As exportações do agronegócio brasileiro encerraram 2017 com crescimento de 13% em relação ao ano anterior, para US$ 96,01 bilhões. Com isso, a balança comercial do setor registrou superávit de US$ 81,86 bilhões, avanço de 14,7% na mesma base. Para 2018, a perspectiva é que este resultado seja superado. O saldo da balança comercial é o segundo maior desde 1997, informou o Ministério da Agricultura (Mapa). Segundo o secretário de Relações Internacionais do Agronegócio do Mapa, Odilson Silva, o setor respondeu por 44% das exportações brasileiras em 2017.
“Esperamos que neste ano seja possível superar esses resultados.” Entre os principais produtos exportados pelo País, o complexo soja ocupou a primeira colocação, com US$ 31,72 bilhões, ou 33% do total. As carnes – bovina, suína e de aves – ocuparam o segundo lugar, com US$ 15,47 bilhões, alta de 8,9% em receita ante 2016 e responderam por 16,1% da receita.
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, atribuiu o resultado à safra recorde de 238 milhões de toneladas de grãos em 2016/2017. “O ano foi muito bom para a agricultura e esperamos uma primeira safra cheia e com recordes novamente”, destacou o ministro, que ressaltou a expectativa de recuo na produção do milho safrinha por conta do clima. Ele ainda sinalizou a queda das taxas de juros no Plano Safra 2017/2018, bem como a ampliação de linhas de crédito ao produtor. Ele reconheceu, contudo, que a operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal em março de 2017, prejudicou o resultado obtido no ano passado. “Se não tivesse a Carne Fraca, nós teríamos avançado mais.”A operação colocou em xeque a inspeção dos produtos brasileiros e levou importantes mercados a suspenderem as compras.
Também em 2017, Estados Unidos e Rússia suspenderam as importações da carne bovina brasileira. Segundo Maggi, a reabertura do mercado americano para a carne bovina brasileira in natura deverá ocorrer até abril, quando ele deve deixar o cargo para concorrer a uma vaga no Senado. “Dependemos apenas de uma resposta norte-americana e eu espero que esse retorno seja positivo”, afirmou o ministro ao destacar que todas as etapas relativas a questões técnicas para a liberação já foram concluídas. O ministro afirmou ainda que não descarta a possibilidade de retirar a tarifa de 20% aplicada à importação de etanol desde agosto do ano passado para volumes superiores a 600 milhões de litros anuais. Para ele, a restrição “contamina” as negociações para a reabertura do mercado de carne norte-americano, uma vez que os Estados Unidos estão entre os principais fornecedores de etanol para o Brasil. A revisão também seria motivada pelo aumento dos preços da gasolina.
“Como os preços do etanol são atrelados à gasolina, me parece que não faz muito sentido a proteção que colocamos lá atrás”, disse. “Não tenho restrição a retira-la desde que os números mostrem que é necessário”, afirmou Maggi, ao comentar que solicitou à equipe do Mapa um estudo para avaliar a manutenção da cobrança. Maggi destacou que o Mapa irá elaborar um documento para convencer os senadores a não aprovarem a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que prevê o fim da desoneração do imposto sobre os produtos primários e semielaborados destinados à exportação, prevista na Lei Kandir. “Vamos mostrar com números o porquê da nossa preocupação com a extinção da lei”, disse Maggi.