Documento Eletrônico de Transporte (DT-e) possibilitará rapidez e mais sustentabilidade
A demanda por transporte RODOVIáRIO em 2022 foi recorde mesmo com um cenário de custos elevados. Embora a produção física industrial não tenha andado ao lado do Brasil, a safra de grãos no ano passado foi 4% acima de 2021 e, para 2023, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), espera-se um aumento de quase 12% na produção de granéis agrícolas.
O modal rodoviário ainda representa mais de 65% da movimentação de cargas nas malhas brasileiras, e a previsão é que continue nesse patamar até que os programas de novas infraestruturas de modais alternativos sejam realmente concretizados.
Danilo Guedes, presidente da ABC Cargas, empresa localizada em São Bernardo do Campo e com mais de 25 anos de experiência no setor, pondera as expectativas para esse ano: “Acredito que será um ano bastante promissor. Teremos algumas pautas a serem discutidas e decididas pelas lideranças governamentais e instituições privadas que podem nos ajudar, enquanto empresa, a continuar evoluindo”.
Um dos movimentos que vem sendo implantado aos poucos, mas que será integrado efetivamente a partir deste ano, é a nova regulamentação do Documento Eletrônico de Transporte (DT-e). A iniciativa do Governo Federal visa facilitar as operações de transporte de cargas, em qualquer modal, eliminando a impressão de documentos eletrônicos e diminuindo o tempo de parada dos motoristas.
Segundo dados do Governo, os caminhões ficam cerca de seis horas parados em postos fiscais para comprovação de diversas documentações. Assim, o DT-e vem com toda a inovação e praticidade de que o setor necessita.
Apesar de o funcionamento estar em estágio inicial no processo de cadastramento prévio de geradoras de DT-e, Danilo reforça o poder que essa nova ferramenta pode trazer: “O DT-e será um documento importante para desburocratizar o setor e deixar em um único arquivo todas as informações cadastrais, contratuais, logísticas, sanitárias, entre outras, dispensando a apresentação (não a emissão) de uma série de registros separados”, descreve o executivo.
Ainda de acordo com o Governo Federal, a tecnologia criada digitalizará e unificará em uma única plataforma mais de 90 documentos necessários para o transporte rodoviário de cargas. Essa agilidade nos processos logísticos e documentais é o ponto de destaque que as empresas procuram para ajudar tanto na atualização de dados quanto na praticidade que trará aos motoristas e agentes envolvidos.
O executivo destaca a importância de se acompanhar a modernização e como isso tem efeito benéfico, inclusive em sua empresa: “Atualmente, grande parte da emissão de nossos documentos de transporte (CT-e e CRT) são feitos com nossos principais clientes por meio de um sistema de intercâmbio eletrônico de dados (electronic data interchange ou EDI). Foi um processo demorado e de convencimento, mas que trouxe resultados significativos para a nossa empresa. Um de nossos pilares é a inovação, e trabalhamos para que a tecnologia seja um meio e não um fim. Então, por meio dela, podemos dar agilidade às nossas emissões e aumentar a acuracidade nas informações, pois evitamos, por exemplo, o cadastramento manual”.
Sustentabilidade
Além da praticidade que a nova ferramenta pode atribuir ao setor, outro ganho importante será a sustentabilidade, visto que a tecnologia possibilitará a diminuição nas emissões de documentos físicos, retirando o porte obrigatório de papéis em mãos.
“O prazo para que o programa seja publicado é de 90 dias, e precisamos aguardar o cronograma da implementação. Porém, sempre defendi que deveríamos ter um documento único de porte obrigatório, substituindo os demais exigidos. Do ponto de vista ecológico, será muito mais sustentável, pois evita o desperdício de milhares de papéis impressos diariamente pelas transportadoras”, destaca o presidente da ABC Cargas.
As empresas acreditam que o DT-e será um grande passo para a modernização do setor, o que abrirá portas para novos investimentos e que permitirá um desenvolvimento ainda maior tanto das transportadoras quanto dos trabalhos realizados. “Acredito que ter uma união institucional, defender bandeiras importantes para o setor, como desburocratização, maior segurança nas estradas, diminuição da insegurança jurídica, manutenção da desoneração da folha de pagamentos, entre outros, são pilares que podem fazer com que o segmento evolua constantemente”, encerra Guedes.