Pandemia. Esta foi possivelmente a palavra mais utilizada em 2020. Em dezembro do ano passado o vírus do Covid-19, iniciou de uma forma mais acelerada, a sua contaminação na China e em março de 2020 o tão famoso Coronavírus, se instalou no Brasil. A Pandemia cresceu exponencialmente e, em semanas da chegada dela em nosso país, várias cidades e regiões entraram em lockdown. Diversos segmentos econômicos sofreram um forte impacto em suas receitas por estarem impossibilitados de faturar. Indústrias entraram em férias coletivas, pararam suas linhas de produção, malha viária afetada, voos e rotas aéreas fixas canceladas, comércio de rua e shopping fechados, restaurantes sem clientes e escolas vazias. Por outro lado, o e-commerce evoluindo, a demanda pelo transporte sobre duas rodas cresceu muito, o marketing digital, as plataformas de comunicação a digitalização e integração eletrônicas nunca foram tão desejadas, os mercados de varejo lotados e o setor imobiliário residencial em crescimento exponencial. Por outro lado, infelizmente hospitais e farmácias, foram setores com alta demanda e crescimento.
O setor do transporte RODOVIáRIO de cargas, não diferente dos demais, sofreu muito nesse período. A falta de cargas em determinados segmentos afetou drasticamente várias empresas do ramo, inclusive declarando falência. O transporte de cargas como um todo, é praticamente inteiro “analógico”. Movimentação de cargas, armazenagem, transporte, estas atividades são 100% presenciais. A falta de mão de obra por afastamentos médicos, suspeitas do COVID-19 e conforme as regras de segurança do ministério da saúde, afastamento dos grupos de risco, trouxe muitos efeitos negativos para o segmento. Para os empresários/gestores da área sabem que motoristas acima de 60 anos representam uma considerável fatia dos profissionais de mercado e quando falamos de bons motoristas, esta representatividade, pela experiência destes colaboradores, é muito mais enfática. A queda de faturamento da grande maioria obrigou as empresas a realizarem downsizes que também prejudicou a execução do trabalho diário. A falta de infraestrutura tecnológica em grande maioria das companhias do segmento de transporte rodoviário de cargas prejudicou a informatização e aplicação do home office, impossibilitando que a implantação ocorresse de uma forma mais adequada. A alta do dólar trouxe um aumento significativo nos principais insumos do setor, como combustível que é a curva dos custos de uma transportadora. Bem como demais despesas e custos que dependem de exportação. As novas demandas e protocolos de segurança da saúde também trouxeram custos extras na operação. Todavia o setor seguiu firme durante a pandemia atendendo as demandas da população e garantindo o abastecimento nacional dos principais insumos.
Determinados segmentos dentro do segmento de transporte tiveram um ano satisfatório, com aumento de faturamento e aumento de carteira de clientes, onde as operações atreladas aos grupos econômicos estavam em alta como: farmácia, insumos hospitalares e correlatos, agronegócio e interligado, alimentos de baixo valor agregado, transporte fracionado e entregas de e-commerce tiveram aumento de suas demandas.
A logística 4.0 chegou forte, a digitalização e uso de aplicativos para gestão, ferramentas de gerenciamento a distância, nunca tão importantes, neste ano tiveram a atenção total dos empresários. A disrupção no mindset antigo da forma de conduzir o negócio foi inevitável. A busca pela reinvenção e inovação salvou as empresas que “acordaram” antes para o “novo normal”.
A Pandemia permitiu também aos embarcadores que de fato conseguissem diferenciar os bons transportadores e operadores logísticos do mercado amador. A valorização das empresas estruturadas e que sempre investiram em tecnologia, frotas, gerenciamento de risco, comunicação e nível de serviço, ocorreu este ano devido ao fechamento de empresas desorganizadas que prejudicavam a recuperação tarifária do setor de transporte.
Ao longo de 2020 toda a economia sofreu um forte impacto e com certeza foi o ano mais desafiador da última década. Com tudo esse período enalteceu a resiliência, perseverança, inovação e capacidade de gestão. O setor de transporte mostrou ao Brasil e ao mundo a sua capacidade de reinvenção e mais uma vez a potência e importância na economia nacional.
Por: Felipe Medeiros