Representantes de empresas de terminais portuários e de comércio exterior temem que um possível agravamento da greve dos fiscais da Receita Federal possa começar a impactar a importação e a exportação de produtos.
Funcionários do órgão estão em uma queda de braço com o governo desde o fim de 2017. Eles querem que as regras para a remuneração variável sejam decretadas, conforme previsto por uma lei que permite o bônus.
Houve uma suspensão do movimento, em julho, após reunião entre os sindicalistas e Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados.
Como não houve solução para o impasse, o Sindifisco voltou a decretar greve, e a expectativa é que, nessa retomada, a aderência seja mais forte, segundo Cláudio Damasceno presidente da entidade.
“Não se trata de paralisação, mas de redução de atividades e operação padrão. Começa por unidades internas, mas a tendência é que transborde para [setores aduaneiros de] aeroportos, portos e áreas de fronteira.”
Por enquanto, os dados de intercâmbio comercial estão normais, diz José Augusto de Castro da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).
“Não deverá haver cancelamentos de operações, mas, sim, atrasos. Eles implicam alta de custos porque as mercadorias ficam paradas por mais tempo nos portos.”
O movimento dos fiscais é motivo de preocupação, diz Sérgio Salomão, presidente da Abratec (associação dos terminais de contêineres).
“Pode haver transtornos na liberação, e não há nada que esteja ao nosso alcance para mitigar os impactos.”
Balde de água fria
A importação de máquinas e equipamentos utilizados na indústria teve um crescimento de 10,3% em receita no primeiro semestre deste ano, segundo a Abimei (associação que representa o setor).
A melhora se explica principalmente pela base de comparação fraca, segundo o presidente Paulo Castelo Branco.
“A situação estava muito ruim em 2017. A sensação nos primeiros três meses de 2018 era de que seria um ano realmente positivo, mas o mercado esfriou com episódios como a greve dos caminhoneiros.”
Apesar de descartar, por ora, uma retração em 2018, o setor já prevê um impacto da variação cambial, tanto nas compras que estão sendo pagas agora como nas encomendas que seriam feitas.
“Além da oscilação dos valores de investimento, há a falta de visibilidade do mercado no futuro. Voltamos a um certo compasso de espera.”