Foto: Arquivo/Marcelo Camargo/Agência Brasil
As chuvas em Minas Gerais causam prejuízos para o transporte no Estado de maior extensão de estradas do país. De acordo com a Polícia Militar Rodoviária (PMRv), há 134 pontos de interdição nas pistas mineiras na manhã desta quinta (13) e os impactos são sentidos no preço do frete e no abastecimento de cidades.
O diretor do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg), Ulisses Martins, explica que, além dos trechos interditados, as estradas em más condições de tráfego atrasam as entregas de forma significativa.
“Um caminhão, em trechos que estão liberados, está tendo um atraso entre 50% e 100% no tempo de viagem. Isso sem falar se a estrada estiver fechada ou se a carga impedir o veículo de transitar no trecho, aí nem anda”, afirma.
Os atrasos não são um problema apenas por adiar as entregas, mas também porque os custos das mercadorias podem ficar mais altos, tanto para distribuidores como para o consumidor final.
“Se o transportador pode demorar quase o dobro para fazer a entrega, cai a produtividade e isso tem um reflexo no custo. Porém, não significa necessariamente que esse impacto seja repassado direto ao preço final, a não ser que exista uma cláusula contratual que exija isso”, explica Martins.
O impacto a longo prazo, porém, é mais difícil de contornar. Como os estragos nas estradas podem demorar para serem reparados, o aumento no preço das entregas acaba acontecendo e, como consequência, sobe o valor agregado das mercadorias.
“Sabemos que tem trechos que demoram 2,3,4 meses para voltar à normalidade. Nesses casos, há uma negociação para o futuro e cada tipo de atraso e mercadoria interfere diretamente no preço do frete. Em casos análogos ao das chuvas deste ano, a estimativa é de ocorra uma variação de até 15% em aumento direto”, diz o diretor do Setcemg.
O presidente do Setcemg, Gladstone Lobato, afirma que os impactos causados pelas chuvas nas estradas afetam os transportes de forma diferente de acordo com a carga transportada.
“O transporte de minério, por exemplo, fica muito comprometido e isso altera o valor da mercadoria. Se você pega o agronegócio, que é forte no Triângulo Mineiro e no Alto Paranaíba, o acesso fica muito comprometido por conta do fechamento de estradas vicinais e as mercadorias podem ser perdidas”, explica Lobato.
Depois da tempestade…
Para Gladstone, o problema das estradas em Minas vai além do período chuvoso e deve ser discutido durante todo o ano.
“Com as chuvas piora bastante, mas nossas estradas dificultam muito o transporte. A BR-381 entre BH e o Vale do Aço, por exemplo, não é estrada, é caminho. Dizem que depois da tempestade vem a bonança, mas em Minas não é assim, não”, critica.
Pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) em dezembro de 2021 apontou que Minas tem as piores avaliações de estradas do Sudeste brasileiro. De acordo com o levantamento, 69,9% das rodovias do Estado têm algum tipo de problema e são avaliadas como regular, ruim ou péssima.