“Março foi uma surpresa boa em todos os aspectos”, disse o presidente do Banco Central
O desempenho da atividade econômica surpreendeu positivamente no primeiro trimestre e o Banco Central (BC) deve revisar para cima a sua projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, afirmou ontem o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto. “Março foi uma surpresa boa em todos os aspectos”, disse em evento organizado pela eB Capital. A projeção mais recente do BC mostrava alta de 3,6% para o PIB de 2021.
Durante o evento, Campos destacou que o mercado também tem revisado seus números e que as projeções dos economistas caminham para algo em torno de 4% neste ano. Nos últimos dias diversas instituições financeiras e consultorias revisaram para cima suas projeções para a atividade em 2021. Segundo Campos, além de um primeiro trimestre melhor do que o esperado, o desempenho econômico do segundo trimestre também vem surpreendendo positivamente.
Na divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), em março, o diretor de POLíTICA Econômica do BC, Fabio Kanczuk, havia afirmado que a autoridade monetária projetava um desempenho da atividade econômica no primeiro semestre pior do que o mercado projetava. Mas na segunda metade do ano a tendência era a situação se inverter, com a estimativa do BC superando a do mercado, segundo o diretor.
De acordo com Campos, a média móvel de vacinação no Brasil “caiu um pouco” nas últimas semanas. Com isso, o ritmo está um pouco abaixo do esperado pelo BC. “Tivemos dificuldade com os insumos, mas entendemos que a aceleração vai ser grande em junho”, disse ele, apostando que no segundo semestre haverá maior sobra de vacinas no exterior, o que pode beneficiar países emergentes. Outro ponto positivo, avalia ele, é que as economias, de uma forma geral, têm aprendido a conviver melhor com a pandemia.
Já a inflação no Brasil tem apresentado surpresas altistas, na avaliação do presidente do BC. Mas, apesar de a inflação “cheia” ter se elevado, os núcleos se mantiveram equilibrados em relação a outros países emergentes.
Por sua vez, as expectativas de inflação subiram no Brasil diante de uma mistura de piora nas perspectivas fiscais e incerteza política, segundo o presidente da autoridade monetária. Ele disse que o BC acompanha de perto os movimentos das expectativas de inflação. Na apresentação, ele mostrou que as taxas de inflação implícita de mais longo prazo também têm subido.