O setor de transporte no modal RODOVIáRIO carrega uma pauta imprescindível para o seu desenvolvimento: a qualidade e a infraestrutura das rodovias e das estradas do país ainda seguem sendo algumas das principais dificuldades para as transportadoras.
A 25ª edição da pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgada em novembro deste ano indicou resultados pouco satisfatórios com relação ao estado de conservação das rodovias brasileiras. Dos 110,3 mil quilômetros de rodovias públicas e concedidas à gestão privada avaliados, apenas 34% foram classificados como ótimo ou bom, considerando a pavimentação, a sinalização, a geometria de via e a existência de pontos críticos; além disso, 66% da extensão pesquisada foram considerados como regular (40,7%), ruim (18,8%) ou péssima (6,5%).
Levando em consideração o resultado da pesquisa de rodovias concedidas à gestão privada, as transportadoras começam a avaliar com mais afinco o seu trajeto para destinarem o transporte ao cliente final sem prejudicar seus orçamentos. Segundo José Alberto Panzan, presidente do Sindicato das Empresas de Transportes e Cargas de Campinas e Região (SINDICAMP) e diretor da Anacirema Transportes: O transporte de cargas no modal rodoviário hoje, no Brasil, reflete diretamente em serviço com relação à qualidade e ao dimensionamento das estradas, principalmente fora do estado de São Paulo, que deixam muito a desejar. Há que se duplicar várias rodovias e melhorar o pavimento e a infraestrutura nos pontos de parada e de obras para conseguirmos diminuir o custo de transporte, e para isso é necessário investimento.
Há algum tempo, a Anacirema mudou sua estratégia e área de atuação: realizamos viagens para um raio de até 500 km da cidade de São Paulo, entendendo que conseguimos desta forma diminuir nossos custos, atender melhor nossos clientes e transitar em rodovias melhores e com maior infraestrutura, complementa Panzan.
Com a influência de um cenário político já definido no Brasil com o término das eleições, já é possível que as empresas tenham um olhar mais crítico com relação às concessões e a quem podem realizar as devidas cobranças. Devemos ter uma POLíTICA de investimentos e a necessidade de um plano diretor ativo para não prejudicar as obras que já estão em andamento num planejamento mais a longo prazo, afirma o executivo.
Com isso, há opiniões diversas a respeito das concessões viárias no Brasil. Dentre prós e contras, José Alberto indica: No lado positivo, creio que as concessões abram maiores investimentos no aumento e na manutenção da malha viária, agregando serviços de apoio aos usuários e maior segurança e melhorando a fluidez com maior eficiência. Porém, esses pontos precisam ser analisados e cobrados em conjunto aos setores responsáveis para o bem comum, pois temos visto que as concessões de rodovias têm sido uma experiência saudável e que trazem investimentos necessários para ampliação e para a manutenção das estradas e rodovias, ainda que traga o ônus da tarifa de pedágio. Portanto, as empresas que realizam o transporte rodoviário de cargas projetam suas idealizações com essas novas concessões em aplicar novas estratégias de negócio enquanto muitas rodovias e estradas no país ainda causam grandes prejuízos às transportadoras pela falta de infraestrutura, recapeamento e segurança conforme resultado das atuais pesquisas. Não creio que deveremos ter alterações nos projetos e investimentos para rodovias no momento, pois já é sabido que, para melhorarmos nossa economia, precisamos investir em infraestrutura rodoviária e em outros modais de transporte, finaliza o executivo.