Trem da Ferrovia Tereza Cristina – Foto: NDTV/Arquivo/ND
Agenda Estratégica para a Infraestrutura de Transporte e a Logística Catarinense 2022, organizada pela Fiesc, terá foco especial no setor ferroviário
A grande questão que será levantada nesta segunda-feira (6), no lançamento da Agenda Estratégica para a Infraestrutura de Transporte e a Logística Catarinense 2022, é: “Existe um planejamento da logística catarinense para curto, médio e longo prazo?”
Conforme informações obtidas em primeira mão pelo blog, a demanda de investimentos estratégicos em infraestrutura de transportes no Estado entre 2022 e 2025 soma R$ 18,5 bilhões, algo em torno de R$ 4,63 bilhões por ano.
A maior parte deste recurso é para o modal RODOVIáRIO: R$ 14,4 bilhões. Mas, há uma atenção especial também para o modal ferroviário: R$ 928,7 milhões.
A retomada dos projetos ferroviários catarinenses, ajustados e com o conceito de integração, é um dos pontos que será abordado pelo presidente da Fiesc (Federação das Indústrias), Mario Cezar de Aguiar.
Um dos grandes desafios é a falta de recursos do governo federal. De janeiro a novembro, Brasília entregou menos de 40% do que prometeu a Santa Catarina em 2021, considerando o Orçamento Geral da União, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), e o PIL (Programa de Investimento em Logística).
Dos R$ 493 milhões, foram investidos R$ 191,8 milhões, segundo a Fiesc.
Por isso, um dos caminhos é a busca por investimentos privados, fazendo avançar os processos de desestatização, como dos portos de Itajaí, Imbituba e São Francisco do Sul e do aeroporto de Jaguaruna.
Outra iniciativa importante é a mobilização da sociedade, por meio da campanha “BRs – SC não pode parar”, em parceria da Fiesc com o Grupo ND.
O presidente da NTC&Logística, Francisco Pelucio, recebeu ontem (1) em Brasília, o deputado federal, Eduardo Bolsonaro na sede da entidade.
Durante o encontro, Pelucio comentou com o parlamentar sobre o trabalho desenvolvido pela associação em favor do transporte de cargas brasileiro e também relatou sobre os principais temas que vêm sendo trabalhados junto ao congresso nacional. Ele também solicitou apoio do deputado nos temas que tangem o setor.
Eduardo foi solícito, demonstrando apoio ao segmento e destacou a importância da categoria para o desenvolvimento do país.
Em seguida a reunião, o presidente da entidade, com demais autoridades, acompanhou o deputado a uma visita ao BI do SEST SENAT, onde tiveram a oportunidade de conhecer o sistema integrado de inteligência do sistema, que permite maior conhecimento das práticas do segmento em todo o Brasil, por meio das unidades do serviço.
Participaram do encontro também, o vice-presidente de segurança, Roberto Mira, o diretor financeiro da entidade, Marcelo Rodrigues, a diretora executiva, Edmara Claudino, o presidente da FENATAC, Paulo Afonso Lustosa, do SETCEG, Ademar Pereira, do SINDIBRAS, Hélio Camilo Marra, o diretor de comunicação e marketing da FENATAC, Humberto Junqueira, assessor jurídico do SETCEG, David Pereira de Souza, entre outros representantes de entidades do setor.
O presidente do Senado, senador Rodrigo Pacheco (PSD), se reuniu com líderes do setor produtivo e autoridades na tarde desta segunda-feira, 29, na sede do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas no Paraná (Setcepar) para falar sobre o atual momento econômico do Brasil, indicar ações que impactam o setor produtivo e apresentar as fases de cada reforma em andamento no Congresso Nacional.
Pacheco iniciou a sua fala apresentando um panorama sobre o desenvolvimento econômico do Brasil e do Paraná; posteriormente comentou a atuação do Senado durante a pandemia, como o primeiro parlamento a funcionar 100% digital e com um trabalho que garantiu agilidade na compra de vacinas, e também sobre a atuação em reformas necessárias para o bom andamento do governo. “É fundamental que o senado assuma o seu papel de ser um reformista perene”, disse em um trecho.
Posteriormente, Pacheco respondeu algumas perguntas elaboradas pelo coordenador do G7 e presidente da Faciap, Fernando Moraes, sobre a PEC 45/2019 e a PEC 110/2019, ambas referentes à reforma tributária; sobre a PEC 23/2021 dos precatórios; a PEC 32/2020 da reforma administrativa; a reforma cambial; o PL 2058/2021, das gestantes; o PL 4728, de 2021, sobre o Programa Especial de Regularização Tributária (PERT); e o PL 1829/2019, que moderniza a legislação de Turismo
Reformas tributária e administrativa
Primeiro o presidente do Senado falou sobre a reforma tributária. Segundo Pacheco, há divergências entre União e estados, estados e municípios e entre o setor produtivo. “O governo federal não capitaneou uma reforma que fosse ampla no Brasil, como, por exemplo, que contemple a unificação dos impostos”, lamentou.
Em segundo lugar, respondeu o questionamento sobre a reforma administrativa, que segundo ele, também conta com uma série de divergências, principalmente por parte do funcionalismo público e por estar tão próxima ao ano eleitoral. “Acho que o Brasil, com os déficits educacionais, não tem condições para defender o estado mínimo. Temos déficit de inclusão, alfabetização, imagine deixar o estado fora disso. Mas temos que deixar menos dependente”. Pacheco se mostrou favorável a aprovação da reforma administrativa, mas defendeu que além da ajuda social, é de extrema importância oferecer aos brasileiros condições para o próprio sustento, por meio da geração de empregos. “Tem que ter a porta de entrada, mas a mesma porta de entrada tem que ser a de saída”, disse. “Não se trata de um estado mínimo, o estado tem que agir, mas de maneira inteligente. Temos que ter um estado que privilegie mais a atividade fim do que a atividade meio, isso está na PEC da reforma administrativa”, comentou.
Precatórios
Em relação aos precatórios, Pacheco afirmou que o Senado vai discutir a PEC nesta semana, mas que um problema a ser discutido de imediato é a dificuldade com o teto de gastos. “As vezes nosso problema não é financeiro, arrecadação tem, mas o teto de gastos não permite o uso do dinheiro”. Além disso, segundo o presidente do Senado, a solução encontrada para a PEC dos precatórios foi “a solução possível”, por meio de um consenso entre todos os envolvidos.
Por fim, Pacheco encerrou sua fala fazendo um apelo para que os brasileiros tenham mais união. “Temos que nos unir para preparar o Brasil para as crises”, finalizou.
Além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, estiveram presentes no encontro o vice-governador do Paraná, Darci Piana; o chefe da Casa Civil, Guto Silva; o secretário de estado de Justiça, Família e Trabalho, Ney Leprevost; o secretário de estado do Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas, João Carlos Ortega; o secretário de estado da Fazenda, Rene Garcia Junior, o secretário de estado de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex Oliveira; o secretário do estado do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, Márcio Nunes; o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Ademar Traiano; o deputado estadual, líder do governo na Alep, Hussein Bakri; o presidente do Tribunal de Justiça do Paraná, desembargador José Laurindo de Souza Netto; o presidente do Tribunal de Contas do Paraná, Conselheiro Fabio Camargo; o vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel Slavieiro; o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab; o presidente da Faciap e coordenador do G7, Fernado Moraes, o presidente da Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná; Sérgio Malucelli; o presidente da Federação da Agricultura do Estado do Paraná, Ágide Meneguette; o presidente do Sistema da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná, José Roberto Ricken; o presidente da Associação Comercial do Paraná, Camilo Turmina; o diretor superintendente do Sebrae Paraná, Vitor Tioqueta; o diretor de Administração e Finanças do Sebrae Paraná e o diretor de operações do Sebrae Paraná, Julio Cesar Agostini.
Cerca de R$ 74 bilhões já foram contratados para o incremento da logística nacional com concessões no setor
Com o objetivo de atrair investimentos privados para o setor de infraestrutura de transportes, o Governo Federal, por meio do Ministério da Infraestrutura, apresentou o modelo brasileiro de concessões e a carteira de projetos a grupos de investidores em diversos países e potências econômicas no mundo.
Desde 2019, o Governo já garantiu cerca de R$ 74 bilhões para o incremento da logística nacional com as concessões de 34 aeroportos, cinco rodovias, seis ferrovias considerando concessões, renovações e investimento cruzado, 29 arrendamentos portuários, além de autorizações para 99 Terminais de Uso Privado.
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, falou sobre o assunto e abordou resultados e expectativas dos investimentos brasileiros no setor de logística no país.
Nós saímos desse roadshow muito animados, porque os investidores perceberam que o nosso programa é muito consistente, na verdade o que nós apresentamos a eles foi a mesma coisa que nós apresentamos em 2019 só que 79 leilões depois. Então eles verificam que é um programa que está em andamento, que está em curso, que é consistente, aquilo que a gente programa acontece, que a gente está cumprindo os prazos, os cronogramas e a gente foi mostrar o que está por vir, quais são os próximos ativos, também tirar qualquer risco ou temor em relação ao processo eleitoral do ano que vem. Era importante deixar muito claro que a eleição não vai interferir na programação dos leilões, nos cronogramas, já foi assim em 2018, vai ser assim em 2022 e a receptividade foi a melhor possível. É possível até verificar alguns projetos que têm despertado muito interesse dos investidores, como a Sétima Rodada de aeroportos, o metrô de Belo Horizonte, as privatizações portuárias são uma grande novidade, rodovias como o bloco de rodovias do Paraná. Então é um prenúncio de que nós teremos aí leilões muito bem-sucedidos ao longo do ano que vem.
A gente percebeu que havia uma demanda reprimida que o Estado não estava conseguindo capturar e não estava conseguindo dar vazão. É o caso daquela indústria de celulose que quer fazer a ligação da sua planta pra uma concessão existente, é o caso de uma mineradora que tem um ativo minerário e quer ligar esse ativo diretamente ao porto, é o caso de uma indústria que quer fazer o seu ramal com o porto ou das indústrias de proteína animal, por exemplo, que estão no Paraná e Santa Catarina e querem ligar com o Mato Grosso, que é produtor de milho e de ração, para suas indústrias, porque essa é a maior vulnerabilidade de uma indústria de proteína animal, é a falta deste insumo. Então, a gente precisava conceber uma maneira de prover, dar oportunidade de o privado fazer esse investimento de uma forma menos burocrática, mais rápida e aí mudamos o marco legal para que esse novo marco comportasse as autorizações.
Na autorização o investidor toma o risco de engenharia, então ele pede para fazer determinado trecho, ele toma esse risco, constrói a sua ferrovia, ele opera a sua ferrovia num regime regulatório muito mais simples. Ele vai fazer a sua análise em termos de plano de negócios, vai ver se faz sentido, se aquilo é viável do ponto de vista econômico e financeiro. A gente, na ferrovia, tem uma facilidade maior em termos de programação e o que a gente esperava era ter, como a que existe nos Estados Unidos, era uma série de operadores de shortlines, lá são seis, sete operadores de ferroviários com mais de 600 operadores shortline. Quando nós lançamos as autorizações, nós esperávamos receber ali seis ou sete pedidos de autorização que eram coisas que estavam chamando muita atenção, estavam gritando ‘olha, isso aqui faz muito sentido’, e não acontece porque o Estado hoje tem exclusividade de empreender em ferrovia, então vamos tirar essa exclusividade do Estado. O fato é que nós já estamos indo aí para 35 pedidos de autorização e isso vai corresponder à implementação de mais 9 mil quilômetros de ferrovia e a contratação de mais de R$ 120 bilhões de investimento. Então é o impulso ferroviário sem precedentes na nossa história.
Todo o nosso programa de infraestrutura tira força do Plano Nacional de Logística, que é um plano onde a gente considerou as origens, o destino, os principais fluxos de transporte, as principais cadeias produtivas e o comportamento da economia do Brasil nos próximos anos, então a gente analisou o problema na perspectiva da demanda, confrontamos isso com a oferta de transporte e verificamos quais são os principais gargalos e quais são as melhores alternativas de transporte para a gente suprir a nossa deficiência de logística. Então, concebemos um programa com ênfase no transporte ferroviário, as ferrovias, então, elas vão aparecer sob três pilares, um primeiro pilar das concessões. Nós já fizemos duas, a Ferrovia Norte-Sul e a Ferrovia de integração Oeste-Leste, estamos trabalhando para fazer a terceira, que é a Ferrogrão.
Um pilar que são as renovações antecipadas dos contratos de concessão existentes, com investimentos programados nas malhas existentes e em malhas adicionais definidas pelo Estado com o que a gente chamou de investimento cruzado.
E o terceiro pilar são justamente as autorizações. Com isso, a gente vai dar um salto ferroviário. Então a gente vai sair de uma participação no modo ferroviário na matriz, que hoje está na casa dos 20%, para 40% em 15 anos. Então, em 2035 a gente deve dobrar a participação no modo ferroviário na matriz e isso representa um ganho brutal em termos de oferta ferroviária, e essa oferta ferroviária vai repercutir em menores fretes, a gente deve reduzir o custo Brasil da ordem de 30%, sem falar na eficiência energética, sem falar na sustentabilidade, porque aí a gente tá falando do transporte também muito mais sustentável.
Eu acho que foi uma estratégia acertada, a gente tinha vários leilões que foram liberados pelo Tribunal de Contas da União em sequência, resolvemos concentrar tudo numa semana, chamar atenção do mercado para isso. Observe que eram leilões de modos de transporte diferentes. Então a gente fez num dia aeroportos, no outro dia a gente fez terminais portuários, no outro dia a gente fez rodovias, intercalamos esses leilões com conversas com fundos, com bancos, então a gente conseguiu jogar luz no nosso programa de concessão num momento extremamente difícil de pandemia. Então a atitude de fazer esses leilões era extremamente ousada, mas a gente percebeu uma oportunidade por que vários países resolveram suprimir projetos das suas carteiras, com medo da repercussão da pandemia e a gente viu nisso uma oportunidade, a gente se tornou, para alguns tipos de ativo, quase que vendedores exclusivos no mundo, e como a resposta regulatória na questão da pandemia foi muito rápida, por exemplo na questão dos aeroportos, a gente veio com medidas de proteção de caixa, postergamos pagamento de outorga, fizemos a primeira jornada de reequilíbrios econômicos financeiros, isso trouxe uma segurança para o investidor e ele acabou vindo para essa semana da Infra Week, foi extremamente bem sucedida.
Sem dúvida, eles têm essa percepção, por isso que a gente conseguiu detectar um grande interesse. Eles percebem no Brasil algumas características que são requeridas por qualquer investidor e é por isso que eles estão vindo.
Primeiro: uma tradição de respeito a contratos, a gente consegue demonstrar isso porque estamos fazendo, por exemplo, licitações novamente de contratos que foram feitos pela primeira vez na década de 90, que atravessaram vários governos com orientações ideológicas diferentes, chegaram a seu término e estão novamente sendo transferidas agora pela iniciativa privada.
Segundo: nós temos um grande mercado consumidor, um mercado apto a crescimento, então é o que todo mundo quer que é trabalhar para um mercado que tem potencial de crescer.
Terceiro: nós temos portfólio. Ninguém quer estudar o sistema regulatório jurídico de um país para participar de um leilão, dois leilões, os investidores querem participar de vários leilões.
Quarto: nós temos excelentes ativos, então todo mundo quer participar de um leilão do aeroporto de Congonhas, do Aeroporto Santos Dumont, do Porto de Santos, de rodovias do Paraná que tem 25 anos de memória de tráfego, de uma rodovia Presidente Dutra, de rodovias que servem, atendem ao agronegócio. Enfim, nós temos muitos ativos de muita qualidade.
Quinto: nós temos estruturação sofisticada. A estruturação hoje no brasil é uma das melhores do mundo, aprendemos a estruturar projetos. São projetos em que a gente trata risco de demanda, em que a gente trata risco de cambio dentro do próprio contrato, são projetos que nascem com reserva de liquidez pra fazer frente a determinadas situações de reequilíbrio econômico-financeiro.
Sustentáveis. A gente mostra para os investidores que nós temos projetos que estão nascendo com certificação ambiental, com selo verde e isso permite o acesso a outros bolsos, além de mitigar o risco de imagem desse investidor. E nós temos excelentes taxas de retorno. Então, dado o nível de taxas de juros que nós encontramos hoje no mundo, os nossos projetos remuneram taxas que são extremamente atraentes. E eles percebem ainda que o Brasil está fazendo o deve de casa, ele tem caminhado em cima de dois pilares, um pilar de consolidação fiscal e um pilar de reformas pró-mercado. Então esse conjunto chama atenção e é por isso que o interesse demonstrado é muito grande e nós teremos leilões bem-sucedidos.
Leilões importantes. Se a gente pegar no setor portuário, Imbituba marca uma mudança de vocação do porto, então um porto que era vocacionado antes só por container, agora vai operar outros tipos de carga, vai operar líquidos também, então atender uma gama maior de usuários. O leilão do Porto de Santos é fundamental para a logística de combustíveis no Brasil, porque é um terminal que está conectado com refinarias, esse leilão vai proporcionar investimentos naquilo que hoje é gargalo no Porto de Santos para a movimentação de líquidos, que é falta de berço, então nós vamos ter a construção de dois novos berços, a gente está falando de R$700 milhões de investimento, um resultado maravilhoso, extraordinário, porque foram R$558 milhões de outorga e isso é incorporado ao caixa da companhia que se prepara para desestatização. E o leilão da Dutra também foi espetacular porque eu acho que é o modelo de rodovia de operação mais moderno que nós vamos ter, a gente está falando de R$ 15 bilhões de investimento. Houve um acerto da nossa parte de não fazer simplesmente a prorrogação do contrato, mas de partir para um novo leilão, por que a gente consegue incorporar as lições aprendidas no passado à nova situação macroeconômica do Brasil, que é completamente diversa daquela da década de 90, e proporcionar uma quantidade muito grande de investimento para o usuário com redução de tarifa. Então aquele usuário que sai do Rio de Janeiro e vai para São Paulo vai pagar 35% menos de tarifa.
A expectativa para esse leilão é a melhor possível. Só para se ter uma ideia, a ligação do Rio de Janeiro para São Paulo, a ponte aérea Rio-São Paulo é a quarta rota mais movimentada do Planeta, então, seguramente foi um dos leilões mais comentados lá fora no Roadshow. Acho que foi talvez uma quantidade muito grande de reuniões que nós tivemos com operadores de infraestrutura focada na discussão da Sétima Rodada [de Concessões Aeroportuárias]. Então, nós teremos os maiores operadores de estrutura aeroportuária do mundo presentes, isso é muito interessante, operadores de várias nacionalidades diferentes, alguns já posicionados no Brasil, outros não ainda, mas com certeza a gente vai trazer muito investimento, muita qualidade para a gestão desses ativos.
Desde a aprovação da Reforma Trabalhista (pela Lei 13.467), em 2017, pelo ex-presidente Michel Temer, as relações de trabalho avançaram, mas seguem gerando impasses no Supremo Tribunal Federal (STF). Na última sexta-feira (26), a TV NTC teve o privilégio de receber um dos idealizadores da Lei, o Juiz do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 9ª região, Marlos Melek, para apresentar as suas perspectivas sobre as recentes decisões do STF no mundo do trabalho em live no canal da entidade no YouTube.
Participaram da reunião o presidente Francisco Pelucio e o assessor jurídico, Dr. Narciso Figueirôa Junior. A conversa foi realizada de forma totalmente remota e com transmissão gratuita aos espectadores. “Agradeço aos colegas por estarem aqui hoje, é uma honra tê-los conosco e espero que tenhamos ótimas reflexões ao final dessa reunião”, declarou Pelucio.
Narciso parabenizou o trabalho do Juiz Melek junto à NTC&Logística de levar os interesses dos transportadores ao Governo Federal. No mês passado, Melek foi um dos participantes do I Seminário Trabalhista do Transporte de Cargas, realizado na Câmara dos Deputados. A defesa incondicional do Juiz a um ambiente de trabalho mais harmonioso, e ao estabelecimento de regras de contratação justas, tanto para aos empresários quanto aos trabalhadores, o tornou uma personalidade de confiança para a Entidade.
Em sua fala inicial, Marlos elencou as propostas julgadas, em andamento e em processo de redação do STF que abordam a atualização da Legislação Trabalhista passados anos de vigência da Reforma Trabalhista. Ele integrou a primeira Comissão Técnica que redigiu o Projeto de Lei nº 6787, antecessor da Lei 13.467, instituída em 13 de julho de 2017.
Dessa forma, devido à sua familiaridade com o tema e constante participação nas decisões relativas ao Direito do Trabalho no STF, o Juiz trouxe à transmissão quais os assuntos ele crê serem de maior relevância para o transporte RODOVIáRIO de cargas nos próximos anos no campo do emprego.
Entre as propostas ainda em processo de julgamento elencadas pelo jurista, destacou-se inicialmente, o pedido de vista de Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) sobre a jornada “12×36”, solicitada pelo Ministro do STF Gilmar Mendes. Incluída na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) através da Reforma Trabalhista, a iniciativa instituiu a possibilidade das partes envolvidas na contratação, por meio de acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, optarem por uma jornada de de 12 horas consecutivas com 36 minutos de descanso. Devido a espera pela devolução dos autos, o caso está suspenso.
Nos casos a serem analisados pelo Supremo Tribunal Federal nos próximos meses, o Juiz Melek também destacou as ADIs 5826, 6154 e 5829, que buscam tornar inconstitucionais o regime de trabalho intermitente. Redigido pelo Ministro Edson Fachin, com julgamento iniciado em dezembro de 2020, e interrompido pela Ministra Rosa Weber, as propostas entendem como inválido o trabalho sem carteira assinada e sem período de contrato determinado, por deixarem o colaborador suscetível a situações de precariedade.
Marlos contra-argumentou a ideia ao colocar que, nas condições atuais do desemprego e da economia brasileira, é errado impedir uma modalidade de emprego favorável à vida do contratado e do solicitante dos serviços. Devido ao elevado número de encargos trabalhistas encontrados em contratos no formato CLT, os segmentos de mercado que sofrem com o retorno à estabilidade, incluindo o transporte rodoviário de cargas, seriam incapazes de manter um nível adequado de geração de postos de trabalho.
Da mesma forma, o Juiz interpretou como desfavorável para as empresas algumas das ações em etapa de avaliação no STF, como a ADI 2.597. De autoria da Ministra Carmen Lúcia, a Ação de Inconstitucionalidade busca derrubar a revisão de decisões judiciais com base no argumento de transcendência (ou seja, fora da esfera trabalhista), formalizado pela Reforma.
Com isso, o STF tem como objetivo estabelecer critérios para a requisição do recurso, o que o Dr. Narciso, ao ser perguntado a sua opinião sobre o assunto, em conversa ao vivo com o Juiz Marlos, viu como importante, mas fez ressalvas. Na visão do assessor jurídico da NTC&Logística, é preciso se estabelecer muito bem quais serão os critérios de avaliação. “Quais esferas serão inseridas: a econômica? A POLíTICA? A Social? Sem essa certeza, podemos abrir brechas constitucionais arriscadas para o setor” explicou Narciso.
Ainda no bate-papo protagonizado pelos dois no evento da NTC, o Dr. perguntou ao Juiz Marlos sobre a sua opinião em relação à Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) 48, aprovada em abril de 2020. também conhecida como Marco Regulatório do TRC, que dispôs da figura do transportador de cargas autônomo frente à justiça brasileira. De acordo com Marlos, o Marco revolucionou o direito trabalhista no transporte rodoviário de cargas no Brasil ao colocar a justiça comum como responsável pelas decisões judiciais que envolvem os motoristas autônomos. Entretanto, abriu a brecha para um aumento considerável no número de ações trabalhistas para 2020.
“Uma das principais conquistas da Reforma foi ter diminuído em 40% a quantidade de petições iniciais no Brasil, diminuindo o volume de trabalho dos Tribunais de Justiça. Antes, tínhamos, diariamente, 25 mil novos casos chegando às mãos dos nossos juristas. Tenho muito receio de retornarmos a esse fluxo de instabilidade com o estabelecimento da ADC”, finalizou Melek.
O presidente Pelucio agradeceu à participação dos dois advogados e convidou o Juiz Marlos para participar do próximo CONET&Intersindical, organizado anualmente pela NTC&Logística e que já está com data programada para os dias 8 e 9 de fevereiro em Brasília. Ambos os juristas agradeceram mutuamente pela tarde com informações enriquecedoras e o Juiz prometeu levar os interesses do setor no encontro, também em Brasília, que celebrará o aniversário de 130 anos do STF.
Os portos organizados funcionam como um shopping center, em que a administração portuária é o síndico do shopping e as lojas, os terminais (Imagem: Ministério da Infraestrutura/Diego Baravelli)
Demanda antiga de alguns investidores e do setor produtivo, a privatização das Companhias Docas e autoridades portuárias deve gerar, na primeira fase, investimentos de mais de R$ 16 bilhões em apenas três portos: Espírito Santo, São Sebastião e Santos.
O valor é equivalente a todo o montante que as empresas públicas deixaram de investir entre 2000 e 2020, segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Nesse período, as administradoras dos portos conseguiram aplicar apenas 30% do orçamento previsto.
A expectativa é de que o primeiro edital, da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), seja publicado ainda em dezembro e o leilão, realizado até abril de 2022.
Esse seria um teste para privatizar a Santos Port Authority (SPA), que administra o maior porto da América Latina, no fim do ano que vem. Mas o processo deve enfrentar resistência de alguns usuários, que temem aumento nas tarifas portuárias com a transferência da administração para uma empresa privada.
Os portos organizados funcionam como um shopping center, em que a administração portuária é o síndico do shopping e as lojas, os terminais.
Desde a década de 90, com o processo de modernização dos portos, os terminais são – em sua maioria – privados.
As Companhias Docas, porém, são entidades públicas com problemas inerentes de estatais, como críticas de ineficiência e interferência POLíTICA.
Atualmente, o País tem sete Companhias Docas (PA, CE, RN, BA, ES, RJ e SP) e outras autoridades portuárias, como a que administra Itajaí (SC).
Elas são responsáveis pelo bom funcionamento do porto, seja na chegada do navio, seja do caminhão, seja do trem. Por isso, precisam investir na infraestrutura de acesso, o que vem sendo insuficiente.
Segundo o secretário Nacional de Portos e Transportes Aquaviários (SNPTA) do Ministério de Infraestrutura, Diogo Piloni, a situação atual é que a eficiência dos terminais privados esbarra em uma série de problemas das autoridades portuárias, como os canais de acesso terrestre e marítimo.
“Há algum tempo tropeçamos nessas questões que não são resolvidas só com bons gestores.”
Internacionalização
O diretor de concessões e privatização do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Fábio Abrahão, diz que o objetivo é fazer um processo de abertura nos portos.
E, para isso, é preciso ter projetos consistentes para que os investidores possam disputar.
“Essa foi nossa aposta em saneamento. Hoje, temos empresas internacionais migrando para o setor.”
‘Jabuticaba’
Para o consultor Frederico Bussinger, no entanto, a privatização dos portos é uma grande “jabuticaba”, sem referência internacional – só na Austrália e em alguns lugares da Inglaterra.
“No mundo inteiro, a administração portuária é pública. Estamos trabalhando em cima de hipóteses.”
Para ele, há uma série de problemas que podem ser apontados no processo. O consultor entende que pode haver conflito de interesses e aumento de preços. “É uma equação que não fecha.”
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