Evento é promovido pelo SEST SENAT e pelo mediaX, programa da Universidade de Stanford, dos Estados Unidos, em parceria com a CNT e o ITL
Visão de futuro para antecipar as tomadas de decisão dentro de um setor que passa por constantes inovações. Esse foi um dos fios condutores do Workshop Inovar, Capacitar, Avançar, que aconteceu essa semana, na sede da CNT (Confederação Nacional do Transporte), em Brasília, com a participação ativa da COMJOVEM, representada pelo vice-coordenador Nacional, André de Simone, por Thaís Cardoso, do núcleo de Porto Alegre, e por Eduardo Ghelere, do núcleo de Cascavel.
Para André, o evento foi muito proveitoso. “O pessoal de Stanford trouxe muito conhecimento e técnica para que a gente pudesse planejar o futuro do transporte no Brasil. Eles provocaram os participantes a sair da zona de conforte e, com bastante subsídios, nos fizeram elaborar projetos ambiciosos de curto, médio e longo prazo”. O próximo workshop será em Stanfor.
O workshop faz parte das atividades decorrentes da adesão do SEST SENAT ao mediaX, programa da Universidade de Stanford, dos Estados Unidos, e é promovido em parceria com a CNT e o ITL (Instituto de Transporte e Logística).
O diretor do escritório da CNT na Alemanha, Thiago Ramos, apresentou o projeto Um Roadmap para o Transporte, iniciado no ano passado, e que visa desenvolver um plano de ação setorial para o setor de transporte e logística brasileiro. Entre os pontos considerados essenciais, estão a gestão empresarial e o pensamento estratégico, uma vez que, segundo ele, o setor precisa de novas ideias.
“Estamos no momento de entendermos quais as nossas forças e fraquezas. Precisamos saber o que o setor está apto a fazer e o que não está, além de perceber se já há educação suficiente para incorporar novas tecnologias, se estamos compartilhando e trocando ideias, se temos capacidade de investimento e visão de longo prazo. O workshop marca o momento em que nós vamos começar a olhar o futuro desses fatores”, afirmou Ramos.
Um dos exemplos da necessidade de dinamismo frente às tecnologias que surgem em velocidade exponencial é o sistema ferroviário brasileiro. Enquanto a malha nacional ainda precisa de cerca de 30 anos para funcionar em condições favoráveis, especialistas começam a falar na tecnologia do hyperloop, sistema de transporte de alta velocidade que corre por meio de um tubo de baixa pressão. “Ele tem uma previsão de viabilidade para os próximos dez anos. Vale a pena a gente construir uma malha ferroviária e investir milhões no Brasil correndo o risco de, antes de ela estar pronta, já termos uma nova tecnologia no mercado e deixarmos a antiga obsoleta?”, questiona.
Outra situação é o transporte por ônibus urbanos. De acordo com Ramos, hoje em dia, esse tipo de deslocamento é muito inflexível, porque segue uma rota fixa e os veículos são grandes. “Mas os prognósticos mostram que o transporte público urbano será mais eficiente com pequenos veículos e rota dinâmica, ou seja, pode dar mais flexibilidade para o usuário. Diante desse cenário, vale a pena investir numa nova frota de ônibus, que tem um período de amortização de dez anos, enquanto, daqui a dois ou três anos, teremos um novo conceito disponível?”
Martha Russel, diretora-executiva do mediaX, falou sobre as tecnologias para a direção automática ou autônoma e sobre a necessidade de investimento no capital humano nesse processo. “Estamos interessados no fator humano, porque acreditamos que as tecnologias serão fabricadas para que as pessoas as utilizem. Precisamos de lentes para o horizonte para compreender os desafios”, opinou.
Inteligência artificial
Para Neil Jacobstein, copresidente da área de inteligência artificial e robótica da Singularity University, localizada na Califórnia, a inteligência artificial é parte estratégica da evolução do sistema de transporte mundial. Ele cita exemplos de sistemas que aprendem em tempo real e que possuem grande capacidade de adaptação, como os próprios veículos autônomos testados mundo afora, além de testes com carros voadores e táxis aéreos. “Precisamos esquecer os velhos conceitos das cidades e incluir a inteligência artificial e a robótica nos nossos treinamentos. Esse é o caminho que vem sendo adotado por vários governos”, afirmou ao dizer que a China anunciou recentemente que construirá um parque tecnológico de inteligência artificial de US$ 2 bilhões.