Deputados com disposição para defender o setor de transporte de cargas e os investimentos privados no país.
Ele é jovem e estreante na POLíTICA. O mineiro Lucas Gonzalez, eleito pelo partido Novo, está no seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados. Com apenas 30 anos de idade, começou cedo, também, como empreendedor no transporte RODOVIáRIO de cargas. Defensor do setor no Congresso Nacional, foi convidado a debater a Reforma da Previdência no XIX Seminário Brasileiro do Transporte Rodoviário, realizado na Câmara.
Já se fala em um texto alternativo à proposta da reforma previdenciária enviada pelo Governo, um possível substitutivo. Na sua opinião, há espaço para a negociação do que está previsto na proposta original?
Não é um texto substitutivo, são apenas algumas alterações que já foram feitas na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Então o texto continua na sua integralidade, com algumas alterações já feitas, além das emendas que serão apresentadas na Comissão Especial que vai analisar a Proposta de Emenda à Constituição, a PEC enviada pelo Governo Federal. É apenas uma adaptação do texto, que acredito, será votado ainda neste semestre pelo plenário.
O regime de capitalização previsto no texto é um dos pontos polêmicos, ainda há muitas dúvidas sobre a implantação. Pode haver consenso em torno do novo regime?
Vejo com bons olhos o regime de capitalização, apesar de, na CCJ, ter sido muito criticado. Mas, o próprio ministro Paulo Guedes já esteve na Câmara dos Deputados, deixando claro que o foco agora é a reforma e em um segundo momento será avaliado o regime de capitalização, o que eu achei acertivo, uma vez que a gente tem que tratar como prioridade o que é essencial. O importante é aprovar a reforma e depois a gente vê a capitalização.
A reforma vai garantir o combate às fraudes, principalmente na área rural?
O combate às fraudes terá uma comissão especial para isso e temos que montar uma política pública com fiscalização para combater a fraude e as sonegações, para que se possa ter uma previdência justa, equilibrada para todos os brasileiros.
Quais são as suas propostas na Câmara dos Deputados para beneficiar o setor de transporte rodoviário de cargas?
Tenho atuado em algumas comissões, mas o meu foco maior é na Comissão de Viação e Transportes, com a intenção de fomentar investimentos e destravar o nosso país. Sou defensor das ideias de privatização das rodovias, por exemplo. Vejo com bons olhos as pautas do Ministério da Infraestrutura de leilões e concessões. São boas pautas e a gente pretende atuar nos próximos anos para que o Brasil possa crescer no que diz respeito à infraestrutura e, por consequência, alavancar a economia do país.
Houve um abandono nos últimos anos?
Sim, houve um abandono, mas talvez não por descaso, porque todos sabemos da importância da infraestrutura. Foi fruto da falta de recusrsos para se investir. O país passa por um deficit fiscal e o brasileiro não aguenta mais aumento de impostos. Em algum lugar tem que cortar, algum lugar tem que sofrer. Infelizmente esse lugar foi a infraestrutura e a falta de investimentos acabou nos levando a números pífios. Espero que isso mude e se reverta e a gente possa entender que o poder público não tem mais condições de ser o grande financiador da infraestrutura. A gente precisa desburocratizar e atrair investimentos privados para que o país volte a crescer.
A aprovação da reforma previdenciária pode contribuir para a redução do desemprego, principalmente entre os jovens?
Sem dúvida, o mundo espera o Congresso aprovar a nova previdência para que os investidores estrangeiros acreditem no Brasil. Investindo no Brasil, vai ser possível gerar mais emprego e mais renda. Eu também sou um defensor dessa pauta e a inserção do jovem no mercado de trabalho. Hoje dos 51 milhões de jovens no Brasil, 22,5 milhões estão desempregados, sem perspectiva, sem esperança de uma vida profissional. O índice de suicídios cresceu muito entre os jovens e uma das causas é a falta de perspectiva profissional. É preciso atrair novos investimentos para que novos empregos sejam gerados. Não é o poder público que gera emprego, é a iniciativa privada que gera empregos e o poder público emite sinais, atraindo esses investimentos.
O programa Mapear pretende combater a exploração sexual, principalmente nas rodovias. Por sua iniciativa, a Comissão de Viação e Transportes vai debater a ideia. Como funciona o programa?
É um programa da Polícia Rodoviária Federal e a gente vai debater para conhecer melhor. Até onde eu sei, busca mapear as principais regiões e faixas de rodovias, onde tem um índice maior de exploração e abuso sexual infantil e de adolescentes. O país sangra na alma, é uma faca nos nossos corações. Infelizmente existe essa realidade e a iniciativa privada precisa se conscientizar disso, levando essa mensagem de paz, esperança e solidariedade aos motoristas, para que a gente possa acabar com essa tragédia que é o abuso sexual nas estradas do nosso país.