Em torno de 300 mil veículos deixaram de ser produzidos no Brasil, em 2021, por causa da crise de abastecimento da cadeia automotiva, gerada especialmente pela escassez de semicondutores na indústria global. O cálculo da Anfavea foi divulgado pelo presidente Luiz Carlos Moraes na última segunda-feira, 6, e tem como base as projeções iniciais, divulgadas em janeiro, e a do fechamento do ano, daqui a pouco menos de um mês.
Em janeiro a entidade divulgou projeção de produção de 2,5 milhões de veículos produzidos no ano, ainda sem ter dimensão da crise de fornecimento que se avizinhava. Em outubro, na segunda revisão do ano, o cenário mais otimista indica 2,2 milhões de unidades fabricadas e é o volume que Moraes acredita alcançar.
“Sem a crise dos semicondutores alcançaríamos a projeção inicial”, disse o executivo. “Então esse é o impacto da crise, cerca de 300 mil unidades. Em âmbito global, segundo análise da [consultoria] BCG [Boston Consulting Group] as perdas serão de 10 a 12 milhões de unidades.”
A crise de oferta seguirá ainda por 2022, embora Moraes não saiba dizer em qual ritmo. A mesma BCG fala em impacto de até 5 milhões de unidades no ano que vem, com normalização da situação dos semicondutores somente em 2023.
No Brasil, além dos semicondutores, há problemas com outros componentes, especialmente pneus para veículos comerciais. Moraes disse que a Anfavea e a Anip têm se reunido para traçar cenários para o ano que vem e evitar novos entraves. Estão em curso, também, conversas com as associadas, bancos e economistas para traçar as projeções oficiais da Anfavea para produção, vendas e exportações em 2022, que serão divulgadas na coletiva à imprensa de janeiro.
Além das dificuldades na oferta de veículos, a Anfavea começa a vislumbrar problemas de demanda por causa da situação econômica do Brasil. Inflação em alta, desemprego e aumento das taxas de juros podem provocar a redução na procura por veículos novos, até porque seus preços cresceram bastante nos últimos meses.