A recuperação do Brasil dependerá muito do fomento do setor industrial nos próximos tempos. A análise é de Rafael Cervone, vice-presidente da Fiesp/Ciesp (Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), ao analisar dados do PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre, divulgados na última semana.
“Embora seja animador o crescimento de 1,2% em relação a igual período de 2020 e 1% na comparação com os três meses imediatamente anteriores, poderíamos ter avançado mais no nível de atividade, se a competitividade do segmento fabril fosse maior”.
No primeiro trimestre, quando o PIB totalizou R$ 2,048 trilhões, a expansão da indústria foi de 0,7%, à frente dos serviços (0,4%), mas muito abaixo da agropecuária, que cresceu 5,7%. “Essa grande diferença com o importante setor do agronegócio revela como a indústria tem sido apenada em sua competitividade. Representa 11% do PIB nacional, mas recolhe um terço de todos os impostos”, compara Cervone, acentuando que a questão tributária é uma das principais barreiras enfrentadas pelo setor, além da insegurança jurídica, dificuldades de acesso ao crédito e legislação trabalhista antiquada, dentre outros fatores.
Cervone enfatiza que a indústria, exatamente por ter as soluções tecnológicas e de processos essenciais à recuperação da economia mundial, torna-se o novo epicentro da disputa entre as grandes economias. Nesse sentido, citou o diferimento e/ou postergação de impostos para as fábricas no âmbito da União Europeia e a liberação de US$ 300 bilhões para o setor pelo Governo Biden, nos Estados Unidos.
“Aqui no Brasil, continuamos enfrentando muitos obstáculos à competitividade industrial, que é decisiva para que possamos nos recuperar da crise da Covid-19 e voltar a crescer em patamares elevados”, conclui.
Segundo estudo da CNI, país asiático avança em produtos complexos
Principal origem das importações brasileiras desde 2019, a China continuou avançando sobre o comércio externo brasileiro em 2020. Segundo levantamento divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o país asiático foi responsável por 21,9% das compras externas brasileiras no ano passado, com avanços em produtos de tecnologia.
Nos últimos 15 anos, a China apresentou uma evolução considerável no comércio exterior. Em 2006, o país detinha 8,6% das importações brasileiras. Tradicionalmente o principal fornecedor de produtos para o Brasil, a União Europeia viu a participação cair de 20,3% em 2006 para 19,1% no ano passado.
No mesmo período, os Estados Unidos mantiveram uma participação relativamente estável nas importações brasileiras, com leve alta de 15,7% para 17,6%, mantendo a terceira posição. O principal perdedor na origem das importações brasileiras foi a América do Sul. De segundo lugar em 2006, responsável por 17,6% das compras externas do Brasil, o continente caiu para o quarto lugar, com 11,4% em 2020.
Indústria
Além de aumentar as exportações para o Brasil, a China também passou a vender produtos cada vez mais sofisticados, distanciando-se da imagem de exportador de bens industrializados de baixa complexidade. Ao analisar 15 setores da indústria, o levantamento constatou que as importações da China cresceram em 11, mantiveram-se em três e caíram apenas em um setor.
Entre os setores com maior avanço da China de 2006 a 2020, estão máquinas e equipamentos (de 10% para 23%); produtos químicos (de 10% para 29%) e materiais elétricos (de 24% para 50%). Até segmentos nos quais o país asiático tinha pouca tradição conquistaram fatias significativas de mercado: veículos e automóveis (de 2% para 11%) e química fina (de 1% para 14%).
No mesmo tempo, a indústria brasileira passou a comprar cada vez menos das outras regiões e dos demais países. Dos 15 setores pesquisados, 11 passaram a importar menos da União Europeia e do Japão e 13 passaram a comprar menos da América do Sul e dos Estados Unidos.
Propostas
Para o gerente de Políticas de Integração Nacional da CNI, Fabrizio Sardelli Panzini, o crescimento do comércio com a China tem criado uma dependência prejudicial para os setores mais desenvolvidos da economia brasileira. Com 75% das exportações ao país asiático concentradas em soja, minério de ferro e petróleo e importando bens cada vez mais complexos, o Brasil tem experimentado piora na qualidade do comércio exterior.
“Há vários anos esperamos a diversificação do comércio com a China, mas ela não vem. O máximo de espaço para ampliar o comércio com a China está na agroindústria, com mais exportações de carne e algum ganho de mercado”, diz.
O gerente da CNI defende a rápida aprovação e implementação do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia para que a indústria brasileira recupere espaço nas exportações. Diferentemente da China, o Brasil tem um comércio mais equilibrado com os países europeus, exportando tanto produtos básicos como industrializados. O acordo tem potencial de ganhos porque prevê a queda mais rápida de tarifas e barreiras comerciais para os produtos do Mercosul no mercado europeu do que o dos produtos europeus aqui.
“A União Europeia é um parceiro tradicionalmente importante para o Brasil, com um comércio complementar e elevada participação da indústria dos dois lados. Quando a União Europeia perde mercado, o Brasil perde qualidade do comércio. Existem muitas empresas europeias que investem aqui e geram exportação para a Europa. Com a China, não existe a contrapartida do crescimento das exportações de bens industrializados brasileiros”, explica Panzini.
América Latina
Na avaliação de Panzini, a assinatura do acordo entre o Mercosul e a União Europeia também é importante para restabelecer o comércio na América Latina. Ele ressalta que o Brasil tem acordos comerciais profundos com vários países da América Latina, mas as trocas dentro do continente estão diminuindo com o avanço do comércio com a China.
“Cada vez mais, os países latino-americanos vendem commodities (bens primários) a país asiático e menos entre si. O continente tem se reprimarizado na economia, daí a importância de viabilizar investimentos europeus aqui, com melhoria no ambiente de negócios, para o Brasil poder exportar para a América Latina”, diz.
O gerente da CNI recomenda ainda melhorias internas brasileiras, com a aprovação de reformas econômicas, principalmente a tributária, que reduza o custo Brasil e harmonize os impostos com os dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). “Se o Brasil fizer o dever de casa, vai melhorar a competitividade e aproveitar ainda mais os ganhos do acordo com a União Europeia”, acrescenta.
A edição maio/junho da Revista SETCERGS faz uma cronologia dos acontecimentos que geraram milhões de prejuízos com caminhões parados e atrasos nas entregas nas fronteiras brasileiras.
No começo de abril, a Argentina e o Chile passaram a exigir a apresentação de testes negativos RT-PCR, realizados com até 72 horas de antecedência, para o ingresso de motoristas de carga estrangeiros. A reportagem mostra que, embora os cuidados sanitários sejam apoiados pelos transportadores, na prática esta medida se mostrou muito difícil de cumprir.
Outro destaque da publicação é a reivindicação, feita pelo Sindicato das Empresas de Tranportes de Carga e Logística do Rio Grande do Sul, de vacinação urgente dos profissionais do setor contra a covid-19. A categoria não parou de trabalhar durante a pandemia e, apesar de estar há seis meses na lista de grupos prioritários, poucos são os caminhoneiros que já conseguiram se vacinar.
A questão da ECOSUL
Há 9 anos, o SETCERGS pede na Justiça Federal a anulação do Termo Aditivo ao Contrato de Concessão para exploração do Polo RODOVIáRIO de Pelotas, que cobra um dos pedágios mais caros do país. Agora, com a pretensão de prorrogação dos contratos com a ECOSUL, a reportagem mostra que uma decisão impensada a esse respeito vai prejudicar financeiramente não apenas quem mora ou trabalha no Sul gaúcho.
A Revista SETCERGS tem edição e textos de Guacira Merlin e conta também com reportagens de Giana Milani, revisão de Simone Donini e design gráfico de Turya Elisa Moog. A publicação começou a circular em março de 1976 com o nome Transnotícias e tornou-se um marco no registro das lutas e conquistas de um dos setores mais importantes da economia brasileira, o do transporte rodoviário de cargas.
Medidas para poupar água e garantir geração de energia devem afetar navegação, ampliar procura por transporte RODOVIáRIO
A pior crise hídrica no Brasil em quase um século irá impactar a navegação em hidrovias e encarecer o transporte por este modal no maior exportador mundial de commodities como soja, café e açúcar.
Nesta quarta-feira (2/6), o ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, afirmou que medidas para economizar água e direcionar recursos hídricos à geração de energia iriam inevitavelmente afetar a navegação na hidrovia Tietê-Paraná, a que mais está sofrendo com a seca prolongada no coração de alguns dos principais Estados agrícolas do Brasil.
Freitas afirmou que o governo irá reduzir o calado na bacia do rio Paraná, o que interromperá a movimentação fluvial de cargas de Estados como Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. A bacia forma parte da quarta maior hidrovia do Brasil para o transporte de cargas.
“Se as empresas não conseguem usar o rio para movimentar mercadorias por causa da queda do nível da água, elas recorrem ao transporte rodoviário”, disse o coordenador de pesquisas de logística da Escola de Agricultura da Universidade de São Paulo (Esalq), Thiago Péra. “Isso vai aumentar o custo do frete, já que os preços do diesel estão subindo.”
Péra afirmou que uma eventual redução do nível de água no sistema Tietê-Paraná poderia ter um maior impacto nos trajetos mais longos, enquanto viagens mais curtas ainda seriam possíveis.
Ele acrescentou que devido à interrupção da navegação no sistema em 2014, operadores estão mais preparados para situações como essa. Ao mesmo tempo, o problema dificultou investimentos para melhorar a hidrovia, que também é usado para importar grãos do Paraguai.
No ano passado, quase 3,9 milhões de toneladas de produtos, incluindo soja e milho, foram movimentados pela bacia do Paraná, de acordo com dados da reguladora de portos Antaq. Isso representa uma queda em relação a uma média de 5,6 milhões de toneladas entre 2017 e 2019, mostraram os dados.
Freitas também afirmou que o governo precisará ligar as térmicas para garantir fornecimento de energia, já que o potencial de geração das hidrelétricas do Brasil está comprometido pela seca.
Ferramentas que captam dados e informações, impactam diretamente a qualidade do serviço ofertado pelo segmento
A telemetria é uma tecnologia aliada do setor de transporte de cargas, fornecendo ferramentas e recursos, e a telemetria é um dos instrumentos mais usados conforme apontado em um estudo realizado pela Trimble Transportation Latam em parceria com a Younder EdTech. A pesquisa entrevistou 250 profissionais da gestão de frotas e áreas correlatas e descobriu que 69,2% deles utilizam telemetria em suas frotas.
Apesar de ser uma amostra pequena, esse número evidencia a tendência dessa ferramenta no setor, que se destaca por sua funcionalidade: a telemetria é um instrumento tecnológico que permite coletar informações como a velocidade média do automóvel ou a localização em tempo real do caminhão e da carga.
Coletar essas informações possibilita uma boa gestão de frota, já que é possível obter dados precisos sobre o veículo e gerar uma ferramenta de gestão da dirigibilidade do automóvel, além de assegurar maior segurança tanto para o condutor quanto para a carga.
Danilo Guedes, presidente da ABC Cargas, utiliza essa tecnologia em sua empresa e aponta os benefícios: “Uma das formas mais eficientes de fazer uma boa gestão de frotas, redução de gastos com manutenção, otimização das rotas, melhoria dos resultados e aumento da segurança da carga é a utilização do sistema de telemetria. Por meio dessa tecnologia, é possível saber a localização em tempo real e programar manutenções corretivas e preventivas”.
O impacto dessa ferramenta no desempenho do serviço ofertado é tanto, que as empresas que não a utilizam podem perder competitividade no mercado. “Qualquer empresa que não mede o desempenho da sua frota perde competitividade, pois a cada dia mais precisamos ofertar preços competitivos, o que é possível somente por meio de controle operacionais corretos e precisos que gerem condições para reduzir substancialmente os custos de transportes”, continua Danilo. A telemetria ainda possui um fator de sinergia com outras soluções, podendo ser utilizada em conjunto com outras ferramentas e métodos. “A telemetria em si já é uma solução muito eficiente para tornar uma gestão de frotas mais econômica e segura. No entanto, quando combinada com outras soluções, torna-se uma ferramenta poderosa para conseguir resultados ainda melhores”, conclui Guedes.
Localizada na Amazônia, obra que passa no meio do Parque Nacional da Serra do Divisor (AC) tem o objetivo de ligar o Brasil ao Peru
Apesar de o projeto de lei 6024/2019, que propõe a retirada da proteção integral do Parque Nacional da Serra do Divisor, ainda estar em tramitação na Câmara dos Deputados, a base de dados do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) já considera a expansão da BR-364 no meio da Unidade de Conservação (UC).
Localizado no Vale do Juruá, no interior do Acre, o parque abriga mais de 1.100 espécies de plantas e é considerado uma das regiões de maior biodiversidade do mundo, no coração da Amazônia.
Apesar disso, a proposta, de autoria da deputada Mara Rocha (PSDB-AC), voltou a ser discutida após ficar parado por um ano e meio.
Em março, a iniciativa passou a ter relatoria de deputado José Ricardo (PT-AM). Ele é do mesmo partido do prefeito de Mâncio Lima, Isaac Lima, que já se mostrou favorável à estrada.
O município fica a 670 km de Rio Branco e é o último a ser contemplado pela BR-364 até o momento. Além dele, Cruzeiro do Sul, Porto Walter, Marechal Thaumaturgo e Rodrigues Alves também abrigam o Parque Nacional da Serra do Divisor.
A expansão da BR-364 dentro da UC foi considerada no próprio decreto nº 97.839, que criou o parque. “Fica autorizada a implantação futura do trecho da BR-364 que corta os limites deste Parque Nacional, devendo ser observadas, para este fim, todas as medidas de proteção ambiental e compatibilização do traçado com as características naturais da área”, cita um trecho do texto, assinado, na época, pelo presidente José Sarney.
Em meio à tramitação, retomada no governo do presidente Jair Bolsonaro, o banco de dados do DNIT já sinaliza a expansão da estrada até o Peru. Procurado, o órgão relatou que está na fase de contratação dos projetos de engenharia da obra, mas ponderou que a rota ainda não está definida.
Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você esteja bem com isso, mas você pode optar por não participar, se desejar. Cookie settingsACEITAR
Política de Cookies e Privacidade
Privacy Overview
This website uses cookies to improve your experience while you navigate through the website. Out of these, the cookies that are categorized as necessary are stored on your browser as they are essential for the working of basic functionalities of the website. We also use third-party cookies that help us analyze and understand how you use this website. These cookies will be stored in your browser only with your consent. You also have the option to opt-out of these cookies. But opting out of some of these cookies may affect your browsing experience.
Necessary cookies are absolutely essential for the website to function properly. This category only includes cookies that ensures basic functionalities and security features of the website. These cookies do not store any personal information.
Any cookies that may not be particularly necessary for the website to function and is used specifically to collect user personal data via analytics, ads, other embedded contents are termed as non-necessary cookies. It is mandatory to procure user consent prior to running these cookies on your website.