sul e mostra que o governo federal tem atuado, fortemente, nos corredores que facilitam o escoamento da produção e para fortalecer os portos do país”, reforçou o ministro Silvio Costa Filho. O titular de Portos e Aeroportos aproveitou a ocasião para compartilhar o portfólio de investimentos previstos pela Pasta ao longo ano, com destaque para a rodada de leilões de áreas no Arco Norte (Barcarena/PA e Santana/AP).
Acompanharam a solenidade: Jorge Bastos, diretor-presidente da Infra S.A.; Rafael Vitale, diretor-geral da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres); Fabricio Galvão, diretor-geral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes); George Santoro, secretário executivo do Ministério dos Transportes; Viviane Esse, secretária nacional de Transporte RODOVIáRIO; Mariana Pescatori, secretária executiva do Ministério de Portos e Aeroportos; Leonardo Ribeiro, secretário nacional de Transporte Ferroviário; Jesualdo Conceição Silva, diretor-presidente da ABTP (Associação Brasileira dos Terminais Portuários); Murillo Barbosa, diretor-presidente da ATP (Associação de Terminais Portuários Privados); Sérgio Aquino, presidente da Fenop (Federação Nacional das Operadoras Portuárias); Edinho Bez, deputado federal (MDB-SC); entre outras autoridades.
O período de chuvas causa impactos em diversos setores produtivos e um deles é o das empresas de transporte de cargas no Estado. “A perda de produtividade dos veículos varia de 20% a 25% nesta época”, observa o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg), Antonio Luis da Silva Júnior.
O motivo, conforme o dirigente, é que com as chuvas é necessário reduzir a velocidade dos caminhões e ainda há interdições em vários pontos das rodovias mineiras, o que faz com que o tempo de viagem aumente. “O pior mesmo é o aumento do risco de acidentes neste período do ano”, observa.
Silva Júnior diz que os prejuízos contabilizados pelo setor de transporte de cargas e logística variam de acordo com o porte da empresa e o ramo de atividade que ela atende. Ele estima que as perdas com as chuvas para o segmento podem chegar a 40%, em especial, para as transportadoras que trabalham com minério.
E para ajudar os motoristas nesta época, o presidente do Setcemg destacou que há um aplicativo que mostra em tempo real as interdições nas rodovias, que faz parte da campanha “Ir e Vir Seguro”, feita em parceria com órgãos de segurança.
Iniciada em 2022, a campanha tem o objetivo de dar maior segurança para enfrentar o período de chuvas nas rodovias e mitigar os problemas causados pelas precipitações no setor de transporte de cargas.
O dirigente ressalta que a condição precária das rodovias mineiras não é de hoje. “É uma situação de anos, fruto da falta de investimentos na manutenção”, frisa. O último levantamento da Confederação Nacional do Transporte (CNT) aponta que 78% da malha rodoviária estadual é regular, ruim ou péssima.
Para ele, as correções nas estradas deveriam ser mais rápidas, o que não acontece em razão da dinâmica das obras feitas pelo poder público, como é o caso das licitações, que têm todo um trâmite definido em lei. “A concessão é um caminho para rodovias com muito fluxo e que precisam de investimentos pesados. Além do mais, o Estado não tem recurso para tudo”, destaca.
O presidente do Setcemg estima que o faturamento do setor em Minas no ano passado teve crescimento no patamar de 5% a 6%. “Só que vale lembrar que a margem foi reduzida por causa do aumento dos custos. O ano de 2023 pode ser avaliado como sendo de razoável para bom”, diz.
Para 2024, ele aposta em um ano complexo em razão da reoneração da folha de pagamento e o impacto negativo da concorrência chinesa em um setor importante para os transportadores, que é siderúrgico, entre outros fatores. “É difícil fazer qualquer tipo de previsão, pois tudo vai depender do ritmo da economia. É possível ter um faturamento um pouco melhor”, analisa.
Investimentos
Silva Júnior também avaliou os investimentos de R$ 3 bilhões previstos para este ano nas estradas de Minas Gerais, anunciados pela Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra). Ele diz que são um “alento”, mas que o recurso ainda é pouco diante do atual estado das rodovias. “Minas Gerais tem a maior malha rodoviária do País e tudo passa pelo Estado”, observa.
O valor contempla aportes do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Minas Gerais (DER-MG) e das concessionárias de rodovias privatizadas. As obras serão para recuperar trechos, construir pontes e pavimentar locais ainda sem asfalto.
O dirigente lembra do levantamento da Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgado em novembro passado, que mostra que para recuperar trechos danificados das rodovias de Minas Gerais é necessário investimentos de R$ 16,63 bilhões.
O montante seria gasto com ações emergenciais, como reconstrução e restauração, além de manutenção das estradas. A projeção da 26ª pesquisa CNT de Rodovias contempla apenas a recuperação do pavimento, excluindo valores a serem destinados para melhorias na sinalização e no traçado das vias.
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