A corrida pelo tratamento dos dados ainda está na velocidade máxima, nunca tanto se ouviu sobre a riqueza e poder que eles podem gerar, nunca houve tanta assertividade, foco,
enquadramento nos perfis, alcances das campanhas de marketing, vendas e ações com os consumidores. A personalização da comunicação, os funis, a previsibilidade do consumo, todos
vivem seus momentos de glória e crescimento. É um caldeirão, e misturando isso tudo com a inteligência artificial, que também vai se tornando mais orgânica e viva, parece que estamos só
no começo de um futuro desconhecido.
Assim como vislumbramos e vivenciamos uma expectativa sobre o motorista do futuro, falar sobre dados, ainda que com toda certeza de ser o novo petróleo, é um processo com muito
potencial para ser completamente diferente da nossa imaginação. Conseguimos apenas enxergar um futuro breve e é nele que me parece estarmos sentados agora, pegando uma carona na boleia
do tratamento de dados dentro de limites. Sem dúvidas a carga da vez é como tornar isso mais humano e digno.
Aqui no Brasil, como em outros locais, o advento da lei de proteção de dados é um caminho sem volta. Fazer acontecer sem antes bater na porta e pedir licença vai começar a incomodar
esses petroleiros dos dados. E com razão! Se meus dados valem tanto assim, por favor, quero saber usá-los, ou ao menos poder escolher. Afinal de contas, sem saber em qual ordem de
importância eles estão, temos sentimentos e dados, exigimos consentimento! (Segura esse termo técnico ai da LGPD).
Paralelos e brincadeiras a parte o assunto é sério e precisamos despertar este olhar e ações para tal. Recentemente fiz o curso disponibilizado pelo Sest Senat sobre a LGPD e saí com a sensação que vai ser uma trabalheira enorme fazer todas as adequações, mudanças, protocolos, regras, para cumprir o que a lei pede e evitar situações como “data leak” ou no português claro, vazamento de dados. Foram 3 dias de dúvidas, incertezas, incoerências, relutâncias, indignações, divisões, todo sentimento que nos faz sacudir a cadeira e bater os pés no chão parecendo birra
de criança. Findado esse período apocalíptico do curso, comecei a retomar minhas anotações para ver se meu interno GPS me ajudava a encontrar a localização exata de onde eu estava e
onde deveria chegar. Nessa reflexão toda, luzes de uma pista mais segura emergiram, e por isso venho dividir aqui com vocês.
De trás para frente o objetivo da lei é muito claro, precisamos frear esse caminhão antes que ele perca o controle e tombe. E para quem serve isso? Se você está com dados na sua carroceria,
me entenda claramente, se você tem dados, você precisa saber tratá-los. É difícil fazer isso?
Tecnologicamente não. O difícil é absorvermos a ideia central desta demanda, pois foge do nosso know hall, foge do nosso escopo principal. Voltaremos ao apocalipse então? Não! Mesmo não
sendo o salvador, ajudo vocês ao menos a acender a luz da cabine. Tratar dados requer duas características mágicas, com elas e com algumas coisas práticas da LGPD vocês poderão ter
clareza de como agir: bom senso e discernimento. Aquela frase batida que sempre falamos, “se coloque no lugar do cliente”, agora podemos mudar para “se coloque no lugar do titular (pessoa
natural identificada ou identificável”), mais um parêntese para vocês entenderem: (usei o termo técnico da lei).
Tenham em mente que tratar dados obrigatoriamente passará pelo nosso bom senso como usuários e empresários (lembrem que vocês estão nos dois pontos da cadeia), passará também
pelo discernimento ao tomar decisões, de entender que há algo valioso, comparado ao petróleo e ao ouro, que tem dono e que tem regras. Desta forma vamos poder de forma mais tranquila,
sem parecer estar vivenciando um martírio, aprender e colocar em prática o verdadeiro tratamento de dados. Aquele tratamento que mesmo usando inteligência artificial e todo
aparato tecnológico colocará o ser humano como centro, respeitando e reafirmando nosso compromisso social! Dando possibilidade de consentimento do uso, segurança e acesso aos
titulares. Dados estão para além dos dados, esse é futuro nós conhecemos.
Por: Luis Felipe Machado – COMJOVEM São Paulo