Responsável: Patricia Costella
O valor do dólar influencia decisivamente toda a economia mundial. No Brasil, a flutuação da moeda atinge de diferentes maneiras, positiva e negativamente. Alguns especialistas afirmam que o impacto é real e positivo, mas se dilui no cenário geral de desvalorização das outras moedas e da insegurança do comércio externo (principalmente em relação a China).
Com o dólar alto os países do exterior aumentam seu poder de compra de produtos brasileiros e isso pode significar mais cargas a serem transportadas para portos ou para outros países. Já para as importações ao Brasil, pode-se perceber um impacto negativo, quando os importadores optam em esperar a manifestação e equalização do mercado, em vez de importar mais caro, já que muitas vezes, o custo desta elevação não consegue ser repassado ao consumidor, que se sente cada vez mais afetado e com menos poder de compra.
Ainda há outros efeitos negativos da alta do dólar. O preço de equipamentos importados, de peças e até mesmo de veículos novos varia ligeiramente para cima de acordo com o aumento do dólar. O impacto principal certamente é no preço dos combustíveis. O insumo mais importante da atividade de transporte está atualmente atrelado aos preços internacionais do petróleo. Antigamente a POLíTICA de preços da Petrobras compensava eventuais aumentos externos do preço do barril e amenizava o repasse das altas às distribuidoras. Atualmente, eventos como a explosão de uma refinaria na Arábia Saudita demoram poucos dias para se refletirem em aumentos no preço dos combustíveis no Brasil. Segundo a ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis o preço médio do litro de diesel, que no início de 2018 era de R$ 3,356 na última semana foi aumentado para R$ 3,582, um valor 6,7% maior. E a expectativa dos especialistas em câmbio é que o dólar continuará na casa dos R$ 4 por um bom tempo. Segundo eles, o país vive um momento de juros baixos o que diminui a atratividade do Brasil para investimentos internacionais. Por outro lado, há em vista para o mês de novembro o leilão de uma série de campos de exploração de petróleo do pré-sal, algo que estava travado em função da situação política do país nos últimos dois anos. Com isto em vista, é provável que no longo prazo o preço dos combustíveis no Brasil fique menos suscetível a variações cambiais mesmo com a nova política de preços.
Dessa forma, no curto prazo, resta aos empresários do ramo encontrarem alternativas para lidar com esta realidade. Parcerias com postos estratégicos, contratos de longo prazo baseados em volume, manutenção preventiva e capacitação dos motoristas para economia são algumas das alternativas percebidas no cenário atual. Quem não conseguir compensar os aumentos do combustível motivados pelo dólar continuará convivendo com a terrível questão de tentar repassar os aumentos para o cliente, e do outro lado, ouvir que este não possui margem para repasse de reajustes no curto prazo. É preciso, ainda mais, considerar uma boa gestão financeira interna, que desenvolva estratégias para otimizar o fluxo de caixa e enfrentar os desafios. Quanto mais preparo interno houver na empresa, maior a possibilidade de aproveitar eventuais vantagens das variações do dólar e maior será a capacidade de contornar os obstáculos decorrentes disso.
Fontes:
https://www.nsctotal.com.br/colunistas/dagmara-spautz/diminui-a-expectativa-de-recuperacao-do-comercio-exterior-no-brasil-em
https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2019/04/16/bolsonaro-precos-diesel-guedes.htm
https://economia.uol.com.br/noticias/bbc/2019/09/19/o-preco-dos-combustiveis-no-brasil-na-comparacao-internacional.htm
https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2019/09/16/preco-do-petroleo-dispara-apos-ataques-a-maior-refinaria-do-mundo-na-arabia-saudita.ghtml
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/09/congresso-promulga-emenda-que-destrava-leilao-do-pre-sal.shtml
Responsável: Patricia Costella