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CEOs do transporte explicam como restrições decorrentes da pandemia afetaram o transporte internacional

CEOs do transporte explicam como restrições decorrentes da pandemia afetaram o transporte internacional

Segundo levantamento da Fundação Dom Cabral, em 2018 o Brasil utilizava 75% das rodovias para escoar a produção. O mesmo estudo mostrou que, entre 2001 e 2016, a frota de caminhões aumentou 84,3% (de 1,5 milhão para 2,6 milhões). O país também faz fronteira com outros nove países da América do Sul, e 31 unidades da Receita Federal Brasileiras realizam fiscalizações entre elas.

Realizar o transporte de carga internacional possui muitos desafios, como a falta de constância devido à variação cambial, e a , já que o mercado está sempre em constante mudanças, fazendo com que não haja estabilidade.

André Rufatto, sócio diretor da Rufatto Transportes, transportadora especializada em transporte internacional, acredita que a principal característica desse segmento é a burocracia exigida nas diferentes culturas, pois cada país tem suas particularidades e costumes que afetam as empresas e as atividades diárias dos colaboradores.

Para Rufatto, atuar nesse segmento durante a pandemia foi desafiador, pois cada país lidou de uma maneira diferente. “O fato de os motoristas estarem em constante movimento gerava uma cautela nas fábricas, que resultou em maiores dificuldades para os motoristas. Na Rufatto Transportes, passamos por muitas dificuldades com veículos parados em barreiras sanitárias locais, que por muitas vezes levavam dias até que a fiscalização confirmasse que se tratava de serviço essencial para liberar a passagem”.

Na maior parte do tempo, as fronteiras permaneceram abertas apenas para motoristas de veículos de carga, porém, devido a protocolos de combate à covid-19 terem sido adotados de maneiras diferentes entre os países sul-americanos, aconteceram episódios de retenções de motoristas nesses locais, como no Chile. Lá, a validade do teste de covid era de três dias, resultando em um cenário em que os motoristas que partiam do Brasil deviam atravessar a Argentina dentro desse período, pois caso não conseguissem enfrentariam uma longa fila de espera para a realização de um novo exame.

Diante desse contexto, medidas foram tomadas e acordos propostos, como explica Danilo Guedes, diretor da Associação Brasileira de Transportadores Internacionais (ABTI) e presidente da ABC Cargas, transportadora que também atua internacionalmente. “Em conjunto com o Ministério de Relações Exteriores, a ANTT propôs acordos e protocolos sanitários para serem aplicados em todas as fronteiras e países participantes do Acordo sobre Transporte Internacional Terrestre (ATIT), além de intervenções pontuais como repatriação de motoristas e aumento do prazo de validade dos testes PCR”.

Assim, devido aos acordos e ao avanço da vacinação, foi facilitado o acesso às fronteiras. “A expectativa é de que a partir de outubro as fronteiras para turistas passem a funcionar gradativamente, mas a exigência de exame de covid deve permanecer por um longo tempo ainda”, conclui Danilo.

Buscando soluções para lidar com os desafios impostos pela pandemia ao transporte internacional de cargas, nos últimos dias foi realizada uma reunião virtual do grupo do Mercosul para debater esse e demais assuntos.

Estiveram presentes empresários e entidades de países sul-americanos, como Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile. A NTC&Logística e a ABTI representaram o Brasil nesse encontro.

Danilo, que além de diretor da ABTI também é vice-presidente para assuntos internacionais da NTC, participou dessa reunião. Segundo ele, “a iniciativa desse encontro foi muito importante para que se busque soluções para os graves problemas que assolam nossa atividade comercial de abastecimento do Mercosul. E, em que pese não ter sido possível analisar toda a pauta, foi priorizado o que há de mais urgente para o momento”.

Indústria automobilística se reinventa em meio à crise dos semicondutores e traz opções de serviços para o consumidor

Indústria automobilística se reinventa em meio à crise dos semicondutores e traz opções de serviços para o consumidor

Balanço da indústria automotiva e semicondutores- Créditos: Tëcnicon

Para superar os desafios da crise dos chips semicondutores e a ausência de componentes, a indústria automobilística vem se reinventando e gerando novas opções de serviços aos consumidores

A escassez global de semicondutores vivida pela indústria automobilística, causada pela pandemia do Covid-19, tem sido um entrave para a comercialização de carros no Brasil, principalmente para consumidores mais exigentes. Faltam componentes eletrônicos – em especial, chips e semicondutores –, e a crise é global. Essa dificuldade é causada porque os fornecedores têm dado preferência às demandas das empresas de tecnologia, que crescem em ritmo acelerado. Com a pandemia, houve uma explosão de procura por celulares, videogames e outros eletroeletrônicos.

Quase 100% dos semicondutores são produzidos na Ásia, e o setor automotivo representa 5% da demanda. Como as montadoras usam produtos de gerações mais antigas, não compensa o investimento para poucos volumes, e a maior parte da produção acaba indo para o setor de tecnologia. Segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), entre 100 mil e 120 mil veículos deixaram de ser fabricados nos seis primeiros meses de 2021 por conta da falta de componentes.

Assinatura de veículos, carros conectados e mais serviços para consumidores nacionais

Esses fatores de desordem na cadeia global somam-se à queda da demanda no mercado interno agravada pela pandemia, à elevação do preço de commodities como aço, borracha, e outros itens, além da alta do dólar e da carga tributária, o que encarece os custos de produção e faz com que a indústria automobilística enfrente uma crise sem precedentes. Mais do que nunca, é hora de buscar outros caminhos para seguir em frente.

Uma das alternativas tem sido exportar para mercados mais próximos, como Argentina, Chile, Colômbia e outros países da América Latina. Quem sai ganhando nessa também é o mercado de serviços e de seminovos.

A chegada da startup mexicana Kavak ao Brasil sinaliza isso. Ela é especializada na compra e venda de carros usados e promete investir R$ 2,5 bilhões em sua operação brasileira, em um momento onde a tabela do carro usado nunca esteve tão valorizada.

A indústria automobilística acredita ainda que pode vender mais serviços do que automóveis. Um dos sinais disso é o aumento da busca pelo serviço de assinaturas de carros na internet, que, entre abril e maio, aumentou 56,5%, com 12 milhões de visitas a 156 sites de montadoras e empresas especializadas.

A hora da transformação digital

Oferecer facilidades como serviços de manutenção preventiva, controle de desempenho de frotas ou mesmo definição de rotas, resultou em novas frentes de negócios, amparadas por parcerias com startups do setor, provando que neste momento de crise econômica há possibilidades a serem trabalhadas junto aos consumidores, e a digitalização dos serviços é um destes caminhos.

As montadoras que apostam nessa trilha ganham alternativas extras à venda pura e simples do produto final, mesmo aquelas ligadas ao setor de caminhões, que está favorecido pelo bom desempenho do agronegócio e do e-commerce. Outra rota em que o Brasil aposta é a fabricação de carros elétricos e autônomos, que teve um recorde de vendas em 2021 e se apresenta como uma das soluções sustentáveis para reduzir a emissão de CO2.

Apesar de termos ainda poucos modelos produzidos localmente e travas relacionadas à taxação, a indústria acredita e investe no potencial dessa modalidade de veículos, puxada por uma demanda mais consciente dos impactos ambientais causados pelos carros movidos à combustão. Se você está pensando em trocar de carro, o mundo dos híbridos e elétricos ainda é um sonho para poucos, devido ao alto valor.

Mas pense em dar uma olhada nas opções de seminovos ou mesmo nas ofertas dos novos modelos. Para simplificar, você pode contratar um empréstimo consignado. Tendo o valor à vista na mão, você pode negociar uma boa compra e ir pagando esse dinheiro aos poucos na Serasa, com uma taxa bem mais atraente. Sem burocracia, sem filas e de forma 100% online e segura.

Comércio e logística vão puxar geração de empregos no Ceará até o fim de 2021

Comércio e logística vão puxar geração de empregos no Ceará até o fim de 2021

Avanço da vacinação tem gerado otimismo no mercado e impulsionado contratações

O avanço da vacinação e o vislumbre do fim da crise sanitária têm sido os combustíveis principais para o otimismo do mercado em relação à retomada econômica. Mesmo sendo o último componente a se recuperar após uma crise, já é possível observar maiores contratações, que devem se intensificar até o fim do ano.

É o que aposta Vladyson Viana, presidente do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT). Ele baseia a previsão a partir do saldo positivo de vagas no Ceará mesmo durante a segunda onda da pandemia este ano.

“A medida que tem o aumento da cobertura da vacina e a flexibilização dos decretos, há o surgimento de novos postos. O Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) vem confirmando essa curva positiva”, afirma.

Somente em junho, dado mais recente do Caged, o Ceará registrou a criação de 9,7 mil novos postos formais de trabalho, totalizando 33,2 mil no primeiro semestre. Este ano, somente em março o Estado teve mais demissões que contratações, mês que coincide com o endurecimento do isolamento social.

Entre os segmentos que têm puxado a geração de vagas, Viana aponta o comércio e serviços por serem setores que respondem mais rápido durante a retomada.

“Acreditamos que nesse segundo semestre também sejam os setores que irão puxar a criação de novos postos. Historicamente, esse período do ano já é marcado por uma maior oferta de vagas do mercado pela sazonalidade, o que deve contribuir para essa recuperação”, ressalta.

Dentro do setor de serviços, o presidente do IDT detalha que a atividade administrativa tem se destacado, com contratações para telefonista, recepcionista, auxiliar administrativo e toda a cadeia. No comércio, o carro-chefe é o posto de vendedor.

Ele acrescenta que vagas na indústria, por exemplo, devem demorar um pouco mais a deslanchar, tendo em vista que só há contratações com a expansão ou abertura de novas plantas industriais, que requerem alto investimento.

“Além disso, comércio e serviços é a natureza da economia cearense”, argumenta.

LOGÍSTICA EM ALTA

Saindo da camada que baseia a economia local, o setor de logística tem ganhado força durante a pandemia e promete ser uma boa aposta para quem busca recolocação, conforme a coordenadora de recrutamento e seleção da RH Nossa, Eliane Catalano.

Com mais compras online e a necessidade de um volume maior de entregas, a atividade tem gerado oportunidades para os mais diversos níveis, desde posições estratégicas a encarregado, almoxarife e operador de empilhadeira.

Em breve, a Amazon deve inaugurar um Centro de Distribuição no Ceará, em Itaitinga, o que mostra a força crescente do setor.

Também relacionada ao e-commerce, a área de vendas é outro destaque, inclusive com vagas sendo geradas por Microempreendedores Individuais (MEIs).

A coordenadora da RH Nossa também pontua que já está começando uma movimentação para contratações no turismo. Após um longo período de baixa por conta da pandemia, ela acredita que as pessoas estão ansiosas por viajar, o que gera a necessidade de mão de obra.

“Eu fiquei impressionada no mês passado com a quantidade de vagas para agente de viagem no Nordeste. As agências estão buscando esses profissionais da área”, afirma.

Catalano também ressalta a oferta de vagas temporárias, que deve incrementar significativamente as contratações nos próximos meses. Apesar de ser um contrato com prazo definido para acabar, é uma oportunidade dos empregados mostrarem um bom trabalho e serem efetivados.

“No momento, nós temos 1,5 mil vagas abertas com a RH Nossa. Até o fim do ano, isso deve dobrar, especialmente com essa oferta de temporários”, revela.

COMO SE PREPARAR

A coordenadora de seleção e recrutamento aconselha os candidatos a se autoconhecerem e saberem no que eles são bons, aliando perfil técnico e comportamental com disponibilidade de horário e capacitação constante.

Ela também alerta para que a documentação dos participantes esteja sempre em dia, para não correr o risco de falta não conseguir resolver a tempo e algo na nessa etapa da contratação.

“A gente tem sentido dificuldade na hora do processo admissional. Às vezes a pessoa não está regularizado com o título de eleitos, carteira de reservista, CNH atrasada, comprovante de histórico escolar. Então, é aconselhável que haja uma atualização constante”, orienta.

Faturamento do agronegócio deve ultrapassar R$ 68 bilhões em MS

Faturamento do agronegócio deve ultrapassar R$ 68 bilhões em MS

Apesar do aumento no faturamento, altos custos com a produção foram destaques na safra de grãos. (Foto: Arquivo)

A estimativa sugere um aumento de 18,29% se comparado a 2020

O agronegócio sul-mato-grossense continua em alta, o que é refletido no aumento de estimativas do Valor Bruto da Produção (VBP). Segundo levantamento divulgado pelo IBGE e Cepea/Esalq (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), Mato Grosso do Sul deve alcançar R$ 68,75 bilhões em receita em 2021.

A estimativa sugere um aumento de 18,29% se comparado a 2020, que somou R$ 58,12 bilhões.

Em faturamento real, a previsão é de que da agricultura atinja R$ 46,8 bilhões, quase 20% superior aos R$ 39 bilhões alcançados em 2020. Na pecuária, esse aumento chega próximo aos 15%, saindo de R$ 19 bilhões, em 2020, para R$ 21,9 bilhões, em 2021.

“Os números refletem a expressiva valorização nos preços da agropecuária, compensando a menor produtividade de algumas lavouras como milho e cana-de-açúcar e a queda de produção no segmento da pecuária, bovino, aves e leite”, explica a analista técnica da Famasul, Eliamar Oliveira.

Apesar da estimativa de aumento para 2021, os altos custos para a produção também foram destaques, principalmente, pela elevação no valor de insumos agrícolas no mercado nacional, ocasionado pela desvalorização do real frente ao dólar, que encareceu as importações.

Na safra de soja 2020/21, a média do custo operacional por hectare foi de R$ 3,4 mil. Desse valor, 52,4% foram gastos com insumos agrícolas. A segunda safra do milho em 2021, também teve valores “salgados” de produção, com um custo operacional de R$ 3,2 mil por hectare. A manutenção da lavoura foi responsável por 63,62% desse valor, uso de fertilizantes 27,92% e sementes com 16,26%.

Em formato inédito no Brasil, Sitran e SEST SENAT firmam convênio para ampliar atendimentos em Palmitos/SC

Em formato inédito no Brasil, Sitran e SEST SENAT firmam convênio para ampliar atendimentos em Palmitos/SC

Dando sequência ao protagonismo e ineditismo iniciado em 2020, Santa Catarina segue na vanguarda e se mantém pioneira. Mais uma vez, em ação arrojada para ampliar o atendimento de assistência em saúde aos trabalhadores em transporte, o SEST SENAT firmou convênio com uma clínica para ofertar os atendimentos de odontologia na cidade de Palmitos, onde hoje não há Unidade Operacional.

O lançamento foi no dia 11 de agosto, com lideranças do Sistema Fetrancesc e autoridades locais, na prefeitura de Palmitos. Participaram do evento o presidente da Fetrancesc, Transpocred e Conselho Regional do SEST SENAT Santa Catarina, Ari Rabaiolli, presidente de honra do Conselho Superior da federação, Valdir Tombini, presidente e vice do Sitran, Ivalberto Tozzo e Luiz Framento, além do prefeito de Palmitos, Dair Jocely Enge, e, representando o presidente da Câmara de Vereadores, Cassiano Sartori, o vereador Moacir Delazere. Também acompanharam o evento a relações institucionais da Fetrancesc, Márcia Calderolli, a gerente de comunicação da federação, Heloiza Abreu, a diretora executiva do Sitran, Keily Machado, e o jurídico do sindicato, Ariel Silva, bem como a diretora do SEST SENAT Chapecó, Geila Beck, e a coordenadora do SEST Chapecó, Neurides da Luz.

Na prática, a iniciativa “tem a prerrogativa conceder estes serviços ofertados pelo SEST SENAT, sujeitas a uma série de regras impostas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em termos de transparência”, explicou Fiedler. E, acrescentou: “a que mais oferece destaque (a regra) é que o funcionário deve ter o cadastro válido no SEST SENAT”.

Além disso, a oferta é feita pelo SEST SENAT, em parceria com o Sitran. “A partir de agora teremos capacidade de até 128 atendimentos por mês. E, se chegarmos ao limite, poderemos ampliar na mesma cidade ou mesmo em algum município vizinho. Isso significa progresso para o nosso setor, uma vez em que estamos investindo no nosso maior patrimônio: o nosso colaborador”, salientou Rabaiolli.

O presidente da Fetrancesc disse, ainda, que “é um marco e uma conquista do SEST SENAT/SC para levar onde os empresários estão, se estiverem longe das Unidades Operacionais”.

À frente deste projeto, Ivalberto Tozzo destacou que “este convênio, capitaneado pelo nosso sindicato, é um novo modelo que serve de exemplo para outros sindicatos e outras regiões do País. Palmitos é um município importante para o segmento de transporte e merece este respaldo”.

O prefeito de Palmitos ressaltou o protagonismo do setor empresarial para assistir aos colaboradores do setor. “É natural que este tipo de serviço seja transferido para o Poder Público. E o setor de transportes está de parabéns por tomar a frente e garantir atendimento de saúde de qualidade para os seus funcionários”, finalizou.

Vale ressaltar que, os atendimentos de odontologia são voltados para os trabalhadores de transporte de Palmitos e Região. Entretanto, motoristas em trânsito também serão atendidos, desde que estejam com a carteira de convênio em mãos.

Transporte rompe barreiras geográficas, analisa representante da Fieg

Transporte rompe barreiras geográficas, analisa representante da Fieg

Foto: reprodução

Dando continuidade ao tour pelo Brasil, nesta semana Portogente publica a entrevista com o posicionamento da Federação das Indústrias de Goiás (Fieg), que tem como porta-voz o assessor econômico Cláudio Henrique Oliveira.

Para Oliveira, Goiás, que tem na base atual da sua economia a alta produção de commodities e depende dos portos da costa leste do Brasil, carece de um eficiente modal de transporte – especialmente o ferroviário – e armazenamento, referenciados com estudos de logística e de atração de desenvolvimento. Ele aponta que “o maior desafio é a agregação de valor nos produtos goianos. A venda de commodities não pode ser o carro chefe de nosso estado no tocante às exportações”.

Para romper as barreiras geográficas, é fundamental o término de obras estruturantes para interligar Goiás com os portos do litoral brasileiro. “Dando velocidade ao escoamento de nossos produtos e redução de custos, pois o modal ferroviário é um dos mais baratos. A estruturação de uma política industrial com foco no agronegócio se apresenta necessária e sua continuidade, entre governos, é um fato que precisa ocorrer”, avalia Oliveira.

Para ele, medidas paliativas ou rasas não trarão negócios para o Brasil, que precisa superar o déficit “em tecnologia, infraestrutura, pesquisa e inovação”.

Em 1993 foi criada a lei da modernização dos portos brasileiros. Quais foram os avanços e ganhos econômicos que essa lei proporcionou para a economia brasileira?

O processo de planejamento portuário desempenha um papel-chave na determinação da posição de um porto na hierarquia marítima. Uma das mudanças importantes que se tem identificado nos anos recentes é a expansão do porto além de seus limites históricos. Ou seja, o ambiente portuário atual não se restringe mais à concepção clássica, estendendo e além dos limites locais e das aproximações tradicionais. Para Akabane, Gonçalves e Silva (2008), o novo estilo de planejamento portuário não é mais baseado exclusivamente nas opiniões de especialistas em infraestrutura, economistas, gestores de transporte e advogados. Requer agora as recomendações de peritos ambientais, planejadores urbanos, consultores financeiros, especialistas em comunicação e profissionais de marketing. A autoridade portuária do passado não pode mais dar respostas adequadas ao cenário atual em que estão inseridos os portos, caracterizado por redes de negócios de alcance global e complexos sistemas logísticos, desenvolvidos em situações de elevada incerteza (NOTEBOOM, 2007). Para responder efetivamente às atuais dinâmicas do mercado, é necessário o exame de uma situação totalmente nova, em que a autoridade portuária terá a necessidade de negociar com outras entidades e instituições, estando mais vulnerável em função de uma maior interferência externa e, consequentemente, menor independência (AKABANE; GONÇALVES; SILVA, 2008). Em resumo, o foco da competividade portuária vem gradualmente se deslocando do porto em si para o conjunto da comunidade ou cluster portuário (NOTEBOOM, 2007). É nesse contexto que se deve considerar a governança portuária e as ações a ela associadas.

Vinte e oito anos depois dessa lei, quais as mudanças necessárias para o sistema portuário nacional, considerando a realidade de Goiás? E por quê?

Um dos modais mais adequado para a indústria e a logística no Brasil, o transporte marítimo ainda não tem todo o seu potencial devidamente exercido. Sua importância está ligada a intermodalidade, à geração de empregos, a alta na movimentação de cargas no país e a consolidação do setor de logística no mercado nacional. Mesmo com todas as dificuldades que enfrenta – com portos ainda inadequados, burocracia e altas tarifas, para citar apenas algumas – o setor movimenta mais de 350 milhões de toneladas ao ano. Fica fácil prever o quanto este número pode melhorar se houver uma preocupação e um trabalho efetivo para alterar este quadro. Há muita burocracia e os portos nacionais ainda não têm o mesmo preparo que os europeus ou asiáticos. Falta preparo e maiores investimentos para sustentar um aumento significativo nas exportações. As prioridades dos portos brasileiros não são devidamente atendidas, fazendo com que eles não acompanhem o avanço tecnológico dos transportes marítimos. Estes demandam águas cada vez mais profundas, desocupação de berços de atracação maiores, e instalações especializadas e de grande amplitude para a movimentação de contêineres. Para Goiás o maior desafio é o custo do modal e as perdas existentes, pois até então, o sistema ferroviário, que poderia fazer a diferença, pelo preço e volume, não está efetivado.

Como convergir sustentabilidade, cidades e economia nos negócios portuários pensando a realidade do estado de Goiás?

A conversão dar-se-á se pelas vias de acesso de esgotamento de nossa produção aos portos. A logística empresarial engloba as atividades de movimentação e armazenagem, que atuam facilitando o fluxo de produtos do ponto de aquisição da matéria-prima ao consumo final, e também os fluxos de informação que colocam os produtos em movimento. O que se busca é redução de custo e elevação da eficiência. O avanço no armazenamento consiste num desafio para Goiás pois, a produção de grãos vem aumentando ano a ano. A atividade de manutenção de estoques, por sua vez, envolve a necessidade de providenciar produtos no período entre a oferta e a demanda para atingir certa disponibilidade. Daí saber esperar para vender no momento certo. Equacionar a produção e distribuição, é imperativo. Quanto ao armazenamento e escoamento de produtos manufaturados, via portos, temos que o volume ainda não é elevado sobre a ótica de exportação. Porém, a importação de matéria prima e insumos é de grande volume para a indústria de transformação. Em relação ao embarque portuário, a atividade de movimentação de grãos nos portos, por exemplo, compreende vários problemas, dentre os quais é possível destacar a falta de infraestrutura adequada, que gera grandes congestionamentos no acesso terrestre ao porto e ao acesso marítimo, dada a dificuldade de atracação dos navios. Portanto, para garantir ganho econômico, tem-se como importante que o modal de transporte, principalmente o ferroviário, e o armazenamento, sejam referenciados com estudos de logística e política de atração de desenvolvimento, respeitando as vantagens comparativas de cada município, principalmente daqueles com alta produção de commodities.

Tendo em vista a produtividade cada vez maior do comércio mundial, qual é o caminho que o Brasil precisa seguir para ter seu espaço nesse cenário? E quais são os desafios para o estado de Goiás?

Com certeza o maior desafio é a agregação de valor nos produtos goianos. A venda de commodities não pode ser o carro chefe de nosso estado no tocante às exportações. Como se não bastasse, o término de obras estruturantes é fundamental para a interligação de Goiás com os portos. Dando velocidade ao escoamento de nossos produtos e redução de custos, pois o modal ferroviário é um dos mais baratos. A estruturação de uma política industrial com foco no agronegócio se apresenta necessária e sua continuidade, entre governos, é um fato que precisa ocorrer. Medidas paliativas ou medidas rasas não trarão negócios para o Brasil. Estamos deficitários em tecnologia, infraestrutura, pesquisa, inovação. Portanto, investimentos em desenvolvimento humano e em infraestrutura, bem como a redução de nosso custo, são prioridades que devem ser observadas. Na atualidade a agregação de valores aos produtos goianos é o desafio. Principalmente integrando as cadeias produtivas. O equacionamento das contas públicas garante uma melhor e maior capacidade de investimento para o estado. Enquanto para a iniciativa privada, desafio e a recuperação das perdas e a retomada sustentável de nossa produção. Como missão, a atração de novos investimos, contemplando nossas potencialidades e a distribuição destes investimentos é o desafio comum (público e privado).

Como avaliam os portos brasileiros em relação gestão, eficácia e eficiência? Quais são os mais modernos, confiáveis e competitivos?

Com certeza o Brasil avançou muito nos últimos anos em relação aos seus portos. Porém, melhorias na eficiência portuária se fazem necessárias para que sejam capazes de tornar a movimentação de cargas mais eficientes. O transporte possui um importante papel na tentativa de romper as barreiras geográficas existentes. No entanto, os portos públicos brasileiros ainda apresentam baixo nível de eficiência, custos elevados e reduzido volume de investimento, reflexo da atuação das Administrações Portuárias, estatais responsáveis pela gestão e operação dos serviços portuários As deficiências no setor estão relacionadas a problemas na atuação regulatória da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), falhas nos programas de dragagem, falta de empenho para a transferência das administrações portuárias ao setor privado e demora no processo de adequação dos contratos e realização de novos arrendamentos portuários.